Embrapa lidera participação brasileira na Cúpula de Ciência durante a Assembleia Geral da ONU
Para mostrar como a ciência brasileira está contribuindo para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a Embrapa participará do SSUNGA78 - Science Summit at the 78 United Nation General Assembly
(Cúpula de Ciência na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações
Unidas). O evento será realizado em Nova York (EUA) nos dias 12 e 29 de
setembro, em paralelo à 78ª sessão da Assembleia Geral da ONU, e terá
como tema central o papel e a contribuição da ciência no alcance dos ODS
e da Agenda 2030. Serão mais de 300 sessões de palestras, 200 delas
realizadas de forma híbrida, e o restante apenas em formato on-line.
O
objetivo do SSUNGA78 é discutir as condições políticas, regulatórias e
financeiras para que mecanismos científicos operem global e efetivamente
no apoio ao alcance dos ODS. A descoberta científica por meio da
análise de conjuntos massivos de dados é uma realidade, e o entendimento
dos organizadores é de que, para que os ODS sejam alcançados, é preciso
impulsionar a colaboração entre as nações para a geração e o
compartilhamento de dados de pesquisa, desenvolvimento e inovação,
especificamente nos temas que compõem a Agenda 2030.
A participação da Embrapa é promovida pela Rede ODS Embrapa
e em articulação com o Governo Federal. Para mostrar a contribuição da
ciência brasileira para o alcance dos ODS, a Empresa vai organizar
quatro sessões de palestras em ambiente virtual no dia 18 de setembro
que contarão com apresentações em inglês de pesquisadores e
especialistas da instituição de pesquisa, dos Ministérios da Agricultura
e Pecuária (Mapa), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
(MDA) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A participação nas sessões de
palestras é gratuita, com vagas limitadas à capacidade das salas
virtuais. Saiba como se inscrever e participar clicando aqui.
Impulsionar
a colaboração entre as nações para desenvolver ações de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação que incorporem estratégias de inclusão
socioprodutiva e a agenda socioambiental para transição na busca de
sistemas alimentares diversos, resilientes, equânimes e saudáveis é um
dos destaques desta agenda para a Embrapa. “Os cinco eixos de atuação da
Agenda 2030 - Paz, Pessoas, Planeta, Prosperidade e Parcerias - são
bastante inspiradores, especialmente para a área de inovação tecnológica
e social”, afirma Ana Euler, diretora-executiva de Negócios, da
Empresa.
“O momento atual é singular, pois o governo
fortalece a agenda nacional e internacional visando à democratização da
pesquisa e inovação, pautada na conservação da biodiversidade, no
combate à pobreza e à fome no campo e na cidade, e na busca de soluções
para as mudanças do clima que vêm afetando os diferentes biomas do País.
Temos um papel estratégico neste cenário e o compromisso de pensarmos
qual Embrapa queremos para os próximos 50 anos”, acrescenta.
A
Rede ODS Embrapa tem sido convidada há dois anos para organizar uma
mesa de debate sobre ciência agropecuária no SSUNGA. Segundo Valéria
Hammes, coordenadora da Rede, o convite se justifica pelo trabalho
desenvolvido para demonstrar como o conhecimento e as soluções
tecnológicas geradas na Empresa impactam 131 (77,5%) das 169 das metas
globais dos 17 ODS pactuados entre 193 países.
Ela
acrescenta que o alinhamento dos 11 Objetivos Estratégicos do VII Plano
Diretor da Embrapa (PDE) a essas 131 metas dos ODS foi motivo de premiação pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com o reconhecimento global de Campeã FAO 2022.
Para
a pesquisadora, o SSUNGA78 é uma oportunidade para a Embrapa mostrar
sua potência na transformação da realidade em prol do desenvolvimento
sustentável do Brasil e do mundo. “Os ODS são considerados uma linguagem
global para comunicar ao mundo as contribuições para o desenvolvimento
sustentável, segundo a Agenda 2030. A partir dos alinhamentos do PDE,
dos Planos de Execução das Unidades, dos projetos, dos portfólios, dos
ativos tecnológicos, das tecnologias do Balanço Social e dos selos nas
publicações da Embrapa, comunicamos de forma assertiva a nossa
contribuição e podemos demonstrar, ainda, maior impacto, para além das
contribuições ao setor agropecuário”, afirma.
Maior protagonismo neste ano
No
ano passado, a Embrapa participou do SSUNGA77 na sessão “Brazilian
R&D contributions to innovation in food systems” (Contribuições
brasileiras em pesquisa e desenvolvimento para inovação em sistemas
alimentares) com cinco pesquisadores, sendo três palestrantes
(Alineaurea Silva, Fabíola Fogaça e Vinicius Benites), a moderadora
(Daniela Lopes) e a convener (Valéria Hammes).
“Para
construir essa sessão em 2022, filtramos os cinco portfólios da Embrapa
ligados à temática da alimentação, e eles dialogaram com as lideranças
da Rede ODS Embrapa. Queríamos mostrar que existem na Empresa essas duas
redes (ODS e Portfólios) que se comunicam para ciência, e o papel delas
para o avanço da ciência no País”, lembra Alineaurea Silva,
pesquisadora da Embrapa Semiárido (PE) e responsável, por meio da Rede
ODS Embrapa, pela organização das sessões brasileiras no SSUNGA78 em
2023.
Este ano, a Empresa adquiriu maior protagonismo
no evento. “Saímos dos muros da Embrapa e vamos mostrar a ciência não só
da Empresa como também das parcerias fortes que temos com o Mapa, o
MDA, o MCTI e a Fiocruz. Cada uma das quatro sessões tem representantes
da Embrapa e desses parceiros”, comenta Silva. Ela destaca que em vez de
apresentar casos pontuais ou locais, a ideia é mostrar experiências
mais amplas sobre o que o Brasil está fazendo no combate à fome no
contexto de país tropical, reunindo pesquisadores e especialistas com
atuação alinhada ao tema da sustentabilidade e dos ODS.
“Esperamos
não apenas dar visibilidade ao trabalho que estamos fazendo no País,
como também nutrir nossas expectativas para o fomento de políticas
públicas que atendam à questão global da sustentabilidade. Assim,
podemos ampliar nossa base de atuação para além do Brasil”, projeta a
pesquisadora.
Palestras focalizam experiências e debatem estratégias e conceitos
Com
temáticas que envolvem não apenas temas ligados à agricultura, mas
também à saúde, à inovação, às mudanças climáticas, entre outros, os
pesquisadores e especialistas convidados vão apresentar experiências
brasileiras de práticas sustentáveis, além de promover discussões sobre
estratégias e novos paradigmas.
O pesquisador Éder
Martins, da Embrapa Cerrados (DF), vai palestrar sobre soluções
regionais no manejo da fertilidade do solo na sessão 2 (Agriculture and
bioinputs – Agricultura e bioinsumos). “Vamos mostrar que estamos
desenvolvendo no País soluções regionais de manejo a partir de fontes
minerais. Já conhecemos os fosfatos, os calcários, a gipsita, que é
fonte de enxofre, e agora temos os remineralizadores de solo e alguns
fertilizantes silicatados como fontes de potássio, de magnésio, e
algumas fontes de cálcio, magnésio e enxofre, além das fontes orgânicas,
pois com a verticalização da agroindústria, há uma grande quantidade de
matérias-primas ricas em fontes orgânicas que também são ricas em
nutrientes”, diz Martins.
Ele explica que essas fontes
regionais podem ser utilizadas diretamente no solo, mas que a melhor
forma de uso é integrá-las, especialmente em processos como a
compostagem e a aplicação de remineralizadores na cama de confinamento
de vários tipos de animais. “Isso é uma forma de reciclar e criar um
processo de bioeconomia, em que o nutriente é ciclado na mesma região”,
comenta.
Martins argumenta que os solos tropicais são
bastante responsivos a fontes minerais regionais ricas em silício, como
os remineralizadores de solo. Outro fator favorável ao uso desses
produtos são as condições do ambiente tropical, que permitem a
aceleração dos processos de transformação dessas fontes, que são de
baixa solubilidade. “E como os nossos solos também precisam de matéria
orgânica, as fontes orgânicas contribuem para a criação de solos mais
enriquecidos nesse componente”, completa.
O Brasil é
protagonista no desenvolvimento dos remineralizadores de solo, tendo
sido o primeiro país a regulamentá-los, servindo de modelo para outros
países. Desde 2017, 65 produtos foram registrados no Ministério da
Agricultura e Pecuária e mais de 7,5 milhões ton foram comercializadas
desde 2019. “Esse tipo de insumo está ficando cada vez mais importante, e
sempre com a finalidade de aumentar a eficiência do uso de nutrientes.
Ao usar soluções regionais, há uma grande diminuição da demanda por
fontes importadas”, diz Martins.
Já a pesquisadora
Janice Zanella, da Embrapa Suínos e Aves (SC), vai abordar, na sessão 3
(Brazil: Health and Biodiversity – Brasil: Saúde e Biodiversidade), como
o País está se inserindo e agindo na Saúde Única. De acordo com o
Ministério da Saúde, a Saúde Única “é uma abordagem global
multissetorial, transdisciplinar, transcultural, integrada e unificadora
que visa equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde de pessoas,
animais e ecossistemas”.
Ela destaca que a
importância da inclusão do Brasil nos fóruns internacionais, inclusive
com a pesquisa agropecuária, é muito positiva: “A Embrapa prioriza a
Saúde Única na sustentabilidade da produção agropecuária e na geração de
soluções. Participar desses fóruns nos aproxima e nos conecta para
atuarmos cada vez melhor”.
Diante da ocorrência de
doenças emergentes e de pandemias, a pesquisadora defende que a
institucionalização de Saúde Única nos países é fundamental. “A
implementação de Saúde Única é muito mais que zoonoses, também inclui
alimentos nutritivos, segurança alimentar, resistência antimicrobiana e
muitos outros aspectos de saúde ambiental”, explica.
Zanella
aponta que o Brasil, devido à biodiversidade, à ampla dimensão
territorial e numerosa população, bem como à grande produção animal, é
um local de risco onde essas doenças podem emergir, ao mesmo tempo em
que o País tem a missão de produzir alimentos para o mundo. Por isso,
ela acredita que a estratégia de Saúde Única deve ser institucionalizada
nos diversos setores que atuam em saúde pública, incluindo pesquisa,
desenvolvimento e educação. “São problemas complexos, que sozinhos não
conseguimos resolver. Assim, é preciso uma parceria multi-institucional,
multissetora, pública e privada, que deve ocorrer em níveis local,
regional e mundial para encontrarmos soluções inovadoras em conjunto
para resolver esses problemas”, afirma.
Coordenador do
Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde do Instituto de Tecnologia
em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), Glauco Villas Bôas será
palestrante nas sessões 1 (Brazil: Science and Development – Brasil:
Ciência e Desenvolvimento) e 3 (Brazil: Health and Biodiversity –
Brasil: Saúde e Biodiversidade).
Na sessão 1, ele vai
palestrar sobre a inovação em biodiversidade e os requerimentos para um
novo paradigma ecológico. “É uma discussão bastante conceitual sobre o
fazer políticas de ciência, tecnologia e inovação no mundo em que
vivemos, buscando o estabelecimento de um novo padrão de consumo e de
produção, e sobre como a biodiversidade atende aos requerimentos para
essa discussão”, explica o pesquisador da Fiocruz.
Já
na palestra da sessão 3, “Ecoinovação no contexto de saúde e
biodiversidade: uma reflexão voltada para a práxis”, Villas Bôas
pretende contribuir para uma discussão de caráter também
teórico-conceitual, “visando esclarecer a necessidade de financiamentos
para novos modelos produtivos, e não somente modelos que mitiguem ou que
apenas protejam os serviços da biodiversidade”.
Para assistir ao evento, é necessário fazer um registro gratuito na página oficial, em inglês, seguindo o passo a passo acessível nos links das sessões.
A participação, como ouvinte, é aberta a qualquer pessoa.
Programação
Segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Sessão 1 - Brazil: Science and Development
9h às 11h (Horário de Brasília)
Palestra
1. Social Technology and Food and Nutrition Security - Inácio Arruda,
Secretário da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento
Social – SEDES/MCTI, Sônia da Costa (MCTI) e Luciane Costa (MCTI)
Palestra 2. Innovation in biodiversity and the requirements of a new ecological paradigm - Glauco de Kruse Villas Bôas (Fiocruz)
Moderadores: Pedro Luiz Oliveira de Almeida Machado (Embrapa) e Alineaurea Florentino Silva (Embrapa)
Organizadora: Rede ODS Embrapa
Link da Sessão: https://sciencesummitunga78.sched.com/event/1Pcpq
Sessão 2 - Brazil: Agriculture and bioinputs
12h às 14h (Horário de Brasília)
Palestra 1. Regional solutions in soil fertility management - Eder Martins (Embrapa)
Palestra 2. National Bioinputs Program - Alessandro Cruvinel Fidelis (MAPA)
Moderadoras: Ana Euler (Embrapa), Julia Stuchi (Embrapa) e Alineaurea Florentino Silva (Embrapa)
Organizadora: Rede ODS Embrapa
Sessão 3 - Brazil: Health and Biodiversity
14h às 16h (Horário de Brasília)
Palestra 1. Climate changes - Osvaldo Luiz Leal de Moraes (MCTI)
Palestra
2. Eco-innovation in the context of Health and Biodiversity: A
reflection focused on práxis – Glauco de Kruse Villas Bôas (Fiocruz)
Palestra 3. One health: how Brazil is inserting itself and acting - Janice Reis Ciacci Zanella (Embrapa)
Moderadoras: Alineaurea Florentino Silva (Embrapa) e Ana Maria Costa (Embrapa)
Organizadora: Rede ODS Embrapa
Link da Sessão: https://sciencesummitunga78.sched.com/event/1PcrX
Sessão 4 - Brazil: Knowledge construction and adoption (Capacity building)
17h às 19h (Horário de Brasília)
Palestra
1. The construction of knowledge to promote Agroecology in the
production of healthy foods, preservation of biomes and reduction of
inequalities - Regilane Fernandes da Silva (MDA) e Iracema Ferreira de
Moura (MDA)
Palestra 2. Towards knowledge structuring in territorial development programs – Paulo Eduardo de Melo (MAPA)
Moderadoras: Tatiana Sá (Embrapa) e Alineaurea Florentino Silva (Embrapa)
Organizadora: Rede ODS Embrapa
Link da Sessão: https://sciencesummitunga78.sched.com/event/1Pcsm
Saiba mais sobre o evento acessando: https://sciencesummitunga.com/