terça-feira, 30 de abril de 2013

 

 

 

Calendário de vacinação contra aftosa é alterado

Os estados do Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas, além de parte dos municípios de Minas Gerais e Pernambuco, terão alterações no calendário da primeira etapa de vacinação contra a febre aftosa, que começa nesta quarta-feira, 1º de maio. A informação foi divulgada por meio de nota técnica pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A vacinação foi adiada para junho no Rio Grande do Norte e nos municípios do Agreste e Sertão de Pernambuco e para julho em Sergipe e Alagoas. Em Minas Gerais, o prazo foi prorrogado para 30 de junho em 112 municípios (nas coordenadorias regionais de Amenara, Janauba e Montes Claros).
Apesar não haver alterações no calendário da Bahia, 261 municípios do estado que decretaram situação de emergência serão acompanhados. Caso necessário, poderá ser adotada uma nova estratégia com tratamento diferenciado aos produtores que comprovarem não ter condições de vacinar seus animais.
“A flexibilização nessas localidades é justificada pela falta de chuvas, que tem comprometido o abastecimento de água e até mesmo a alimentação dos rebanhos”, explica o diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques.
No restante do país, a programação segue inalterada. Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Tocantins e Distrito Federal começam em maio a vacinação de todo o rebanho de bovinos e bubalinos, sendo que Amazonas e Pará iniciaram em março o processo de imunização. Já nos estados do Acre, Espírito Santo, Paraná, Rondônia (onde a campanha começou em abril) e São Paulo serão vacinados os animais com idade abaixo de 24 meses.
A expectativa do Ministério da Agricultura é que 166 milhões de cabeças sejam vacinadas nesta primeira etapa. De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, o sucesso da campanha depende também da participação ativa dos produtores. “Estamos próximos de reconhecer o Brasil como livre de aftosa com vacinação, mas para isso é necessário que os produtores também colaborem, vacinando corretamente o gado e mobilizando os vizinhos para a campanha.

isso sim é bom para o homem do campo

                                                                     dessalinizador




domingo, 28 de abril de 2013

João Maia em Açú

Estive ontem em Açú com o Deputado Federal João Maia. Conversamos bastante sobre a situação por que passa o homem do campo. O Deputado como filho de agricultor, também está preocupado com o dilema da estiagem. Mas, com relação ao governo do estado, notei que o parlamentar não se sente a vontade para resolver problemas em favor do produtor rural. Segundo o Deputado, o governo Rosalba é muito fechado e insensível aos problemas vividos pelo homem do campo. Mas, alegou que em Brasília, tem atuado fortemente em favor do semiárido. Embora essas ações ainda são tímidas. Solicitei ao parlamentar, que a CONAB estenda seus produtos ao produtor rural, como a soja e a pasta de algodão, a fim de que o nosso rebanho tenha mais opções para se alimentar. Por enquanto apenas o milho e mesmo assim muito raro em nossa região. Vamos aguardar.

sábado, 27 de abril de 2013

Conab compra 20 toneladas de milho para atender criadores do Nordeste

A Conab comprou, ontem, mais 20 mil toneladas de milho a granel para atender aos criadores de gado em áreas atingidas pela seca no Nordeste. Os grãos deverão chegar pelo porto de Cotegipe, na Bahia. Novo leilão foi marcado para 6 de maio para compra de 83 mil toneladas do produto. A ordem do Governo, repassada à Conab, é não deixar o gado morrer.

Nota do Blog:
È muita sacanagem o que estão fazendo com o produtor. A dificuldade do milho chegar para venda, está dificil. A APASA que intermedia a compra do cereal para os produtores, não tem mais o que dizer. Os produtores pagaram o boleto a mais de uma semana e nem promessa. Alô, políticos da região, vão trabalhar seus imcompetentes. Façam alguma coisa.

MDA adia mais uma vez a entrega da retroescavadeira no RN, mas mantém capacitação dos operadores



Máquinas a espera da retirada pelo municípios contemplados.

A entrega das retroescavadeiras do PAC 2 através do Governo Federal via o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA para 23 municípios do Rio Grande do Norte inclusive Jandaíra foi adiada mais uma vez, para o próximo dia 03 de maio. Mas como estava previsto os 23 municípios encaminharam dois operadores para a capacitação sobre a operação das máquinas que aconteceu no parque de exposições Aristófanes Fernandes em Parnamirim no dia de ontem 25.

Fotos: Rudemberg Bezerra
fonte do blog de jocelino dantas
 
Nota do Blog:
A Prefeitura de Fernando Pedroza foi contemplada com uma retro. O problema é que já foi marcada duas vezes a data da entrega. "Perguntar não ofende ou pelo menos não deveria" Tem politicagem ou sacanagem na entrega da máquina? não acredito.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

As plantas da caatinga e a seca no Sertão do Nordeste


 Imbuzeiro verde na caatinga seca
 Juazeiro verde na caatinga seca
 Mandacaru com flores na seca
Mandacaru com frutos na seca


As fotos
Nestas fotografias podemos observar uma planta de imbuzeiro e de juazeiro com suas folhas verdes. Uma planta de mandacaru com flores e frutos. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE, em 12 de abril de 2013.
Os fatos
A seca que afeta a região semiárida do Nordeste neste momento, tem apresentando características diferentes de outras secas que já ocorreram na região. Há localidades onde as chuvas têm ocorrido em quantidade suficiente para a formação de água e pastagem para os animais e outras onde os agricultores conseguiram planta e estão colhendo um pouco de feijão. Contudo, a maior parte da região semiárida esta enfrentada uma seca sem precedentes, onde falta água e alimentos para os rebanhos locais. O grande diferencial é que a água para o consumo humano tem sido fornecida, embora irregular, pelos carros-pipas. No Sertão de Pernambuco segundo a APAC (Agência Pernambucana de Água e Clima), no mês de janeiro os municípios onde foram registrados os maiores volumes acumulados foram: Moreilândia (277,0 mm), Araripina (227,0 mm), Ouricuri (199,0 mm), Exu (186,2 mm), Iguaraci (164,7 mm), Santa Cruz da Venerada (152,7 mm), Ipubi (152,0 mm), Bodocó (147,4 mm) e Afrânio (145,2 mm). No mês de fevereiro as maiores chuvas foram registradas em: Exu (69,6 mm), Araripina (57,0 mm), Santa Cruz da Baixa Verde (42,0 mm), Triunfo (34,3 mm) e São José do Egito (33,3 mm). No mês de março as maiores precipitações, foram observadas em: Araripina (174,0 mm), Quixaba (154 mm), Afogados da Ingazeira (132 mm) e Santa Teresinha (117, o mm). No mês de abril, até o momento, as maiores precipitações no Sertão foram observadas nos municípios de Araripina (23,0 mm); Moreilândia (13,0 mm); Ouricuri (46,6 mm); Exu (31,6 mm); Afrânio (112,5 mm). Como se pode observar, em alguns municípios do Sertão os volumes de chuvas são significativos, embora a seca ainda esteja causando danos severos para a agricultura e pecuária da região. No Sertão do São Francisco, especificamente no município de Petrolina, PE, até o momento choveu somente 119,2 mm, sendo 92 5 mm no mês de janeiro. Essa situação está configurando um novo panorama no Sertão, onde a vegetação começa a se representada pelas plantas nativas que tem suportado a seca como o imbuzeiro, o juazeiro, a baraúna, o mandacaru, entre outras. Para os criadores de animais do Sertão, principalmente os criadores de bovinos, é hora de sentar, pensar e planejar o futuro de seus empreendimentos neste novo cenário nordestino.

Matéria do Globo Rural


Do Globo Rural – A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Norte estima que a seca pode ter provocado a morte de metade do rebanho do estado nos últimos 15 meses. O cenário é desolador nas propriedades. Pela areia, no acostamento da RN-003, entre os municípios de Goianinha e Espírito Santo, no agreste potiguar, estão ossadas e corpos de animais vencidos pela estiagem prolongada. Na mesma estrada há animais vivos, que pastam onde ainda conseguem encontrar mato verde.
O agricultor Francisco Félix e o sobrinho Marcelino Alves saíram em busca de algo que sirva de ração. Eles decidiram levar mato seco para alimentar o gado. Os dois fazem isso porque não há mais dinheiro para comprar comida para os animais. O agricultor Manoel Silva encheu a carroça com cardeiro, que irá moer tudo para dar de comer ao rebanho. “Se não fosse esse cardeiro, o gado já teria morrido”, diz.
No agreste do Rio Grande do Norte há 43 municípios. De acordo com a Empresa de Pesquisas Agropecuárias, nos três primeiros meses do ano, normalmente, a média histórica de chuvas é de 230 milímetros. Mas com a estiagem o volume não ultrapassou os 85 milímetros. Em municípios como Tangará choveu apenas 06 milímetros e em Senador Elói de Souza foram somente 05 milímetros.
Em muitas localidades o que resta da água não dá para fazer irrigação das terras. Devido ao excesso de lama e a salinidade, a água se tornou salobra. Se os dados da secretaria de Agricultura do Rio Grande do Norte estiverem corretos, cerca de 500 mil animais morreram no estado desde o início da seca.

Prefeituras do Nordeste devem fechar as portas para pedir ajuda contra a estiagem

g_seca3Representantes dos nove Estados do Nordeste decidiram fechar as portas das prefeituras no dia 13 de maio em protesto por ajuda para o enfrentamento à seca. A reunião dos prefeitos de cidades nordestinas ocorreu paralela à reunião do Conselho Político da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Após a reunião das entidades do Nordeste, ficou acertado que dia 30 de abril, em Maceió (AL), vai haver um encontro para definir as ações do dia 13 de maio. O objetivo dos dirigentes desta Região é mostrar ao País o “tamanho do problema” trazido pela estiagem. A maior dos últimos cinquenta anos.
Os prefeitos vão contar com o apoio da CNM que fará estudos técnicos sobre o tema. Eles querem mostrar as perdas, os “produtos da seca”. No protesto, serão usadas imagens chocantes, como as divulgadas pelo Boletim CNM, nesta edição de abril.

domingo, 21 de abril de 2013

Boas Chuva na Região Central

Desde quinta feira passada que chove na região central do estado. Aqui no município de Fernando Pedroza, foram registradas ótimas chuvas, principalmente na área do pico do cabugi que é a região agrícola mais significativa do município. Tomara que continue assim, pelo menos teremos alimentos para os rebanhos, como também acabar com a miséria dos carros pipas que abastecem as comunidades rurais (foto)  água insuficiente, mas, preciosa e necessária.

A epopeia das cabras valentes na terra Brasil

Autor: Ariano Suassuna


Houve quem falou que as cabras deveriam estar na bandeira do Sertão e não há porque contestar essa afirmação, pois de um jeito ou outro elas estão lá embandeirando as terras onde rara é a água, mas não a riqueza possível.



Mais de 91% dos rebanhos caprinos do Brasil (IBGE 2011) encontram-se concentrados na região Nordeste. Animais “que não secam durante a seca”, como afirma o poeta Mauro Mota (1981), bodes, cabras e cabritos integraram-se de tal modo à região que hoje é quase impossível imaginar o Semiárido brasileiro sem a presença desses ruminantes.

A par dessa expressiva integração dos caprinos à vida dos nordestinos, modelou-se uma identidade cultural singular, uma “cultura de bode”, expressa abundantemente na arte popular (xilogravuras, artesanato, cordel, etc.), na literatura, na música, na cozinha e no cotidiano do sertanejo. Na cozinha, em especial, devido aos processos migratórios, essa cultura se espalhou pelo País, conquistando os mais refinados gostos e as mais requintadas mesas de diferentes regiões.



A conquista da terra Brasil



Estudiosos acreditam que as raças domésticas de caprinos hoje encontradas em todo o mundo tenham suas origens na Capra aegagrus, da Pérsia e Ásia Menor; da Capra falcoreni, do Himalaia e da Capraprisca, da bacia do Mediterrâneo. A cabra foi um dos primeiros animais domesticados pelo homem há 8.000 anos. O homem, a partir desta domesticação, passou a alimentar-se não apenas da carne do animal, mas também do seu leite. Começava ali uma relação que atravessaria milênios e diferentes civilizações, sempre ajudando a humanidade a vencer os desafios da natureza e as fraquezas do corpo e do espírito.

Os caprinos, na Península Ibérica, foram trazidos pelos árabes durante os 7 séculos de dominação moura na região. Os primeiros a introduzirem estes animais, no Brasil, foram os colonizadores portugueses, franceses e holandeses. Os tipos étnicos pioneiros em solo brasileiro são os caprinos das raças Serrana e Charnequeira. Depois vieram as contribuições das raças Toggenburg, Anglo-Nubiana, Malteza, Angorá, Saanen, Pardo Alpina, entre outras.

Deste emaranhado de raças foram surgindo outras, algumas reconhecidas hoje como raças oficiais, como, por exemplo, a Moxotó e Canindé, além de tipos menos expressivos e não reconhecidos como raças. São exemplos a Repartida, a Marota, a Gurgueia, a Biritinga, a Azul, a Graúna, a Nambi e a Orelha de Onça, todas sem maior diferenciação genética e produtiva.

A adaptação destes animais, da chegada ao Brasil à conquista dos sertões nordestinos, não foi tão rápida como se imagina. Ocorreu à custa de tempo e perda produtiva. O processo de seleção natural foi determinante, sobrevivendo aqueles animais com maior capacidade reprodutiva, maior resistência ao clima ensolarado do País e a baixa disponibilidade alimentar, além de resistentes às enfermidades.

Geografia de Carneiro




Seu Zica tinha raiva do Surrão, um carneiro esperto, que estava sempre no lugar errado, na fazenda, mas que era um presente ganhado pela sua mulher e, por isso, não tinha como dar um sumiço nele. Dizem que carneiro é burro, mas esse danado ia para onde não devia; importunava os dois cachorros; perseguia o gato; chifrava as galinhas; molestava o ganso; quase matou o pavão, xodó do patrão, mas quando queria algo, era um dengo só.

- Esse à-toa tem parte com o Cão; de tão sabido que é - espinafrava a cozinheira.

Um dia, Seu Zica acordou com a moléstia, um morcego caiu na cama, não gostou do café, o queijo queimou, a esposa Nezilda estava ranheta, a botina furou, tudo estava dando errado e ele estava bufando, quando encontra o carneiro numa treta sem igual, esparramando ração pelo terreiro, junto com os dois cachorros dos empregados. Aquilo já era demais: o diabólico punha todo mundo a se perder.

- Pois que seja o que Deus quiser com tua alma - vociferou Seu Zica.

Pegou o carneiro de 50 kg, estapeou-lhe as ventas, rangeu os dentes, enfiou o bruto no porta-malas e sumiu na Caatinga, lado sul, por 10 quilômetros bem esburacados e balançados. Desceu, soltou o bicho que estava olhudo, zonzo, entrevado. Era o castigo merecido para uma vida de desatinos. Mal se viu livre, Surrão desapareceu na Caatinga.

Sem olhar para trás, Seu Zica rumou para o botequim de Zebedeu, onde festejou o final feliz com boas lapadas da melhor aguardente que havia.

Bem mais tarde, quase na hora do almoço, quando chega em casa, encontra Surrão, tranquilo, bolinando as ovelhas perto do curral. A raiva sobe no quengo. Nervoso, pegou o endiabrado, estapeou-lhe as ventas, rangeu os dentes, enfiou o bruto no porta-malas e sumiu pela Caatinga, lado norte, por mais de 20 km de veredas esburacadas, lascadas, onde jamais punha o pé. Descarregou Surrão, tonto, enjoado, quase vomitando, olhos vermelhos, sobre um lajedo. Mal se viu livre, Surrão desapareceu na Caatinga, para se livrar do castigo.

Sem olhar para trás, Seu Zica voltou ao botequim e, dessa vez, muito feliz e tagarela, bebeu todas a que tinha direito. Mais tarde, quando chega em casa, encontra o carneiro manhoso, com cara de risonho enfatuado.

O sangue subiu na cabeça de Zica. Quase desesperado, vermelho como pimentão, nervoso, pegou o molestado, estapeou-lhe as ventas, rangeu os dentes, enfiou o bruto no porta-malas e sumiu pela Caatinga, lado sul até a Braúna velha, pelo oeste até o Icó molengo, pelo norte até o Juazeiro quebrado, nordeste até o Umbuzeiro das cabras, pelo boreste até o Pereiro verde, pelo centroeste até a moita de Jiquirana, pelo contraleste até a ruma de Licuri, pelo meio até a ramagem de Macambira, pelo sol até a Quixabeira. Finalmente, subiu o rochedo cheio de Mata-Lobo, Timbó e Vassourinha.

- Se não morrer de fome, vai morrer por planta venenosa! - sorriu Zica.

Cansado de tanto dar voltas, por mais de 40 km de veredas por onde nem o diabo havia passado, quando percebeu que nem ele mesmo sabia onde estava, já zonzo pelo frenético ziguezaguear, desceu, abriu o porta-malas e viu Surrão quase morto, despencado, língua de fora, olhos esbugalhados. Seu Zica deu um enorme sorriso:

- É isso que você merece, seu peste.

Descarregou o brutamontes na areia ardente. Mal se viu livre, Surrão desapareceu na Caatinga, trançando as pernas, para se livrar do castigo.

Cansado, Seu Zica, senta na ponta do lajedo, suspira de alívio no meio daquele mundão sem dono, onde antigamente se escondiam cangaceiros legendários.

O sol foi baixando, baixando, baixando, o dia se finou, as vacas retornaram ao curral, os chocalhos tilintavam no terreiro e, já de noitinha, a esposa recebe um telefonema de Seu Zica.

- Nezilda, por acaso o safado do Surrão está por aí?

- Deixa eu ver - e se dirigiu para a janela que dava para o terreiro grande.

Daí a pouco, retornou:

- É dos últimos. Está chegando. Está cambaleando. Está suado. Tropeçando. Quase caindo. Está todo encriquiado, pra lá de xinfrim. Parece doente. Por que será?

Do outro lado, muito longe, vem a voz do marido cansado.

- Mulher, pega esse filho do Cão, bota no telefone, porque eu estou perdido e só ele sabe o caminho de volta.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

 
 
 
 
 
Barragem Armando Ribeiro Gonsalves
A barragem Engº. Armando Ribeiro Gonçalves, do Açude Açu, está localizada no rio Piranhas, também denominado Açu, 6 km a montante da cidade de Açu, no estado do Rio Grande do Norte. O acesso ao local é feito, a partir de Natal, pela BR-304, distando daquela capital cerca de 250 km. O objetivo do açude é o suprimento de água ao Projeto de Irrigação do Baixo Açu. São inúmeros os benefícios gerados pelo Projeto Baixo-Açu, destacando-se sobretudo o aproveitamento hidroagrícola das terras aluviais do vale, assim como os chapadões dos tabuleiros das encostas, cuja irrigação promoverá o desenvolvimento agrícola de toda a região.

Mas, nem tudo são flores. Este reservatório está com apenas 45% da sua capacidade. Tudo isto poderia ter sido evitado se as obras de tansposição estivesse com o seu calendário atualizado.
E tome corrupção. Amém...

12 milhões de pessoas sem água do Nordeste

A seca na região Nordeste completa mais de um ano em algumas áreas e prejudica mais de 12 milhões de pessoas, com a falta dàgua. Há quase um ano e quatro meses, não chove regularmente na região, a pior seca dos últimos 30 anos.
A Secretaria Nacional da Defesa Civil informa que 1.209 municípios estão em situação de emergência no Nordeste. Balanço levantado pela Conab, aponta queda de 80% na produção de milho e feijão na região do semiárido.
seca TN

sexta-feira, 12 de abril de 2013

PARA PENSAR:
“O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego”
Albert Einstein

PARA REFLETIR:
“A pior decisão é a indecisão”
Benjamin Franklin

Armazéns da Conab estão praticamente sem estoque

Deu na Tribuna do Norte:
Com estoque baixo, Conab espera receber milho até 14 de maio
Com estoque baixo, Conab espera receber milho até 14 de maio
Os estoques do milho não estão sendo suficientes para atender a crescente demanda do grão no Rio Grande do Norte. Antes do programa de aquisição de alimentos ser criado, para minimizar os efeitos da seca na região Nordeste, em maio de 2012, 4.103 compradores estavam cadastrados na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse  número subiu para 18.239 cadastros até a primeira semana de abril deste ano, o que mostra uma evolução de 445 %.
O superintendente regional da Conab, João Maria Lúcio da Silva, disse que nesses dez primeiros dias de abril foram comercializadas 2.412 toneladas de milho, com o registro de 1.926 atendimentos a criadores de bovinos, caprinos, suínos e até avicultores. De acordo com o Programa de Vendas em Balcão da Conab, em março o volume de vendas do grão alcançou 8,6 mil toneladas e 7,7 mil atendimentos, enquanto em fevereiro, foram vendidos 6,9 mil toneladas do grão e registrados 7,7 mil atendimentos.
João Lúcio da Silva informou, que para beneficiar o maior número de possível de pequenos criadores, houve uma mudança no critério de atendimento, garantindo-se a esse grupo, ainda, 50% da cota  limite de até três toneladas.
O superintendente da Conab explicou que caiu aquela cota para os criadores que tinham direito a uma cota entre 7,1 toneladas e 13,98 t. Agora, permanece apenas duas faixas de atendimento, a primeira de 60 kg a 3 toneladas, com preço da saca de 60 quilos subsidiado a 18,12 e a segunda, de 3,1 toneladas a 6 toneladas, com preço de R$ 21,00 a saca.
Antes do advento do programa especial pelo governo federal, os estoques reguladores da Conab trabalhavam com um preço da saca de 60 kg de milho a R$ 33,60 – um pouco abaixo do valor comercial de mercado.
A Conab também informou que da cota prevista de 77 mil toneladas de milho pelo programa especial da seca em 2012 para o Rio Grande do Norte, 80,4% já foram embarcados, restando o embarque de 18,8 toneladas.
nota do blog; Tenho impressão que está faltando a CONAB vontade política e falta de planejamento para trazer o milho aqui pra nos. Milho na região centro-oeste está saindo pelo ladrão, no bom sentido, é claro.

Operação carro-pipa poderá ser suspensa

- Publicado por Robson Pires detetive1O inspetor Tagarela alerta que a operação carro-pipa poderá ser suspensa.
Motivo: falta de pagamento.
Segundo o levantamento feito, os pipeiros estão há mais de dois meses sem receber.
Será um colapso em todo o Estado, caso a operação tenha que ser interrompida.
Vamos aguardar e vê no que vai dá!
NOTA DO BLOG: ALÉM DA QUEDA O COICE

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Governo garante R$ 100 milhões para alimentação de rebanhos

O Ministério da Integração Nacional, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), está desenvolvendo programas de fomento à produção de palma forrageira e de mudas de mandioca para garantir o alimento aos rebanhos do semiárido, mesmo nos períodos da estiagem. O investimento total previsto é de R$ 100 milhões até 2014, desses R$ 30 milhões serão aplicados ainda este ano.
O ministro Fernando Bezerra Coelho explicou que essa é mais uma frente de trabalho do Governo Federal no enfrentamento à estiagem. De acordo com ele, todo o esforço do governo é feito para garantir que a maior estiagem dos últimos 50 anos não comprometa o desenvolvimento da região. “Por isso, não bastam ações emergenciais. Estamos trabalhando para assegurar uma nova perspectiva em relação ao futuro”, disse o ministro.
NOTA DO BLOG:
Vamos aguardar. Se não for conversa pra boi dormir, como dizia meu pai...

Circuito das CAPRIFEIRAS-São Paulo do Potengi

Agricultura abre amanhã 16ª Caprifeira

O Governo do RN, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), abre nesta sexta-feira (12) a 16ª edição da Caprifeira de São Paulo do Potengi, às 19 horas, no Parque de Exposições Francisco Bezerra de Brito. O evento vai até domingo (14) com expectativa da presença de cerca de 800 animais sendo caprinos e ovinos, uma vez que todas as baias colocadas à disposição dos criadores já foram comercializadas.
A 16ª Caprifeira de São Paulo do Potengi será aberta pelo secretário estadual de Agricultura, José Teixeira de Souza Júnior, e pelo prefeito do município, José Leonardo de Araújo. Além da exposição e comercialização de animais, haverá um torneio leiteiro estadual e regional, julgamento de caprinos e ovinos, oficinas temáticas e apresentações culturais.

Reunião do PRODECENTRO na UFERSA-ANGICOS

TERRITÓRIO SERTÃO CENTRAL CABUGI E LITORAL NORTE REALIZA A TERCEIRAS ASSEMBLEIA

Abertura feita pelo o articulador
Plenaria
Raimundo Costa MDA

Foi realizada ontem  na cidade de Angicos na auditória da Ufersa a terceira assembleia do Território Sertão Central Cabugi e Litoral Norte, com participação dos 10 Municípios que compõem o Território, a primeira pauta foi a presentação do RN SUSTENTÁVEL feita por técnicos da Seplam onde foi colocado todos os pontos  do programa, dos objetivos , publico beneficiados , criação dos conselhos e recursos disponível para o financiamento, no mês de maio deve ave uma  apresentação para todos os prefeitos dos Municípios. A previsão é que no segundo semestre seja publicado os primeiros editais.

 O segundo item da pauta foi feito pelo o delegado do MDA no estado Raimundo Costa, que informou do reconhecimento do território  pelo o Condraf como Território Rural, o reconhecimento é a porta de entrada para chegar ao território da Cidadania, o delegado também fez uma presentação das medidas de convivência com a seca do Governo Federal como, ampriação da operação pipa, renegociação das dividas dos agricultores, ampriação do bolsa estiagem e seguro safra e distribuição de equipamentos para os Municípios. A próxima Assembleia sera no dia 14 em Galinhos.

Vítimas da seca


Adeus vaca leiteira!
Adeus boi de estimação!
Vocês são vítimas da seca,
Dói muito o meu coração.

Hoje me faltam palavras,
Para expressar minha dor.
Só mesmo as ardentes lágrimas,
Para mostrarem como estou...

Castigado pelo destino,
Que carrego como sorte.
Vendo o gado no chão caído,
Se abraçando com a morte

É triste a situação!
Confesso que dói demais.
Olhando sem solução,
O sofrer dos animais.

Os urubus se aproximam,
Todos vestidos de preto.
Para uma última visita,
A dezena de esqueletos.

E o sol que é testemunha,
Do sofrer do meu sertão.
Deixa no solo ranhuras,
Matando a plantação.

Oh! Meu Deus me dá prazer!
Que te ofereço oração.
Faz essa chuva descer,
E molhar o meu sertão.

Quero tomar banho na chuva,
Plantar na terra a semente.
Vê na mesa a fartura,
E os nordestinos contentes!!!
JFeitosa
fonte do blog de jatão vaqueiro

domingo, 7 de abril de 2013

AGRICULTOR NORDESTINO


SERTÃO DO NORDESTE

Boa Tarde !!!!
Hoje estou feliz
Pode apostar meu senhor
Pois vou falar da vida
De um trabalhador
Peço a nossa senhora
Inspiração nessa hora
Pra falar do agricultor
Homem simples do sertão 
Que com inchada na mão
Dispensa diploma de doutor

Precisamos de arquiteto
Médico, juiz e advogado
Dentista, engenheiro
Todos eles formado
Pelo menos na vida uma vez
Precisamos deles, talvez
Se o caso for complicado
Mais já do agricultor
Seja reconhecedor
Precisamos até no feriado

De noite ou de dia
Na seca ou invernada
Para o agricultor
Não tem data marcada
Ele planta o feijão
Que vai ser a refeição
Na mesa do povo botada
Seja médico doutor
Juiz ou promotor
Precisa da roça plantada

Três vezes por dia
Precisamos do agricultor
Café , almoço e janta
Vem do roçado desse senhor
Com calos aberto na mão
E pés descalços no chão
Do campo é um lavrador
Vivendo da agricultura
Pode não ter cultura 
Mais na roça tem valor

Pode não ter na sociedade
Que só dão valor a barão
Nela pequeno agricultor
Não vale mais do que tostão
Mais não é bem assim
Camponês tem valor sim
Aqui quem diz é Jatão 
Pode engravatado do poder
Do sertanejo não querer saber
Mais dele precisa do pão

Não falo aqui mal dos doutores
Daqueles que tem cultura
Só peço também respeito
Por quem vive da agricultura
Plantando milho e feijão
Botando na mesa o pão 
Da família com fartura 
Só deixando de plantar
Quando um dia Deus tirar
E ele descer a sepultura 

Nesses dias agora
Presidenta, deputados e senadores
Tem massacrado os sertanejos
Acoloiado com os governadores 
Sem dó nem piedade
Esses chefes da sociedade 
Não tem pena de agricultores
Que sofrem com a estiagem
Que mais parece bobagem
Para essa corja de senhores

Vou ficando por aqui
Despeço-me meu camarada
Mais quero lembrar a você
Que no sertão faz morada
Sou o radialista Jatão
O locutor pesadão 
De toda madrugada 
Defendo aqui o agricultor
Sem diploma de doutor 
E não tenho medo de nada

                 Texto: Jatão Vaqueiro
Isso é imperdoável...
fonte do blog de jatão vaqueiro

POLO CENTRAL DA FETARN PLANEJA AÇOES PARA O ANO 2013




Neste dia 05 de Abril, O PÓLO SINDICAL CENTRAL CABUGI DA FETARN realizou sua reunião, o local foi na câmara de vereadores de pedra preta/RN, as 09:00 da manha, estiveram presentes os sindicatos que compõe o pólo, são eles, STTR DE ANGICOS, STTR DE FERNANDO PEDROZA, STTR DE PEDRA PRETA, STTR DE LAJES, STTR DE PEDRO AVELINO E STTR DE AFONSO BEZERRA, faltando só CAIÇARA DO RIO DOS VENTOS, e também a presença dos representantes da FETARN, secretario geral -Jose Edson, e a assessora Darione David.
Em seguida foi realizado o planejamento para o ano de 2013, diante das ações que temos que fazer, para a convivência com a seca e também nas mobilizações e manifestações diante do governo do Estado e entre outras.
O debate foi constante entre os participantes, com a questão da seca, pois o governo do estado não esta disponibilizando recurso para a agricultura familiar.
E ficou tirado como encaminhamento a mobilização em frente a governadoria, todos os STTRs, já estão sendo articulados para este grande ato, em prol da agricultura familiar.

  DISCUSSÃO SOBRE O PLANEJAMENTO
AO LADO ESQUERDO DONA MARIA PRESIDENTE DO STTR DE LAJES
MOSTRA ALGUMAS DIFICULDADES QUE NOS ESTAMOS PASSANDO
COM ESTE SECA E QUE PODE AINDA FICAR PIOR
 PRESIDENTE DO STTR DE PEDRO AVELINO
FAZ ALGUMAS PROPOSTAS
 PRESIDENTE DO STTR DE AFONSO BEZERRA
MOSTRA ALGUMAS AMEAÇAS DIANTE DA REGIÃO COM A SECA
 APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
SECRETARIO DO STTR DE ANGICOS E TAMBEM COORDENADOR DO POLO
CRITICA GOVERNO DO ESTADO, E LER PROPOSTA PARA A MOBILIZAÇÃO 
EM FRENTE A GOVERNADORIA DO ESTADO.
 PRESIDENTE DO STTR DE PEDRA PRETA E DIRETORIA
COBRA MAIS UNIÃO DOS STTRs DIANTE DESTA SECA
SECRETARIA DO STTR DE FERNANDO PEDROZA AO LADO ESQUERDO
PROPÕE ENCAMINHAMENTO PARA DAR APOIO AOS 
SINDICATOS, NA PARTE E CONTADOR E JURÍDICA
 APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
 DARIONE PLANEJA JUNTO COM OS LIDERES SINDICAIS
JOSE EDSON DE OLIVEIRA
SOLICITA MAIS EMPENHO DE TODOS NÓS, DIRETORES DOS 
STTRs, FETARN E OUTROS PARCEIROS EM DEFESA DOS RECURSOS PARA A SECA

Combate a Seca-NOSSATERRA Responde


Combate a Seca




Diante das ações que o governo expõe, o NOSSATERRA responde:

O Governo Federal libera R$ 2, 7 bilhões para que os sertanejos tenham melhores condições de conviver com a seca.
 NT  Não temos conhecimento deste dinheiro;                                                                                    Antecipação do Garantia-Safra: o benefício de R$ 680,00, divididos em cinco parcelas, já começou a ser pago a agricultores familiares, nos municípios que aderiram ao programa e que perderam ao menos 50% da produção.
NT Este programa foi implantado bem antes da estiagem, portanto não é novidade;
Lojistas, setores da indústria, além dos produtores rurais, também já contam com linha de crédito especial no Banco do Nordeste, com juros baixos e prazo de pagamento de até 10 anos, que disponibiliza R$ 1 bilhão para a economia da região.
NT Lojistas sempre foram beneficiados. Não vejo melhorias para o produtor;
A Operação Carro-pipa conta com mais de 3 mil veículos para levar água às áreas e cidades mais afetadas.
NT Tudo bem, embora a água ainda é insuficiente;
Construção de 111 mil cisternas para armazenar água dos caminhões-pipa e das chuvas. Até o final do ano, serão 290 mil cisternas construídas.
NT Até o presente o programa está sendo muito tímido;
O Bolsa Estiagem paga, aos agricultores familiares que não aderiram ao Garantia-Safra, R$ 400,00 divididos em cinco parcelas, desde que:
 - residam em municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública;
 - possuam renda familiar mensal média de até dois salários mínimos; e
 - tenham inscrição no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal e Declaração de Aptidão ao Pronaf, que podem ser feitas a qualquer momento.
NT Estamos esperando deste programa uma ação mais concreta e mais objetiva;
Venda balcão, pela Conab, de milho para ração animal com preço subsidiado. A venda destina-se a agricultores de municípios que enfrentam dificuldades com a estiagem prolongada.
NT É uma vergonha, uma verdadeira humilhação. Até o posto de Lajes fechou;
Os benefícios já começaram a ser pagos nas agências da Caixa. Para saber mais sobre o Garantia-Safra e o Bolsa Estiagem e suas datas de pagamento, informe-se na prefeitura, no sindicato do trabalhador rural ou nas empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural do seu município.
NT Infelismente na minha cidade ninguem sabe informar nadica de nada. Amém, Amém.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Profetas da Chuva-Vale a Pena Ler

PROFETAS DA CHUVA
Prestando atenção aos sinais da natureza, os profetas da chuva de Quixadá, sertão cearense, se reúnem todo ano para checar prognósticos de inverno ou de seca. E não anunciam boas chuvas para o período.
“CAJUEIRO ‘FULORANDO’ em janeiro, segurando maturi novo, é sinal de inverno tarde”, diz José Clementino, o dedo apontando a árvore carregada de frutos ainda verdes e flores em botão, à beira do açude Cedro. Ele era um dos “senhores do tempo” reunidos no X Encontro dos Profetas da Chuva de Quixadá, cidade a 175 km de Fortaleza, que ocorreu no dia 15 de janeiro de 2006.
Clementino e os demais sertanejos observadores dos fenômenos meteorológicos fazem parte de uma tradição agrária das mais antigas da civilização humana. Guardam na memória experiências que vêm de muito tempo, de quando a vida dependia exclusivamente da agricultura e as condições climáticas eram fundamentais à sobrevivência da comunidade. A previsão do tempo pela observação dos astros, das plantas, do comportamento dos animais está presente num livro como As geórgicas, do poeta latino Virgílio (século 1 a.C.), obra erudita que influenciou os popularíssimos livrinhos editados em Portugal desde a Idade Média e que chegaram, quase do mesmo jeito, até os dias atuais, no Nordeste brasileiro – os Lunários perpétuos. São eles as matrizes escritas que ainda orientam os profetas da chuva de Quixadá.
O calor é intenso nessa cidade cearense rodeada por monólitos majestosos, fósseis de uma montanha que ocupava parte da região, à margem de um lago salgado, que secou muito antes de a humanidade nascer. A beleza dessas pedras erodidas fez com que o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) tombasse, em 2004, os monólitos de Quixadá como patrimônio natural. A rampa formada pela beira das rochas puídas pelo tempo é também um lugar perfeito para esportes radicais, especialmente o vôo livre. Desde 1988, Quixadá sedia uma das etapas do campeonato mundial. Além do turismo ecológico e dos esportes radicais, a cidade acolhe visitantes que vêm de longe venerar o santuário de Nossa Senhora Rainha do Sertão, no topo da serra do Urucum.
Quixadá também é a terra de Rachel de Queiroz, que ali viveu a vida sertaneja na sua fazenda Não Me Deixes. Próximo da cidade fica o açude Cedro, também um patrimônio preservado: foi construído ainda no Império e inaugurado há exatos 100 anos. Por isso, o Encontro dos Profetas foi bem ali, junto ao paredão do açude, talhado bloco a bloco, pedra por pedra, pelas mãos de escravos.
João Augusto de Sousa não é profeta, mas participa de todos os encontros, para orientar-se no plantio de sua minguada lavoura. Mas, como a maior parte do povo do campo, ele também observa a natureza, sabe ler os sinais. “De 1970 pra cá, tudo mudou. E agora, no século 21, acabou de mudar foi tudo. Eu não sei de nada, mas pelas carreiras do tempo, eu sabia que este ano ia ser igual ao que nós passemo, ou mais fino, né? Mas vamos esperar...”, diz ele, desencantado com o trabalho que exerceu a vida inteira. “Sou um produtor rural fraquim, nasci os dentes trabalhando no mato.
Mas deixei a agricultura, que não dá mais não. Dá não, senhora. É melhor guardar o dinheiro e comprar o mantimento, que sai muito mais barato. Planto uma coisinha só pra comer verde, que eu acho bom.” Seu João senta bem na frente, ouvido apurado, curioso para saber se, segundo os prognósticos dos profetas, vai adiantar ou não plantar “pra comer verde”, isto é, legumes e verduras nas várzeas úmidas, tudo o que restou do seu antigo roçado.
O encontro foi aberto com cantoria de viola, homenagens ao açude e depoimentos de pesquisadores, como a antropóloga da Universidade do Arizona Karen Pannesi, que há mais de um ano convive com os profetas, acompanha-os ao campo, toma nota de sua ciência empírica. Um dos homenageados por ela é Francisco Mariano Filho, o Chico Mariano, que tanto observa os astros para saber de inverno ou verão quanto para dizer sobre a personalidade de quem conversa com ele. “Você é de sol, nasceu de dia, não foi?”, diz o profeta, acertando.
Ele diz, sem hesitar, como pensa que será o inverno deste ano:
“O inverno é mesmo forte em março, o preparo das nuvens não está acontecendo pra ter inverno em janeiro. Qualquer ciência, nós estamos começando ainda. Eu queria ter o saber do cachorro, e eu não tenho. Chego na casa dele, cadê fulano? A esposa diz, foi pro mercado, foi pra tal canto. Aí eu vou perguntando, cê viu fulano? O outro diz, parece que eu vi, passou acolá. Eu saio mais o cachorro dele, o cachorro não pergunta a ninguém, vai direto pra donde está o dono”, filosofa. Chico Mariano, como seus colegas, tem a natureza como enciclopédia viva, dela nutre o corpo e a alma. “Cacei pouco, porque fui prestando atenção à natureza, a sabedoria dela, como é grande”, diz o velho, olhos marejados. Mariano começou a observar o tempo ainda menino. “Por perca de roçado. O papai se mudava, quando o tempo era ruim. Isto é cultura antiga, há mil anos que o homem tem estas experiências. Muitos pássaros, muitas coisas que conheci, hoje são difícil a gente ver. Mas a natureza não mudou, nós é que muda, é que aprende mais, conversa mais. Mas a natureza foi formada antes, viveu milhões de anos só, sem o homem.”
Entre tantos “cientistas” matutos, um engenheiro, economista e astrônomo está ali para aprender, como diz, sem falsa modéstia, apesar dos mais de 30 anos dedicados à observação do clima. É Caio Lóssio Botelho, uma referência nacional nos estudos climáticos. “Das dez reuniões, nunca perdi nenhuma. Estes homens prestam um serviço inestimável não só à cultura, mas até à ciência.
O estudo da previsão das secas é uma necessidade. A seca não deve ser estudada apenas com a razão, mas também com a intuição. Por isso valorizo todos os profetas que se reúnem neste momento. O Homo sapiens tem dois instrumentos na busca da verdade. Um é a razão, o estudo crítico da reflexão do hemisfério cerebral direito. O outro é o da intuição, instrumento que faz parte da estrutura biofísica e psicológica, e que tem sua razão de ser.
A intuição tem levado aos homens uma série de informações em benefício da humanidade. O próprio Einstein utilizou a intuição para fechar a Teoria da Relatividade.”
Caio Lóssio não contou apenas com o saber acadêmico para embasar suas observações. “Elas foram fruto da minha vivência no sertão do Ceará. Meu pai era juiz e serviu em vários municípios, desde o Cariri até a faixa do litoral. E desde jovem acompanhei o sofrimento do agricultor, e aquilo calou profundamente no meu espírito.
Resolvi me dedicar de corpo e alma à pesquisa da seca. E tenho a coragem moral de declarar que os profetas, realmente, têm contribuído profundamente para uma evolução da perspectiva de projeção de seca e de chuva de nossa quadra estacional”, diz. Sobre os prognósticos para este ano, Lóssio comunga com os observadores sertanejos. “O hemisfério sul, pela primeira vez, rompeu o equilíbrio ecológico. Até 2005, você não tinha ouvido falar de ciclone e outros fenômenos de natureza física no hemisfério sul. Isso não existia, foi decorrência da imprudência do homem. O desequilíbrio no hemisfério norte vem desde o século 19, com a Revolução Industrial. Por conta disso, tive que mudar meus cálculos. Mas afirmo que o inverno deste ano começa a partir de 21 de março, com a passagem do equinócio, e deve se estender por todo o mês de abril, maio e, quem sabe, até o mês de junho”, diz.
O PROFETA JOSÉ CLEMENTINO de Almeida vive no município de Ocara, próximo a Quixadá, mas participa dos encontros desde a primeira vez. Para ele, este ano vai ser de um “invernim mei lá e mei cá”. Clementino afirma que inverno bom, só de 2010 em diante. “Eu tenho experiência com o vento, no quarto que eu durmo. Ao meidia, almoço, me deito, abro um radim que eu tenho lá. A porta de entrada fica aqui, aí o vento, pá! Eu digo, quase cochilando, ai, meu Deus do céu! Esta porta não é pra fechar à força, é pra abrir. Quando está próximo de chover, eu abro a porta, a porta bate na parede, pá-pá-pá. É sinal que vem chuva, comadre”, diz o profeta, que além do vento também tem experiência “com os passarim, com sapo, com as lagartas, com borboleta, com tudo quanto tem em riba do chão”.
Clementino conta as observações que fez, para abalizar sua opinião: “O Natal deu uma boa experiência com o inverno, mas deixa lá, que o Natal é do ano velho.
Fui pegar experiência da virada do ano, não gostei. A barra da virada do ano foi quase nada, deu um fuá no tempo, só um encapamento nas nuvens. Esperei o nascer do sol. Quando o sol apontou, olhei lá, lá onde ele tava era uma roda grande, do tamanho de uma tarrafa de 12 palmos, não tinha uma nuvem. Isto, num vermelhão da cor de sangue. Eita, que eu não esperava isso! Sinal de inverno bem fraquim. A estrela-d'alva [o planeta Vênus] passou pro nascente, e ela não resulta bem lá, nós não temos um inverno que preste. Pode escrever que eu assino. Eu não estudei pra isso, mas tenho o dom que Deus me deu”, diz.
Dos profetas presentes naquela manhã de sol ardente, só um tinha menos de 70 anos e não era agricultor, o contabilista José Erismar Nobre da Silveira. “Mas sou filho de agropecuarista, fui criado no sertão.
Os anos de estiagem maltratavam a gente, e eu, conversando com as pessoas de conhecimento, comecei a observar, isto está com uns 30 anos. Mas estou aprendendo, ainda”, diz ele. Erismar observa as nuvens, a neblina em certos dias, as noites de garoa do mês de setembro. Também observa as estrelas, especialmente a estrela-d'alva, “que é muito importante. Se ela fica assim chorosa, com uma nuvenzinha muito rala, o inverno é pouco”. Do que farejou nos caminhos do céu, Erismar diz que haverá chuvas localizadas em fevereiro, mas em março o inverno se confirma. “Em abril, me dá uma preocupação, porque deu um período de estiagem, pelas minhas experiências. Mas se chover no 28 de fevereiro ou 1º de março, a estiagem vai ser pouca. Em maio chove, e é capaz de o inverno ir até a fogueira de São João.”
A platéia, especialmente os pequenos produtores presentes, parece suspirar com certo alívio. Mas entra em cena um dos mais famosos profetas do Quixadá, Chico Leiteiro, que desde os dez anos de idade lê o movimento dos astros, as folhas das plantas, o vôo dos pássaros, o rastro dos bichos da terra, que lhe dizem tão claramente do tempo que virá como se estivesse munido da mais fina tecnologia. Chico Leiteiro só estudou o bastante para devorar velhas edições do Lunário perpétuo. Ele não costuma errar a profecia.
Para 2006, ele prevê uma quadra invernosa “mais ou menos”. Quem lhe contou foram os passarinhos, especialmente os rouxinóis, “que já estão cantando, fazendo ninho. O gavião vermelho já está se aproximando do sertão, é sinal que a chuva não demora. Os tetéus também já estão fazendo enxurrada, cantando, [o tetéu] é o melhor profeta que nós temos. Meio-dia, de tarde, eles revoam, téu-te-téu, é sinal que o tempo vai mudar. Mas ninguém nunca pode divulgar tudo que a gente vê, que as experiências que temos são muitas e não gosto de dar notícia ruim. Confio que há de ter inverno, porque a era de seis [data terminada em seis: 1996, 2006 etc.] nunca negou. E que Deus abençoe todo mundo”, diz Chico Leiteiro, se despedindo.
CLIMA DE ANSIEDADE COLETIVA
O profeta Chico Leiteiro, que tudo vê, não gosta de dar notícia ruim. Está aí uma pista para se entender a real importância dos profetas
da chuva para os agricultores do sertão nordestino. Mais do que fazer previsões acertadas, o que se espera desses leitores da natureza,
no fundo, é a capacidade de mitigar a ansiedade que se forma diante da incerteza do clima. Para isso, prognósticos crípticos, ambíguos
e até omissões podem ter um valor muito maior do que as probabilidades meteorológicas. Essa é a opinião do antropólogo Renzo Taddei,
que já estudou o simbolismo da água e da chuva no sertão cearense, pela Universidade de Columbia, em Nova York, e atualmente colabora com pesquisas da Funceme – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos.
Os agricultores do sertão se relacionam com os profetas da chuva do mesmo modo que com a meteorologia oficial?
Nos dois casos, é uma relação bastante difícil. Ambos canalizam para si uma grande ansiedade coletiva. Só que a meteorologia não administra bem essa ansiedade, porque não comunica de forma clara o que faz e o que se pode esperar dela, então as expectativas da população acabam sendo pautadas pelo discurso profético. Se um profeta diz que pode prever exatamente o dia em que vai chover, espera-se
que a meteorologia faça o mesmo, ou melhor.
E de que maneira os profetas administram essa ansiedade?
Eles têm uma tendência a fazer bons prognósticos. Não que sempre o façam – este ano é um exemplo em que boa parte deles anunciou
um prognóstico ruim. Mas em 1997, 1998 e 2005, todos com chuva bem abaixo do normal, a maioria anunciou boas chuvas. É compreensível: há diversos casos de profetas que foram acusados de causar a seca, apenas por tê-la prognosticado.
Preferem errar a dar notícia ruim.
Erram, mas não perdem o reconhecimento dos agricultores. Até porque às vezes não dá nem para dizer se alguém errou ou acertou
a previsão. Se um diz que o inverno vai ser “velhaco” ou “desmantelado”, é difícil traduzir isso em chuvas.
De onde vem esse conhecimento empírico do clima e como ele pode ser utilizado na viabilização do semi-árido?
Existem métodos usados pelos profetas do Nordeste que já eram conhecidos no Oriente Médio há milênios, que provavelmente chegaram à Península Ibérica com os árabes e os judeus, e de lá vieram para as Américas. No México e na Espanha, por exemplo, é comum o método das cabañuelas, usado pelo profeta Chico Mariano em Quixadá: alguns dias de estação seca são indicadores para a estação chuvosa. No caso de Chico Mariano, o 1º de julho representa janeiro do ano seguinte.
Mas não dá para dizer se “esse conhecimento empírico” tem potencial porque não há um conhecimento único. Existem diversos métodos populares de prever o clima. Enquanto o profeta chamado Epifânio faz prognósticos baseado na interpretação de sonhos, Chico Leiteiro observa o comportamento dos insetos e animais, Paulo observa estrelas e a posição da sombra do sol durante a estação seca. Alguns desses métodos têm valor de fato, e deveriam ser melhor estudados no mundo inteiro.