Segundo o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar, elaborado pela CONTAG em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), cerca de 612 mil contratos do Pronaf foram acessados por agricultoras familiares, sendo o maior desde 2013.
A secretária de Política Agrícola da CONTAG, Vânia Marques Pinto, compartilha que “as mulheres estão acessando mais o Pronaf e isso é muito positivo. Mas ainda existe um déficit, a exemplo da linha de crédito feita para as mulheres em que o número de acessos ainda é muito pequeno.”
O aumento tem relação direta com as medidas adotadas no Plano Safra 2023/2024 em que foi dobrado o limite de financiamento do Pronaf B, criada uma nova faixa no Pronaf Mulher e um aumento do rebate na modalidade Fomento Mulher, do Crédito Instalação e no prazo de pagamento.
“Nós precisamos estimular que cada vez mais mulheres acessem um volume maior de recurso. As agricultoras familiares têm provado e reforçado diariamente a capacidade de gerenciar o crédito, produzir e comercializar os alimentos saudáveis que chegam nas prateleiras dos mercados e nas mesas dos brasileiros e das brasileiras”, continuou a secretária Vânia Marques Pinto.
Apesar das novas medidas pela busca de mais autonomia para as mulheres rurais, ainda há uma diferença discrepante entre os contratos acessados pelos homens, que chega a mais de 1 milhão.
A secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, Mazé Morais, afirma que “historicamente, somos nós, mulheres, que menos acessamos as políticas públicas de acesso à terra, produção e comercialização de produtos.”
As mulheres desempenham um papel crucial na agricultura, em termos de segurança alimentar e nutricional, no gerenciamento de recursos naturais, na liderança de diversas empresas e também em ações comunitárias no setor agrícola.
Segundo a ONU Mulheres, praticamente metade da população de mais de 500 milhões de habitantes da América Latina e Caribe possui representação feminina, sendo elas as responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos na região.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) projeta que a melhora no acesso das mulheres à terra, pecuária, educação, serviços financeiros, extensão, tecnologia e emprego rural, renderia um aumento significativo da produtividade e produção agrícola, contribuindo para a segurança alimentar, crescimento econômico e bem-estar social.
“Nós desempenhamos um importante papel na produção de alimentos agroecológicos, na preservação da biodiversidade e para a segurança alimentar e nutricional. Continuaremos dando visibilidade para nossa produção e lutando pelos espaços de participação das agricultoras familiares”, finaliza a secretária Mazé Morais.
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