Produtividade é a maior já registrada no País, segundo dados do Rally da Safra 2017
A combinação de boas condições climáticas com o uso intensivo de
tecnologia criou o cenário ideal para o desenvolvimento da maior safra
de soja já registrada no Brasil. O Rally da Safra 2017, principal
expedição para monitoramento da safra de grãos no Brasil, aponta que a
produção de soja deverá alcançar 113,3 milhões de toneladas, volume 18%
superior ao registrado na safra passada, de 96,3 milhões de toneladas. A
área plantada mostrou aumento de 2%, saindo de 33,3 milhões de hectares
para 33,9 milhões de hectares.
E o que mais chamou a atenção dos
técnicos do Rally foi a produtividade recorde de 55,8 sacas por hectare -
contra 48,2 sacas por hectare na safra passada - consolidando os
indícios apresentados no campo na edição do ano passado. “Na época, o
clima não permitiu que as lavouras atingissem todo seu potencial
produtivo. Este ano, as chuvas ocorreram mais cedo e foram constantes
durante toda a safra, e os produtores aproveitaram para plantar cedo e
colher sem atropelos na maioria dos Estados”, diz André Pessôa,
coordenador geral do Rally da Safra e diretor da Agroconsult,
organizadora da expedição.
Além do clima, os técnicos do Rally
detectaram em campo sinais claros de boa nutrição das plantas, como
reflexo da relação de troca de insumos bastante favorável ocorrida no
ano passado, quando foram adquiridos os fertilizantes utilizados nas
lavouras; baixa incidência de pragas e doenças, que também pode ser
associada à melhoria significativa das práticas de controle
fitossanitário; e ampliação significativa da presença de materiais
genéticos altamente produtivos, como as variedades Intacta, RR e mesmo
as convencionais. “A consolidação da Intacta como principal tecnologia
em soja, ultrapassando mais da metade da área plantada, reduziu a
pressão de lagarta inclusive nas lavouras que não usaram essa
tecnologia”, afirma Pessôa. Já a baixa pressão de ferrugem foi reflexo
das condições climáticas e da melhoria significativa dos níveis de
manejo, com clara eficiência dos fungicidas.
Outro fator que chamou a atenção durante
a safra foi o bom andamento da colheita em quase todas as regiões,
exceto durante um período muito chuvoso no Oeste e Norte do Mato Grosso
no final do mês de janeiro. Isso ocorreu mesmo diante de uma safra tão
grande, devido à adequada disponibilidade de colheitadeiras, fruto dos
investimentos dos últimos anos.
A logística também foi um fator positivo na safra 2016/17 de soja, pois,
mesmo com a colheita acontecendo mais cedo este ano, os meses de
janeiro, fevereiro e março registraram volumes recordes de exportação
sem que houvesse episódio de gargalo generalizado, com exceção de uma
semana de interdição da BR 163 em direção ao porto de Miritituba.
Outro ponto de destaque para o
desempenho de produtividade foi o peso de grãos registrado em todas as
regiões, resultante do clima adequado, sobretudo a predominância de dias
quentes com noites mais amenas, aliado ao uso de tecnologia. Diversos
Estados estão batendo recordes de produção, sendo que três atingiram,
pela primeira vez, a média de 60 sacas por hectare – Santa Catarina,
Paraná e São Paulo. Além desses, há recordes no Rio Grande do Sul, Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Ponto marcante desta safra, mesmo sem
registro de recordes, foram os Estados que integram o Matopiba, que
registraram maior recuperação diante da forte quebra de produtividade do
ano passado. No Maranhão, a produtividade aumentou 91%; na Bahia, 50%;
Piauí, 157%; e Tocantins com 61%. “Houve seca no início de janeiro, mas
com o retorno das chuvas em fevereiro, as produtividades foram
recuperadas e esses Estados mostraram uma safra dentro dos padrões
normais. Parte do Oeste baiano teve escassez de chuvas em março e em
razão disso as produtividades serão ainda satisfatórias”, complementa o
coordenador do Rally.
A colheita antecipada permitiu a boa implantação da safrinha de milho
até a segunda quinzena de fevereiro no Mato Grosso e em Goiás, o que
oferece perspectiva positiva para a cultura, com aumento da chance de
maior produtividade. “Essa é uma safra espetacular de soja, que confirma
a expectativa dos técnicos nos dois últimos rallies de que haveria
mudança no patamar de produtividade das lavouras brasileiras”, conclui
Pessôa.
Eventos Regionais e Etapa Safrinha
A partir desta segunda-feira, dia 03 de abril, os técnicos voltam aos
Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais,
Goiás, Bahia, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para 9 eventos
regionais com produtores em abril e 5 em agosto. Nesses encontros,
analistas e técnicos apresentam estimativas e avaliam o mercado de soja e
milho no Brasil, que contarão também com palestras técnicas com os
patrocinadores.
Após percorrer os principais Estados
produtores de soja entre janeiro e março, com oito equipes, a expedição
voltará a campo no mês de maio para avaliar o milho segunda safra. Três
equipes técnicas vão verificar as condições das lavouras do cereal.
Entre os dias 08 e 26 de maio os técnicos estarão no Mato Grosso, em
Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Ao todo, durante o Rally da Safra
2017, 11 equipes vão rodar um total aproximado de 95 mil quilômetros.
Organizado pela Agroconsult, o Rally da
Safra 2017 está na 14ª edição com patrocínio do Banco Santander, Bayer,
Monsanto, Pirelli, VLI, Volkswagen, Yara e com apoio da Agrosatélite,
FIESP, Fundação Agrisus e Universidade Federal de Viçosa (UFV).