sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Fechado acordo de cooperação técnica para produção animal entre Brasil e Índia

Brasil e índiaO documento foi celebrado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério da Pesca, Pecuária e dos Laticínios da Índia (Departamento de Pecuária e Lácteos – DAHD), durante a visita de Estado do presidente Jair Bolsonaro ao país asiático. A partir de agora, os governos dos dois países poderão trocar experiência e cooperação em sanidade animal (comércio de animais, material genético e produtos de origem animal), que envolve pecuária e pesca; capacitação técnica (assistência técnica, cursos e estágios e transferência de tecnologia em reprodução animal) e pesquisa em genômica bovina e intercâmbio mútuo de germoplasma (material genético).
Brasil e Índia também se comprometeram na instalação de um Centro de Excelência em Pecuária Leiteira em território indiano, além da promoção comercial e investimento entre os setores privados dos dois países, com destaque para atuação de empresas brasileiras de genética bovina na Índia.

Na declaração, Brasil e Índia referendaram memorando de entendimento entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Departamento de Pecuária e Lácteos da Índia, firmado em 2016, para capacitação de técnicos indianos em fertilização in vitro

Avicultura familiar ganha segurança para produzir ovos e evitar perdas


ovos - coleto no galinheiroTudo isso graças a um coletor de ovos desenvolvido pela Embrapa Meio-Norte (PI). O coletor, que já é conhecido como “piano de galinheiro”, devido à semelhança com o instrumento musical, está mudando o perfil da produção de ovos caipiras de cinco municípios do Piauí e de um do Maranhão.
Um coletor que protege a produção de ovos de animais predadores – como cobras, cães, o pássaro cancão (Cyanocorax cyanopogou) e o lagarto teiú (Tupinambis teguixim) – está melhorando os resultados da avicultura familiar no Nordeste brasileiro. “A ideia surgiu da necessidade de se encontrar uma solução para o grande índice de perda de ovos após a postura das aves, que chegava a mais de 50%”, revela o biólogo Marcos Jacob Almeida, que, juntamente com o bolsista de agronomia Darllan Alves Evangelista, desenvolveram o instrumento e integram a equipe que trabalha na conservação da galinha Canela Preta (Gallus gallus) no projeto, liderado pela Embrapa Suínos e Aves (SC).
Hoje, praticamente não há perdas nos criatórios de agricultores familiares nos 49 municípios do Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Pernambuco que usam o coletor de ovos. O instrumento veio também para resolver um dos maiores problemas da avicultura familiar da região: o acesso das aves à alimentação natural no próprio terreiro. Para evitar que as galinhas comam os próprios ovos, o avicultor cerrava o bico da ave, procedimento que era feito em larga escala. Com isso, o animal tinha dificuldade de comer fragmentos de grãos e insetos, por exemplo, perdia peso, ficava fraco e facilmente era atacado por doenças. “Esse é outro ponto importante no processo de desenvolvimento da produção de aves caipiras”, garante Almeida.

Construído com pinus, madeira usada em reflorestamento, leve, resistente e de baixo custo, o coletor tem 1,06 metro de comprimento; 46 centímetros de largura e 62 de altura. Ele é estruturado com quatro ninhos de 28 centímetros cada, para a postura das galinhas. Cada ninho tem capacidade para armazenar até dez ovos. Esse é um modelo-piloto, adequado para abrigar simultaneamente quatro aves. Dependendo do tamanho do plantel, ele pode ser ampliado e ajustado à necessidade da produção. O preço de um coletor-modelo é R$ 250,0O

embrapa meio norte

Agricultura familiar terá mais R$ 1 bilhão para investimento

Pronaf Mais Alimentos

Conselho Monetário Nacional aprovou recursos para financiamentos do Pronaf Mais Alimentos após Mapa apresentar pedido de remanejamento

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Mais Alimentos terá R$ 1 bilhão em recursos para atender financiamentos solicitados por agricultores familiares.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, solicitou ao Ministério da Economia remanejamento de recursos para atender financiamentos de investimento na atual safra agrícola, que se encerra em junho deste ano. O pedido foi encaminhado pela Secretaria de Política Agrícola do Mapa ao ministério. A medida foi aprovada na reunião dessa quarta-feira (29) do Conselho Monetário Nacional (CMN) e vale para financiamentos do programa contratados de 1º de fevereiro a 30 de junho deste ano.
"Isso mostra a vontade de investir, que o pequeno agricultor está acreditando no governo, nas políticas públicas e investindo cada vez mais", ressaltou a ministra Tereza Cristina, acrescentando que o Ministério irá acompanhar a contratação dos recursos pelos pequenos agricultores. "Procurem os bancos para que vocês possam tomar esses recursos e continuar os seus investimentos"
De acordo com o secretário de Política Agrícola, Eduardo Sampaio Marques, os agricultores familiares podem usar os recursos em investimentos de longo prazo, como a construção de galpões para avicultura e suinocultura, plantio de culturas perenes, máquinas e equipamentos, correção de solo e recuperação de pastagem.
“Embora tenhamos alocado mais recursos para essa finalidade no atual Plano Safra do que nos anos anteriores, isto é um sinal de confiança do produtor nas perspectivas do país a longo prazo”, destacou o secretário. Ele acrescentou que o montante de R$ 1 bilhão é proveniente dos recursos do Pronaf Custeio. 
A decisão do CMN se soma a medida tomada pelo Tesouro Nacional, em dezembro do ano passado, para realocação de R$ 874 milhões.
Com essas duas medidas, essa linha de investimento do Pronaf passa a contar com R$ 14,8 bilhões, o que representa 14,5% a mais do que os recursos originalmente programados para essa finalidade (R$ 12,9 bilhões) pelo Plano Safra 2019/2020.  "Desta forma, esperamos que esses dois remanejamentos sejam suficientes para normalizar o fluxo de recursos para investimentos até o fim dessa safra”, explicou o secretário.


DOENÇA TRANSMITIDA POR GATOS



Alerta! RN tem surto de doença transmitida por gatos; uma morte foi confirmada. Especialistas estão preocupados com o crescente número de pacientes e animais infectados com a esporotricose, doença emergente provocada por fungos do gênero Sporothrix. Ao menos 131 pessoas foram diagnosticadas no Rio Grande do Norte, e um óbito foi confirmado. Até recentemente, não havia registro dessa micose por aqui. Hoje, ela se espalha muito rápido por Natal e região metropolitana, principalmente Parnamirim, Extremoz e São Gonçalo do Amarante, mas já foi identificada em Santo Antônio do Salto da Onça. Epidêmica no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, tendo o maior número de casos confirmados no Rio de Janeiro, a esporotricose começou a dar sinais por aqui em 2015, quando o médico veterinário José Flávio Vidal Coutinho, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Natal, levantou a possibilidade de alguns animais, principalmente gatos, apresentarem ferimentos e sintomas suspeitos. A confirmação foi feita pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT/UFRN), a partir de estudos de pesquisa científica do biomédico Thales Domingos Arantes — atualmente professor no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública IPTSP/Universidade Federal de Goiás — em colaboração com a bióloga, geneticista e supervisora do Laboratório de Micologia do IMT/RN, Raquel Cordeiro Theodoro, do Departamento de Biologia Celular e Genética do Centro de Biociências da UFRN. Em humanos, o primeiro caso foi diagnosticado pela infectologista Eveline Pipolo Milan, do Departamento de Infectologia da UFRN, em outubro de 2016. Apesar de não haver registros dessa doença no RN até então, pesquisadores já sabiam que a região Nordeste apresentava aumento no número de casos desde 2013, sendo os estados mais afetados a Bahia, Pernambuco e Paraíba. Embora tenha demorado, a doença chegou aqui com muita força. Até agora, a espécie de fungo mais comum encontrado é a Sporothrix brasiliensis, de perfil zoonótico e associado a surtos de esporotricose. Os pesquisadores Thales Arantes e Raquel Cordeiro coordenam a pesquisa no IMT. Foto: Cícero Oliveira Segundo Thales Arantes, por ter maior patogenicidade, essa espécie de fungo causa lesões mais graves e se prolifera em menor tempo quando comparada a outras, principalmente nos animais. “É importante o controle da esporotricose porque com um gato doente no ambiente doméstico, muito provavelmente, você e/ou algum membro da família irão contrair esporotricose também. As chances são de pelo menos 70%. Por isso, quanto mais rápido o diagnóstico e início do tratamento, menor será a dispersão do fungo no ambiente”, afirma o pesquisador. O problema maior pode estar nos animais abandonados. Estima-se que pelo menos 150 mil felinos vaguem sem dono pelas ruas do estado, e isso é um sinal de que é muito difícil evitar a proliferação dessa micose. Até agora, 117 gatos foram diagnosticados pelo IMT com a doença, de 195 amostras enviadas, mas certamente o número e muitas vezes maior. “O controle da doença está intimamente ligado ao controle dos gatos”, reforçou Eveline Pipolo. A médica aponta três preocupações em relação ao surto dessa doença. A primeira delas é o desconhecimento. Apesar de não ser nova no Brasil, é muito recente no RN e muitos médicos daqui a desconhecem. A demora no diagnóstico pode, inclusive, ter sido a responsável pela única morte registrada até agora. O período de incubação da esporotricose é variável, de uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a inoculação, ou seja, entrada do fungo no organismo. A segunda relaciona-se ao diagnóstico laboratorial dos casos humanos, que, até o momento, tem sido realizado no laboratório do Professor Guilherme Maranhão Chaves, da Faculdade de Farmácia da UFRN, no âmbito de um projeto de pesquisa. Mas o Estado não fornece os insumos necessários para a realização do diagnóstico confirmatório. Outra preocupação de Eveline é em relação à garantia do tratamento. “A esporotricose é tratada com Itraconazol, medicamento relativamente caro para pessoas em vulnerabilidade social. Seu custo médio é de R$ 80 mensais, com um tempo de tratamento que varia de três a seis meses, podendo se estender por um ano”, explica. Os pacientes, em geral, têm baixa renda e a maioria são mulheres entre 20 e 60 anos, desempregadas e com gatos em casa. Atualmente, o Departamento de Infectologia da UFRN, que funciona dentro do Hospital Giselda Trigueiro, está conseguindo que o Ministério da Saúde forneça essa medicação, mas Eveline Pipolo não sabe se, com o crescimento do número de casos, será possível manter esse insumo por muito tempo. Transmissão e cuidados De acordo com Eveline Pipolo, a maioria dos pacientes que chega a seu consultório apresenta ferimentos visíveis, costumeiramente devido a mordida ou arranhão de gatos. Apesar de não ser a única, essa é a forma clássica de contrair a doença que também se manifesta em cães, mas em número muito inferior em relação aos felinos. A infecção pode ocorrer também pelo contato do fungo na pele ou mucosa por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira e contato com vegetais em decomposição. Nem sempre é preciso estar com uma lesão visível para ser infectado, basta uma microlesão ou uma simples coçada de olho para o microrganismo se instalar. Porém, é preciso esclarecer que só é possível contrair a doença se o solo ou o animal estiverem contaminados. Thales Arantes alerta que a esporotricose é parecida com outras doenças, como carcinomas e leishmaniose, por isso precisa de um diagnóstico diferencial. Ele recomenda aos tutores que, ao perceberem lesões na pele dos animais, os levem imediatamente ao médico veterinário, ou em casos extremos ao CCZ do município, para que seja feito o diagnóstico. Os animais com suspeita da doença não devem ser abandonados. Caso o tutor não tenha condições de tratar o animal, ele deve procurar os CCZs para que lá seja feito o encaminhamento correto. No caso de morte dos animais, não se deve enterrar ou jogar no lixo, pois como algumas espécies de Sporothrix são mais geofílicas, ou seja, têm afinidade pelo solo, elas manterão ativo o ciclo da doença. O correto é a incineração do corpo do animal, de maneira a minimizar a contaminação do meio ambiente. Animais em tratamento devem ficar isolados, geralmente em caixas ou espaços de contenção para evitar espalhar o fungo. A medicação, além de não ser muito barata, precisa ser administrada via oral, o que, geralmente, acarreta traumas como arranhaduras ou mordidas. O ambiente onde está ou esteve o animal contaminado também precisa ser desinfetado. Recomenda-se o uso de solução de hipoclorito de sódio a 1%, água sanitária ou álcool 70%. Destaca-se a importância da limpeza de todos os espaços e descartar acolchoados, panos ou similares utilizados pelo animal para dormir, brincar ou descansar. Raiva Todo paciente que chega ao consultório da médica Eveline Pipolo com suspeita de esporotricose é submetido também ao protocolo de profilaxia da raiva, que é fatal. Não há nenhuma relação entre as doenças ou algum caso associado, mas o serviço de saúde está em alerta porque, em 2019, foram encontrados morcegos e cães infectados pelo vírus da raiva aqui no Estado e as autoridades estão em alerta. Mortes humanas Pesquisa realizada no Instituto Oswaldo Cruz, no entanto, confirmou o óbito de 65 pessoas no Brasil entre 1991 e 2015 por causa da esporotricose, 36 deles só no Rio de Janeiro. O Estado, segundo boletim epidemiológico do município teve uma média superior a mil notificações por ano, até 2018, sendo mulheres a sua maioria. Nos animais, a esporotricose geralmente evolui para a morte, principalmente com a demora no início do tratamento. Apesar dos números apresentados, em pessoas, a probabilidade de óbito é muito baixa, mas em 2016, uma artesã de Parnamirim, que trabalhava em Natal, morreu em consequência dessa micose. Ela contraiu a forma mais grave da doença, a pulmonar e, devido demora no diagnóstico, não resistiu. Além de isolado, esse é considerado um caso muito raro, pois a esporotricose tem cura, se tratada logo e, em alguns casos, pode até evoluir para cura espontânea. Além disso, não existe nenhuma comorbidade que favoreça o desenvolvimento dessa doença, nem mesmo em relação à deficiência imunológica ou doenças crônicas. “Apesar do registro de uma morte, são raros os casos que evoluem a esse ponto. Geralmente, os casos viscerais estão relacionados com pessoas imunodeprimidas que tenham algum fator predisponente em alto grau, como uma Aids descompensada ou um câncer muito avançado. Ainda assim, há registro de pacientes com doenças graves no qual a esporotricose não avança a ponto de causar a morte”, reforçou a Eveline Pipolo. Gravidez No caso de gravidez, não há tanta preocupação com o fungo que, dificilmente cai na corrente sanguínea. A maioria dos casos se manifesta abaixo da pele com progressão linfática. A preocupação, nesse caso, é com a medicação que não pode ser administrada em gestantes, sendo necessário um tratamento específico. Identificação e origem dos fungos Para confirmar a existência desta doença, o Instituto de Medicina Tropical da UFRN em parceria com a Universidade Federal de Goiás, recebe amostras de animais suspeitos, encaminhadas pelos CCZs de Natal e região metropolitana. Esse material é inicialmente recebido pela técnica de laboratório Ingryd Câmara Morais (IMT/RN), na sequência os fungos isolados são avaliados pelo professor Thales Arantes (UFG) com apoio da professora Raquel Theodoro (IMT/UFRN). O trabalho procede com o estudo de identificação molecular, que aponta qual espécie fúngica está causando a doença. No diagnóstico inicial, por cultura, chega-se até o gênero do fungo. Como a esporotricose é causada por várias espécies de fungos de um mesmo gênero, o gênero Sporothrix, a prova molecular leva à identificação da espécie vinculada à doença. O próximo passo do estudo, coordenado por Thales Arantes, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é identificar a origem dos fungos que causam a esporotricose no RN. A hipótese inicial é que eles tenham sido trazidos no retorno dos migrantes que, em décadas passadas, foram tentar a vida nas regiões Central e Sul do país. A tarefa começa com o estudo das sequências do DNA desses fungos para que se possa comparar com os bancos de dados disponíveis e identificar as várias espécies do gênero Sporothrix e sua origem em relação a entrada no RN.                                                                     Jornal Potiguar como fazer uma loja virtual

Armando Ribeiro está com 22,65% do seu volume


Igarn informa que 12 açudes do RN estão com menos de 10% da capacidade Açudes do Rio Grande do Norte ganham volume de água após as chuvas do inicio do ano e alguns já superam a marca do mesmo período do ano passado. Relatório do Instituto de Gestão das Águas (Igarn) apresenta a situação dos 47 reservatórios com capacidade superior a 5 milhões de metros cúbicos. Divulgado nesta segunda-feira (27), o relatório indica que a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior manancial do estado, acumula 537.608.759 m³, ou seja, 22,65% do seu volume total. No mesmo período de 2019, o reservatório estava com 484.475.200 m³, somente, 20,19% da sua capacidade.                                                                                                                                         Postado por F Damião como fazer uma loja virtual

Pesquisa viabiliza cultivo de pera no sertão e produção já atinge mercado do sul do país

Clarice Rocha - Pera produzida no semiárido apresenta excelente qualidade
Pera produzida no semiárido apresenta excelente qualidade
O trabalho da Embrapa está viabilizando o plantio comercial de pera em pleno semiárido brasileiro. Há mais de 10 anos, a empresa pesquisa a adaptação dessa fruta típica de clima frio às altas temperaturas do Nordeste. Os resultados promissores podem ser constatados pelo recente envio de peras produzidas no sertão para mercados do sul do país.
A pera produzida no Vale do São Francisco já está sendo consumida nos estados do Rio Grande do Sul, Espirito Santo, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, com demanda crescente e produtores satisfeitos.
É o caso da fazenda Frutos do Sol, (Petrolina-PE), que embarcou na última semana cerca de 8 mil quilos da fruta para a cidade de Farroupilha (RS).
De acordo com o gerente de produção da fazenda, Mauricio Marques, a ideia é expandir a área cultivada em breve. “Hoje 95% da pera consumida no Brasil é importada, ou seja, existe um mercado interno bem promissor que podemos alcançar ”, diz. Só em 2019, o Brasil importou mais de 180 mil toneladas de peras.
O entusiasmo do setor é justificado. Os ensaios conduzidos pela Embrapa em áreas de produtores mostraram que é possível colher até mais de 60 toneladas de pera por hectare, fazendo-se duas safras por ano na mesma planta. Esse número é superior ao encontrado em regiões tradicionais de cultivo da fruta no Brasil. O sabor é outro destaque. A pera do sertão apresenta excelente aspecto físico, surpreendente doçura e suculência.

                                                                               Packing house da Fazenda Frutos do Sol
Por trás desse trabalho está o pesquisador da Embrapa Semiárido, Dr. Paulo Roberto Lopes. O engenheiro agrônomo apostou na pera como opção viável para diversificar a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, região que já é líder nacional na produção de uva e manga para exportação.  
Adaptação ao clima quente
De acordo com Lopes, o maior desafio foi superar a necessidade de cerca de 400 horas de frio (em torno de 7 graus célsius) que a pera precisa para produzir, já que, no semiárido, a temperatura média é de 28 graus célsius. A resposta para adaptar as pereiras a essa condição veio do manejo.
“Fizemos diversos experimentos para possibilitar a formação abundante dos botões florais. A partir daí conseguimos excelente florescimento, frutificação e produção de frutos com qualidade. Foram também determinados parâmetros de espaçamento, sistema de condução, adubação, irrigação, monitoramento de pragas e doenças, avaliação da qualidade pós colheita dos frutos e dos custos de produção”, explica o pesquisador.

                                                                 Pesquisador Paulo Roberto explicando o manejo da pera
Das variedades estudadas, cinco apresentaram melhores resultados em termos de produção e qualidade dos frutos para as condições climáticas da região. Foram elas: Triunfo, Princesinha, Housui, Centenária e Schmidt.
A área plantada no Vale do São Francisco ainda é pequena, uma vez que a pesquisa está em fase de validação, mas vem crescendo a partir do sucesso dos produtores, com estimativa de chegar a 20 hectares ainda este ano.
Também estão sendo estudas a adaptação da maçã, caqui, amora preta e mirtilo para produção no semiárido. O trabalho vem sendo conduzido pela Embrapa, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (CODEVASF).

Embrapa Semiárido 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Fila e demora no atendimento do INSS prejudica trabalhadores(as) rurais e preocupa CONTAG

A fila virtual de 1.980.000 processos aguardando análise do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que está gerando uma demora de mais de 7 meses para a concessão ou indeferimento de um benefício previdenciário é motivo de grande preocupação para a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG).
Quanto aos processos já vinculados ao INSS Digital, a CONTAG e suas Federações e Sindicatos filiados vêm dando a sua contribuição para adiantar ao máximo o atendimento dos rurais, mas está claro não tem servidores suficientes para atender e analisar os processos. Já existia um déficit de servidores nos últimos anos, o que foi agravado a partir de 2017 com a redução de mais de 12.000 servidores que se aposentaram.
Nesse sentido, a CONTAG defende que seja feito concurso público para recompor o quadro de servidores do INSS. Enquanto não houver esta seleção, que o governo federal contrate servidores aposentados do INSS, que já possuem treinamento e conhecimento para o atendimento e análise dos processos.
Quanto à decisão de contratar militares reformados para este fim, a Confederação entende que esses profissionais ainda terão que passar por uma capacitação que demandará tempo e as pessoas que aguardam atendimento precisam de uma solução rápida e efetiva, inclusive, segundo entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), essa contratação seria inconstitucional, caso a seleção seja exclusiva de funcionários aposentados das Forças Armadas sem a participação de civis.
A CONTAG também vem recebendo denúncias de trabalhadores(as) rurais quanto ao fechamento de agências do INSS em vários municípios por falta de servidores para fazer o atendimento, inclusive em regiões e polos estratégicos em alguns estados, o que vem gerando caos e grandes prejuízos, principalmente para a população mais frágil que é a rural. E quando não fecham, muitas agências estão sem condições de atendimento, com problemas de infraestrutura, mal funcionamento da rede de internet e de energia elétrica, com equipamentos obsoletos e inoperantes e com um sistema que precisa de mais investimentos, pois não dá conta da demanda, mesmo com a opção do governo de adotar a estratégia de atendimento virtual.
Portanto, a CONTAG reafirma a sua posição em defesa de uma Previdência Social forte e que seja tratada como prioridade pelo governo, por ser uma importante política pública que combate a pobreza, distribui renda, contribui para desenvolvimento do comércio e da economia dos pequenos e médios municípios, e é fundamental para a segurança alimentar e social da sociedade brasileira.
FONTE: Direção da CONTAG

LEITE

Preço do leite é o maior da série para o mês de janeiro

Lenta recuperação da produção na primavera, em decorrência do atraso das chuvas, limitou o crescimento da oferta
     
 O preço do leite pago ao produtor em janeiro (referente ao volume captado em dez/19) foi de R$ 1,36835/litro na “Média Brasil” líquida, alta de 1,1% frente ao mês anterior e 2,2% acima do observado em jan/19. Este é o maior preço real da série histórica do Cepea para um mês de janeiro. A alta é decorrente da competição entre laticínios para garantir a compra de matéria-prima no campo num contexto de oferta limitada – o que é atípico para o período, geralmente caracterizado pelo aumento da produção puxada pelo Sudeste e Centro-Oeste e estabilidade na captação do Sul do País.

A pesquisa do Cepea demonstrou que o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) recuou 1,2% de novembro para dezembro na “Média Brasil”. O resultado está atrelado à queda de 7,3% no RS, 1,4% em MG e 0,5% em GO.
A lenta recuperação da produção na primavera, em decorrência do atraso das chuvas, limitou o crescimento da oferta no Sudeste e no Centro-Oeste, sustentando os preços em patamares altos. No Sul do País, o recuo da produção foi maior do que o esperado, devido aos menores volumes de precipitações. No Rio Grande do Sul, especificamente, as altas temperaturas e a estiagem impactaram negativamente a atividade leiteira, por conta do aumento do estresse calórico enfrentado pelos animais e da diminuição de alimentos para o rebanho – devido à menor disponibilidade de pastagem e também aos prejuízos no plantio de milho para silagem.

Combinado a isso, deve-se destacar que o aumento dos custos de produção (em especial do preço do concentrado) e o abate de vacas leiteiras, estimulado pelos elevados preços no mercado de gado de corte, também prejudicaram a produção de leite no último trimestre de 2019. A oferta restrita, portanto, levou a curva de preços a fugir do padrão sazonal (ver Figura 1).

A dificuldade de recuperação da captação leiteira no Sudeste e no Centro-Oeste em plena safra e o encarecimento dos custos de produção preocupam agentes do setor. Os estoques de derivados seguem enxutos, o que estimulou a alta de 5% no preço do leite spot em MG em janeiro. A média parcial de janeiro (até o dia 28) da muçarela negociada no atacado paulista subiu 2,5%, enquanto a do UHT caiu 1,5%, devido à pressão dos canais de distribuição. Assim, a expectativa é de que os preços do leite no campo se mantenham firmes no 1º trimestre de 2020. 

SOLO

Jornal lista tendências da agricultura de conservação

As culturas de cobertura vão crescer 50%
     
O jornal norte-americano Farm Journal fez uma publicação listando as principais tendências da agricultura de conservação para os próximos dez anos. O veículo acredita que 2020 pode ser o ano que vai impulsionar uma corrida tecnológica muito rápida na agricultura. 

De acordo com a publicação, em 2022 as culturas de cobertura vão crescer 50% para ocupar 6 milhões de hectares e pode chegar aos 100% em alguns lugares. “A agricultura é a única indústria que pode provar que consegue sequestrar mais carbono do que aquele que a mãe natureza já sequestra” revela Lowell Catlett, economista ‘futurista’ e diretor do College of Agricultural, Consumer and Environmental Sciences da New Mexico State University. 

Outra tendência é o chamado resgate de carbono no solo. “Já existe muita gente à procura de comprar créditos de carbono e vão surgir muito mais e criar mercados ainda maiores”, adianta Lowell Catlett. As estimativas apontam para que o mercado global de CO2 possa valer US$ 160 mil milhões. 

O papel dos microrganismos também será de grande auxílio, já que a agricultura ‘debaixo do solo’ pode vir a merecer tanta atenção como a que se pratica no solo muito em breve. “Chamo-lhe agricultura subterrânea”, avança Catlett. “Vamos dar tanta importância à gestão do subsolo como à do solo graças ao crescente interesse pelos micróbios”, completa. 

“Cada semente plantada tem de estar na profundidade ideal, ter a água que necessita e os inputs absolutamente necessários para continuar a aumentar a produtividade”, conclui ele, lembrando que a agricultura de hiper precisão será a tendência maior.

A carne bovina baixa e os preços podem reduzir ainda mais nos próximos meses


carne bovinaArroba do boi gordo já caiu em torno de 5% desde o início do ano, segundo levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento através do IPCA-15, do IBGE, que também aponta tendência de queda do preço. A redução na demanda pelo consumidor e no volume de exportações da carne bovina para a China têm provocado o recuo no preço do produto no varejo.
Os preços do boi gordo na sexta feira passada ficaram cotados entre R$ 170 e R$ 180. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi registrada uma queda 10,5%, na comparação entre o preço de R$ 190, em 30 de dezembro de 2019, e o fechamento na sexta-feira, em R$ 170. A redução se torna ainda maior ao avaliar o comportamento do mercado em relação ao início de dezembro, quando a arroba chegou a R$ 216, conferindo uma queda da ordem de 21% em relação a esta sexta-feira.
No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação, captou uma forte desaceleração no valor do produto. De uma alta de 17,71% em dezembro, a variação no preço da carne chegou a 4,83% em janeiro, puxando a inflação para baixo. 
Para o coordenador-geral de Apoio à Comercialização da Agricultura Familiar do Mapa, João Antônio Salomão, além da questão das exportações, outros fatores contribuíram para pressionar o preço para baixo. “Neste período, há uma tendência de menor consumo de carne bovina, em virtude das férias e houve também uma mudança de hábito do consumidor, que migrou para a compra de outros tipos carnes, como frango e peixes”, observa.

No varejo, os preços devem seguir tendência de queda, em virtude da demanda enfraquecida. O valor de cortes traseiros, que têm cotações mais altas e mais sensíveis à variação do mercado, registrou forte queda, como a alcatra. Enquanto em dezembro esse corte teve uma variação de 21,26%, neste mês, foi 4,49%, de acordo com o IPCA-15, do IBGE

Equipes da Defesa Civil Estadual e Municipal fazem vistoria preventiva em Barragens de Angicos.

As Equipes técnicas da Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Norte e do município de Angicos estiveram nesta quarta-feira (29) efetuando nova vistoria preventiva nos açudes e barragens de nossa cidade.

A vinda dos profissionais teve como foco inspecionar e obter uma nova perspectiva de avaliação para o monitoramento dos reservatórios de água da região Central do estado. Os açudes vistoriados foram; São Miguel 1, São Miguel 2, São Joaquim e o novo Angicos.



Acompanhados do Vereador Neto de Dezin, os técnicos estiveram participando do programa noticiário “Cabugi Notícias” nas ondas da Rádio Cabugi Central 104,9 FM acompanhados do Coordenador da Defesa Civil Municipal, Emanuel Marcelo e do Vereador e também membro da Defesa Civil, Neto de Dezin. Neto agradeceu o espaço dado pela diretoria da emissora radiofônica e enalteceu a vinda da equipe Estadual ao nosso município. Na sua óptica, isso transmite mais tranquilidade à população Angicana. Neto frisou também que todas as ações feitas pela Defesa Civil Municipal alcançaram êxito graças às orientações da Defesa Civil Estadual e o valoroso apoio irrestrito da Gestão do Prefeito Deusdete Gomes.

Segundo o Bombeiro e subcoordenador da Defesa Civil, Dalchem Viana a intenção foi examinar a existência de alguma obstrução nos reservatórios bem como a capacidade do canal de dispersão dos vertedouros.

Todas as ações da Defesa Civil são na intenção de prevenir danos em relação à Vida.

Algas marinhas apresentam efeitos benéficos ao sistema digestivo humano

Carlos Piler - Algas vermelhas são matéria-prima para goma benéfica ao sistema digestório
Algas vermelhas são matéria-prima para goma benéfica ao sistema digestório
Estudo conduzido em conjunto pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encontrou uma nova funcionalidade presente na goma carragena, extraída de algas vermelhas. Ela é capaz de estimular a produção das chamadas bifidobactérias, microrganismos benéficos à microbiota intestinal. O processo de desenvolvimento da goma resultou em um depósito de patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e o estímulo bifidogênico observado foi superior ao dos produtos já existentes no mercado.
A descoberta abre caminhos para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios prebióticos feitos à base dessa goma e promotores de benefícios à atividade intestinal. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2018, a localização primária de novos casos de câncer de cólon e reto foi a terceira causa entre os homens (8,1%)  e a segunda entre as mulheres (9,4%). Como forma de prevenção, o INCA recomenda uma alimentação rica em produtos que contenham fibras, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas; e pobre em alimentos ultraprocessados.
A goma carragena é rica em fibras alimentares e utilizada como agente espessante, para alterar a textura dos produtos alimentícios, e também como estabilizante, para homogeneizá-los. Por outro lado, não é totalmente solúvel em água, e depende de alta temperatura para sua desagregação e solubilidade. Para superar esse desafio, a equipe de pesquisadores usou a tecnologia de extrusão termoplástica para promover alterações no produto.
“O processo de extrusão foi capaz de promover alterações químicas nas cadeias de polissacarídeos, afetando as propriedades físicas da goma carragena, modificando sua solubilidade e viscosidade aparente”, relata o pesquisador da Embrapa Carlos Piler.

Valiosa matéria-prima aquática

Ricas em fibras alimentares, vitaminas, proteínas, minerais, compostos antioxidantes e com baixo teor energético, as algas marinhas são amplamente utilizadas na culinária oriental.
Cerca de 90% de sua estrutura é composta de água, e os outros 10% compõem as paredes celulares – de textura gelatinosa – que lhe conferem maleabilidade e a protegem durante as alterações de maré. Dessa parte gelatinosa são extraídas as gomas e outras matérias-primas de alto valor agregado para as indústrias alimentícia, cosmética, farmacêutica e agroquímica.
A alga mais cultivada no mundo é da espécie Kappaphycus alvarezii, de coloração vermelha, de onde se extrai a carragenana, um hidrocoloide, conhecida comumente como goma, muito utilizada na indústria alimentícia em produtos lácteos, cárneos e embutidos.
Além de tornar a goma carragena mais solúvel em água, a extrusão termoplástica também aumentou suas propriedades funcionais, como constatou a também cientista da Embrapa Cristina Takeiti, orientadora da pesquisa desenvolvida por Maria Eugênia Araújo Silva Oliveira no Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição da Unirio. “Identificamos que a goma carragena pode ser considerada uma fonte natural de fibra alimentar de alto valor nutricional, capaz de potencializar o efeito bifidogênico de microrganismos do trato intestinal humano, atuando como um suplemento alimentar”, revela a pesquisadora.

Algas como fontes de fibras dietéticas solúveis

Segundo as Diretrizes Globais da Organização World Gastroenterology (2017), prebiótico é definido como um ingrediente que resulta em alterações específicas na microbiota gastrointestinal, conferindo benefícios à saúde do hospedeiro. O estudo conduzido pela Embrapa avaliou o efeito prebiótico presente na goma carragena após passar pelo processo de extrusão, e obteve resultados promissores.
“Embora apenas uma cepa de bactérias da espécie Bifidobacterium, a Bb12, tenha sido avaliada nesse estudo, os dados indicaram que a goma carragena possui atividade bifidogênica in vitro. No entanto, novos estudos com outras cepas devem ser realizados”, afirma a professora Maristela Nascimento, do Laboratório de Higiene e Legislação, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, que realizou os testes. Entre as bactérias, as da espécie Bifidobacterium Bb12 é uma das mais exigentes para o crescimento no sistema gastrointestinal porque necessitam de condições muito específicas para o aumento de seu número dentro do intestino, por essa razão o resultado obtido é bastante significativo.
O uso das fibras alimentares como suplemento alimentar é regulado no Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para registrar esse produto na Anvisa é necessário ainda a realização de mais pesquisa: simulação da digestão humana in vitro, toxicidade, biodisponibilidade e testes clínicos. “É o começo, mas já obtivemos um bom indicativo”, pondera a professora da Unicamp.

O cultivo de algas marinhas

De acordo com dados mundiais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), em 2012, as macroalgas representaram 26% da produção mundial de organismos cultivados, totalizando 23,8 milhões de toneladas, avaliadas em US$ 6,4 bilhões. Os últimos dados apontam que a produção média de organismos aquáticos, incluindo algas, aumentou dez vezes entre os anos de 1950 a 2015 no mundo.
As algas marinhas têm sido exploradas comercialmente em cultivos em diversas regiões do planeta, representando uma importante fonte de renda de comunidades ribeirinhas e empresas de pequeno, médio e grande porte.
Atualmente, os maiores produtores mundiais de algas e de seus produtos são países do Sudeste Asiático, como Filipinas e Indonésia. Em 2015, o Brasil importou cerca de duas toneladas de goma carragena, extraída das algas Kappaphycus alvarezii, para a sua indústria alimentícia, ao custo de mais de US$16 milhões.
Não há dados oficiais sobre a produção de algas no Brasil, mas segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) divulgadas em 2016, a produção nacional não consegue atender a demanda por esse produto.
Atualmente, o cultivo de algas Kappaphycus alvarezii no Brasil com fins comerciais existe unicamente em fazendas marinhas nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, sob autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Recentemente, foram também expedidas licenças ambientais para cultivos experimentais nos litorais da Paraíba e de Santa Catarina.
Uma das iniciativas inovadoras na área de algicultura é a da startup D’Alga Aquicultura Urbana, que produz algas marinhas frescas e desidratadas da espécie Ulva fasciata, popularmente conhecida como alface do mar. O cultivo das algas é feito em tanques por meio de um sistema de aquicultura integrada com peixes, desenvolvido em recirculação de água salgada. Utilizado em todo mundo, esse sistema permite o cultivo de uma grande quantidade de algas marinhas em um espaço pequeno, otimizando o uso da terra, da água e da energia. Isso permite que a produção de algas seja possível em zona urbana, por exemplo, sem a necessidade de autorização ambiental.
Para a oceanógrafa Beatriz Castelar, pesquisadora visitante do Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Turim, e uma das sócias do D’Alga, há ainda muito a avançar nesse setor no País. Ela diz que o cultivo de algas continua incipiente porque não há cultura alimentar de consumo de algas marinhas, nem de produção de matérias-primas para a indústria.
“Em geral, esse setor produtivo ainda está em fase de consolidação e sofre de problemas burocráticos para a obtenção de licenças de cultivo. Para a algicultura se tornar uma fonte alternativa viável de renda e emprego efetivo, será necessário estabelecer políticas públicas para disseminar sua prática e promover uma legislação que facilite a profissionalização da atividade”, avalia.
Por outro lado, ela considera que há um enorme campo de pesquisa e desenvolvimento no País, principalmente porque a costa brasileira ocupa uma extensão de mais de sete mil quilômetros. “Precisamos de um plano estratégico para o desenvolvimento da cadeia alimentar de macroalgas. Há um enorme potencial para inovação e negócios. Há muito a ser pesquisado, há muito a ser feito aqui no Brasil”, conclui.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Cera de carnaúba com nanotecnologia aumenta tempo de prateleira das frutas


cêra de canaúba em frutasO Brasil é um dos principais produtores de frutas e hortaliças, mas é também um dos dez países que mais desperdiçam comida no mundo. As perdas giram em torno de 40%, o que faz da nanoemulsão uma alternativa para a conservação pós-colheita de frutos em geral e redução do desperdício.
Para reduzir essas perdas, pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma nanoemulsão de cera de carnaúba usada em experimentos com mamão, laranja, tangerina e tomate que demonstrou ser uma ferramenta promissora no revestimento de frutos por formar uma barreira contra a perda de umidade, troca de gases e ação microbiana.
O composto, reforçado com nanopartículas, foi capaz de preservar a qualidade e prolongar o tempo de vida dos frutos em 15 dias a mais, em média, comparado ao revestimento convencional que não conta com a adição das partículas ultrafinas. Nesses casos, o tempo de prateleira varia de acordo com o fruto e com a temperatura em que é conservado. O mamão, por exemplo, dura até duas semanas com revestimento convencional.
A vantagem é que a matriz usada, a cera de carnaúba, é um produto mais disponível, extraído das folhas da palmeira da carnaubeira, espécie natural da região Nordeste do País. Além disso, é reconhecida como substância segura ao consumo humano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por sua pesquisa, Marcela Miranda ganhou o prêmio de melhor pôster no V Simpósio Internacional de Patologia Pós-Colheita, realizado no mês de maio na Bélgica, com o trabalho “Atividades antifúngicas de óleo essencial e extratos de Zingiber Officinale Roscoe em patógenos pós-colheita”.
“Em todos os ensaios, os frutos revestidos com a nanoemulsão demonstraram menor perda de massa, quando comparados a frutos não revestidos e àqueles com emulsões comerciais”, relata Marcela Miranda que realizou o estudo durante o curso de mestrado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O trabalho continua em seu doutorado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) nos laboratórios de Pós-Colheita da Embrapa Instrumentação.

A solução tecnológica já foi lançada aqui no Brasil e está alinhada a uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: reduzir pela metade o desperdício per capita de alimentos no mundo até 2030.

Tratamento hidrotérmico permite exportar manga brasileira para a África do Sul

fruta - manga exporTAÇÃODepois de 5 anos de negociações só foi possível exportar o primeiro logo de manga para a África do Sul graças ao método de tratamento hidrotérmico das frutas. Foram 25 toneladas exportadas após neste primeiro momento. O método consiste em mergulhar as frutas em água aquecida e não utiliza químicos.
A técnica brasileira foi uma adaptação de um tratamento de frutas utilizado em outros países, como o México, e consiste em mergulhar frutas de até 425 gramas em água aquecida a 46ºC por 75 minutos e frutas entre 426g e 650g, por 90 minutos. O processo mata ovos ou larvas do inseto que estejam presentes. O trabalho dos cientistas brasileiros foi desenvolver parâmetros para as condições nacionais e para o combate à mosca-das-frutas, uma das pragas que mais ameaçam a fruticultura mundial.
O obstáculo veio de decisões dos principais mercados importadores de frutas, que não aceitam a aplicação de produtos químicos para o controle da mosca-das-frutas (Ceratitis capitata), uma das maiores ameaças à fruticultura mundial por atingir diversos tipos e variedades de frutas.
Além do tratamento hidrotérmico, os pesquisadores da Embrapa também recomendam o monitoramento das populações da mosca-das-frutas no campo, a fim de subsidiar o combate feito com métodos isentos de químicos, como a instalação de iscas no pomar e outras técnicas de manejo integrado de pragas (MIP).
O sucesso da solução levou a um novo modelo brasileiro de certificado fitossanitário, o que abriu à fruticultura nacional os mercados da Coreia do Sul, Japão, Chile, Argentina, Estados Unidos, União Europeia e, recentemente, da África do Sul.

A rede de pesquisa responsável pelo desenvolvimento da técnica é composta por especialistas da Embrapa, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB/USP) e da biofábrica Moscamed Brasil, com a supervisão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o apoio da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport).

Governo federal afasta prorrogação do Zarc

Nota conjunta



A Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Banco Central do Brasil e a Rede Zarc da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) informam nesta segunda-feira (27), em nota conjunta, que está afastada a possibilidade de prorrogação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) de forma intempestiva.
>> Veja abaixo a nota conjunta: 
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura, utilizado como referência obrigatória para enquadramento do crédito de custeio no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e para acesso ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). 
O estudo é elaborado com o objetivo de quantificar os riscos relacionados aos eventos meteorológicos adversos e identificar, em cada município, a melhor época de plantio conforme o ciclo das cultivares e tipos de solos. Recentemente, por meio do Decreto Nº 9.841 de junho de 2019, o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático foi instituído no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Os resultados do Zarc permitem que os produtores e os agentes do Proagro e do PSR evitem situações de riscos excessivos ou desnecessários que resultam em aumento da frequência e da intensidade de perdas de safra, o que leva a um agravamento de prejuízos a produtores e aumento de custos do Proagro e do Seguro Rural. Ao mesmo tempo, evita que o Estado subvencione operações de elevado risco, utilizando de maneira pouco eficaz os escassos recursos públicos. A não utilização dessa ferramenta implicaria, ainda, num estímulo ao plantio de culturas em épocas/regiões com elevado risco de perdas climáticas.
O risco climático para uma determinada cultura é estimado considerando suas características e necessidades específicas, como duração do ciclo e períodos críticos, confrontadas com condições meteorológicas também específicas que comprometem o crescimento e a produtividade do cultivo, como períodos de estiagem durante a fase de florescimento e enchimento de grãos, geada, chuva excessiva impactando a mecanização da colheita ou afetando a qualidade dos grãos, chuva e umidade excessiva favorecendo doenças fúngicas e temperaturas muito altas causando o abortamento de flores ou a queda de frutos em fase inicial de formação, entre outras situações possíveis.
Nesse processo, utilizam-se séries históricas de dados meteorológicos, de preferência com 30 anos de observações.
Estudos de simulação são feitos ao longo da série histórica, para diversas datas de plantio e para milhares de séries de dados em diferentes pontos distribuídos em todo o território nacional, considerando também cenários para diferentes tipos de solo e grupos de cultivares. Dessa forma, é determinada a frequência de ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis ao cultivo ao longo das séries históricas, e estimado o risco ou a probabilidade de eventos adversos. O resultado é uma delimitação no tempo (épocas de plantio) e no espaço (regiões ou municípios) do risco agroclimático, permitindo identificar locais e épocas do ano com maiores chances de sucesso ou menores riscos de frustrações de safra. No Brasil, esses estudos são coordenados pela Embrapa, mas contam com a colaboração eventual de institutos de pesquisa estaduais e universidades.
Considerando que o Zarc, publicado como  portarias da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, é um estudo técnico-científico utilizado em sua integralidade para enquadramento do Proagro e para o Programa de Seguro Rural, qualquer alteração intempestiva pode trazer consequências para o Banco Central do Brasil, gestor do Proagro, à Secretaria de Política Agrícola (SPA), gestora do PSR, para o Tesouro Nacional, fonte das subvenções, para as companhias seguradoras que ofertam os seguros rurais no país e aos produtores rurais.
Alterações dos prazos de Zarc, sem estudos técnicos que as fundamentem, trazem riscos altíssimos para o Proagro, pois as alíquotas vigentes, a estrutura atuarial e as normas do programa consideram o Zarc vigente. Tal procedimento estaria desprestigiando e até mesmo desmoralizando o próprio instrumento do Zarc, além de trazer alto risco moral ao se considerar a possibilidade de desvios e irregularidades contra o Proagro que essa medida traria para a situação atual e as vindouras.
O Zarc é também um dos instrumentos balizadores do seguro rural. Os riscos climáticos cobertos pelos contratos de seguro e assumidos pelas seguradoras são analisados e precificados com base no histórico e sob certas circunstâncias. Esses parâmetros de exposição são, inclusive, compartilhados com outras empresas que participam do risco, como as resseguradoras, que em grande parte estão fora do país. Alterações não fundamentadas nesses parâmetros de risco trazem insegurança às relações e maiores incertezas nas estimativas calculadas de perdas potenciais para cada safra nas carteiras das seguradoras e resseguradoras.
Apesar de o Zarc não ser obrigatório na contratação de crédito rural, as instituições financeiras cada vez mais têm ofertado financiamento para regiões e culturas que apresentam estudos de Zarc.
Dessa forma, considerando que alterações extraordinárias e intempestivas resultam em:
(a) aumento da exposição das lavouras ao risco climático, conforme já avaliado nos estudos de Zarc;
(b) ameaça a previsibilidade dos Programas de Política Agrícola, Proagro e PSR, com repercussões óbvias sobre seus usuários produtores, seguradoras, resseguradoras e agentes de financiamento e crédito;
(c) descrédito aos instrumentos de avaliação e mitigação de risco, inclusive aos estudos de Zarc realizados pela Embrapa e instituições de pesquisa colaboradoras, validados presencialmente por diversos especialistas e instituições;
(d) ameaça ao equilíbrio atuarial e financeiros do Proagro e de seguradoras que operam via PSR; e
(e) insegurança jurídica sobre os contratos de Proagro e PSR firmados com base em regulamentação prévia.
Não é possível qualquer alteração das janelas de plantio nas portarias de Zarc vigentes nas safras em andamento.
Além disso, considerando as implicações de eventuais mudanças de Zarc, informamos que as solicitações de mudanças de alto impacto no Zarc devem ser fundamentadas tecnicamente com 15 meses de antecedência ao período do plantio, respeitando dessa forma o prazo para a realização de todas as etapas necessárias para a revisão do Zarc, tais como: previsão orçamentária e financeira para estudos, parecer de viabilidade, pesquisas e modelagens computacionais realizadas pela Embrapa e outras instituições, validação a campo com as entidades, ajustes e revisões e, finalmente, a publicação em Diário Oficial da União com 90 dias de antecedência ao plantio.

Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
Banco Central do Brasil 
Rede Zarc Embrapa

Tecnologias de armazenamento de água da chuva, uma reserva para a época de estiagem

Daniel Barbosa - Barragem Subterrânea
Barragem Subterrânea
A chuva dos últimos dias no sertão nordestino transformou o cenário do Campo Experimental da Caatinga, na Embrapa Semiárido (Petrolina-PE). Desde 2004 não se viam as barragens subterrâneas e o barreiro para irrigação de salvação, tecnologias de captação e armazenamento da água da chuva, tão cheios.
A reserva de água neste momento é importante já que, após as primeiras precipitações do início do ano, é comum a ocorrência de veranicos, períodos de 20 a 30 dias sem novas chuvas, que podem comprometer a germinação e outras fases de desenvolvimento dos plantios.
De acordo com Daniel Barbosa de Miranda, supervisor substituto do Campo Experimental, choveu na região cerca de 160 milímetros, suficiente para fazer sangrar as quatro barragens subterrâneas instaladas na área da Embrapa.
O gestor explica que essas barragens enchem de forma consecutiva e que todas estão em seu volume máximo, imagem que não se via há bastante tempo. O barreiro de salvação também se encontra com nível excelente de água, tanto que formou um pequeno riacho, para alegria dos animais criados no local.
“É muito bonito ver essas tecnologias funcionando. Estamos no momento ideal para que os agricultores iniciem os trabalhos no campo, aproveitando essa água da chuva na produção”, completa.
         
                                                                Barreiro de salvação no Campo Experimental da Embrapa Semiárido
Barragem subterrânea – tecnologia adotada no Semiárido brasileiro para minimizar os riscos da agricultura dependente de chuva. Possui a função de reter a água que escoa em cima e dentro do solo, por meio de uma parede impermeável construída dentro da terra e que se eleva a uma altura de cerca de 50 cm acima da superfície, no sentido contrário à descida das águas. A barragem subterrânea forma uma vazante artificial temporária, na qual o terreno permanece úmido por um período de dois a cinco meses após a época chuvosa, permitindo a plantação mesmo na estiagem.
Barreiro para irrigação de salvação - O modelo proposto pela Embrapa constitui de uma pequena barragem de terra, formada por uma área de captação, um tanque de armazenamento e uma área de plantio, que possibilita a captação e o armazenamento das águas que escoam no solo, para uso durante os períodos secos, por meio da irrigação de salvação. É muito utilizado para irrigar as culturas nos veranicos que comumente ocorrem nesse período, ajudando a diminuir o estresse hídrico.


Embrapa Semiárido 

Pecuária de leite espera crescer cerca de 2% em 2020

Embrapa Gado de Leite - Este ano, analistas esperam crescimento semelhante ao de 2019 para o mercado de leite.
Este ano, analistas esperam crescimento semelhante ao de 2019 para o mercado de leite.
Após fechar 2018 praticamente estagnada (crescimento de 0,5%), a pecuária de leite não tem muitos motivos para se lamentar em 2019. Mesmo não sendo um ano de grande expansão do setor (o crescimento deve fechar entre 2% e 2,5%), o preço do leite pago ao produtor terminou o ano em torno de R$1,36, o que equivale a 0,33 centavos de dólar, com o câmbio a R$ 4,06 por dólar. Segundo o analista da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock esse é um preço razoável para o setor, equivalendo-se às cotações internacionais, o que não favorece a importação do produto. O analista informa que lá fora, a tonelada do leite está sendo vendida entre USD$ 3.100,00 e USD$ 3.300,00, abaixo do preço histórico de USD$ 3.700,00, o que mostra equilíbrio do mercado mundial em termos de oferta e demanda.
Ainda que os especialistas não vejam com euforia o ano que se inicia, os sinais de que a crise está ficando para traz ficam mais claros. “As previsões iniciais para o crescimento do PIB [produto interno bruto] em 2020 indicam alta de 2,3%, o que é baixo, mas é a melhor expansão dos últimos seis anos”, diz o também analista que integra a equipe de socioeconomia da Embrapa Gado de Leite Denis Teixeira da Rocha. Por esse motivo, espera-se uma recuperação um pouco mais forte do consumo, possibilitando algum repasse de preços ao longo da cadeia produtiva e melhores margens industriais. A retrospectiva do ano que se passou também mostra mais solidez da atividade leiteira.

2019 contou com preços superiores aos patamares históricos

O pesquisador da Embrapa Glauco Carvalho relata que o primeiro semestre de 2019 fechou com os melhores patamares de preços para os produtores de leite brasileiros, quando comparado a igual período dos últimos sete anos. “Além de receber preços melhores, houve um incremento importante na relação entre o preço do leite e o custo da alimentação dos animais”, afirma Carvalho. Na avalição dele, o milho e a soja, principais ingredientes utilizados na ração das vacas, permaneceram com preços relativamente baixos no primeiro semestre, o que segurou os custos de produção do leite.
A relação de troca ao pecuarista, medida pela quantidade de litros de leite necessária para comprar uma saca de 60 kg de concentrado, ficou em 34 litros, na média do primeiro semestre; queda de 24% em relação ao ano anterior. “Entretanto, no segundo semestre, essa trajetória foi se alterando, com um recuo nos preços do leite e o aumento no custo do concentrado”. Ainda assim, na média do ano, os preços pagos aos produtores em 2019 ficaram acima do patamar histórico, o que sustentou crescimento da produção.
Quanto à indústria, na visão de Carvalho, 2019 foi bem mais desafiador, sobretudo para aquelas empresas focadas em linhas tradicionais, como leite UHT, queijo muçarela e leite em pó. “O gargalo do ano tem sido o baixo nível do consumo doméstico e a dificuldade de repasse de preços ao longo da cadeia produtiva”, constata o pesquisador. Para ele, a elevada capacidade ociosa da indústria nacional leva a uma necessidade de maior captação para diluir os custos fixos, o que muitas vezes se traduz em focar mais na captação do que na própria margem de comercialização.

O que é o leite UHT?

O leite UHT (ultra high temperature), disponibilizado em embalagens longa vida, é obtido pelo processo de temperatura ultra alta de pasteurização. O produto é homogeneizado e submetido a uma temperatura de 130 a 150º, entre dois e quatro segundos, e imediatamente resfriado a uma temperatura inferior a 32ºC.
  Um outro ponto de estrangulamento, segundo o especialista, refere-se à fragmentação da indústria, que acaba dificultando uma estratégia de comercialização com o varejista para sustentar um patamar mais rentável de preços. “O fato é que as empresas estão trabalhando com margens bem apertadas. O pior cenário é o do leite UHT, em que a relação de preços entre o atacado e o produtor ficou quase 18% abaixo dessa mesma relação em 2018”.

Ano de 2020 traz incertezas nacionais e internacionais

Os especialistas da Embrapa avaliam que o ano que se inicia traz componentes de incerteza, tanto no ambiente interno quanto no externo. Internamente, pesa a articulação política e como o Governo vai tocar a agenda de reformas, que os analistas consideram fundamental para o Brasil retomar níveis melhores de crescimento econômico e distribuição de renda. No contexto internacional, a peste suína ocorrida em 2019 na China pode ter reflexos também em 2020 já que a doença está atingindo outros países asiáticos.
O problema na suinocultura chinesa, que reduziu em 40% o número de suínos naquele país, provocou o aumento das exportações de carne para a China – o que elevou a demanda por soja e milho na pecuária de carne. Os preços desses insumos tendem a se manter mais pressionados. Além disso, as exportações brasileiras de milho estão batendo recordes. Carvalho informa que se tem ainda uma nova demanda oriunda de plantas de etanol de milho no Centro-Oeste brasileiro. Todos estes fatores colocam uma pressão alta no milho e, consequentemente, no concentrado para as vacas. “Pode haver muita volatilidade nos preços do concentrado até que seja definida a safrinha de milho no meio do ano”.
Do ponto de vista da oferta e demanda, em linhas gerais, o mercado brasileiro de leite se mostra bem equilibrado. A expansão da produção nacional perdeu força no final do ano passado, na comparação com 2018. Além disso, o volume de importação está relativamente baixo e, apesar do consumo estar fraco, não há excedente de produção que possa levar a uma queda nos preços. Pelo contrário, as cotações se sustentaram no último trimestre do ano, quando geralmente os preços caem.
“Nesse cenário, a expectativa é que 2020 comece com os preços do leite ao produtor em patamares superiores ao registrado em janeiro de 2019 e com uma trajetória de elevação mais alinhada ao padrão histórico, que difere da precoce e expressiva alta registrada em fevereiro daquele ano”, diz Carvalho. Produtos lácteos cujo consumo está associado a rendas mais altas, como queijos e iogurtes, tendem a ter um crescimento melhor em 2020. Mas o mercado de UHT ainda deve continuar complicado.
O pesquisador acredita, no entanto, que as grandes apostas do setor foram adiadas para 2021, quando se espera que o Brasil tenha um crescimento mais robusto, gerando mais empregos e elevando o consumo familiar de leite e derivados.

A crise e o ajuste da pecuária de leite no Brasil

Em 2018, a produção total de leite no Brasil cresceu 1,6%, com as regiões Sul e Sudeste respondendo, cada uma, por 34% da oferta nacional, estimada em 33,8 bilhões de litros. Aquele foi o primeiro ano de crescimento da produção desde 2014, quando foram produzidos 35,1 bilhões de litros. Em relação a 2017, o número de vacas recuou 2,9% enquanto a produtividade subiu 4,7%, chegando a 2.068 litros anuais por animal. Apesar de a produtividade brasileira continuar em patamar ainda relativamente baixo, houve um aumento importante desse indicador.
Existem mais de 350 municípios do País com produtividade média superior à da Nova Zelândia, de 4.000 litros por vaca. Em alguns desses municípios, essa produtividade atingiu volumes acima de 6.000 litros/vaca, o que equivale ao padrão europeu. Com o atual volume de produção, o Brasil já figura entre os três maiores produtores mundiais, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Para a equipe de Socioeconomia da Embrapa Gado de Leite, serão os avanços em competitividade que irão melhorar o posicionamento do País no mercado internacional.
No caso do leite inspecionado, segundo os pesquisadores, a produção de 2018 atingiu 24,4 bilhões de litros, o que correspondeu a 70% da produção total. Em relação a 2017, houve crescimento de apenas 0,5%. Os índices de 2019 ainda não vieram à tona, mas esse crescimento deverá ser superior, embora com um perfil de expansão distinto entre o primeiro e o segundo semestre. No primeiro semestre houve um aumento de 5% no volume de leite sob inspeção em relação ao mesmo semestre de 2018. Esse crescimento foi influenciado pela greve dos caminhoneiros, que afetou a produção em maio de 2018, mas também pela boa relação de troca ao produtor quando se analisa os preços de leite e de concentrado, o que estimulou a produção.
Quando os números do ano que se passou forem apresentados, o segundo semestre não deve registrar uma expansão sobre volume produzido em igual período de 2018. Isso se deve a três fatores. O primeiro é estatístico e refere-se à base de comparação: a produção do segundo semestre de 2018 foi um recorde histórico. O segundo é uma piora na relação de troca e das margens dos produtores, fator que desestimula a produção. Além desses influenciadores, o desempenho do período foi afetado pelo clima. O setor sofreu uma seca prolongada, a ocorrência de geadas no inverno e chuvas irregulares e abaixo da média em algumas regiões do Sudeste e Centro-Oeste, que devem comprometer a retomada da produção no pós-entressafra.
Embrapa Gado de Leite