2020-Excelente Artigo
No momento, 
após a violenta recessão vivida entre meados de 2014 e o final de 2016, a
 economia brasileira acusa uma lenta recuperação, com um crescimento 
médio ao redor de 1,3% entre 2017 e 2019. Saímos da recessão, mas 
estagnamos em um crescimento largamente insuficiente. Estamos diante de 
uma recuperação a mais lenta da história conhecida, com a economia 
girando hoje (final de 2019) em nível 3,6% inferior ao do pico anterior à
 recessão (início de 2014).
Ora, na média das últimas nove recessões
 brasileiras, depois de 22 trimestres, o PIB já era mais de 10% superior
 ao pico anterior à recessão. Assim, no ritmo atual, o nível que 
tínhamos antes da crise somente será retomado entre meados de 2022 e 
início de 2024. No momento, em perspectiva, espera-se para 2020 um PIB 
entre 2% a 2,5%, a partir do alento vindo do PIB do terceiro trimestre 
de 2019 (0,6%). Duas rubricas se destacaram no mesmo: o consumo das 
famílias e os investimentos.
No primeiro caso, a reação se deu graças
 a medidas pontuais, como a liberação do FGTS, assim como, em parte, à 
redução do juro básico. Mas essa reação não parece ser estrutural, pois 
não há poupança nas famílias e sim dívida e inadimplência. De fato, 
nossa taxa de poupança nacional está ao redor de 15% do PIB quando o 
ideal seria algo em torno de 25%. Já a melhora nos investimentos parece 
ser de ordem mais estrutural, puxados especialmente pela construção 
civil neste final de 2019.
Mesmo assim, a construção civil ainda 
está 30% abaixo do pico anterior e hoje ainda 23% abaixo do nível que 
estava em 2014. Ao mesmo tempo, a taxa de investimento está em 16,3% do 
PIB, mas a preços constantes ainda é de 15,5% do PIB. Ou seja, 
insuficiente para um crescimento mais robusto. O fato é que, mesmo com 
mais crédito e juro básico baixo, o maior problema continua sendo a 
falta de renda da população devido ao alto desemprego e a geração de 
empregos de baixa qualidade.
Desta forma, não se gera renda nova e as
 empresas acabam competindo pela mesma renda disponível, o que favorece 
àquelas com mais escala em detrimento das demais. Neste contexto, o 
cenário para 2020 é de melhoria, porém, bastante lenta (não se descarta,
 por questões conjunturais, alguma aceleração pontual). Todavia, a 
recuperação tem pela frente alguns riscos importantes: 1) a 
possibilidade de eclodir uma recessão mundial em algum momento entre 
2020 e 2024; 2) se continuarem muito duras as medidas internas de 
correção, sobre as mesmas classes sociais (está difícil atacar os 
privilégios), cria-se um potencial de explosão social (tipo os países 
vizinhos); 3) além disso, no curto prazo, o país terá eleições em 
novembro/20, reduzindo a janela para ajustes para o período de março a 
julho. Enfim, o quadro continua exigindo cautela, embora o pior parece 
ter sido superado.
O desafio, agora, é sair da estagnação econômica que vem desde 2017.
 
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