sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Plantas Medicinais

  Plantas medicinais geram renda para agricultores familiares
Plantas medicinais geram renda para agricultores familiares

foto: Arquivo SAF

Plantas medicinais geram renda para agricultores familiares
21/12/2010 15:11
Há cinco anos, a produção de plantas medicinais tornou-se a principal fonte de renda da família da agricultora familiar Roseli Eurich, 49 anos. Na propriedade de 21 hectares, localizada em Arvoredo, há oito quilômetros de Turvo, no Paraná, Roseli, seu marido Sidney e seu filho  Max Gustavo  cultivam alcachofra, melissa, alecrim, capim limão, orégano e tomilho. No primeiro ano de atividade, a família obteve uma renda mensal média de R$ 90,00. Cinco anos depois, passou para R$ 1,2 mil. “Na época da melissa, tiramos entre R$ 3 mil e R$ 4 mil durante três a quatro meses”, destaca. Na propriedade, também são produzidos alimentos para consumo da família, como feijão, milho, ovos e legumes.
Uma das características da propriedade da família Eurich é a sustentabilidade. Toda a produção é agroecológica, com certificação orgânica pela Ecocert. Roseli lembra que a propriedade conta com 70% de cobertura vegetal. Permite agregar valor em pequeno espaço de 1 hectare. O cultivo de plantas medicinais também contribui para a preservação da mata. A diversidade de culturas assegura, em caso de mau tempo, como geadas, mais opções de comercialização.
A produção de plantas medicinais na região de Turvo está amparada na estruturação dos processos de comercialização e assistência técnica. A comercialização é feita por meio da Cooperativa de Produtos Agroecológicos, Artesanais e Florestais de Turvo (Coopaflora), fundada pelos próprios produtores que conta com 86 associados. Desde 2005, o Instituto Agroflorestal Bernardo Hakvoot (IAF) desenvolve atividades de assistência técnica para estruturar a produção agroecológica de plantas medicinais, condimentares e aromáticas, e formação de sistemas agroflorestais. Atualmente, 160 famílias agricultoras são atendidas pelo IAF nos municípios de Turvo, Boa Ventura de São Roque e Iretama, no Paraná.
Engenheiro agrônomo da entidade, Douglas Dias de Almeida destaca que os produtos são comercializados para indústrias de cosméticos, fármacos e chás. “As plantas são desidratadas, ou seja, é vendida a matéria-prima”, explica, destacando que são cultivadas espécies como alcachofra, alfazema, camomila, carqueja, manjerona, menta, pata de vaca, alecrim, calêndula, capim limão, cavalinha, espinheira santa, melissa, poejo, funcho, entre outras. A produção tem certificação que atesta a responsabilidade ambiental e social dos agricultores.
A força do Paraná
O Paraná é responsável por 90% da produção brasileira de plantas medicinais. São 15 mil toneladas/ano, retiradas de uma área de três mil hectares, com a participação de 1.100 agricultores familiares na atividade. O restante da produção vem do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo.
O Estado tem tradição no cultivo de plantas medicinais. Há mais de um século, a cultura de camomila foi introduzida pelos imigrantes europeus na Região Metropolitana de Curitiba. O cultivo comercial passou a ser estruturada há 40 anos, é alternativa de renda para o período de inverno. Hoje, 19 espécies ocupam 92,5% da área destinada ao cultivo de espécies medicinais, aromáticas e condimentares no Paraná. A camomila, cujo mercado cresce de 5% a 10% ao ano, tem grande expressão pelo valor econômico-social e número de produtores envolvidos.
O técnico da Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater-PR), Cirino Corrêa Júnior, explica que,os agricultores familiares cultivam e vendem a planta seca  para indústrias de alimentos(chás, condimentos), laboratórios (produção de fitoterápicos) e grandes atacadistas de São Paulo. Estima-se que o volume de plantas coletadas represente três mil toneladas, o Valor Bruto da Produção (VBP) é de R$ 5 milhões. “Em 2009, a atividade de cultivo e coleta de plantas medicinais, aromáticas, e condimentares totalizou, no estado, R$ 35 milhões”, compara Cirino.
O incentivo à estruturação da cadeia produtiva de plantas medicinais e à formação de agentes e lideranças da agricultura familiar no Paraná conta com o suporte de entidades como a associação sem fins lucrativos Produtores Associados para o Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis (Sustentec), criada em 2003, tem parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Apoiados pela Sustentec, os agricultores familiares criaram a Cooperativa Gran Lago - Cooperativa de Produtores Orgânicos, com 24 cooperados distribuídos em cinco municípios do Oeste do Paraná (Vera Cruz do Oeste, São Pedro do Iguaçu, São José das Palmeiras e Diamante d´Oeste). Em 2009, foram destinados dez hectares para a produção de plantas medicinais como alcachofra, alfavaca, alecrim, carqueja, calêndula, capim cidreira, cavalinha, chapéu de couro, cidrozinho, hortelã, melissa e poejo.
Para agregar valor à produção de espécies medicinais e fomentar arranjos produtivos locais, foi criada, na cidade de Pato Bragado (PR), a Unidade de Produção de Extratos, com capacidade de produção de extrato seco de 32 toneladas/mês, fornece extratos de plantas e atende a indústria alimentícia e farmacêutica. A cooperativa conta com cinco estufas de produção de mudas de plantas medicinais instaladas nos municípios de Ramilândia, Mercedes, Vera Cruz do Oeste, São Pedro do Iguaçu e Diamante d’Oeste.
Inclusão da agricultura familiar
Em 2006, foi assinado decreto que criou a Política Nacional de Plantas Medicinais, como parte das políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social. O que possibilitou a criação do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNMF), que tem como objetivo melhorar o acesso da população a plantas medicinais e fitoterápicos, a inclusão social e regional, o desenvolvimento industrial e tecnológico, a promoção da segurança alimentar e nutricional, o uso sustentável da biodiversidade brasileira e a valorização e preservação do conhecimento tradicional associado das comunidades e povos tradicionais. O Comitê Nacional do PNMF é composto por 26 integrantes, entidades vinculadas aos ministérios e representantes da sociedade civil.
Entre as ações realizadas estão a capacitação, em vários estados, de recursos humanos, em especial de técnicos de assistência técnica e extensão rural e agricultores sobre manejo de plantas medicinais, incentivo à pesquisa, desenvolvimento tecnológico de inovações apropriadas à agricultura familiar, para manejo e produção/cultivo de plantas medicinais e incentivo à cadeia produtiva. Em 2010, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), lançou Chamada de Projetos para a contratação de projetos na área de plantas medicinais e fitoterápicos, que selecionou o Instituto Agroflorestal Bernardo Hakvoot (IAF) e a entidade Produtores Associados para Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis (Sustentec). Os projetos selecionados vão desenvolver, nos próximos 18 meses, ações voltadas para estruturar e fortalecer redes de negócios sustentáveis de plantas medicinais com foco no arranjo produtivo local e promoção de geração de renda e agregação de valor.

SUS
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a partir de 2010, os postos de saúde passaram a oferecer fármacos produzidos à base de alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, isoflavona da soja e unha de gato. 
Em 2009, o MS divulgou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (Renisus). São 71 espécies,. Para acessar a lista completa: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/RENISUS.pdf
outros Links :
- site do Ministério da Saúde que trata de Fitoterapia

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Dilema dos Assentados

Incra mostra que assentados têm dificuldade de acesso a crédito

Da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

Pesquisa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) identificou o perfil e o nível de satisfação das famílias assentadas no país. A maioria dos entrevistados reclama do acesso a hospitais e postos de saúde (56%) e da má qualidade das estradas vicinais de acesso aos assentamentos (57%). E quase metade (48%) respondeu que não teve acesso aos financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

“Precisamos investir ainda muito na saúde nos assentamentos”, reconheceu o presidente do Incra, Rolf Hackbart, que apresentou hoje (21) os dados.

A falta de assistência técnica, uma das exigências para conseguir o financiamento, é o principal obstáculo para obtenção do crédito. Em 2010, o orçamento do Incra para assistência técnica era de R$ 300 milhões. Porém, caiu pela metade com o contingenciamento determinado pelo governo federal. “O que falta é massificarmos a assistência técnica. O crédito só chega depois”, justificou Hackbart.

Segundo o coordenador da pesquisa, César Schiavon, de 25% a 30% das famílias não têm acesso ao crédito porque vivem em assentamentos novos, em fase de estruturação e sem assistência técnica. O processo para entrar no Pronaf leva de um a dois anos.

A pesquisa comparou a renda de famílias em assentamentos de Santa Catarina e do Ceará. A discrepância regional é grande. Enquanto no estado do Sul 27% das famílias têm renda acima de cinco salários mínimos, a maioria das famílias que vivem em assentamentos no Ceará (29%) ganha menos de um salário mínimo. “Integrar a economia regional e gerar renda são os grandes desafios em qualquer região”, afirmou o presidente do Incra.

Mais da metade dos entrevistados consideram que as condições de vida apresentaram melhora em comparação à situação anterior nos quesitos alimentação (56,3%), educação (56,1%), moradia (55,7%), renda (55%) e saúde (43,3%). A maioria também respondeu ter acesso à água (78,98%), enquanto o fornecimentos ininterrupto de energia elétrica só está disponível para 43,86% dos entrevistados. Mas no Nordeste, 35% não têm acesso adequado ao abastecimento de água.

A fossa simples é a principal forma de tratamento de esgoto, adotada por 34,3% dos assentamentos, seguida pela fossa negra (29,83%). Mas só 1,14% dos entrevistados dispõem de rede de saneamento básico, enquanto 0,39% dos assentados não contam com nenhum tipo de tratamento.

A pesquisa traz um perfil das famílias assentadas. Em geral, têm quatro ou mais membros, com média de 20 anos de idade. Os homens são maioria em 53,42% delas. A escolaridade é baixa: 42,88% dos assentados só cursaram da primeira à quarta séries, contra 5,23% com ensino médio completo e 0,51% com diploma de ensino superior. As casas têm mais de cinco cômodos.

O Incra ouviu 16,1 mil famílias assentadas entre 1985 e 2008, em todos os estados e no Distrito Federal.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A Palma Forrageira-Pesquisa

Alagoas é referência nacional na pesquisa com palma forrageira

Pesquisas desenvolvidas com palma forrageira pela Secretaria de Estado da Agricultura é referência nacional.
Adriana Melo

Técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura discutiram, na última semana, em João Pessoa, sobre a multiutilidade da palma forrageira no VI Congresso Internacional de Palma e Cochonilha. Na platéia, especialistas do mundo inteiro, além de produtores, empresários, técnicos e estudantes, conheceram as principais pesquisas desenvolvidas com a cactácea, entre elas a utilização na fabricação de comésticos e na alimentação humana.

O Estado de Alagoas é um dos maiores produtores de palma forrageira cultivada (para a alimentação animal) do mundo. As pesquisas desenvolvidas no Estado com este cactáceo tem multiplicado a produção, que  ocupa aproximadamente 200 mil hectares de terra e está espalhado nas regiões do Agreste e Sertão alagoano. Segundo o pesquisador Fernando Gomes, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, “a produtividade, hoje, é de 60 toneladas por hectare, mas há produtores que, com o uso de tecnologias, conseguem obter até 350 toneladas por hectare.”, afirma.

Adensamento - Gomes explica que a média geral de produtividade pode ser elevada para 250 toneladas, por hectare, com a adoção da tecnologia do adensamento que a Seagri vem pesquisando nas estações experimentais nos municípios de Santana do Ipanema e Batalha, chegando aa 380 toneladas com o uso de fertilizantes, herbicidas e sementes de boa sanidade.

A Secretaria de Agricultura vem desenvolvendo trabalhos com a cultura da palma forrageira, visando obter novos materiais com produtividades superiores as atualmente em uso”, ressalta Gomes, acrescentando que cinco variedades da cactácea já se destacaram com produções superiores a palma miúda. Esse trabalho de competição de variedade foi apresentado no VI Congresso Internacional de Palma e Conchonilha, a semana passada, em João Pessoa/PB, pela equipe da Seagri.

O secretário de Estado da Agricultura, Alexandre Toledo, ressalta a importância do trabalho de pesquisa com a palma forrageira desenvolvido pelos pesquisadores da Secretaria. “É um trabalho sério e que vem dando excelentes resultados com uma cultura fundamental para a pecuária do Semi-Árido nordestino,” disse Toledo.

No campo experimental em Santana do Ipanema, a equipe da Seagri pesquisa mais de 40 variedades de palma, originárias, na sua maioria, do México, comparando com as três variedades tradicionais: miúda, redonda e gigante. Todo o trabalho é desenvolvido em parceria com o  MCT/Finepi-CNPq; BNB/Etene-Fundeci; FapealL/Secti e MDA/Pronaf e Ufal.


A Palma Forrageira - Plantio I

Palma Forrageira Plantada em Fileiras Adensadas
Neste sistema a palma forrageira é estabelecida em espaçamentos de 2,0m x 0,25m quando se dispõe das espécies gigante ou graúda e da miúda ou doce, (Nopallea cochenilifera), as quais apresentam crescimento mais vertical, e em espaçamentos de 2,0m x 0,5m quando se dispõe da espécie redonda (Opuntia stricta), que apresenta crescimento mais horizontal. Embora muitos produtores prefiram plantar a palma doce (assim chamada por seu maior teor de carboidratos), ela é mais susceptível  às perdas causadas pelo ataque de cochonilha, além de possuir menor tolerância a deficits hídricos mais severos.
Detalhe de área plantada 3m x 0,25 com 2 anos de idade
Detalhe de área plantada 3m x 0,25 com 2 anos de idade

 A adoção desse sistema implica necessariamente em adubações intensivas, na fundação e após cada corte, a saber:
    • 10 ton de esterco/ha;
    • fósforo, potássio e calcário de acordo com a análise do solo.

Limpas (capinas após o plantio e roçagens, após estabelecida a palma) devem ser realizadas de maneira a manter o palmal livre de invasoras que podem reduzir a produção desejada. A vantagem desse sistema, em relação ao adensamento convencional (2 x 0,5)m é que permite o plantio de milho e/ou feijão no primeiro ano e redução considerável dos custos de roçagem, inviabilizados no neste último.

Os cortes para fornecimento aos animais devem ser efetuados a cada dois anos a partir do segundo ano do plantio.

Plantio de palma forrageira gigante, em fileiras adensadas, espaçamento 2m x 0,25m
Plantio de palma forrageira gigante, em fileiras adensadas, espaçamento 2m x 0,25m

 

A Palma Forrageira II

PALMA FORRAGEIRA NA ALIMENTAÇÃO
ANIMAL 1
MARCUS ROBERTO GÓES FERREIRA COSTA 2
1 Parte do Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Agronomia apresentada na
Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências, para a obtenção do
título de Engenheiro Agrônomo
2 Aluno do Curso de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará
1. INTRODUÇÃO
A palma forrageira – Opuntia fícus-indica (L.) Mill. – cactácea exótica originária do
México (HOFFMANN, 1995), está presente em todos os continentes com diversas
finalidades, destacando-se sua utilização na alimentação animal.
Contudo a produção de forragem no semi-árido brasileiro é comprometida em
conseqüência do baixo índice pluviométrico e pela ausência ou má distribuição das chuvas
durante grande parte do ano. Devido esta oscilação na oferta de alimentos para os
rebanhos, a pecuária desta região é influenciada negativamente. Com a finalidade de
amenizar essa situação, a palma forrageira surgiu como fonte alternativa de alimento, pois
oferece boa disponibilidade no período seco, bom coeficiente de digestibilidade da matéria
seca e alta produtividade. Desse modo, pode ser introduzida na alimentação de bovinos,
caprinos, ovinos e avestruzes.
2. PRODUÇÃO DA PALMA FORRAGEIRA
É de suma importância para o pecuarista conhecer o método de propagação da
planta forrageira a ser cultivada na propriedade a fim de evitar prejuízos. Como relatado
por CARMELLO (1995), a produção de mudas é uma das principais etapas do sistema
produtivo, uma vez que delas depende o desempenho final das plantas.
Tradicionalmente, a propagação da palma forrageira é feita por meio de parte da
planta adulta (SOUZA, 1966). Mas de acordo com PESSOA (1967) as mudas devem ser
retiradas da parte central da planta adulta, pois as raquetes situadas na base são muito
celulósicas e de difícil brotação. Além disso, as raquetes selecionadas para o plantio devem
apresentar-se com um bom vigor e livres de pragas ou doenças.
Por se tratar de uma planta de crescimento lento, a disponibilidade de mudas só
ocorre dois anos após o plantio. Isto ocasiona dificuldade na aquisição de propágulos
vegetativos (PEIXOTO, 2004).
Segundo SOUZA (1966), não se deve plantar mudas recém-extraídas da planta.
Estas devem ser postas à sombra durante um período de 15 a 20 dias para perder o excesso
de umidade, permitir a cicatrização das injúrias ocorridas no corte e, assim, diminuir as
possibilidades de incidência de doenças.
Com relação às exigências hídricas da palma forrageira, FABRÈGUES (1966)
afirmou que 400 mm de chuvas distribuídas por todo o ano correspondem ao valor ótimo
para o desenvolvimento normal da planta. Além da água, a umidade do ar também exerce
grande influência no rendimento da palma. Na opinião de MOTTA (1958), a faixa de 55 a
60% de umidade noturna é ideal. A alta umidade relativa do ar, à noite, parece ser o fator
climático de maior importância para o bom desempenho da cultura (VIANA, 1969).
Quanto à temperatura, FABRÈGUES (1966) relatou que a temperatura ótima está
em torno de 28ºC, e admite uma faixa média anual que vai de 18 a 38ºC.
Conforme CAMPELLO & SOUZA (1960), o plantio da palma deve ser realizado
nos meses de estiagem, indicando os meses de outubro, novembro e dezembro. No plantio
deve-se enterrar dois terços da raquete, posta na cova verticalmente com uma das faces
voltada para o nascente, na direção das linhas, para uma melhor incidência dos raios solares
na região fotossintética da planta.
A posição da muda no plantio pode influenciar na produção do palmal. De acordo
com o RODRIGUES et al (1975), houve um incremento na produção de matéria seca nas
raquetes orientadas no sentido norte-sul (faces voltadas para leste-oeste), por conseqüência
do aumento da radiação incidida sobre a planta. Já MAFRA et al. (1974) informaram que a
posição da muda não exerce efeito sobre a produção.
Quanto ao espaçamento utilizado no cultivo da palma forrageira, depende do
sistema adotado pelo produtor (SANTOS et al., 1997), e pode ser adensado, onde a palma
forrageira é estabelecida em espaçamentos de 2,0 m x 0,25 m, quando se dispõe das
espécies gigante ou graúda (Opuntia fícus-indica) e da miúda ou doce (Nopallea
cochenilifera), as quais apresentam crescimento mais vertical; e em espaçamentos de 2,0 m
x 0,5 m, quando se dispõe da espécie redonda (Opuntia stricta), que apresenta crescimento
mais horizontal (EMBRAPA 2002). Outro sistema de plantio é o semi-adensado, onde o
espaçamento entre plantas é de 1,0 m x 0,5 m.
Ao estudar adensamento e freqüências de cortes em cultivares de palma forrageira
(Opuntia e Nopalea), para produção de matéria seca, na colheita bianual, SANTOS et al.
(1998) verificaram que o espaçamento 1,0 x 0,25 m foi superior ao 1,0 x 0,50 m, enquanto
na colheita após quatro anos de plantio o espaçamento 1,0 x 0,50 m foi superior ao
espaçamento 1,0 x 0,25 m na produção de matéria verde.
A produtividade da palma forrageira pode ser influenciada pela fertilidade do solo,
pluviosidade, densidade de plantio, vigor das mudas, ataque de pragas e doenças, dentre
outros. E neste sentido, vários estudos têm sido realizados em busca do aumento da
produção da palma forrageira no semi-árido brasileiro.
Com relação a produção de massa verde da palma forrageira com dois anos de
idade, FERREIRA et al. (2003) relataram uma produção de 24,7 kg/planta para o clone da
cultivar IPA-20 e 4,26 kg/planta para o clone da cultivar 1258 - Additional CV.
De acordo com a EMBRAPA (2002), a produção obtida em um hectare de palma
adensada, sistema no qual se utiliza os espaçamentos entre fileiras e raquetes de 1,0 m x
0,25 m, é de aproximadamente 300 toneladas a cada dois anos. Isto permite alimentar, no
período de seca, 30 vacas durante 180 dias com um consumo médio diário de 50 kg de
palma por vaca. FARIAS et al. (2000), ao avaliar o espaçamento da palma forrageira em
consórcio com sorgo granífero, perceberam uma produção de média de 52,45 t/ha de massa
verde no espaçamento 2,0 m x 1,0 m. Em seu trabalho sobre o cultivo e utilização da palma
forrageira no estado de Pernambuco SANTOS et al. (1997) obtiveram uma produção média
de 240 t/ha de massa verde em plantas com dois anos de idade.
3. UTILIZAÇÃO DA PALMA FORRAGEIRA
Assim a utilização da Opuntia fícus-indica como forragem para os animais foi
ganhando espaço sobretudo nos estados brasileiros de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e em
algumas regiões do Ceará e Rio Grande do Norte, onde a planta se aclimatou bem e
apresentou boa produção de massa verde. Contudo, a palma não pode ser fornecida aos
animais exclusivamente, pois apresenta limitações quanto ao valor protéico e de fibra, não
atendendo as necessidades nutricionais do rebanho (SILVA e SANTOS, 2006).
Além de ser utilizada como forragem, em algumas regiões do globo terrestre
encontramos utilizações diferentes da palma forrageira como por exemplo no México e em
algumas regiões da América Latina a Opuntia é cultivada para produção de fruto e em
alguns países da África e mesmo também no México as raquetes de palma faz parte da dieta
de seres humanos. Em países asiáticos a palma forrageira é utilizada como planta
medicinal, entrando na composição de medicamentos naturais.
Pesquisas têm buscado a otimização da utilização da palma forrageira na
alimentação animal, a exemplo de ALBUQUERQUE et al. (2002), que ao estudar a
utilização de três fontes de nitrogênio associadas à palma forrageira Cv. Gigante na
suplementação de vacas leiteiras mantidas em pasto diferido, concluíram que o pasto
diferido associado à palma forrageira e farelo de soja é uma alternativa de alimentação para
animais mestiços no agreste de Pernambuco.
WANDERLEY et al. (2002), avaliando a palma forrageira em substituição à
silagem de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) na alimentação de vacas leiteiras
relataram ter sido possível se obter boas produções de leite com média de 25,01 kg/dia,
manter a gordura do leite em níveis normais de 3,5%, e melhorar a conversão alimentar e
consumo adequado de nutrientes, associando-se palma com silagem de sorgo forrageiro,
nas condições do agreste Pernambucano.
De acordo com SANTOS et al. (2001), não houve diferença na produção de leite de
vacas 5/8 holando/zebu alimentadas com três diferentes cultivares de palma forrageira
como também no consumo in natura, quando fornecidas em associação com silagem de
milho.
Uma inovação para utilização da palma forrageira na alimentação é sob a forma de
farelo, que segundo VERAS et al. (2002), a substituição do milho pelo farelo de palma não
afetou o consumo de nutrientes e a digestibilidade destas, com exceção da fibra em
detergente ácido, no qual foi verificado aumento linear com a inclusão do farelo de palma.
Na opinião dos mesmos autores, o farelo de palma é um grande potencial para uso como
fonte alternativa de energia para ruminantes. Todavia, sugere-se que a substituição do
milho pelo farelo de palma seja mais estudada.
4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PALMA FORRAGEIRA
A composição química da palma forrageira é variável com a espécie, idade dos
artículos e época do ano e independente do gênero ela apresenta baixos teores de matéria
seca (11,69 ± 2,56%), proteína bruta (4,81 ± 1,16%), fibra em detergente neutro (26,79 ±
5,07%), fibra em detergente ácido (18,85 ± 3,17%) e teores consideráveis de matéria
mineral (12,04 ± 4,7%) (FERREIRA et al., 2006). Resultados semelhantes foram
encontrados por MELO et al. (2003), que estudando a substituição parcial do farelo de soja
por palma forrageira mais uréia em dietas de vacas em lactação, perceberam percentual
médio de matéria seca em torno de 10,70, e TEGEGNE (2005), que ao analisar amostras de
palma forrageira cultivada em solos arenosos sem fertilidade na Etiópia, encontrou 9,7% de
matéria seca.
O conteúdo protéico da palma forrageira é considerado baixo, uma vez que para o
crescimento e desenvolvimento de microrganismos ruminais responsáveis pela degradação
dos nutrientes oriundos da fração fibrosa da forragem, a dieta do animal deve conter níveis
entorno de 6% a 7% de proteína brita (REIS et al., 2004). Nesta espécie, o teor de proteína
bruta pode variar significativamente entre variedades e espécies e é geralmente
influenciado pela idade do cladódio. FUENTES (1991), em pesquisa realizada no norte do
México, observou uma variação ampla nos teores de proteína bruta de seis espécies de
Opuntia, sendo os percentuais mais baixos observados em O. rastrera (2,8%) e os mais
elevados em O. ficus-indica registrando valores de 5,1%. FARIAS et al. (2000) observaram
um percentual médio de proteína bruta igual a 4,6.
MAGALHÃES (2002), ao avaliar a utilização da cama de frango em dietas à base
de palma forrageira (Opuntia fícus-indica) com diferentes fontes de fibras na alimentação
de vacas mestiças em lactação, encontrou um teor médio de FDN nesta palma igual a
35,09%. Contudo, ALBUQUERQUE et al. (2002), utilizando três fontes de nitrogênio
associadas à palma forrageira cv. GIGANTE E MATTOS (2000) estudando a associação da
mesma espécie de palma forrageira com diferentes fontes de fibra na alimentação de vacas
mestiças em lactação, obtiveram em seus experimentos teores de FDN iguais a 25,65 e
26,70%, respectivamente.
Para o teor de fibra em detergente ácido, ANDRADE et al. (2002), analisando a
digestibilidade dos nutrientes na associação da palma forrageira à silagem de sorgo
verificaram teor de 20,05% de FDA enquanto ALBUQUERQUE et al. (2002) encontraram
um teor 17,27% de FDA na palma forrageira ao ser utilizada com diferentes fontes de
nitrogênio na alimentação de vacas leiteiras.
Com relação aos teores de extrato etéreo MELO et al. (2003), ao substituírem
parcialmente o farelo de soja por Opuntia fícus indica e uréia em dietas para vacas em
lactação, relataram um valor 2,03% enquanto MELO et al. (2006) encontraram teor de
extrato etéreo igual a 1,94%.
Avaliando a substituição do milho por palma forrageira em dietas completas para
vacas em lactação, ARAÚJO (2002) encontrou um teor de cinzas igual a 10,21%. Da
mesma forma, ANDRADE (2001), estudando a associação da palma forrageira com
silagem de sorgo, obteve um teor de resíduo mineral igual a 6,59%.
Sob o ponto de vista da nutrição animal, outras vantagens não salientadas das
Opuntias são o seu alto conteúdo de pró-carotenoides e seu alto teor de água (FOLKER,
1995). RODRIGUEZ & CANTWELL (1988) mencionaram 29 μg de carotenóides e 13 μg
de ácido ascórbico por 100 gramas de cladódios.
5. UTILIZAÇÃO DA PALMA FORRAGEIRA NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS
DE LEITE (FERREIRA, 2006)
Na prática, a forma mais comum de fornecimento de palma forrageira para bovinos
leiteiros é picada no cocho sem a mistura de qualquer outro alimento, enquanto o
concentrado, quando utilizado, deve ser oferecido no momento das ordenhas. Com o
fornecimento dos alimentos em separado, nem sempre é possível a obtenção de estimativa
da ingestão real dos mesmos, principalmente quando mais de um volumoso é consumido.
Isso decorre da preferência por determinados alimentos, torna difícil o calculo do consumo
médio individual e a caracterização da dieta ingerida pelo animal. É importante ressaltar
que, alimentos ricos em CNF, como é o caso da palma forrageira, quando fornecidos em
separado e em grandes quantidades, podem causar uma série de distúrbios ruminais.
Por outro lado, o uso de ração completa ou TMR (total mixed ration) tem se tornado
corrente como meio de se regular a composição da dieta (VAN SOEST, 1994), além de
contribuir para o fornecimento da dieta que, teoricamente, deve conter todos os nutrientes
de forma balanceada. O fornecimento de ração completa possibilita a alimentação de
grande número de animais com dieta homogênea. De maneira oposta, em alguns sistemas
de alimentação, o concentrado, alimento rico em CNF, é fornecido separadamente, em uma
ou mais porções durante o dia (PESSOA, 2003), o que pode acarretar mudanças bruscas no
ambiente ruminal ocasionando o aparecimento de distúrbios digestivos (NOCEK, 1997),
especialmente a acidose e laminite.
Nesse sentido, PESSOA (2003) conduziu um experimento para investigar o efeito
de diferentes estratégias alimentares sobre o desempenho de vacas da raça Holandesa em
lactação. A composição da dieta foi de 39% de palma forrageira, 31% de silagem de sorgo
e 30% de concentrado, sendo este último composto de 58,33% de farelo de soja, 32,67% de
farelo de trigo, 4% de uréia, 1,67% de sal mineral e 5% de minerais.
Pode-se observar que a participação dos ingredientes (palma, silagem e
concentrado) na dieta foi diferente daquela planejada inicialmente, notadamente nos
tratamentos em que a palma ou a silagem foi fornecida separadamente. Segundo o autor, as
sobras de matéria seca foram em torno de 10% do total oferecido. Apesar disso, notou-se
que houve seleção de determinados alimentos pelos animais.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A palma forrageira demonstra-se como uma boa alternativa de alimento para os
ruminantes em regiões semi-áridas, Os animais não devem ser alimentados exclusivamente
de palma forrageira. A palma forrageira deve ser fornecida juntamente com fontes
alternativas de proteína e de fibra.

A Palma Forrageira III

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÂO DA PALMA FORRAGEIRA COMO ALIMENTO PARA O GADO, PRINCIPALMENTE NA ÉPOCA DO VERãO.

 
A palma forrageira é o alimento mais utilizado pelos produtores na Bacia Leiteira de Batalha, principalmente na época do verão. É o único volumoso que mantém seu valor nutritivo mesmo sem parar de crescer.
A espécie mais cultivada é a palma doce ou miúda (Nopalea cochenilifera) cujas raquetes alongadas possuem em média 25 cm de comprimento. É a menos resistente à falta de água mas é a mais palatável e nutritiva.
Também são cultivadas embora em pequena escala, a palma gigante (Opuntia ficusindica) com raquetes em forma oval com até 50 cm de comprimento e a palma redonda (Opuntia sp) com 40 cm de comprimento em formas arredondadas.
A palma é resistente à falta de chuvas, armazena uma grande quantidade de água e tem alta digestibilidade. Há produtores rurais que conseguem até 30 toneladas de matéria seca de palma em apenas um hectare, o que significa a produção de aproximadamente 300 toneladas de palma a cada dois anos.
Em média, cada vaca consome aproximadamente 50 kg de palma por dia, ou seja, 5 kg de matéria seca. Mas a palma não deve ser o único alimento oferecido para as vacas por ter baixo teor de fibras e pode levar a uma diarréia. O restante é complementado com outros volumosos, como pastos secos, silagens de milho ou sorgo, feno, palhadas de restos de culturas, bagaço de cana, farelo de soja, torta de algodão para enriquecimento protéico e para evitar a ocorrência de diarréia.
A palma é uma planta que exige solo de qualidade para ter bom rendimento. Uma boa fonte de nutrientes, o esterco de curral, é muitas vezes desprezado por produtores que desconhecem o potencial deste adubo orgânico, capaz de duplicar a produtividade de palma por hectare. A falta de conhecimento leva muitos pecuaristas a venderem grandes quantidades do adubo orgânico para produtores de fumo e hortaliças.
A produção obtida em um hectare de palma adensada (sistema onde se utiliza os espaçamentos entre fileiras e raquetes, menores que os normalmente usados pelos agricultores, ou seja, numa mesma área pode se plantar quantidade maior de raquetes) é de aproximadamente 300 toneladas a cada dois anos, o que permite alimentar, no período de seca, 30 vacas durante 180 dias com um consumo médio diário de 50 kg de palma por vaca.
José Fernando MeloEnvie um email!
Pesquisador - EMBRAPA/CPATC

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PARA PENSAR:
“O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego”
Albert Einstein

PARA REFLETIR:
“A pior decisão é a indecisão”
Benjam

Muita Chuva

Chuveu neste sábado em diversas cidades do nosso estado, principalmente na região central. O município de Lajes e Afonso Bezerra, foram os mais beneficiados com as precipitações pluviométricas. Em Fernando Pedroza, as maiores chuvas foram na região do cabugi. Em tempo, já estava na hora de chuver, para acalentar mais um pouco o nosso agricultor.

Solenidade de Entrega de Títulos de Cidadão Pedrozense

Nesta noite do dia 19 do corrente, a Câmara M. de Fernando Pedroza, entregou títulos de cidadãos pedrozenses a diversas autoridades do nosso estado. Dentre elas, a Senadora Rosalba Ciarline, Senador Garibaldi Alves, Deputado Federal Betinho Rosado, Marcelo Queiroz da FECOMÉRCIO. Na foto o vereador Magnos Alves, homenageando o Deputado Federal Betinho Rosado.
Pesquisa inédita apresenta novo retrato da reforma agrária no Brasil PDF Imprimir E-mail
Seg, 20 de Dezembro de 2010 12:32
Será apresentada na próxima terça-feira (21/12) a mais nova pesquisa sobre qualidade de vida em áreas de reforma agrária no Brasil. A divulgação será feita pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, durante uma coletiva de imprensa, às 14h, na sede da autarquia fundiária, em Brasília (DF). Serão anunciados os primeiros resultados obtidos ao longo de mais de dez meses de coleta de dados em assentamentos de todo o país.

O trabalho intitulado "Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos de Reforma Agrária do Brasil", coordenado pelo Incra com a consultoria de pesquisadores das Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Pelotas (UFPel), foi realizado entre os meses de janeiro e outubro deste ano e reúne informações relacionadas às condições de vida de 805 mil famílias assentadas no país.

No projeto, que enfocou aspectos socioeconômicos e ambientais, foram visitados 1.164 assentamentos. Os dados obtidos irão compor um conjunto de indicadores que darão suporte ao planejamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da reforma agrária nos próximos anos. "Essa pesquisa é um importante instrumento de gestão. Ela nos oferece um conjunto de dados, que sinaliza necessidades e aponta ações bem sucedidas, orientando investimentos e o desenvolvimento das políticas públicas", analisou Hackbart.

Segundo o presidente, as informações da pesquisa também favorecem uma melhor avaliação do alcance e da eficácia dos trabalhos executados pela autarquia, facilitando, ainda, a prestação de contas perante a sociedade. "Além de contribuir muito com a gestão, auxiliando na análise dos resultados das políticas públicas, esse trabalho também é uma forma de prestar contas das ações do Incra. É, sem dúvida, uma iniciativa que fortalece ainda mais a relação de transparência que a autarquia faz questão de manter com a sociedade", afirmou.

Metodologia

Baseada em um questionário aplicado a 16.153 famílias, a Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos do Brasil abordou 14 temas, reunindo centenas de indicadores sobre o desenvolvimento da reforma agrária no país.

Para a execução do trabalho foram selecionadas áreas de reforma agrária implantadas pelo Incra entre 1985 e 2008, sendo considerados também elementos como o tamanho, a idade e a localização geográfica dos assentamentos (com base nas mesorregiões homogêneas classificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE).

"A amostragem da pesquisa considerou o tempo de criação dos assentamentos como um item fundamental, porque, em geral, isso tende a influenciar no seu nível de desenvolvimento. O tamanho das áreas e a sua distribuição nas mesorregiões identificadas pelo IBGE também são fatores que nos ajudaram a apurar o trabalho, para dar a essa pesquisa a maior representatividade possível", explicou César Aldrighi, coordenador geral da pesquisa e do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra.

De acordo com o professor doutor Lúcio André Fernandes, da UFPel, a pesquisa, inédita nos moldes em que foi estruturada, apresenta números com índice de confiança de 95% (e margem de erro de 3%). Segundo ele, o trabalho apurou a visão e o nível de satisfação dos agricultores entrevistados, traçando, com dados nacionais e regionais, um retrato amplo e atual sobre a reforma agrária no Brasil. "É uma pesquisa abrangente e que procurou apresentar também o que pensam os assentados sobre as políticas públicas nos assentamentos. Um trabalho que tem representatividade e que oferece um retrato atualizado da reforma agrária no país", analisou.

Todas as informações da pesquisa poderão ser acessadas via internet por qualquer cidadão, por meio de um link que será disponibilizado no Portal do Incra (www.incra.gov.br).

Outras pesquisas

Além da pesquisa realizada pelo Incra, diversos outros levantamentos, divulgados a partir da década de 90, também abordaram a realidade das áreas de reforma agrária do país.

Os censos da Reforma Agrária do Brasil (promovido por uma parceria entre Incra e 29 universidades públicas, em 1996) e Agropecuário (realizado pelo IBGE, em 2006), identificaram o número de famílias assentadas em todo o país, apresentando também alguns indicadores sobre renda, produção agropecuária e as condições de vida nas áreas de reforma agrária.

Outro estudo, fruto de uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do próprio Incra, apurou, em 2003, cinco índices para medir o impacto das políticas públicas implantadas nas áreas de reforma agrária do país. A pesquisa, coordenada pelo Professor Gerd Sparovek, da Universidade de São Paulo (USP), entrevistou 14.414 famílias que vivem em assentamentos implantados pelo Incra entre 1985 e 2001. O trabalho, que também contou com o apoio do IBGE e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), levantou dados relacionados a um universo de mais de 438 mil famílias.

Serviço
Coletiva de imprensa para o lançamento da Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos do Brasil

Data: 21/12/2010
Horário: 14h
Local: SBN Qd. 01 Bloco D - Edifício Palácio do Desenvolvimento, 18º andar, sala 1809/10
Contato para mais informações: (61) 3411-7404 (Assessoria de Comunicação/Incra)
 


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Histórico do Algodão

O ALGODÃO

O algodão provém de uma planta denominada algodoeiro. Conforme a variedade, pode ser uma árvore ou um arbusto, com folhas alternadas e que dão flores amarelas ou vermelhas. A qualidade do algodão varia de acordo com o tipo de algodoeiro, pois umas variedades fornecem fibras mais compridas que outras.
No Brasil, o algodão é colhido entre maio e junho, quando os frutos amadurecem e as cápsulas que envolvem as sementes se abrem, podendo então ser colhida a matéria fibrosa constituída de pelos, que revestem as sementes e que se denomina capulho.


Flor do algodão

Fruto do algodão

Algodão colhido



Colheita de algodão

Estas fibras brutas passam por uma série de operações preparatórias, antes de serem transformada em fios.Resumidamente, são as seguintes:
1. - Limpeza manual, com a retirada de matérias estranhas.
2. - Descaroçamento, que é a retirada das sementes, com auxílio de um aparelho movido por manivelas, denominado descaroçador.
                                 descaroçador
Descaroçador de algodão
3. - Batimento,feito com um galho de árvore, retesado em forma de arco, denominado batedor, onde se processa a retirada de impurezas menores, e é feito o primeiro desbaraçamento das fibras.
batedor
Batedor de algodão
4. - Cardamento, que é o processo final de desembaraçamento das fibras, que pode ser feito com um par de "cardas" , ( mesmo equipamento utilizado com a lã ), ou também com um arco tensionado semelhante ao batedor.

cardas
Par de cardas
 

Algodão pronto para ser fiado
5. - Fiação, que é a operação final para a obtenção do fio. Pode ser feita por uma peça simples em forma de pião, denominado fuso, ou através de um equipamento movido a pedal, denominado roca. O processo é idêntico para a lã.
Fiando algodão
                             fiandeira


 
Fios de algodão
As grandes indústrias possuem maquinários que realizam estas mesmas etapas, com velocidades maiores, incluindo ainda o tingimento das fibras. Várias são as opções de fios e linhas que podemos utilizar na tecelagem manual.
O quadro abaixo apresenta produtos fabricados por Linhas Círculo, com uma sugestão para sua utilização na urdidura ou na trama.
LINHAS DE ALGODÃO CÍRCULO    
Utilidades Uso Produto
Vestúario  masculino, feminino e infantil Urdidura Trama Rubi 5, Anne, Clara Anne, Susi, Cléa, Natural, Clara
Bolsas Urdidura Trama Anne, Natural e Apolo Anne e Natural
                                          Mantas, colchas e almofadas   Urdidura Trama Anne , Natural Natural
Caminhos de mesa, jogos americanos, cortinas, porta copos Urdidura Trama Anne, Cléa, Natural Anne, Natural
Tapeçarias Urdidura Trama Apolo, Anne Todos os produtos Círculo, misturados ou não
Tapetes Urdidura Trama Apolo Natural


Algodão Colorido





O programa de melhoramento do algodoeiro na Embrapa, foi iniciado em 1975, como principal atividade do Centro Nacional de Pesquisa de Algodão/CNPA, sediado em Campina Grande, PB. As prioridades iniciais foram a coleta e preservação de ermoplasmas nativos e o melhoramento do algodoeiro arbóreo, tipo mocó (Gossypium irsutum L.r. var. marie galante Hutch.) e do algodoeiro anual de fibra extra-longa, derivados da Acala del Cerro. Durante a década de oitenta, o melhoramento do algodoeiro anual de fibras médias (G. hirsutum L.r. var. latifolium utch.) de ciclo precoce, foi sendo priorizado, simultaneamente com a redução do programa de melhoramento do algodoeiro mocó. Durante a década de noventa, a prioridade passou a ser o melhoramento do algodoeiro para adaptação aos cerrados brasileiros e a obtenção de cultivares resistentes a doenças fúngicas e viróticas.

O algodão colorido foi desenvolvido pelos incas em 4.500 AC, bem como por outros povos antigos das Américas, África e Austrália. No entanto sua utilização se limitava ao artesanato por possuir fibras fracas e pouco uniformes. A maioria das espécies primitivas de algodão possuem fibras coloridas, principalmente na tonalidade marrom. No Brasil, foram coletadas plantas de algodoeiros asselvajados, nas tonalidades creme e marrom, em misturas com algodoeiros brancos cultivados, das espécies G. barbadense L. e G. hirsutum L. raça marie galante Hutch, conhecidos como algodões arbóreos. Estes algodões coloridos, sempre foram considerados como misturas indispensáveis pelos industriais, tendo uso apenas artesanal e ornamental, principalmente nos Estados da Bahia e Minas Gerais. Estes algodoeiros foram preservados em bancos de germoplasma da Embrapa Algodão, em Patos, PB, desde 1984. A partir de 1989 , foi iniciado o trabalho de melhoramento genético, após uma visita de empresários têxteis japoneses, que demonstraram interesse em adquirir este tipo de fibra.

No Brasil o pesquisador da Embrapa napoleão Macedo explica que o algodão BRS 200 foi obrido a partir do melhoramento genético de uma espécie de algodão nativa do semi-árido nordestino conhecida como Mocó. Os pesquisadores observaram que algumas dessas plantas apresentavam aleatoriamente a coloração marrom. A eles coube a tarefa de combinar, numa mesma espécie, genes responsáveis pela cor e genes produtores de plantas com fibras mais resistentes. graças a essa intervenção tecnológica foi possível produzir um algodão comercialmente viável. Inicialmente foi efetuada uma avaliação da produtividade e das características de fibras dos 11 acessos de algodão arbóreo colorido existentes no Banco de Germoplasma. Constatou-se que o comprimento das fibras dos acessos coloridos variou de 25,9 a 31,6mm, a resistência era muito fraca, com 60% dos materiais variando de 19,5 a 21,7 gf/tex, o que impossibilitaria sua industrialização em fixações modernas, que exigem algodões de alta resistência. As fibras eram também excessivamente finas e de baixa uniformidade. A produtividade, à nível de campo variou de 294 a 1.246 kg/há .

Foi colocado como objetivo do programa de melhoramento elevar a resistência das fibras, finura, comprimento e uniformidade bem como estabilizar a coloração das fibras nas tonalidades creme e marrom e elevar a produtividade a nível de campo. Utilizou-se inicialmente o método de seleção individual com teste de progênies, e posteriormente o método de hibridação seguido de seleção genealógica, para obtenção de variações nas tonalidades de cores. A partir de 1996 foram incluídas nas pesquisas algodões de coloração verde e procuradas novas combinações de cores, através de cruzamentos dos algodões marrom, creme e verde. Nos últimos três anos foram estudadas 217 progênies, 35 novas linhagens e 22 linhagens avançadas de algodão colorido, nos municípios de Patos e Monteiro, PB e Touros, RN.

Com o processo de melhoramento contínuo as linhagens avaliadas em 1997 apresentaram produtividade em torno de 1.500 kg/ha, resistência de fibras na faixa de 23 a 25 gf/tex, finura fina (I.M.) de 3,4, comprimento de fibra (S.L. 2,5%) de 29,5mm e uniformidade de 48,0%. A produtividade média, a nível de campo, supera as cultivares de algodoeiro mocó precoce em mais de 50%. Por outro lado, com estas características de fibras, os algodões coloridos melhorados, podem ser processados por indústrias têxteis modernas. Nas avaliações de fios de algodão colorido de títulos 16Ne e 20Ne, obteve-se resistência do fio de 13,5 e 12,3 gf/tex, respectivamente; alongamento de 6,9; e 56 pontos finos/kb e 112 pontos grossos/km; índices que confirmam a boa qualidade do fio.

A pesquisa encontra-se na fase de aumento de sementes e lançamento da cultivar de fibras coloridas, BRS 200 - Marrom. As sementes foram aumentadas em áreas irrigadas, no município de Touros e Ipanguacu, RN, e Patos, PB, nos anos de 1998 a 2000. Dentre nove linhagens coloridas foram escolhidas duas de coloração marrom/creme, para plantio no Campo Experimental de Patos, PB, e Barbalha, CE, visando sua apresentação aos produtores em junho/2000. Posteriormente, no ano 2001 será disponibilizada aos produtores, sementes de uma cultivar de algodoeiro anual de fibra verde, derivada da cultivar CNPA 7H.

A primeira região indicada para o plantio do algodão colorido, inicialmente será aquela zoneada para o cultivo do algodoeiro arbóreo no Nordeste, podendo no futuro a produção deste algodoeiro se expandir para outras regiões. Foi formado um consórcio de empresas de confecção (Natural Fashion) para criação de uma coleção de moda com algodão colorido a ser apresentada na FENIT 2000. Os produtos com algodão colorido brasileiro chegarão aos consumidores a partir do 2° semestre de 2000. Na década de 40, o município de Campina Grande na Paraíba foi o segundo maior pólo comercial de algodão do mundo, atrás somente de Liverpool, na Inglaterra. O cultivo foi dizimado pela praga do bicudo. Por intermédio da tecnologia agrícola, a produção de plumas está sendo retomada. Com uma novidade: dez empresas paraibanas reuniram-se em consórcio para produzir vestuário utilizando algodão que já nasce colorido. Técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Campina Grande melhoraram geneticamente a qualidade das fibras, possibilitando o processamento industrial em máquinas de fiação. Ecológicas por não usar tintas, as roupas confeccionadas na Paraíba terão o selo do Greenpeace. As primeiras remessas de pijamas e camisetas serão exportadas no segundo semestre. A Embrapa fez a pesquisa do algodão e incentiva a produção.Compra o algodão dos produtores, que é beneficiado pela indústria têxtil Coteminas. Daí sai a matéria-prima para abastecer o consórcio. Os modelos que projetaram Campina Grande no mundo fashion levam a assinatura do estilista Angelo Rafael, do sistema Fiep/Senai.

O produto brasileiro precisa ser replantado apenas a cada três anos, o que contribui para redução dos custos do produtor e evita o desgaste do solo. O perfil dos cotonicultores é o de pequeno porte com propriedades entre 2 e 10 hectares. Grande parte já possuía experiência anterior no cultivo de algodão. O mercado para o algodão colorido ainda é restrito, sendo o produto consumido por pessoas alérgicas a corantes sintéticos, grupos ambientalistas e ONG's que desenvolvem trabalhos com agricultura orgânica. Os preços obtidos com o algodão colorido no mercado internacional variam de US$ 3,79 a US$ 5,00/kg de fibra verde e de US$ 1,84 a US$ 3,35/kg de fibra marrom, o que propicia alta margem de lucro aos produtores, quando comparado com o algodão de fibra branca, que alcança preços médios de US$ 1,65/kg de fibra.



A cultivar BRS 200 desenvolvida em 2000, foi a primeira cultivar colorida geneticamente plantada no Brasil, contribuindo para o surgimento de novas opções de mercado e de emprego para os agricultores familiares e artesãos do Nordeste. A BRS 200 é um bulk constituído pela mistura em partes iguais de sementes das linhagens CNPA 92 1139, CNPA 94 362 e CNPA 95 653, que possuem fibras de coloração marrom claro. Por ser uma cultivar com ciclo produtivo de três anos, selecionada a partir de algodoeiros arbóreos nativos do semi-árido nordestino, possui alto nível de resistência à seca. Apresenta produtividade 64% superior as cultivares de algodoeiro mocó (CNPA 5M), porém em condições de sequeiro sua produtividade é quase equivalente a da CNPA 7MH, apesar de em condições irrigadas, produzir 22 % a menos que a 7MH. A fibra da BRS 200, por ser de coloração marrom clara, obtida através de processo de melhoramento não-transgênico, possui valor de mercado, 30 a 50% superior as fibras do algodão branco normal, que associada a produtividade mais elevada e maior rendimento de fibras, resulta em receita acima de 100%, em relação ao cultivo do algodoeiro arbóreo ou mocó.

O Consórcio Naturalfashion, criado em 2000 é formado por 8 empresas de confecção, tecelagem e artefatos com a participação de micro e pequenas empresas. O diferencial do algodão colorido tem feito da cidade um sucesso nas feiras de moda onde tem se apresentado. Campina Grande é a única cidade do mundo a trabalhar com produção industrial de produtos e artefatos de algodão colorido. Outros países trabalham com algodão colorido, mas apenas de forma artesanal por não ter uma fibra tão resistente quanto a desenvolvida pela Embrapa. Segundo a presidente do consórcio Naturalfashion, Maisa Gadelha, a fibra do algodão colorido desenvolvida no estado é considerada a melhor do mundo, fazendo o diferencial. Pelo fato da Embrapa local dominar a tecnologia do algodão colorido, a intenção é tornar o estado num celeiro de plantação deste tipo de algodão. A Apex (Agência de Promoções de Exportação) tem sido a financiadora do Consórcio. A Paraiba tem estudos e pesquisas avançadas sobre o Algodão Colorido, através da EMBRAPA.

Fonte: http://www.cnpa.embrapa.br/algodao/melhora2001.html
http://www.naturalfashion.com.br/embrapa.html