Neto de 
agricultores, nascido em uma fazenda aos arredores de São João Del Rei, 
Minas Gerais, ainda hoje, com 87 anos, trabalha das 8h às 17h em uma 
sala no primeiro andar da sede da Embrapa, em Brasília. Eliseu Alves 
ajudou a criar e a alicerçar a Embrapa. Além de diretor e presidente da 
Embrapa, foi presidente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São 
Francisco (Codefasf). Na Embrapa há 45 anos, sua história se confunde 
com a da Empresa e também com a trajetória da agricultura brasileira.
Para contar essa história e render 
homenagem a um de seus fundadores, a Empresa lançou no dia 24 de abril 
"Prosa com Eliseu". O livro – na forma de uma longa entrevista – é 
resultado de uma série de encontros com o jornalista Jorge Duarte, 
profissional que atua há 28 anos na Empresa na área de comunicação 
social.
Com nove capítulos e 180 páginas, a 
publicação conta a história do pesquisador desde a sua infância em Minas
 Gerais e aborda a implantação da extensão rural no Brasil, a criação e 
consolidação da Embrapa, o período em que presidiu a Codevasf e também 
seus estudos sobre pobreza.
Graduado em Agronomia pela Universidade 
Federal de Viçosa, Eliseu sempre teve uma predileção pela matemática. 
"Na matemática, você não aceita nada sem prova, você tem que saber os 
porquês", conta. Foi justamente na universidade que Eliseu se deu conta 
da necessidade do acesso à informação tecnológica para o desenvolvimento
 da ciência e da tecnologia no Brasil.
"Eu não tinha consciência de quanta falta a
 informação sobre tecnologia fazia ao Brasil. Como estudante, não 
conseguia perceber isso. A única certeza que tinha é que meu tio estava 
bem mais adiantado, e em muitas coisas, em comparação com o que me era 
ensinado na universidade. De qualquer forma, ganhei muito com a 
experiência dos professores que, tendo estudado nos Estados Unidos, 
mostraram o quanto é importante aprender, descobrir", relembra o 
pesquisador durante uma das entrevistas.
Em 1955, teve a primeira experiência com a
 extensão rural em Minas Gerais. "A gente tinha um jipe de guerra que 
veio dos Estados Unidos. Com ele íamos para as fazendas. A gente passava
 em qualquer lugar", recorda. Dez anos depois, dedicou-se ao mestrado e 
doutorado nos Estados Unidos e concluiu os estudos em 1972, já de volta 
ao país. Eliseu trouxe novas ideias para a extensão rural brasileira e, 
ainda naquele ano, integrou o grupo de trabalho do Ministério da 
Agricultura que criou a Embrapa, a partir da publicação de um decreto em
 dezembro de 1972.
Criação da Embrapa
"A Embrapa foi criada como resposta a uma 
pergunta muito simples: por que a agricultura brasileira, a despeito de 
todos os programas de crédito rural subsidiados e de um bom programa de 
Extensão Rural, não ia para frente? Então, em busca de resposta a essa 
pergunta, o grupo debruçou-se sobre ela por algum tempo, lá no Rio de 
Janeiro. Foram mais ou menos 2 anos. E nós descobrimos que o grande 
problema da agricultura brasileira não era a falta de potencial. 
Potencial existia, mas não havia ciência capaz de gerar tecnologia de 
acordo com aquilo de que nós precisávamos. E, para isso, necessitávamos 
de uma instituição que fosse capaz de focar ciência de alto nível 
voltada para a resolução de problemas concretos da agricultura 
brasileira", recorda Eliseu.
Essas e outras histórias estão no livro 
Prosa com Eliseu, pesquisador que presenciou importantes momentos da 
agricultura, desde a época em que o Brasil importava alimentos até a 
revolução tecnológica que transformou o País em um dos maiores 
exportadores de alimentos no mundo, com mais de 200 mercados recebendo 
os produtos resultantes do agronegócio.
Futuro
Para o futuro, ele acredita que a 
agricultura será baseada em biologia avançada, em máquinas, equipamentos
 e numa administração extremamente sofisticada para garantir o aumento 
da produtividade com pouca gente no campo. "No passado, a agricultura 
era baseada em terra e homem. Hoje, é baseada em tecnologia e técnicas 
de administração, um tipo de agricultura sofisticada, que faz o 
agricultor brasileiro competir em âmbito mundial", afirma.
Bastidores
Foram seis entrevistas com até duas horas 
cada uma para gerar o conteúdo do livro, que tem formato de 
pergunta-e-resposta. A obra também contém foto para cada um dos 
capítulos e indicação, pelo próprio Eliseu Alves, de seus textos 
essenciais. O prefácio é do presidente da Embrapa, Maurício Antônio 
Lopes.
Eliseu engajou-se completamente no projeto
 de contar sua história, experiências e visão de mundo. Para manter a 
espontaneidade da conversa, foi feita pouca edição da fala original. Ele
 lamentou não ser obra para aprofundar tópicos e por não ter dado o 
devido crédito a todas as pessoas. “E seriam muitas. Essas coisas não 
são feitas por uma pessoa só, mas por um grupo, um conjunto, por muitas 
pessoas. Quando realizamos algo, devemos tributo a muita gente que veio 
antes de nós ou que está ao nosso lado”, afirma.
Para Jorge Duarte, a publicação conta a 
trajetória de um extraordinário personagem não apenas da ciência e da 
agricultura, mas da construção do nosso país. "Pode ser um ponto de 
partida para insights, reflexões, pesquisas, investigar a bibliografia 
em busca de detalhamento. E, claro, pretexto para uma boa prosa", afirma
 Duarte.
A boa prosa entre jornalista e pesquisador pode ser conferida 
aqui.
E-book "Hortas em Pequenos Espaços"
Outras duas publicações também foram 
lançadas durante as comemorações dos 45 anos da Embrapa. “Hortas em 
Pequenos Espaços” é o primeiro título que será disponibilizado no 
formato de e-Book pela Embrapa Hortaliças. Além de atender a um gênero 
de leitor que aponta a praticidade como principal vantagem dessa 
plataforma, a publicação no formato digital poderá ser acessada 
inclusive por pessoas com deficiência visual, através de aplicativos que
 possibilitam o áudio do conteúdo baixado.
Dividido em quatro capítulos, o livro 
mostra – em linguagem simples e direta – os pilares básicos referentes 
às etapas de plantio, manejo e manutenção das hortas em pequenos 
espaços, ou os chamados espaços alternativos para o cultivo como pneus, 
garrafas pet, canos de PVC, baldes e latas.
Para conhecer o conteúdo do livro acesse 
aqui.
Princípios Jurídicos da Inovação Tecnológica
Este é o tema do terceiro livro que foi 
lançado no aniversário da Embrapa. A publicação, no formato impresso, 
faz uma incursão sobre a inovação tecnológica e sua interseção com o 
Direito. De autoria do assessor jurídico da Embrapa, Horácio Eduardo 
Gomes Vale, a publicação identifica e desenvolve os princípios jurídicos
 que regem a inovação tecnológica e diversos temas multi e 
pluridisciplinares: Direito Constitucional, Administrativo, Ambiental, 
Tributário, Internacional e Processual, demonstrando a importância que 
ostenta a temática inovação tecnológica.
"A obra procura ilustrar que, para se 
construir um país em que a inovação tecnológica seja a tônica 
preponderante, deve-se promover sobretudo a valorização da escola, dos 
professores, da ciência e dos cientistas-pesquisadores, do pensamento 
livre e da indústria nacional", destaca o autor. Para adqurir a obra, 
acesse 
aqui.