Plantas medicinais geram renda para agricultores familiaresPlantas medicinais geram renda para agricultores familiares                                      
SUS
  
21/12/2010 15:11
 Há  cinco anos, a produção de plantas medicinais tornou-se a principal fonte  de renda da família da agricultora familiar Roseli Eurich, 49 anos. Na  propriedade de 21 hectares, localizada em Arvoredo, há oito quilômetros  de Turvo, no Paraná, Roseli, seu marido Sidney e seu filho  Max Gustavo   cultivam alcachofra, melissa, alecrim, capim limão, orégano e tomilho.  No primeiro ano de atividade, a família obteve uma renda mensal média de  R$ 90,00. Cinco anos depois, passou para R$ 1,2 mil. “Na época da  melissa, tiramos entre R$ 3 mil e R$ 4 mil durante três a quatro meses”,  destaca. Na propriedade, também são produzidos alimentos para consumo  da família, como feijão, milho, ovos e legumes.  
Uma das características da propriedade da família  Eurich é a sustentabilidade. Toda a produção é agroecológica, com  certificação orgânica pela Ecocert. Roseli lembra que a propriedade  conta com 70% de cobertura vegetal. Permite agregar valor em pequeno  espaço de 1 hectare. O cultivo de plantas medicinais também contribui  para a preservação da mata. A diversidade de culturas assegura, em caso  de mau tempo, como geadas, mais opções de comercialização.  
A produção de plantas medicinais na região de Turvo  está amparada na estruturação dos processos de comercialização e  assistência técnica. A comercialização é feita por meio da Cooperativa  de Produtos Agroecológicos, Artesanais e Florestais de Turvo  (Coopaflora), fundada pelos próprios produtores que conta com 86  associados. Desde 2005, o Instituto Agroflorestal Bernardo Hakvoot (IAF)  desenvolve atividades de assistência técnica para estruturar a produção  agroecológica de plantas medicinais, condimentares e aromáticas, e  formação de sistemas agroflorestais. Atualmente, 160 famílias  agricultoras são atendidas pelo IAF nos municípios de Turvo, Boa Ventura  de São Roque e Iretama, no Paraná.  
Engenheiro agrônomo da entidade, Douglas Dias de  Almeida destaca que os produtos são comercializados para indústrias de  cosméticos, fármacos e chás. “As plantas são desidratadas, ou seja, é  vendida a matéria-prima”, explica, destacando que são cultivadas  espécies como alcachofra, alfazema, camomila, carqueja, manjerona,  menta, pata de vaca, alecrim, calêndula, capim limão, cavalinha,  espinheira santa, melissa, poejo, funcho, entre outras. A produção tem  certificação que atesta a responsabilidade ambiental e social dos  agricultores.  
A força do Paraná  
O Paraná é responsável por 90% da produção brasileira  de plantas medicinais. São 15 mil toneladas/ano, retiradas de uma área  de três mil hectares, com a participação de 1.100 agricultores  familiares na atividade. O restante da produção vem do Rio Grande do  Sul, de Santa Catarina e de São Paulo.  
O Estado tem tradição no cultivo de plantas  medicinais. Há mais de um século, a cultura de camomila foi introduzida  pelos imigrantes europeus na Região Metropolitana de Curitiba. O cultivo  comercial passou a ser estruturada há 40 anos, é alternativa de renda  para o período de inverno. Hoje, 19 espécies ocupam 92,5% da área  destinada ao cultivo de espécies medicinais, aromáticas e condimentares  no Paraná. A camomila, cujo mercado cresce de 5% a 10% ao ano, tem  grande expressão pelo valor econômico-social e número de produtores  envolvidos.  
O técnico da Empresa Estadual de Assistência Técnica e  Extensão Rural do Paraná (Emater-PR), Cirino Corrêa Júnior, explica  que,os agricultores familiares cultivam e vendem a planta seca  para  indústrias de alimentos(chás, condimentos), laboratórios (produção de  fitoterápicos) e grandes atacadistas de São Paulo. Estima-se que o  volume de plantas coletadas represente três mil toneladas, o Valor Bruto  da Produção (VBP) é de R$ 5 milhões. “Em 2009, a atividade de cultivo e  coleta de plantas medicinais, aromáticas, e condimentares totalizou, no  estado, R$ 35 milhões”, compara Cirino.  
O incentivo à estruturação da cadeia produtiva de  plantas medicinais e à formação de agentes e lideranças da agricultura  familiar no Paraná conta com o suporte de entidades como a associação  sem fins lucrativos Produtores Associados para o Desenvolvimento de  Tecnologias Sustentáveis (Sustentec), criada em 2003, tem parceria com o  Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Apoiados pela Sustentec,  os agricultores familiares criaram a Cooperativa Gran Lago - Cooperativa  de Produtores Orgânicos, com 24 cooperados distribuídos em cinco  municípios do Oeste do Paraná (Vera Cruz do Oeste, São Pedro do Iguaçu,  São José das Palmeiras e Diamante d´Oeste). Em 2009, foram destinados  dez hectares para a produção de plantas medicinais como alcachofra,  alfavaca, alecrim, carqueja, calêndula, capim cidreira, cavalinha,  chapéu de couro, cidrozinho, hortelã, melissa e poejo.  
Para agregar valor à produção de espécies medicinais e  fomentar arranjos produtivos locais, foi criada, na cidade de Pato  Bragado (PR), a Unidade de Produção de Extratos, com capacidade de  produção de extrato seco de 32 toneladas/mês, fornece extratos de  plantas e atende a indústria alimentícia e farmacêutica. A cooperativa  conta com cinco estufas de produção de mudas de plantas medicinais  instaladas nos municípios de Ramilândia, Mercedes, Vera Cruz do Oeste,  São Pedro do Iguaçu e Diamante d’Oeste.  
Inclusão da agricultura familiar  
Em 2006, foi assinado decreto que criou a Política  Nacional de Plantas Medicinais, como parte das políticas públicas de  saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social. O que  possibilitou a criação do Programa Nacional de Plantas Medicinais e  Fitoterápicos (PNMF), que tem como objetivo melhorar o acesso da  população a plantas medicinais e fitoterápicos, a inclusão social e  regional, o desenvolvimento industrial e tecnológico, a promoção da  segurança alimentar e nutricional, o uso sustentável da biodiversidade  brasileira e a valorização e preservação do conhecimento tradicional  associado das comunidades e povos tradicionais. O Comitê Nacional do  PNMF é composto por 26 integrantes, entidades vinculadas aos ministérios  e representantes da sociedade civil.  
Entre as ações realizadas estão a capacitação, em  vários estados, de recursos humanos, em especial de técnicos de  assistência técnica e extensão rural e agricultores sobre manejo de  plantas medicinais, incentivo à pesquisa, desenvolvimento tecnológico de  inovações apropriadas à agricultura familiar, para manejo e  produção/cultivo de plantas medicinais e incentivo à cadeia produtiva.  Em 2010, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da  Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), lançou Chamada de Projetos  para a contratação de projetos na área de plantas medicinais e  fitoterápicos, que selecionou o Instituto Agroflorestal Bernardo Hakvoot  (IAF) e a entidade Produtores Associados para Desenvolvimento de  Tecnologias Sustentáveis (Sustentec). Os projetos selecionados vão  desenvolver, nos próximos 18 meses, ações voltadas para estruturar e  fortalecer redes de negócios sustentáveis de plantas medicinais com foco  no arranjo produtivo local e promoção de geração de renda e agregação  de valor.  
SUS
De acordo com o  Ministério da Saúde (MS), a partir de 2010, os postos de saúde passaram a  oferecer fármacos produzidos à base de alcachofra, aroeira, cáscara  sagrada, garra do diabo, isoflavona da soja e unha de gato.   
Em 2009, o MS divulgou a  Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (Renisus).  São 71 espécies,. Para acessar a lista completa: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/RENISUS.pdf    
outros Links :
- site do Ministério da Saúde que trata de Fitoterapia
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