Recentemente, os departamentos de clima da Austrália e do Japão afirmaram que o El Niño atual já pode ter chegado ao auge e deve diminuir ao longo do primeiro semestre, com o resfriamento gradual das águas superficiais do Oceano Pacífico. No início de dezembro, o El Niño - o mais forte desde 1997/1998 - causou a elevação da temperatura das águas em 3,6 graus Fahrenheit em alguns pontos. O resultado no mercado foi um rali nos preços de óleo de palma, açúcar e lácteos.
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O fenômeno La Niña ocorre quando o padrão de ventos sobre o oceano se
altera e causa o esfriamento anormal das águas da região central e leste
do Oceano Pacífico. Assim como o El Niño, que causa o aquecimento das
águas, essa mudança na temperatura pode influenciar o clima diversos
países ao redor do mundo. A intensidade do fenômeno é medida pelas
temperaturas do oceano e pelas modificações nos padrões de ventos. Se o
El Niño perder força no primeiro semestre do ano que vem, como previsto,
é possível a ocorrência de La Niña a partir do fim de 2016 ou início de
2017.Normalmente, o La Niña causa clima mais seco em alguns Estados dos Estados Unidos e na América do Sul. Na Austrália, Indonésia e América Central, o efeito é inverso, causando tempo mais úmido que a média. Além disso, o fenômeno climático aumenta a probabilidade de formação de ciclones tropicais no Pacífico.
"Fala-se muito sobre o El Niño, mas muito pouco de La Niña", afirmou David Ubilava, pesquisador da Escola de Economia da Universidade de Sydney, que estuda a correlação entre anomalias climáticas e os preços de commodities. No Canadá e nos Estados Unidos, por exemplo, estiagens são mais prováveis em anos de La Niña, o que pode reduzir a oferta de alimentos e sustentar os preços.
"Um evento de La Niña forte tem impacto potencial nos mercados agrícolas maior que um El Niño, uma vez que afeta o clima em um muitos países produtores e exportadores importantes, em especial Brasil e Estados Unidos", explicou Aurelia Britsch, analista de commodities sênior do BMI Research. A consultoria avalia que o La Niña coloca risco maior aos preços de milho, soja, trigo, algodão e café.
Apesar de o El Niño ser mais conhecido, os preços de soja, milho e trigo podem registrar oscilações 50% maiores durante eventos de La Niña, afirmou Erik Norland, economista sênior do CME Group em Nova York.
Nos 12 meses após a confirmação de La Niña em julho de 2010, os futuros de trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) subiram 21%, os de soja avançaram 39%. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), os contratos de açúcar subiram 67%.