Como aprender a usar o suporte forrageiro da palma para dar mais renda aos produtores de leite
A
correta utilização da palma forrageira e as indicações de novas
possibilidades de introdução da planta nas dietas de bezerras, novilhas e
vacas, pode contribuir significativamente para a manutenção da
atividade pecuária no Semiárido, promovendo mais renda e produtividade
para o produtor rural. Esse foi o tema de uma capacitação promovida pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Pernambuco (Senar/PE).
O treinamento “Utilização da palma forrageira na alimentação de
diferentes categorias do rebanho leiteiro: Uma troca de experiências”,
conduzido pelo professor e pesquisador do Departamento de Zootecnia da
UFRPE e doutor em Zootecnia, Marcelo de Andrade Ferreira, qualificou
técnicos de campo e supervisores, que levam Assistência Técnica e
Gerencial (ATeG) do Senar/PE a cerca de 900 produtores, responsáveis
pela produção mensal de quatro milhões de litros de leite, na bacia
leiteira do Estado.
De acordo com o pesquisador, a planta se destaca como a principal
entre as alternativas de suplementação em regiões semiáridas, devido à
capacidade de tolerar longos períodos de estiagem e manter alta
produtividade, com excepcional valor nutritivo. Contudo, a cactácea deve
ser tratada como uma cultura nobre e com tecnologias apropriadas.
Dietas à base de palma forrageira, devidamente balanceadas, reduzem a
quantidade de alimento concentrado para determinadas categorias
animais, possibilitando sua redistribuição. O fornecimento em associação
com volumosos e fontes de nitrogênio, constitui premissas básicas para o
melhor uso da palma forrageira.
Isso porque, a introdução da planta nos sistemas de produção de
leite, pode ser feita em associação com outras espécies, permitindo ao
produtor, integrar forrageiras disponíveis e de menor risco climático
para a região como o sorgo para silagem e também restos de cultura e
subprodutos da agroindústria como o bagaço de cana, este último
disponibilizado pelas usinas de açúcar e álcool.
Existe, por parte dos produtores, uma grande preocupação com a
proteína da dieta. Nesse sentido, o pesquisador ressalta que uma simples
comparação entre o preço de dois produtos pode ocasionar enganos, que
comprometam o desempenho animal e a rentabilidade dos sistemas. “Uma
realidade clara é o preço pago por um saco de 50kg do farelo de soja.
Não é nenhuma novidade que o valor praticado está elevado e o produtor,
muitas vezes, recorre a insumos mais acessíveis, como o farelo de
algodão, quando o correto é pagar pelo preço do nutriente, nesse caso a
proteína, e não do produto”, defende.
“Ao questionarmos, por exemplo, se é mais vantajoso comprar 50kg de
farelo de soja ao preço de RS135, ou 50kg de farelo de algodão por
R$120, certamente a resposta mais lógica é a segunda opção. Mas aí é
que está o engano. Na verdade, o produtor estará comprando o kg da
proteína bruta do farelo de soja a RS6, 14 e o do farelo de algodão a
R$8,43”, explica Marcelo.
Atualmente, é mais lucrativo trabalhar com o farelo de soja, do que
com o farelo de algodão, com base na tabela nutricional e valores
cobrados por esses insumos. A dica é sempre acompanhar a movimentação de
preços praticados no mercado, que tem variação constantemente.
Já no âmbito financeiro, o coordenador regional da ATeG do Senar/PE,
Adriano Pontes, destaca que o investimento na implantação do palmal da
cultura é relativamente alto, mas muito compensatório, a depender dos
tratos culturais realizados pelo produtor desde o início do plantio,
pois se trata de uma cultura perene e esses custos iniciais se diluem,
observando benefícios a partir da segunda colheita.
Pontes alerta que, quanto menor for o custo de produção, mais
rentável será a atividade. “Nos primeiros dois anos, é imprescindível
que o pecuarista receba orientação técnica para conduzir todas as etapas
e obter resultados importantes, como o rebanho bem nutrido e em máxima
capacidade produtiva. Sem acompanhamento profissional, todo o
investimento fica comprometido a ponto de precisar refazê-lo”, orienta.
O próximo treinamento está previsto para o dia 10 agosto e dará
continuidade ao ciclo de capacitações, com a abordagem do tema “Plantio
da Palma” pelo pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA),
Djalma Cordeiro.