Sem
dúvidas, o Brasil é o país do momento e do futuro para a pecuária. Do
momento, porque os agropecuaristas estão dando um show de
desenvolvimento sobre todas as demais atividades, gerando um importante
saldo na balança comercial. Do futuro, porque todos os organismos
internacionais apontam que o Brasil será o “mestre” em 2050 na produção
de alimentos para o planeta.
l População rural -
Em 2012, a população rural era de 15% (FAO), caindo aceleradamente ano
após ano. Em 2050, a população brasileira será de 254,1 milhões, sendo
que 237,8 milhões estarão morando nas cidades (93,57%). A população
rural terá caído de 29,462 milhões (em 2005) para 16,335 milhões em
2050, ou apenas 6,43% do total.
O
Brasil terá, então, uma das menores populações rurais do planeta,
ocupando um país onde há maior quantidade de terra disponível para
exploração, mas cujas terras continuam impedidas de serem utilizadas.
Por outro lado, essa pequena população rural estará produzindo com alta eficiência!
Esta
tendência apontada, tanto pelo IBGE como pela FAOSTAT, mostra que os
atuais programas de “Reforma Agrária” (de baixíssima eficiência
produtiva e social) tomarão outro rumo, para aumentar a produtividade
tendo em vista o mercado mundial. De fato, estarão na terra apenas as
pessoas realmente compromissadas com a produção direcionada à sociedade
nacional e internacional - em 2050. Essa é a realidade.
l Brasil impressionante -
No Brasil, o crescimento da produção agropecuária é destacado, pois em
pouco mais de 15 anos conseguiu aumentar além de 100% a produção de
grãos. Em 2012, o faturamento bruto foi de R$ 225,3 bilhões, ou 12,3%
acima de 2011, com crescimento da área cultivada em apenas 4,0%,
atingindo 68 milhões de hectares.
Na
atualidade, os maiores produtores são: Estados Unidos (401.669.990 de
toneladas de cereais); Índia (260.163.000); Indonésia (84.797.000);
Brasil (75.191.866). Mesmo com tão pequeno desempenho diante dos grandes
produtores, o Brasil tem invejável crescimento médio de 6% nas
exportações agropecuárias e grande espaço para crescimento.
Em
2012 as exportações brasileiras do agronegócio somaram o valor recorde
de US$ 95,81 bilhões, o que representou incremento de cerca de 1,0% (US$
846 milhões) em relação a 2011, quando as exportações atingiram US$
94,97 bilhões. Já as importações chegaram a US$ 16,41 bilhões, número
6,2% inferior a 2011. O saldo da balança comercial foi recorde, de 79,41
bilhões para salvar o déficit de outros setores. As informações são da
Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir dos dados do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
A
carne bovina registrou alta de 7,39%, com aumento das vendas de US$
5,35 bilhões em 2011 para US$ 5,74 bilhões em 2012 (US$ 395,4 milhões),
com valor recorde. Houve elevação da quantidade exportada: de 1,09
milhão de toneladas para 1,24 milhão de toneladas (13,4%), enquanto o
preço médio de exportação caiu 5,3%. As exportações de animais vivos
cresceram 30,7%, o que representa 10% das compras de carne.
l Brasil e a terra
- O Brasil, então, é mesmo a grande alternativa para alimentar o
planeta. Usa apenas 284 milhões de hectares (34% do total de 835,56
milhões), sendo 64 milhões na agricultura e 220 milhões em pastagens.
Ainda mantém áreas protegidas (103,3 milhões).
Em
florestas, o Brasil dispõe de 410 milhões de hectares (49% do total). A
China mantém 284,9 milhões e os EUA chegam a 303 milhões.
A área brasileira de cultivo, todavia, é muito pequena (49,23 milhões). A China (142,6 milhões) e EUA de 176 milhões.
Algumas
projeções mostram que o Brasil pode ocupar, rapidamente, com cultivos
anuais ou bienais 84,56 milhões de ha; 16,44 milhões com cultivos
perenes e manter os atuais 220 milhões de pastagens. As florestas
passariam para 430 milhões de ha, correspondendo a 51,46% do total,
somando mais 10 milhões de ha para produção de madeira (cultivada).
Então,
no Brasil é possível incorporar mais 45,9 milhões de hectares de modo
sustentável, rapidamente. A área da agricultura pode atingir 321
milhões, ocupando menos de 39% do total. A China (com total de 932,7
milhões de ha) utiliza 59,39% do total (553,4 milhões); os EUA (total de
915,9 milhões) utilizam 44,97% (411,9 milhões).
Os
países que apresentam maior potencialidade de expansão de terras, todos
com mais de 50 milhões de hectares disponíveis, somam 1,6 bilhão de
hectares, segundo Bruinsma (2009). O Brasil é o maior de todos, com 598
milhões de hectares disponíveis, segundo estudos da FAO. (Tabela 1).
l Tecnologia
- Em termos de eficiência, quando comparado aos grandes produtores
mundiais de cereais, o Brasil é pequeno, com produção de 75,2 milhões de
toneladas, ficando em 5o. lugar. Os grandes países são:
China (497,7 milhões de toneladas); Estados Unidos (401,7); Índia
(260,2); Indonésia (84,8); França (68,3); Rússia (59,6); Bangladesh
(51,9), Argentina (46,2) e Canadá (45,4). Se eles produzem, o Brasil
também pode!
A frota brasileira de tratores é de 806.000, ocupando o 11o
lugar mundial. Os maiores países são: Estados Unidos (4,8 milhões);
Japão (2,028 milhões); Itália (1,75 milhões); Índia (1,53 milhões);
Polônia (1,03 milhões); França (1,27 milhões); Alemanha (1,04 milhões);
Turquia (905 mil); Espanha (885 mil); China (841 mil); Brasil (806 mil);
Rússia (785 mil); Canadá (711 mil); Reino Unido (500 mil).
l Campeão de tributos -
O Brasil cobra 32,7% de tributos sobre o produto rural. Se fosse a
França, estaria cobrando 0,8%. Ou seja, o cidadão compra 3 kg de
produtos alimentícios, mas é obrigado a entregar 1 para o Governo. Na
Inglaterra não existe qualquer imposto sobre produto alimentício! A
Tabela 1 mostra como é monstruoso o valor dos impostos no Brasil.
A
França, com renda per capita média de US$ 1.716 cobra 5,5% de imposto
rural. Para se igualar ao bem-estar do cidadão francês, o Brasil, com
renda média per capita de US$ 243,3/mês, deveria ter um imposto rural de
0,8%. Ao invés disso, o brasileiro paga 32,7% de imposto. As cifras
mostram o disparate político que precisa ser solucionado rapidamente,
libertando a produção rural para a modernidade.
l Cabra & Ovelha -
Não há mais retorno, a carne de ovinos e de caprinos precisa ser
incorporada à dieta da humanidade, segundo os dados da FAO. O IBGE diz
que o rebanho brasileiro é de 17,3 milhões de ovinos e 9,3 milhões de
caprinos, embora o próprio IBGE admita uma clandestinagem acima de 70%;
então as cifras poderiam ser ovinos: 30 milhões e caprinos: 17 milhões,
ainda com folga. (Tabela 3).
Nos
países desenvolvidos, o rebanho bovino está sendo reduzido: foi de 352
milhões em 1961, vem caindo e chegará a 320 em 2050, enquanto o peso da
carcaça terá aumentado de 163 para 283 kg. A produção de carne, então,
passou de 57,4 para 90,6 milhões de toneladas. Nos países em
desenvolvimento, o rebanho de 692 milhões produzia 103,8 milhões de
toneladas e passará para 1,7 bilhão de cabeças, produzindo 357,8 milhões
de toneladas de carne. Cada vez maior eficiência na produção.
Em
2050 o mundo terá um rebanho aproximado de 3,0 bilhões de ovinos e
caprinos, com peso médio de 17 kg por carcaça. Os países desenvolvidos
terão 460 milhões de cabeças (peso médio de 18,0 kg); os países em
desenvolvimento terão 2,5 bilhões (peso médio de 17 kg); a África
Subsaariana terá 855 milhões (peso médio de 18 kg), o norte da África e o
Oriente Médio terão 419 milhões (peso médio: 19 kg); o Sul asiático
terá 595 milhões (peso médio: 18 kg) e a Ásia oriental terá 457 milhões
(peso médio: 15 kg). (“World Agriculture Towards” 2030/205, FAO). (Tabela 4).
A
produção de carnes em geral tem aumentado cerca de 8 milhões de
toneladas por ano! Em 2050 estarão sendo produzidas 455 milhões de
toneladas de carnes, assim distribuídas: a) Bovina = 106 milhões (+1,2%
ao ano); b) Ovinos e caprinos = 25 milhões (+1,2% ao ano); c) Suíno =
143 milhões (+0,8% ao ano); d) Aves = 181 milhões (+1,8% ao ano); Leite =
1.077 milhões (+1,1% ao ano); e) Ovos = 102 milhões (+1,1% ao ano).
(Tabela 5)
Ovinos
e caprinos crescerão 92,4% até 2050, enquanto todas as carnes crescerão
76,4%, ocupando o primeiro lugar junto com as aves em taxa de
crescimento. Isso é inédito na História da Humanidade! (Tabela 4)
Além de 2050 - Supondo que as projeções da FAO irão se tornar realidade até 2050, cabe perguntar: “O que acontecerá em 2100”?
Algumas
coisas já estão bem claras: o crescimento da população será muito
reduzido. Passará de 9,2 bilhões (em 2050) para apenas 9,43 bilhões (em
2075) depois retrocederá para 9,2 bilhões (em 2100). Alguns estudos
apontam para 10,1 bilhões de habitantes em 2100.
Cerca
de 8 países vão reduzir sua população antes de 2050 (em comparação com
2005). Entre 2050 e 2100 serão 51 países reduzindo sua população,
incluindo gigantes como a Índia e a China, seguidos pela Rússia, Japão,
Brasil e Indonésia. O planeta terá chegado à racionalidade. Enquanto
isso, porém, outros países continuarão aumentando sua população.
Em
2050, boa parte da população global já terá atingido alto nível de
consumo, passando de 2.770 kcal em 2005 para chegar a 3.070 kcal em 2050
nos países em desenvolvimento. Depois, a tendência é a estabilização,
pois justamente os países de alto consumo serão os que reduzirão sua
população até chegar a 2100. Supõe-se que uma pessoa que atinja o
elevado consumo de 80 kg/ano de carne corresponda a 3 outras em países
onde o consumo médio seja de apenas 20 kg/ano (apenas no quesito carne).
A
agricultura teve grande crescimento no passado “recente” (desde 1960),
mas terá menor entre 2005 até 2050 e, depois, irá se estabilizar até
2100 (até porque não haverá novas áreas a serem exploradas). A redução
da população também diminuirá a pressão sobre o uso da terra. Então, o
crescimento pós-2050 será ao redor de 0,4% ao ano, ou menos de 50% da
taxa verificada entre 2005 e 2050. Em 2050 serão colhidas 4,3 toneladas
por hectare, aumentando para 4,8 em 2080, mas - ao mesmo tempo - a área
utilizada (1,66 bilhões de hectares em 2050) cairá para 1,63 bilhões em
2080. Ou seja, o pico da exploração de terras acontecerá antes de 2080.
Estas
projeções, todavia, podem sofrer modificações, dependendo do que
acontecer na África Subsaariana, pois ela tem muita área que pode ser
incorporada. E também do que acontecer no Brasil.
Cabe
a essas duas regiões, primeiramente ao Brasil, reduzir a subnutrição
mundial e permitir que o mundo abra a porteira para inaugurar uma nova
fase da história da civilização.
Não é permitido pensar pequeno, diante da civilização que precisa evoluir.