Publicado Marcelo Abdon
Especialistas aproveitaram o Encontro de Confinamento da Scot
Consultoria, que se encerrou na sexta (25), em Ribeirão Preto (SP), para
discutir o uso de novas tecnologias que garantam mais eficiência e
menos custo de produção.
Uma pesquisa realizada por um jornal especializado nos Estados Unidos
mostrou que se por lá os pecuaristas parassen de usar o pacote de
tecnologia que inclui o uso de aditivos na alimentação dos bovinos, eles
teriam de aumentar em 11% o tamanho do rebanho para garantir a mesma
produção de carne: uma média de 53 quilos menos por boi no final da
engorda. Por isso, os especialistas recomentam o uso de novas
tecnologias com critérios técnicos e foco no resultado final de cada
confinamento.
Os confinamentos no Brasil estão buscando adaptar as estruturas para
garantir uma boa eficiência o ano inteiro, chova ou faça sol. A oferta
escalonada traz mais tranquilidade sem muito impacto durante as
oscilações do mercado. Mas para trabalhar nas águas tem que investir
para que o barro não seja um obstáculo a mais que impacta no custo.
De acordo com o zootecnista Luciano Morgan, estudos mostram que 5% de
lâmina de barro corresponde a uma piora em eficiência biológica de 3% a
4%. Isso gera um custo a mais de R$ 5 por arroba, já que há presença
de barro condiciona a uma queda de consumo e aumento de necessidade de
manutenção dos animais.
Outro ponto que vem sendo debatido pelos pecuaristas é o custo com
alimentação e a dificuldade em equilibrar as diferentes fontes de
alimentos. O bagaço da cana-de-açúcar, por exemplo, já foi uma ótima
alternativa para os confinadores muito antes de se tornar fonte de
energia nas usinas. Os grãos também podem encarecer cada vez mais com
novos usos adotados pelo mercado.
Gustavo Rezende, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios,
aposta nos chamados aditivos que fazem os animais aproveitarem melhor os
alimentos ingeridos, converter em carne de uma forma mais constante. Um
levantamento mostrou que a diferença no lucro por animal entre quem usa
e quem não usa aditivos é de R$ 57.
– Quando a gente, com a mesma quantidade de alimento, produz mais
carne, tudo é melhor: melhor para o produtor economicamente, melhor para
o boi que está aproveitando melhor a dieta, melhor para o meio ambiente
– diz Rezende. (Rural BR)
Especialistas ouvidos pelo Canal Rural descartam que a suspeita de um
caso atípico de vaca louca em Mato Grosso possa afetar as exportações
de carne brasileira. Analistas acreditam, no entanto, que num primeiro
momento pode haver algum tipo de embargo, a exemplo de situação
registrada em 2012.
– A preocupação sempre, do ponto de vista econômico e financeiro, é
verificar o que vai acontecer daqui pra frente por conta desse episódio.
Acho que vai acontecer o que houve no passado: pode haver um impacto
inicial no começo, em alguns países, mas acho que não vai ter impacto
nenhum do ponto de vista de desempenho de exportação – avalia Lucio
Padua Soares, gerente da área agrícola da Guide Investimentos.
O analista financeiro Luis Gustavo Pereira também acredita que não haja grande repercussão econômica.
– Muito é a expectativa do mercado, que acaba antevendo possíveis
embargos, a possibilidade de sanções em relação a alguns países
importadores da carne brasileira, e acaba de certa forma tendo uma
reação negativa, vendendo posições em papel em função de cautela. Já
chegamos a ver esse movimento no passado, em 2012, quando o Ministério
da Agricultura também soltou a possibilidade da doença aqui no Brasil,
mas pelo que a gente viu os papéis tiveram um impacto negativo e depois
se recuperaram rapidamente após ser provado que é um caso atípico.
O diretor de sanidade animal do Conselho Nacional de Pecuária de
Corte, Sebastião Guedes, fala eu cautela, e lembra que o caso atípico da
doença é diferente do caso clássico.
– O caso clássico é um caso patológico em que o animal apresenta uma
série de sintomas prévios, é uma doença que aparece principalmente em
vacas velhas, e onde há uma série de desenvolvimento de sintomas antes
de a doença se desenvolver. Digamos, a vaca vai ficando entre caduca e
louca. No caso atual não houve isso - a vaca morreu, houve uma certa
sintomatologia nervosa, e depois houve todos aqueles entreveros no
processo de identificação. Foi o primeiro caso, mas ficou estabelecido
que foi atípico.
Apesar da avaliação de que o risco de prejuízo aos negócios é baixo, o
analista Fábio Silveira reforça que a situação exige atenção da cadeia
pecuária brasileira.
– O que a gente tem que fazer é empreender um trabalho, um esforço,
para remover essa desconfiança, seja do mercado doméstico, e
principalmente do mercado internacional. (Rural BR)