quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Crédito Habitacional-Famílias Assentadas

 

Assinatura de norma sobre crédito habitacional para famílias assentadas

 
Habitação construída no assentamento Zambeze em São Gabriel (RS). Foto: Ascom Incra/RS

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, participa nesta quarta-feira (30), no Palácio do Planalto, da assinatura da Instrução Normativa 101/2020, que regulamenta a aplicação do Crédito Instalação para os beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Está prevista a participação do presidente Jair Bolsonaro.

A IN, assinada pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo Melo Filho, vai disciplinar os procedimentos operacionais e administrativos para a concessão, acompanhamento e fiscalização das modalidades Habitacional e Reforma Habitacional, de acordo com o Decreto nº 9.424/2018, que dispõe sobre a entrega dos créditos de instalação nos assentamentos aos beneficiários da reforma agrária.

Com as novas regras, o recurso passará a ser depositado diretamente na conta do próprio assentado, que poderá acessá-lo por meio de um cartão magnético em seu nome. Além disso, será permitido o credenciamento de entidades sem fins lucrativos representando os beneficiários, para que as famílias possam escolher e indicar ao Incra um técnico habilitado para elaboração da planta e execução do projeto de construção.

Na modalidade Habitacional, os recursos são direcionados à aquisição de materiais de construção e pagamentos de serviços de engenharia e mão de obra. Já o crédito Reforma Habitacional é destinado à recuperação e ampliação da moradia já existente nos assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra.

MAPA - Sementes não Solicitadas.

 

Mapa reforça o alerta sobre recebimento de pacotes de sementes não solicitadas

A importação de vegetais sem autorização pode introduzir pragas ou doenças que não existem ou estão erradicadas no país, além de causar prejuízos econômicos

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reforça aos cidadãos brasileiros para que tenham cuidado e não abram encomendas recebidas pelos correios de pacotes de sementes não solicitadas. O alerta vale para recebimento de sementes que cheguem do exterior de qualquer país e não somente da China, como vem sendo divulgado. 

A importação de vegetais sem autorização pode introduzir pragas ou doenças que não existem ou estão erradicadas no país, além de causar prejuízos econômicos. Para evitar o risco fitossanitário, o Mapa atua no controle do e-commerce internacional com equipe dedicada a fiscalizar e impedir a entrada de material sem importação autorizada no país. 

Caso o cidadão venha a receber em casa sementes provenientes do exterior, o Ministério orienta a entrega do material para uma das unidades do Mapa em seu estado ou órgão estadual de defesa. O pacote não deve ser aberto ou descartado no lixo, a fim de evitar o contato das sementes com solo e prejuízos para as áreas agrícolas e o meio ambiente. 

A orientação também vale para o cidadão que recebeu e plantou as sementes. Neste caso, entre em contato com o Mapa ou o órgão estadual de defesa para agendar o recolhimento do material.  

Cabe ressaltar que, ao entregar as sementes adquiridas ou recebidas de remetentes desconhecidos, o cidadão não estará sujeito a penalidades. O mesmo vale para cidadãos que porventura tenha efetuado o plantio. Também não é necessário a identificação no momento da entrega do material, porém é importante o relato se realizou a compra, se recebeu de remetente desconhecido ou se a remessa veio junto com outra compra realizada em site do exterior. 

O Ministério da Agricultura reforça para os riscos de se adquirir sementes de origem para os quais o Brasil ainda não tenha estabelecido os requisitos fitossanitários e que não estejam amparado pela certificação fitossanitária emitida pela autoridade fitossanitária do país exportador. 

A lista de produtos com importação autorizada está disponível para livre  consulta no endereço eletrônico: http://mapas.agricultura.gov.br/ddiv/arp/oracle/pvti2.asp

RN Reorganiza Programa do Leite em Mossoró

 

Governo do RN reorganiza Programa do Leite em Mossoró

 

Para melhorar o serviço prestado a mais de 4 mil pessoas em Mossoró, o Governo do RN, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas), está iniciando o reordenamento do Programa Leite Potiguar (PLP) com a execução do Plano Operacional de Providências.

A ação surgiu após uma auditoria interna realizada em 2019 pela Sethas em parceria com a Controladoria Geral do Estado (Control) que constatou a necessidade desse processo para orientar medidas saneadoras e melhorias no PLP.

Segundo a governadora Fátima Bezerra, “a manutenção de políticas de assistência eficazes é prioridade desde o início desta gestão e receberam atenção especial nesta pandemia. E apesar dos dados de estabilidade que temos sobre covid, sabemos que as questões sociais perduram; o governo precisa se fazer presente e esta melhoria na execução do Programa do Leite em Mossoró é prova disso”, destacou.

O reordenamento abrange mudanças como a instalação de novos pontos de distribuição do leite substituindo os 73 atuais (48 na zona urbana e 25 na zona rural) por uma estrutura mais enxuta com 37 postos sendo 16 urbanos e 21 rurais, operacionalizados por agentes públicos em substituição aos voluntários que realizam atualmente a distribuição.

As duas principais irregularidades encontradas na auditoria foram a distribuição do leite em pontos informais e sem condições higiênico-sanitárias, e em pontos formais, na mesma situação. O Plano tem objetivo dar maior efetividade às entregas e melhorar as instalações dos pontos. Em muitos deles, os freezers para acondicionamento do leite apresentavam defeitos como temperatura irregular para a refrigeração ideal.  

Um inquérito civil do Ministério Público do Rio Grande do Norte, além da auditoria interna, definiu prazos limites para aplicação das medidas saneadoras como a total regularização de toda a Rede de Pontos de Distribuição no Estado.

Por esse motivo, o Governo do Estado, por meio da Sethas, está assumindo a execução do Programa em Mossoró. Com o Plano estão em implantação medidas para mudar os mecanismos de distribuição do leite em execução pela Coordenação Operacional de Desenvolvimento Social (CODES) e a Subcoordenação do Programa do Leite Potiguar, ambas da Sethas. Os responsáveis atuais pela distribuição serão comunicados sobre as mudanças.

Os novos pontos serão em espaços públicos, preferencialmente escolas da rede estadual de ensino. Esses pontos serão administrados por agentes públicos prestadores de serviços ao Governo do Estado sob responsabilidade da equipe da Sethas em Mossoró.

De acordo com Plano Operacional de Providências do Reordenamento, os espaços físicos para distribuição do leite devem atender exigências dos protocolos da Vigilância Sanitária (Suvisa) como lavatórios para as mãos, pontos de água corrente, instalações elétricas adequadas para conexão de freezers.

SEGURANÇA


No Rio Grande do Norte, o Programa de segurança alimentar atende cerca de 73 mil famílias em situação de vulnerabilidade e distribui, por semana, 5 litros de leite para cada uma. O PLP é mantido com recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecope).

O PLP é de fundamental importância para garantir segurança alimentar à população em situação de pobreza e de extrema pobreza, público-alvo do Programa, destaca a secretária da Sethas, Iris Oliveira.  

Para ter direito ao leite, as famílias devem possuir crianças de um a sete anos de idade, gestantes, idosos acima dos 60 anos, nutrizes e outros segmentos inscritos no Cadastro Único (CadÚnico).   

REAJUSTE

Segundo a secretária, o reordenamento no Programa vem desde o início do Governo Fátima Bezerra que tem resultado em investimentos feitos em genética, em melhoria do rebanho e aquisição de silagem para o gado. No dia 27 de agosto o Governo do Estado reajustou em 11,1% o valor pago pelo litro de leite bovino e caprino adquirido dos laticínios para o PLP. O último reajuste do leite foi concedido em 2016.

Com a correção dos valores o preço do leite bovino passou de R$ 1,38 para R$ 1,50 para o produtor e de R$ 0,78 para R$ 0,90 por litro de leite processado para a indústria de laticínios. O preço total praticado pelo Programa do Leite passou de R$ 2,16 para R$ 2,40.

Da mesma forma, o litro do leite de cabra de R$ 1,92 passa para R$ 2,10 para o produtor e de R$ 0,78 para R$ 0,90. O preço final que era de R$ 2,70 vai para R$ 3,00.


Assecom-RN

Mão-de-Obra no Agro

 

Mão-de-obra no Agro

Recentemente participei de uma entrevista especial no programa BELGO AgroPod, da empresa Belgo Mineira, para falar sobre a escassez de mão-de-obra no agronegócio brasileiro.

Sabe-se que o agronegócio é um dos principais setores da economia de nosso país e apesar dos bons resultados locais e das exportações apresentados e, mais um importante, o que se projeta, o campo ainda sofre com a falta de capacitação da força de trabalho.

Não existe a falta se mão-de-obra no setor, o que falta é a adequada qualificação, especialmente no momento que estamos onde cada vez mais se utilizam de novas tecnologias e ferramentas para redução de custos e aumento da produtividade. 

A Agricultura de Precisão, também chamada de Agricultura de Decisão é uma das maiores demandantes por requerem profissionais mais integrados e conectados com as diferentes tecnologias devido a elevada quantidade de instrumentos embarcados.  Não obstante, todos os demais elos da cadeia produtiva podem e devem investir em treinamento.

É importante pontuar que a falta de qualificação não é um tema cultural, apesar de erroneamente por muitas vezes se atribui ao campo e, especialmente aqueles que vivem nele, a falta de educação necessária (desde o ensino básico até o universitário e profissionalizante).  Os centros urbanos devem olhar para o Agro como um mercado importante para oportunidades de trabalho e não apenas como o setor responsável por alimentar a população!

Desde 1960 existe a escassez de mão-de-obra no Brasil e muito lentamente se vê o aumento de investimentos na construção, apoio e expansão das escolas técnicas como ETECs, SENAIs, FATECs etc.  Se pararmos para analisar, 2/3 destas escolas hoje se localizam no estado de São Paulo, maior mercado consumidor, mas longe de ser o maior mercado produtor.  É preciso assim expandir esta malha de conhecimento para atender a demanda existente. 

O Estado e Governo podem contribuir muito com este tema, alinhando políticas que foquem na geração de conhecimento, contudo grande parte do que vem acontecendo é oriundo da iniciativa privada, fundamental neste momento.

Não existe ainda uma pesquisa realizada, que eu conheça, que mediu com precisão o quanto o setor agropecuário poderia crescer com o aumento da capacitação dos profissionais.  Mesmo assim, é possível dizer que a qualidade dos serviços realizados, a satisfação dos profissionais e o índice de retenção aumentarão consideravelmente. 

O crescimento do Agro não passa por desmatamento e sim pelo melhor uso da terra, das variedades plantadas, das máquinas e equipamentos agrícolas, da gestão da operação e do trabalhador rural.

O Agro não para

terça-feira, 29 de setembro de 2020

A Produção Brasileira de Cajú

 

A produção brasileira de caju

 

O Brasil produziu, em 2019, 139.383 toneladas de caju. De acordo com o IBGE, mais de 90% dessa produção está localizada em três estados: Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A produtividade brasileira, considerando a área colhida em 2019, foi de 327 kg de castanha por hectare, o que é considerado muito baixo para o potencial da espécie.

O problema da baixa produtividade deve-se à extensa área ocupada com cajueiros do tipo comum, plantados em grandes espaçamentos. A grande maioria são plantas com idade avançada, cultivadas com poucos tratos culturais.

Em 2019, mesmo representando 35% da área plantada, o cajueiro-anão respondeu por 56% da produção de castanha de caju do estado do Ceará (IBGE, 2020). De acordo com o Relatório da Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA), do total de 275 mil hectares ocupados com a cultura no estado nesse mesmo ano, cerca de 179 mil hectares eram plantados com o cajueiro do tipo comum e apenas 96 mil ha cultivados com o cajueiro-anão.

A produtividade média do cajueiro-anão, em 2019, no estado do Ceará, foi de 528 kg por hectare/ano. E a do cajueiro comum 222 kg por hectare/ano (IBGE, 2020). Embora produzindo mais do que o dobro, a produtividade do cajueiro-anão é considerada baixa para o potencial da cultura. “Essas áreas ocupadas com cajueiro-anão usam pouca tecnologia. Caso o cenário mudasse, haveria possibilidade de aumentar consideravelmente a produtividade da cajucultura do País”, alerta Montenegro.

Seguro Paramétrico Para o Produtor Rural

 

Mapa vai apoiar seguro paramétrico como opção para o produtor rural proteger suas atividades

Com características diferenciadas, esse modelo de seguro rural com subvenção de 20% ao prêmio poderá ser uma alternativa a partir de 2021

Após autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural aprovou a Resolução nº 79, que estabeleceu o percentual de subvenção ao prêmio de 20% para o seguro paramétrico, para qualquer atividade. A medida foi publicada nesta segunda-feira (28) no Diário Oficial da União. 

O seguro paramétrico, ou seguro de índice, funciona baseado na definição de parâmetros para a ocorrência de eventos naturais. Caso o índice paramétrico estipulado seja alcançado ou excedido, a cobertura da apólice pode ser acionada. Por exemplo, no caso de chuva excessiva, um dos indicadores é uma precipitação pluviométrica superior a um determinado índice acordado entre o produtor rural e a seguradora. Trata-se, assim, de um modelo diferente do tradicional, que é estabelecido em virtude da ocorrência de um evento climático.

Para o diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Mapa, Pedro Loyola, a inclusão desse tipo de seguro no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) representa um avanço importante para o desenvolvimento do seguro rural no país, “esse seguro está se consolidando em diversos países e precisamos oferecer mais essa opção para o nosso produtor rural”.

A comercialização desse seguro ainda está incipiente, porém possui um amplo potencial de crescimento, conforme relata Glaucio Toyama, diretor de seguros agro da Swiss Re Corporate Solutions, uma das seguradoras habilitadas no PSR. “Os seguros paramétricos para a agropecuária têm um grande potencial de desenvolvimento no Brasil. Os parâmetros climáticos podem ser utilizados para diversas soluções e encontrar aderência em diferentes modelos. Atualmente os parâmetros de falta ou excesso de chuva são os mais trabalhados para os principais cultivos de grãos e cana de açúcar, mas existem oportunidades para muitas outras situações nas outras atividades”.

Alterações em 2021 para café e feijão

Além da inclusão do seguro paramétrico, a Resolução publicada hoje também trata de duas alterações nas regras do Programa. A primeira refere-se ao percentual de subvenção ao prêmio para a cultura de feijão, que atualmente não difere entre feijão 1ª safra e 2ª safra, o percentual varia entre 20% e 30% do valor do prêmio do seguro, a depender do tipo de cobertura contratada. A partir de 2021 o feijão 2ª safra, por ter um risco maior durante o plantio, terá o percentual de 35% ou 40%, assim como já ocorre com o milho 2ª safra.

A outra alteração ocorreu no percentual de subvenção para o seguro de café, que na regra atual também pode variar entre 20% e 30%. Já no próximo ano esse percentual passará a ser de 40% (fixo), essa medida visa aumentar o número de contratações que ainda apresenta pouca adesão por parte dos produtores. “Essas mudanças no PSR já são frutos do trabalho do projeto Monitor do Seguro Rural, vídeo conferências em que foram avaliados junto a produtores e seguradoras o que poderia ser aperfeiçoado nos produtos de seguro rural e no programa”, finaliza Loyola. 

Contratação

O produtor que tiver interesse em contratar o seguro rural deve procurar um corretor ou uma instituição financeira que comercialize apólice de seguro rural. Atualmente, 14 seguradoras estão habilitadas para operar no PSR. O seguro rural é destinado aos produtores pessoa física ou jurídica, independente de acesso ao crédito rural. 

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo Programa. Para os grãos em geral, o percentual de subvenção ao prêmio pode variar entre 20% e 40%, a depender da cultura e tipo de cobertura contratada. No caso das frutas, olerícolas, cana-de-açúcar e demais modalidades (florestas, pecuário e aquícola) o percentual de subvenção ao prêmio será fixo em 40%. 

Soja, milho verão, banana, maçã e uva no Pronaf

Para produtores que estão contratando crédito de custeio nas instituições financeiras e são enquadrados no Pronaf, entre julho e outubro, há um projeto-piloto com recursos de R$ 50 milhões do PSR de estímulo a contratação do seguro agrícola de soja e milho verão (subvenção de 55% do prêmio) e para banana, maçã e uva (subvenção de 60% do prêmio).

Norte e Nordeste

Para produtores das regiões Norte e Nordeste de grãos, o PSR destinará R$ 50 milhões exclusivos para essas regiões nos meses de setembro e outubro. 


Temperaturas em Alta no Brasil

 

Previsão do tempo

Inmet prevê semana de temperaturas altas em todo o país

Os termômetros deverão marcar máximas acima de 30°C

 

 

As temperaturas vão continuar altas no país de hoje (28) até o dia 5 de outubro. De acordo com informativo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as máximas devem superar os 30°C em praticamente todo o Brasil, podendo chegar aos 40°C na região central. As mínimas vão variar entre 14°C e 26°C.

Nesta semana, estão previstas chuvas nas regiões Norte e Sul. “Na Região Sul, os acumulados de chuva deverão ficar concentrados principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com totais variando entre 20 e 100 mm. Há possibilidade de chuva localizada no Paraná, porém com volumes inferiores”, diz o informativo.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a previsão é de ausência de chuva ou chuva fraca e isolada.

As chuvas devem ser isoladas e com baixo volume na Região Nordeste. Na Região Norte, deve chover mais no noroeste do Amazonas e em Roraima.

Artigo - Abelhas Africanizadas: Vilãs ou Mocinhas?

 

Artigo - Abelhas africanizadas: vilãs ou mocinhas?

Márcia Ribeiro

Pesquisadora da Embrapa Semiárido

 

 

Existem mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo e, entre elas, apenas dois grupos são sociais e produzem mel: são as abelhas nativas sem ferrão e as abelhas melíferas ou africanizadas, ou abelhas “europa”, como também são conhecidas.

As abelhas africanizadas produzem a maior parte do mel que consumimos e, além disso, usamos vários de seus produtos: a cera, o pólen, a geleia real, a própolis, o veneno (apitoxina).  E mais importante do que isto é o papel que fazem como polinizadoras de diversas culturas: melão, melancia, manga, goiaba, e tantas outras. Sem elas, teríamos sérios problemas com o número e qualidade de inúmeros frutos que consumimos. Além disso, elas também são importantes polinizadoras de plantas que produzem fibras e outros produtos que os seres humanos utilizam.

Nos últimos dias, entretanto, as abelhas africanizadas têm sido apontadas como “vilãs”, devido aos ataques às pessoas no centro da cidade de Petrolina, no sertão de Pernambuco.  Mas precisamos analisar seu comportamento e biologia, antes de condená-las.

Nesta época do ano, em que a seca impera e há falta de alimento na natureza, as abelhas costumam enxamear. Com altas temperaturas e escassez de néctar e pólen nas flores, elas  abandonam seus ninhos e migram em busca de novas possibilidades. Este tipo de comportamento é chamado de “enxameagem de abandono”. Antes de deixarem seus ninhos, elas enchem seus papos de mel (como uma reserva), pois precisam de energia para voar por quilômetros, até encontrarem um novo local, adequado para estabelecer seu novo ninho. Com isso, elas não conseguem expor o seu ferrão e, assim, não conseguem ferroar. Por isso, dificilmente acontecem acidentes com enxames que estão em “trânsito”, e ainda não estão estabelecidos.

Outro tipo de enxameagem é a reprodutiva, que ocorre em situação oposta: o ninho cresceu muito, tem muito alimento estocado e não há mais espaço para abrigar todas as abelhas: uma parte delas migrará e fundará um novo ninho, em outro local.  Uma vez que este novo enxame se estabeleceu e começa a produzir e estocar mel, possui cria e está se desenvolvendo, o comportamento das abelhas é mais defensivo. Ao se sentirem ameaçadas (por ruídos altos, ou qualquer outra perturbação), atacarão para defender seu tesouro: alimento e cria.  Nestas condições, as abelhas podem atacar em grande número, ferroando qualquer “potencial ameaça”. Portanto, as abelhas que “atacam” estão apenas se defendendo.

E ao ferroarem, elas perdem o ferrão juntamente com parte do intestino, e morrem. Quando isto ocorre, elas liberam odores que funcionam como um atrativo para outras abelhas, induzindo que elas se comportem da mesma forma. Dessa forma, o comportamento se multiplica e milhares de abelhas podem atacar para se defender.... Por isso, a recomendação ao identificar um enxame e/ou ataque de abelhas é afastar-se o mais rapidamente possível do local, buscando abrigo e proteção em local fechado.

Vale lembrar que, neste momento, os enxames podem estar ocorrendo em maior número, inclusive em ambiente urbano, talvez pelo excessivo desmatamento da nossa Caatinga e falta de alimento e de locais para nidificação. Sem outra opção, elas podem invadir as áreas urbanas para tentar sobreviver.

Por esta razão, a criação de abelhas deve ocorrer em apiários localizados sempre em áreas rurais, longe de ambientes urbanos, justamente devido aos riscos eminentes. Por outro lado, ao serem bem manejadas e mantidas em locais apropriados, as abelhas só podem nos beneficiar.

Agora, sabendo de tudo isso, você pode responder à pergunta: afinal, as abelhas são vilãs ou mocinhas??

Infecções alimentares

 

Imagem: Divulgação

Probiótico é efetivo na prevenção de infecções alimentares

Atividade antimicrobiana do chamado “TCP” contra bactérias causadoras de toxinfecções alimentares

Os microrganismos patogênicos que causam toxinfecções alimentares são um dos principais desafios da indústria alimentícia global já que podem estar presentes desde a matéria prima, infectando o alimento e também o consumidor final. A partir disso, uma série de estudos vêm sendo feita para encontrar alternativas viáveis e compatíveis, com o objetivo de que esse problema seja reduzido ou erradicado, preservando a saúde das pessoas e garantindo a segurança alimentar.

Um dos mais recentes estudos nesse sentido foi produzido pelo Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras, sob o comando da professora Roberta Hilsdorf Piccoli. Ela analisou a atividade antimicrobiana do chamado “TCP” contra bactérias causadoras de toxinfecções alimentares.

TCP é a sigla para Tecnologia do Consórcio Probiótico e consiste em um ecossistema populacional equilibrado com um grande número de microrganismos de diferentes estirpes probióticas que se complementam fornecendo alimentos uns aos outros por secreção, que se traduzem em mudanças metabólicas equilibradas no ambiente de aplicação, sendo que todo o processo é realizado por via anaeróbica. A combinação desses microrganismos produz metabólitos (ácidos orgânicos, enzimas, aminoácidos, vitaminas e açucares) que multiplicam os microrganismos benéficos quando atuam diretamente sobre a matéria orgânica existente, recuperando e restaurando o meio em que se aplicam.

Na TCP, bactérias ácido láticas, fototróficas, leveduras, entre outros microrganismos presentes no consórcio produzem essas secreções, que são alimentos desses mesmos grupos presentes no consórcio, fazendo com que eles continuem ajudando uns aos outros a se manter vivos e fortes no ambiente, contribuindo para as propriedades antimicrobianas e neutralização de substâncias tóxicas, fechando um ciclo simbiótico equilibrado e eficiente. A partir disso, a pesquisadora buscou avaliar o impacto do consórcio nas bactérias presentes nos alimentos, que causam prejuízo para a pecuária e para os humanos consumidores.

“Foram utilizadas as bactérias Salmonella Enteritidis S64 ; S. Cholerasuis INCQS 5001; S. Gallinarum CCT 7446; S. Pullorum CCT 7407; Staphylococcus aureus ATCC25923; Pseudomonas aeruginosa MICRO 001, Listeria monocytogenes ATCC 19117 ; Escherichia coli enteropatogênica INCQS 00181 e E. coli entetoxigênica ATCC 35401. As cepas foram obtidas na Coleção de Bactérias de Referência em Vigilância Sanitária, Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e na coleção de Cultura Tropica, Fundação André Tosello”, explicou a professora em seu artigo. 

Os problemas das bactérias

Segundo o Índice.eu, de Portugal, somente nos países desenvolvidos, cerca de 30% da população é afetada por toxinfecções alimentares anualmente. A gravidade da toxinfecção depende de vários factores, tais como, do grau de contaminação do alimento, da quantidade ingerida, do tipo de agente patogênico e da capacidade de resistência do sistema imunológico de cada indivíduo, mas os grupos mais vulneráveis são as crianças até aos 4 anos, os idosos, as grávidas, os doentes e os imunodeprimidos. 

A principal doença causada por meio de toxinfecções alimentares é a Salmonelose, que é oriunda das bactérias do gênero Salmonella. Qualquer alimento cru de origem animal, como carne, leite, ovos e frutos do mar, se estiverem contaminados pela bactéria, são potenciais causadores de salmoneloses. As frutas e legumes, se contaminados, também podem veicular a Salmonella.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nas aves, por exemplo, podem apresentar as seguintes enfermidades:

-Pulorose, causada pela Salmonella Pullorum,
-Tifo aviário, causado pela Salmonella Gallinarum, e
-Podem abrigar vários outros sorovares (paratíficos), entretanto sem apresentar sintomatologia clínica.

Outro patógeno comum é a Staphylococcus aureus que frequentemente está associado a infecções adquiridas na comunidade e no ambiente hospitalar. As infecções mais comuns envolvem a pele (celulite, impetigo) e feridas em sítios diversos. “Algumas infecções por S. aureus são agudas e podem disseminar para diferentes tecidos e provocar focos metastáticos. Episódios mais graves, como bacteremia, pneumonia, osteomielite, endocardite, miocardite, pericardite e meningite, também podem ocorrer”, explicou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Esperança

Todos esses problemas, somados aos possíveis prejuízos para a pecuária, como sacrifícios de animais e também medicamentos, motivaram as pesquisas atuais com os probióticos, em especial com a TCP. Como conclusão, a especialista afirma que a TCP apresentou ação antagonista a todas as cepas testadas mostrando-se efetiva na inibição e controle de Salmonella Enteritidis; S. Cholerasuis; S. Gallinarum; S. Pullorum; Staphylococcus aureus; Listeria monocytogenes; Escherichia coli enteropatogênica e E. coli entetoxigênica. 

De acordo com os responsáveis pela tecnologia, a TCP se mostra como forte candidata para a ser a solução contra essas bactérias e também outros tipos de patógenos na pecuária brasileira, já que os próximos passos são estudos científicos que já estão em desenvolvimento com suínos, aves, bovinos e camarão. O consórcio pareceu não mostrar antagonismo expressivo apenas contra Pseudomonas aeruginosa, onde a média do halo de inibição foi de 1,41 mm. “Experimentos com diferentes concentrações de inóculo (TCP) estão sendo realizados com as mesmas cepas para termos a concentração mínima inibitória da TCP sobre cada um dos patogênicos do experimento”, conclui a professora Roberta Hilsdorf Piccoli.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Veterinário Explica o Combate a Verminoses em Caprinos e Ovinos

 

Médico-veterinário explica combate a verminoses que atingem rebanhos de caprinos e ovinos no RN

Doença deixa o rebanho fraco, magro, com dificuldade de se alimentar, com problemas reprodutivos e pode levar a morte.

Por Sara Cardoso, Inter TV Costa Branca


Médico-veterinário explica combate a verminoses que atingem rebanhos de caprinos e ovinos

Médico-veterinário explica combate a verminoses que atingem rebanhos de caprinos e ovinos

Um dos problemas mais comuns enfrentados pelos criadores de caprinos e ovinos são as verminoses que atingem os animais. Na fazenda Magalhães, em Apodi, a agricultura Thalia Rizia, cria ovelhas e já chegou a perder alguns animais devido à doença.

"Por mais que a gente sempre esteja vermifugando, aparece. Dá diarreia e anemia nos animais. E pra controlar a gente limpa as instalações todo dia e faz a vermifugação", conta.

O médico-veterinário Pollastry Diógenes explica que as verminoses - tão comuns nos rebanhos de caprinos e ovinos - causam fraqueza, anemia, perda de peso, dificuldade de absorção de nutrientes e problemas de reprodução. Mas elas podem ser controladas por exemplo, por meio de um rodízio de pastagens e colocando em dia a vermifugação dos animais.

"É importante frisar um ponto em relação à vermifugação, que é cumprir o período de carência do vermífugo, caso esse animal seja destinado ao abate ou mesmo à produção e consumo de leite", ressalta.

Alguns criadores podem até manter em dia a vermifugação e ainda assim, relatar a presença de verminoses nos animais, e isso pode acontecer porque quando é utilizado o mesmo vermífugo por muito tempo, ele cria resistência e não responde mais ao tratamento.

A melhor maneira de saber se o vermífugo utilizado está fazendo efeito, é realizando exames de fezes nesses animais. Caso constatada a presença de vermes, o médico-veterinário vai indicar um tratamento e as dosagens que devem ser aplicadas.




Tecnologia de Infravermelho na Alimentação de Animais no Semiárido

 

Tecnologia de infravermelho será usada para reduzir custos com alimentação de animais no Semiárido


Maíra Vergne - Análise de amostras de fezes de animais em equipamento de NIRS

Análise de amostras de fezes de animais em equipamento de NIRS

Uma tecnologia para monitorar as deficiências de alimentação dos animais pode ajudar a reduzir os custos de alimentação de rebanhos no Semiárido brasileiro. Baseado em tecnologia de espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS), a Embrapa desenvolveu, ao longo de 12 anos de pesquisas, o Serviço de Assessoria Nutricional Remota para Pequenos Ruminantes (AssessoNutri) que permite indicações de rações balanceadas, a partir de uma análise das fezes dos animais e alimentos disponíveis, identificando necessidades nutricionais com precisão, de forma mais ágil e com menor custo que análises convencionais.

A partir de 2021, o Serviço estará à disposição de pequenos produtores de três regiões atendidas pelo programa AgroNordeste – Médio Canindé (PI), Cariri Paraibano e Sertão dos Inhamuns (CE) - em uma parceria da Embrapa, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e instituições de ensino, pesquisa e extensão nessas regiões, como a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), IFCE - campus Tauá, IFPI – campus Paulistana e Senar, capacitando jovens egressos dessas instituições para que possam operar o serviço.

Os técnicos e produtores contemplados pelo programa terão acesso a essas informações por meio de boletins de orientação nutricional, disponibilizados mensalmente, com recomendações de rações de menor custo a partir das necessidades dos animais. “Técnicos e produtores irão receber informações com orientação sobre o uso mais racional dos alimentos concentrados, aumentando a eficiência e reduzindo os custos”, comenta Marco Bomfim, pesquisador da área de Nutrição Animal e chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Com a tecnologia, a expectativa é dar respostas mais precisas sobre necessidades nutricionais: a alimentação é o item de maior custo na produção animal, especialmente crítica para rebanhos no Semiárido, onde as condições de clima limitam a disponibilidade de alimentos no pasto para os animais. Com isso, o uso de rações concentradas se torna comum, levando a dependência de insumos externos e aumento dos custos.

Marco Bomfim destaca que, no atual momento, a pressão sobre o custo de produção tem se tornado cada vez maior, dado o aumento da exportação e o câmbio, que tem onerado o preço do milho e do farelo de soja, principais alimentos das rações, mesmo no Semiárido. “Nos últimos 12 meses, houve um aumento de 23% no custo da alimentação, sendo que, somente neste ano, esse aumento foi de 18%, sem perspectivas de mudança nesse cenário. Portanto, mais que nunca, lançar mão de alternativas para baratear o custo de alimentação é fundamental”, frisa o pesquisador.

Vantagens da tecnologia

Ao usar tecnologia de infravermelho, o AssessoNutri garante análises mais rápidas e de menor custo que as realizadas com outras metodologias. A análise do Serviço leva certa de 48 horas para ser concluída, com custo de R$ 5,00, enquanto uma análise convencional leva pelo menos 10 dias, com custo de pelo menos R$ 100,00. 

O infravermelho também permite que se conheça, com maior precisão, a composição de dietas dos animais e a qualidade nutricional de pastagens e outras fontes alimentares, suprindo uma carência de informação no campo. “A maior parte das recomendações dos especialistas para reduzir o custo da alimentação envolve o conhecimento da qualidade do alimento e da necessidade dos animais para orientar seu uso correto, o que não tem sido feito, tanto pela falta de laboratórios, quanto pelo custo e tempo exigido para análise. Ou seja, na prática essas recomendações não têm sido efetivadas”, afirma Marco Bomfim

Outra vantagem é que a tecnologia tem características ambientalmente corretas, pois a análise das amostras não utiliza produtos químicos. Outras análises comuns em Nutrição Animal, como a de proteínas, geram resíduos poluentes e exigem descarte apropriado, o que não é o caso do NIRS.

Projeto AgroNordeste AgroIndústria

O projeto AgroNordeste é uma ação integrada da Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com financiamento do Ministério, do Projeto Dom Hélder Câmara e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). Nos próximos dois anos, o projeto atuará em polos produtivos do Semiárido brasileiro, com meta de fazer a promoção da inovação por meio da disseminação de conhecimentos, capacitando, de forma direta, 550 técnicos e produtores multiplicadores, além da montagem de 20 unidades de referência tecnológica.

Cultivar do Feijão Carioca com Resistências a Doenças

BRS FC402: cultivar de Feijão Carioca da Embrapa inova com resistência a doenças

Depois do Pérola, uma nova joia para a produção de feijão no Brasil

Um lançamento recente da Embrapa está movimentando a rede de produtores de feijão carioca no país, na preparação para a safra de verão. Trata-se da BRS FC402, cultivar de ciclo normal (entre 85 e 94 dias da emergência à maturação), que se destaca pela excelente produtividade, resistência inédita a doenças e alta qualidade de grãos. Os trabalhos foram desenvolvidos pela equipe de melhoramento de feijão da Embrapa Arroz e Feijão, com grande expectativa de que substitua junto aos produtores a Pérola, lançada no mercado em 1996, outra excelente cultivar da Empresa, que sempre teve grande aceitação e adoção.

A BRS FC402 pode contribuir de forma eficiente para a sustentabilidade da cultura do feijão-comum no agronegócio brasileiro. Ela se destaca, em relação às suas antecessoras, por maior produtividade de grãos, apresentando potencial médio de 4.500kg/ha, e resistência à antracnose e à murcha-de-fusário, dois dos principais problemas que atacam essa lavoura. Sua excelente sanidade e versatilidade permitem adoção em diversos ambientes e condições, sendo indicada para todas as regiões produtoras. O maior impacto deve ocorrer, principalmente, no cultivo de inverno, sob pivô central, e em áreas antigas e de uso intenso, devido à sua resistência à murcha-de-fusário. Na época “das águas”, é indicada para regiões com altitude elevada e em todo o Centro-Sul do Brasil, em virtude de sua resistência à antracnose.


 

Com relação às características de qualidade de grãos, a cultivar BRS FC402 possui alto valor nutricional, com teores de ferro 4,5% acima da Pérola e 19% da BRS Estilo; e 7% de zinco acima das duas testemunhas. Os grãos têm coloração uniforme e clara, com estrias também claras, características desejadas pela indústria e consumidores, apresentando-se de alto valor comercial. A cultivar possui arquitetura semiereta, com tolerância intermediária ao acamamento, podendo ser utilizada para colheita mecânica, inclusive direta.

Segundo Pedro Henrique Sarmento, especialista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, um ponto que se destaca nessa cultivar é a sua capacidade de se manter com plantas uniformes, saudáveis e produtivas, mesmo em ambientes que, para outras, sejam suscetíveis a doenças de solo e comprometimentos diversos. “Geralmente, locais onde se produz o feijão são menos equilibrados, em relação a biologia do solo, são pivôs antigos, até, às vezes, com manejos inadequados. Fomos a uma área no município de Acreúna, em Goiás, em que o produtor plantou, lado a lado, o BRS 402 e outra cultivar em lançamento. Vimos esta outra bastante comprometida por doenças de solo, como a murcha-de-fusário e nematoides, enquanto a 402 estava intacta e se desenvolvendo dentro das expectativas”, afirma Pedro Sarmento. 


 

Ainda segundo o analista da Embrapa, existem atualmente no mercado cultivares que tem características agronômicas muito boas, como produtividade, resistência a doenças, ciclo, arquitetura, e qualidade de grão. Isso faz com que os produtores possam rotacionar e testar aquelas que mais se adequem a sua realidade. 

A equipe de pesquisadores do Melhoramento Genético de Feijão da Embrapa Arroz e Feijão, vinha trabalhando nas duas década passadas, em busca de um material que superasse a Pérola e o Estilo. O uso de boas sementes na lavoura é determinante para a obtenção de bons resultados, em especial, no combate a doenças diversas, para as quais a pesquisa encontrou solução.  Na Embrapa, os trabalhos do programa de melhoramento de feijão-comum buscaram, ao longo do tempo, associar características desejáveis presentes em cultivares distintas, como resistência a doenças, baixa perda na colheita mecanizada, precocidade, maior potencial produtivo e estabilidade de produção, o que contribuiu para o aumento na produtividade da cultura, de 810 kg/ha, no ano 2000, para 1.353 kg/ha, no ano de 2013, incremento de 67%; chegando, em 2018, a 1.510 kg/ha, 11% acima da média anterior.

No entanto, um ponto continuava inviabilizando a adoção das sementes: a restrição do uso de cultivares a áreas e condições climáticas específicas, com recomendação para uma determinada região de cultivo ou época de semeadura e não para outras. Com isso, o pequeno volume demandado não gerava escala de produção que garantisse retorno econômico satisfatório para a indústria sementeira. Diante desse quadro, adotou-se na pesquisa a estratégia de seleção de linhagens que possuíssem grande adaptação, possibilitando ampla adoção, aumentando a demanda por sementes e permitindo a manutenção de sua competitividade, nas mais diferentes condições de cultivo e sistemas de produção. O resultado pode ser percebido no catálogo de cultivares de feijão-comum da Empresa, que conta com materiais propícios às mais diversas regiões produtoras do país.

A Embrapa possui parceria estabelecida com os principais programas de melhoramento de feijão-comum do Brasil e do mundo. Essas parcerias permitem que o desenvolvimento da cultura no país seja amplamente integrado, gerando vantagens técnico-científicas para todas as instituições.

VERSATILIDADE DA BRS FC402

Com base no seu desempenho, a BRS FC402 foi registrada para cultivo nas diversas regiões, da seguinte forma:

  • Nas épocas "DAS ÁGUAS" e "DE INVERNO"
    Bahia, Mato Grosso e Tocantins;
     
  • Nas épocas "DAS ÁGUAS”, "DE INVERNO” e “DA SECA”
    Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal;
     
  • Na época “DA SECA”
    Mato Grosso do Sul;
     
  • Nas épocas "DAS ÁGUAS” e “DA SECA”
    Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul;
     
  • Na época "DAS ÁGUAS”
    Maranhão, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba.

 

Fartura no Campo em Tempo de Pandemia

 

Fartura no campo em tempos de pandemia

Toda a atividade econômica tem altos e baixos. Nesse sentido, o agricultor precisa fazer uma gestão financeira eficiente do negócio agrícola para não enfrentar dificuldades perante quebras de produção e momentos de cotações desfavoráveis dos produtos agrícolas. Antes de comprar ou arrendar novas áreas, o produtor pode investir em intensificação tecnológica, buscando:

(1) tornar suas áreas mais produtivas, gerando excedentes de produção que poderão mitigar os impactos negativos de um período mercadológico desfavorável;

(2) reduzir custos por meio de boas práticas como o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas;

(3) garantir maior estabilidade da produção, o que diminuirá o risco decorrente das adversidades climáticas. Produzir bem e saber gerir as finanças são ações fundamentais para o sucesso da propriedade agrícola. O produtor rural brasileiro está usufruindo um momento de fartura que ele sabe que não será permanente. 

Era impossível prever que o Brasil, em 2020, enfrentando uma séria crise financeira, teria no agronegócio o desfrute de uma situação oposta. Mas é o que está acontecendo, com preços internos recordes, alavancados pela valorização do dólar mas, também, pela crescente demanda mundial por produtos agrícolas. Adicionalmente, o mercado do grão é favorecido pelo aumento de uso do óleo de soja para produção de biodiesel, visando atender o aumento da mistura do biocombustível ao diesel.

Nunca os preços de mercado da soja e do milho - nossos principais grãos - foram tão remuneradores quanto agora. E não é apenas o preço da soja e do milho que estão deixando boas margens aos agricultores. Também faturam alto os produtores de carnes, café, açúcar, algodão e madeiras. O agricultor não pode negar que está vivendo um bom momento e ganhando um bom dinheiro. Mas precisa estar alerta com os custos de produção, que certamente crescerão e afetarão a rentabilidade. 

A euforia dos bons preços de mercado das commodities agrícolas poderá desencadear a procura por novas áreas. Caso isto ocorra, a soja deverá ser o carro chefe da expansão da fronteira agrícola, em decorrência da remuneração que a cultura tem proporcionado aos agricultores. A Conab estima que a supersafra de grãos brasileira de 2019/2020 (257 milhões de toneladas - Mt), será superada em 22 Mt pela produção da safra 2020/2021, inicialmente estimada em cerca de 279 Mt, com a liderança soberana da soja, para a qual a Conab estima um novo recorde de 133,5 Mt, resultado de um incremento da área em 3% (36,60 Mha para 37,86 Mha) e aumento no mesmo percentual da produtividade (3.420 kg/ha para 3.526 kg/ha). Quanto ao mercado, ao menos no curto prazo, deverá continuar favorável ao produtor. 

Usufruir dos bons momentos é saudável, mas precisamos ter consciência de que tudo o que sobe, depois desce, ensina a sabedoria popular.

domingo, 27 de setembro de 2020

Arroz Vermelho de Apodi

 

IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO LOCAL >> Você sabia que Apodi produz 95% do arroz vermelho consumido no RN e vira alternativa para potiguares

A cidade de Apodi, na região Oeste, produz sozinha 95,27% do arroz vermelho consumido no Rio Grande do Norte. Segundo os agricultores, o tipo tem mais saída do que o arroz branco que, recentemente, passou por alta considerável nas regiões sul e sudeste do país. Além disso, o arroz vermelho chega a ter um preço de 10% a 15% menor do que o tradicional arroz branco, mas a produção local ainda não tem grande alcance e é comercializada no mercado interno e exportada para alguns estados da região nordeste como Paraíba, Pernambuco e Bahia.

Atualmente, cerca de 300 famílias, direta ou indiretamente, vivem do cultivo do cereal. E apesar da alta no preço do arroz branco, por enquanto, não há mudança nos preços do arroz vermelho praticados por aqui. O que pode ser uma alternativa interessante para o consumidor preocupado em manter a qualidade da alimentação e economizar.

“Nós ainda estamos vendendo o arroz vermelho ao mesmo preço. O que tem influenciado tem sido o aumento dos insumos como energia, transporte e o material usado na plantação. Mas, mesmo assim, esses custos não foram repassados para o consumidor ainda. Ninguém sabe como vai ser na próxima safra”, explica Edjarles Fernandes, que é produtor do município.

Atualmente, o preço do arroz vermelho não beneficiado, ainda com a casca, fica em torno de R$150 e R$ 160, cada 115 quilos. No caso do produto já beneficiado, o consumidor final paga entre R$ 4 e R$ 6 pelo quilo. Mas, apesar do cenário potencialmente positivo, as safras têm caído ao longo dos últimos anos, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf). Em 2016 foram colhidas 3.000 toneladas, já em 2017 a produção baixou para 1.651 toneladas, contando ainda com o cultivo do Alto Oeste, Seridó e Sertão Central, além do município de Apodi. Em 2019, a produção foi de 863 toneladas. Para 2021, com a expectativa de um bom período chuvoso, a estimativa é de melhores resultados.

Os produtores afirmam que, apesar do baixo preço praticado no mercado e interno, o arroz ainda tem uma boa rentabilidade e corresponde a cerca de 10% do PIB de Apodi, o equivalente a algo em torno de R$ 27 a R$ 30 milhões. Durante o período de estiagem, no segundo semestre, os agricultores trabalham outras culturas como a do milheto e a extração do pó da palha de carnaúba. Só este ano, o Programa Estadual de Compras Governamentais da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Pecafes), originado a partir de lei criada pela deputada estadual Isolda Dantas (PT), comprou 200 toneladas de arroz vermelho ao preço médio de R$ 5,13/kg. O arroz faz parte das cestas básicas distribuídas aos alunos da rede estadual de ensino, além de populações quilombolas e em situação de vulnerabilidade social, diante da pandemia do novo Coronavírus. Estimular a agricultura entre os pequenos produtores foi a forma que o Governo encontrou de incentivar a economia de uma forma mais sustentável e solidária.

“Ainda para este ano está prevista a compra de mais cerca de 105 toneladas de arroz vermelho através do PECAFES. Outra iniciativa é o reforço da assistência técnica aos agricultores e agricultoras familiares através da EMATER e da organização de chamadas públicas para fomentar a produção agroecológica desta cultura. Ainda nesse contexto, o Governo do Estado está articulando a ampliação do acesso ao crédito rural. Além de assistência técnica e do acesso a mercados com aquisições via PECAFES”, detalha Emerson Cenzi, Coordenador de Acesso à Mercados, Agroindústria e Cooperativismo da Sedraf.

Postado Canindé Rocha

Microminhocas no Cerrado

 

Microminhocas ajudam a manter o solo no Cerrado fértil

 

 Pesquisa realizada em solos do Distrito Federal e de Goiás revela que o Cerrado abriga 20 potenciais novas espécies e um novo gênero de enquitreídeos (Oligochaeta, Annelida), também conhecidos como microminhocas, organismos que ocorrem em quase todos os solos do mundo.

Os exemplares foram coletados em solo de vegetação natural e em áreas agrícolas e pertencem a seis gêneros diferentes. Este é o primeiro levantamento quantitativo e qualitativo da população de enquitreídeos no Cerrado realizado com metodologia padronizada e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

Os levantamentos mostraram que o Cerrado é tão rico nesses organismos quanto florestas de outros biomas brasileiros com temperaturas mais amenas e maiores índices pluviométricos. A pesquisadora da Embrapa Cerrados (DF) Cintia Niva, coordenadora do estudo, diz que os resultados são surpreendentes: “A ideia geral era que havia poucas microminhocas no Cerrado devido ao prolongado período de seca, já que esses invertebrados precisam de solos úmidos para sobreviver. No entanto, os dados obtidos mostram que temos aqui uma população tão abundante e rica quanto à da Mata Atlântica e à da Amazônia, e composta por várias espécies possivelmente endêmicas, ou seja, restritas ao Cerrado”.

As microminhocas, os enquitreídeos, são parentes próximos das conhecidas minhocas, mas com tamanho bem menor e praticamente sem pigmentação, deixando transparecer seus órgãos internos quando observados no microscópio. No Cerrado, a maioria deles têm até um centímetro de comprimento e dois milímetros de diâmetro corporal. Na Mata Atlântica, já foram encontrados exemplares de até quatro centímetros de comprimento.

A importância do estudo das microminhocas está relacionada às funções que elas desempenham no ecossistema, uma vez que contribuem para a decomposição de matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, formação do solo e cadeia alimentar. Apenas 62 espécies terrestres ou semiaquáticas são conhecidas até hoje na América Latina (dessas, 47 existem no Brasil), e 710 válidas em todo o mundo. A pesquisadora conta que há uma hipótese que considera a América do Sul como o centro de origem das microminhocas, o que eleva a expectativa de uma alta diversidade no continente à medida que mais áreas são estudadas.

Os dados servirão de base para o uso desse grupo de organismos como indicadores da conservação da diversidade e da qualidade do solo como habitat no Cerrado em diferentes sistemas de produção. “Ainda existe uma carência de métricas que possam auxiliar no diagnóstico de qualidade do solo, especialmente com base na biodiversidade. Por isso, os trabalhos com bioindicadores são importantes para estimar a sustentabilidade dos ambientes”, explica Niva.

Os seres que habitam o solo são os responsáveis por mantê-lo em saudável funcionamento. Mas nem sempre eles recebem a devida atenção. Apesar disso, alguém pode se perguntar por que não estudar apenas as minhocas como referência da saúde do solo. “Apesar de os enquitreídeos e as minhocas contribuírem para os mesmos serviços ecossistêmicos, como a ciclagem de nutrientes e a estrutura do solo, eles os fazem de forma diferente em função de seu tamanho corporal e de sua posição na cadeia alimentar”, responde Cintia Niva:

Os enquitreídeos também têm susceptibilidades diferentes à qualidade do solo e seu habitat, e por isso, muitas vezes, ocorrem em locais onde as minhocas são pouco abundantes. Portanto, a relevância ecológica, sua ampla distribuição geográfica e sensibilidade a mudanças no meio ambiente tornam as microminhocas potenciais candidatas para o monitoramento de sistemas.