Parasitas resistentes prejudicam produção do gado
O
controle dos parasitas em bovinos é um importante fator na produção,
uma vez que causam grandes perdas econômicas, devido: a quedas de
produtividade de carne e leite, retardo nas idades de abate e
reprodutiva, transmissão de patógenos, podendo ocasionar, até mesmo, a
morte de alguns animais, o que diminui significativamente a
rentabilidade pecuária.
Segundo o médico veterinário Gustavo Martins, responsável técnico
comercial pelo laboratório Vete&Cia, do Grupo Matsuda, foram feitos
estudos para se estimar as perdas potenciais anuais, considerando-se o
número total de animais em risco e os efeitos negativos do parasitismo
sobre a produtividade.
Parasitas relevantes que afetam o bem-estar do gado e a produtividade
no Brasil e, seu impacto econômico em dólares incluem: nematódeos
gastrintestinais – US$ 7,10 bilhões; carrapato bovino
(Rhipicephalus(Boophilus) microplus) – US$ 3,23 bilhões;
mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) – US$ 2,55 bilhões; berne
(Dermatobia hominis) – US$ 0,36 bilhão; mosca-da-bicheira (Cochliomyia
hominivorax) – US$ 0,33 bilhão; e a mosca-dos-estábulos (Stomoxys
calcitrans) – US$ 0,33 bilhão. A perda econômica anual combinada devido
aos parasitos internos e externos dos bovinos, aqui listados, foi
estimada em pelo menos US$ 13,93 bilhões.
Ainda segundo o veterinário, as tentativas de combate e controle dos
parasitas são, na maioria das vezes, realizadas de forma incorreta,
sendo fundamentadas no uso contínuo de produtos químicos, com uso
excessivo de aplicações por ano, aplicações em épocas erradas e uso
desordenado de bases terapêuticas. Assim, tem-se um alto custo de
produção, objetivos do controle não alcançados e, ainda, prejuízos mais
sérios, como a seleção de organismos aptos a sobreviver ao efeito tóxico
dos fármacos, ou seja, a resistência.
A resistência parasitária é uma característica hereditária e ocorre
quando há um aumento de parasitas capazes de sobreviver ao tratamento.
Este fenômeno ocorre para todas as famílias de drogas, e é realidade em
vários países do mundo.
A resistência parasitária em bovinos demonstrada por endo e
ectoparasitas é atualmente, talvez, o maior entrave para a pecuária
comercial nacional e em vários países de regiões e tropicais e
subtropicais. O intervalo inicial (meses/anos) para que este fenômeno
inicie depende da espécie do parasita, da presença de genes que conferem
resistência, da pressão de seleção exercida pela droga utilizada e do
tipo de manejo escolhido para cada situação.
Assim, já existindo o problema da resistência helmíntica, em maior ou
menor grau, frente aos princípios ativos utilizados, outras medidas de
combate e controle devem ser pensadas e colocadas mais em prática.
Técnicas de pastejos alternados ou em associação entre espécies,
controle estratégico e tático, rodízio de princípios ativos efetivos e
testados, rotação de pastagens, e outras existentes, devem ser
intensificadas, para que possamos depender menos de ativos e, assim
tenhamos seus tempos de vida prolongados.