Boi
                
Suplementos granulados em dieta bovina sofrem menos perdas
Durante últimos períodos de chuvas, pesquisadores testaram alternativas para diminuir as perdas na suplementação mineral bovina
                    
                    Por:
                            Embrapa
                    
Durante os dois 
últimos períodos de chuvas, pesquisadores da Embrapa Gado de Corte (MS) 
testaram alternativas para diminuir as perdas na suplementação mineral 
bovina. Os resultados indicam que a suplementação aglomerada, em mínimos
 grânulos, oferece menor empedramento e perdas nas chuvas, em até 16%, 
quando comparada ao material em pó, comercializado pela maioria das 
empresas de nutrição animal.
“As perdas com vento e chuvas são grandes,
 considerando que a maior parte dos cochos no Brasil são descobertos”, 
conta o nutricionista da Embrapa Rodrigo da Costa Gomes. O especialista 
explica que essas perdas provocam um desbalanço de elementos da dieta, 
pois o suplemento é formado por uma mistura de vários elementos minerais
 como cálcio, fósforo, sódio, enxofre, manganês, zinco, cobre, selênio e
 outros. “A suplementação tem um custo ao produtor. Se essa tecnologia 
reduzir perdas, o produtor ganha”, revela Gomes.
Os estudos mostram também ganhos de peso 
semelhantes entre os animais que receberam o suplemento em pó ou 
aglomerado. Dessa forma, o benefício da versão granulada vem com o menor
 uso de suplemento mineral, o que pode gerar economia. Gomes acredita 
que o custo da suplementação seja de aproximadamente R$ 27,00 por 
animal, considerando um período de seis meses com consumo diário de 80 
gramas por dia. O uso de suplemento aglomerado é capaz de gerar economia
 de até R$ 4,86 por cabeça por ano.
A quantidade de suplemento utilizado foi 
maior para o pó quando comparado ao aglomerado, enquanto que o peso 
ganho foi o mesmo nos dois tratamentos. A quantidade maior gasta pelo pó
 se deve, principalmente, por se perder na chuva ao se carregar o 
suplemento para fora do cocho.
Aglomerado x Pó
Entre 2016 e 2018, os experimentos foram 
executados em 55 hectares da Embrapa, divididos em 12 piquetes de 
braquiarião, subdivididos em seis com tratamento mineral em pó, e seis 
com aglomerado. Em cochos bombonas (descobertos), machos e fêmeas, 
cruzados e das raças Caracu e Senepol, foram distribuídos, 
uniformemente, em todos os tratamentos.
A fim de conhecer as perdas ocorridas 
durante as chuvas, os cochos contavam com orifícios milimétricos e, 
abaixo deles, filtros para retenção da fração sólida, escoada durante as
 águas. As sobras além de pesadas seguiam para análise química. No 
segundo ano, também se coletou a água escoada para estudo.
Os cientistas ainda testaram a hipótese de
 que o suplemento granulado empedra menos. Com um equipamento chamado 
penetrômetro, mediu-se a força para furar a massa, algo semelhante a 
testar a dureza de uma fruta. “O foco era o comportamento de 
empedramento desse suplemento e constatamos que o pó empedra mais com o 
passar dos dias no cocho”, declara o pesquisador, revelando que por meio
 da análise do filtro nos cochos, foram detectadas perdas de elementos 
fundamentais na alimentação dos animais, como o fósforo. “Esse nutriente
 é importante no metabolismo animal e impacta em seu ganho de peso”, 
detalha o cientista.
O médico-veterinário Márcio Bonin, de uma 
empresa parceira da Embrapa na pesquisa, reforça que o empedramento traz
 problemas. “Os animais não consomem, de forma adequada, o material 
‘lavado’ e empedrado, não obtendo o suficiente para melhor desempenho e,
 por consequência, não têm uma performance adequada”, afirma ele 
explicando que, para o produtor, as perdas significam a compra de mais 
suplemento para obter igual resultado.
A força para penetrar a massa do 
suplemento em pó foi mais que o dobro da necessária para o aglomerado. A
 velocidade com que esse empedramento acontece é igualmente maior no 
produto em pó. Isso sugere que o consumo pelos bovinos sofre alterações 
com o empedramento e é mais evidente no produto em pó. Assim, o rebanho 
consumirá minerais em níveis menores do que os necessários.
Por dentro da dieta
A suplementação mineral complementa a 
dieta animal na época de chuvas, quando há abundância de pasto. 
Entretanto, apesar de uma significativa melhora na composição da 
forragem, como proteína, carboidratos e fibras, não há, na mesma 
proporção, melhorias na composição mineral. O pesquisador da Embrapa 
Luiz Orcírio Oliveira revela que o potencial de ganho de peso 
proporcionado pela vantagem dos componentes orgânicos corre o risco de 
ser  limitado pela ausência ou deficiência de minerais.
Para a produção de animais jovens e 
precoces, a suplementação é essencial, na seca e nas águas, segundo 
Oliveira. “Dados que acompanhamos em diversas propriedades na região de 
Cerrado, em pastagens de Brachiaria brizantha, dividindo o ano em dois 
períodos (seca e águas), mostraram que com apenas suplementação de 
mineral nas águas e proteicos na seca, os ganhos médios em cada período 
são de até 200 gramas na seca, e 600 nas águas. Isso corresponde a um 
ganho médio anual de 400 gramas e em tais condições é difícil terminar 
um animal em 24 meses. É importante estabelecer um plano nutricional 
para o rebanho”, frisa Oliveira.
Geralmente, a suplementação para bovinos nas pastagens brasileiras exige os seguintes ingredientes e sua matéria-prima:
Cálcio - Carbonato de cálcio;
Fósforo - Fosfato bicálcico;
Sódio - Sal branco;
Enxofre - Flor de enxofre;
Magnésio - Óxido ou sulfato de magnésio;
Manganês - Sulfato de manganês;
Ferro - Sulfato de ferro;
Zinco - Óxido ou sulfato de zinco;
Cobre - Óxido ou sulfato de cobre;
Iodo - Iodato de cálcio ou de potássio;
Cobalto - Sulfato de cobalto;
Selênio - Selenito ou selenato de sódio.
“Em determinadas situações outros minerais são necessários, como, por exemplo, o potássio em casos de déficit em dietas para vacas de leite, ou o cromo no estresse da desmama para bezerros. Já há áreas com excesso de certos minerais, como ferro e manganês, em algumas regiões do Pantanal”, pondera Oliveira, que recomenda o suporte de um técnico nutricionista – zootecnista, veterinário ou agrônomo – na elaboração do plano nutricional, em qualquer época do ano.
Fósforo - Fosfato bicálcico;
Sódio - Sal branco;
Enxofre - Flor de enxofre;
Magnésio - Óxido ou sulfato de magnésio;
Manganês - Sulfato de manganês;
Ferro - Sulfato de ferro;
Zinco - Óxido ou sulfato de zinco;
Cobre - Óxido ou sulfato de cobre;
Iodo - Iodato de cálcio ou de potássio;
Cobalto - Sulfato de cobalto;
Selênio - Selenito ou selenato de sódio.
“Em determinadas situações outros minerais são necessários, como, por exemplo, o potássio em casos de déficit em dietas para vacas de leite, ou o cromo no estresse da desmama para bezerros. Já há áreas com excesso de certos minerais, como ferro e manganês, em algumas regiões do Pantanal”, pondera Oliveira, que recomenda o suporte de um técnico nutricionista – zootecnista, veterinário ou agrônomo – na elaboração do plano nutricional, em qualquer época do ano.
A sugestão deve-se ao fato de que, apesar 
dos avanços no número de animais suplementados, há uma parcela 
considerável com suplementação inadequada ou até mesmo sem complemento. 
Para os pesquisadores, não suplementar resulta em prejuízos e aumento do
 custo final do boi.
Mais Precoce
Gomes coordena o arranjo + Precoce, 
conjunto de projetos de pesquisa no qual o experimento se insere. 
Executado desde 2014 pelos pesquisadores da Embrapa Gado de Corte e 
Embrapa Pantanal, a proposta busca alinhar-se aos problemas enfrentados 
pela cadeia do novilho precoce. Um dos resultados disponíveis, até o 
momento, é a prática IATF + Cio, que adota o uso de bastões marcadores 
para auxiliar a identificação de cio e a aplicação de hormônio (GnRH), 
no momento da inseminação artificial por tempo fixo (IATF).
A iniciativa tem como instituições 
parceiras a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), 
Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Estadual de Londrina 
(UEL); a Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO); e a 
Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce (ASPNP).
Em futuro próximo, a equipe 
disponibilizará uma plataforma web com os dados de vários sistemas de 
produção do novilho precoce, permitindo ao usuário simular qual será o 
retorno econômico desses sistemas em sua própria realidade.
 
                
                
                 
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