segunda-feira, 24 de junho de 2019

Algodão tem queda de preços no mercado brasileiro em junho

De acordo com o Cepea, baixo volume de pluma no disponível e expectativa de avanço da colheita trouxeram momento de baixa liquidez


algodao-algodão (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)
O mercado brasileiro de algodão vive mês de desvalorização, sinalizam indicadores de preços. Depois de uma queda acumulada de 2,58% em maio, a referência medida pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) tem retração de 3,53% em junho. Na quarta-feira (19/6), fechou a R$ 2,7707 por libra-peso na última quarta-feira (19/6), com base no Estado de São Paulo.
Segundo os pesquisadores, o momento é de menor liquidez. “A baixa disponibilidade de algodão em pluma no mercado spot e a expectativa de avanço da colheita nas próximas semanas têm levado compradores a adquirirem apenas pequenos lotes para reposições”, dizem, em nota divulgada nesta semana.
A referência medida pela Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), com base no produto posto em São Paulo, vai na mesma direção. Em 3 de junho, estava em R$ 2,78. Chegou a atingir a máxima de R$ 2,79 ao longo do mês e, na última quarta-feira (19/6), encerrou a R$ 2,71 por libra-peso. Entre abril e maio, o produto chegou a ser cotado acima dos R$ 2,80 por libra.
Maior produtor nacional, Mato Grosso registrou queda de 1,43% no preço da pluma no disponível só na última semana, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A média no Estado foi de R$ 86,56 por arroba. Nessa mesma época, no ano passado, estava em R$ 119,79.
Nos negócios a termo para julho, a desvalorização foi mais acentuada. Segundo o Imea, o preço caiu 3,56% em relação à semana anterior e chegou a R$ 94,91 por arroba. No entanto, diferente do mercado spot, o valor estava acima do visto nessa mesma época em 2018, que era de R$ 92,60 por arroba.
As paridades de exportação para a pluma mato-grossense também tiveram retração na semana passada, mas permaneceram acima de R$ 80 por arroba. Para julho próximo, R$ 82,54; para dezembro deste ano, R$ 84,36.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção maior no Brasil. De acordo com o relatório de acompanhamento de safra divulgado no último dia 11, o volume de pluma deve ser de 2,676 milhões de toneladas na safra 2018/2019, 33,4% a mais que no ciclo anterior. Em Mato Grosso, a colheita deve ser 36,8% maior, podendo chegar a 1,765 milhão de toneladas.
Para a próxima temporada, o cenário ainda é incerto, avalia o Imea. “É muito cedo para definir um cenário para a safra brasileira, tendo em vista que muitos fatores, como clima e preço, podem influenciar positiva ou negativamente na intenção de cultivo do cotonicultor”, dizem os técnicos, no boletim divulgado no início desta semana.
Em meio a redução nos preços na safra atual, a conta para o ciclo 2019/2020 ficou um pouco mais cara. De acordo com o Imea, em maio, o custo operacional subiu 1,42% em relação a abril, para R$ 9,146 mil por hectare. O custo variável aumentou 1,42% na mesma comparação, para R$ 8,955 mil por hectare.
“Esse acréscimo nos gastos foi pautado pela elevação do dólar, resultado de tensões políticas brasileiras ligadas à reforma da previdência, refletindo nos insumos que são cotados em dólar, com maior impacto nos preços dos defensivos agrícolas e sementes de algodão”, analisam os técnicos da instituição.
Recomendando atenção constante com os custos, o Instituto calcula que o produtor consegue cobrir as despesas com a safra nova se vender seu algodão a um preço médio de R$ 78,77 por arroba.

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