NECESSIDADE DE CONHECIMENTO CONTEXTUALIZADO- Consumidores não acham que produção de alimento ameace o meio ambiente
A ameaça ao meio ambiente causada 
pelo processo de produção, consumo e desperdício de alimentos não é 
reconhecida por 91% dos consumidores. A constatação é da organização 
ambiental WWF, em levantamento com 11 mil pessoas de dez países, entre 
eles o Brasil.
A pesquisa divulgada nesta terça 
(16), considerado Dia Mundial da Alimentação, mostra que, apesar do 
sistema alimentar ser o maior consumidor de recursos naturais e também o
 maior emissor de gás de efeito estufa, a maioria dos entrevistados, 
principalmente jovens, não faz a conexão deste processo com a ameaça à 
natureza.
De acordo com o estudo, 40% dos 
jovens entre 18 e 24 anos acham que a ameaça ao planeta é menos que 
significante e apenas 9% deles acreditam que a forma de produção de 
alimentos é a maior ameaça. Nessa faixa etária, 11% respondeu que não vê
 nenhuma ameaça.
A consciência sobre o assunto é 
maior entre as pessoas com mais de 55 anos. Mais da metade dos 
entrevistados nessa idade, acreditam que a produção e consumo de 
alimentos representam ameaça significante à natureza.
Segundo a WWF, a cadeia de produção 
de alimentos usa 34% do solo e 69% da água disponível nos rios. É ainda a
 maior causa de desmatamento e perda de habitat. A organização aponta 
ainda que um terço de todos os alimentos produzidos nunca é consumido e o
 volume desperdiçado é responsável por um terço das emissões de gases de
 efeito estufa provocadas pelo sistema alimentar.
Na última semana, relatório da 
Organização das Nações Unidas (ONU) destacou o prazo curto para conter 
os problemas que o sistema de alimentos acarreta para a questão das 
mudanças climáticas. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre 
Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, se o mundo não evitar o 
aquecimento global acima de 1,5°, em relação ao nível pré-industrial, 
haverá resultados catastróficos e devastadores até o fim deste século 
para a humanidade.
Entre as consequências destacadas 
pelos cientistas, estão algumas consideradas duradouras ou até 
irreversíveis, como a perda de ecossistemas, da biodiversidade, de 
habitats naturais e espécies, aumento do nível do mar, além de impacto 
na saúde humana, na produção de alimentos (com redução dos campos de 
milho, arroz, trigo e outros grãos) e no acesso à água.
Na pesquisa da WWF, 80% dos 
entrevistados sentem que o problema pode ser resolvido. Para 66%, os 
governos devem agir mais e outros 60% querem que as empresas aumentem 
seus esforços para conter o problema.
A WWF diz que é possível fazer que o
 sistema alimentar funcione para as pessoas e para a natureza se a 
comida for produzida de forma mais sustentável, distribuída de forma 
mais justa e consumida de maneira mais responsável. “Precisamos aumentar
 a conscientização das pessoas sobre de onde a comida vem e mudar nossos
 comportamentos para garantir o funcionamento adequado de todo o 
sistema”, diz João Campari, líder da Prática de Alimentos do WWF.
A organização desenvolve o sistema 
chamado Food 2.0 para garantir segurança alimentar e conservação. A ação
 é promovida por 100 programas relacionadas a alimentos em todo o mundo e
 envolve governos, produtores de alimentos, empresas, organizações não 
governamentais que devem promover mudanças no setor focando em três 
eixos: Produção Sustentável, Dietas Sustentáveis e Perda de Alimentos e 
Resíduos.
 
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