Como o agronegócio brasileiro pode ser mais competitivo
No agronegócio global, Brasil já é seis vezes mais competitivo do que a média de exportação de outros setores da economia.
O escritor 
norte-americano Tony Robbins consagrou a frase: “A mudança é inevitável,
 mas o progresso é opcional”. No mundo dinâmico de hoje, precisamos 
fazer opções certas.
O agronegócio é um dos setores mais 
competitivos da economia brasileira e o segmento que mais exporta hoje. 
Porém, os números das exportações ainda deixam a desejar. O melhor 
momento para as vendas externas do agronegócio foi o ano de 2013. 
Chegamos a exportar US$ 100 bilhões, principalmente, de soja, carnes, 
milho, açúcar e álcool, produtos florestais e café. Mas mesmo esse 
resultado fica aquém do enorme potencial que tem o agronegócio 
brasileiro.
Em 2016, as exportações do setor foram de 
US$ 85 bilhões, representando 46% do total exportado pelo país. Se no 
comércio mundial total, no mesmo período, o Brasil participou com 1%, no
 segmento agropecuário, o País foi responsável por 6%. No agronegócio 
global, somos seis vezes mais competitivos. E podemos ter um resultado 
ainda melhor.
A população mundial está crescendo. A 
Organização das Nações Unidas estima que, em 2020, o número de pessoas 
ultrapasse 7,5 bilhões e, em 2100, supere 11,2 bilhões. Ao mesmo tempo, a
 quantidade de terras cultiváveis, que, nos anos 1960, era de quase meio
 hectare por pessoa, em 2020, deve ser de apenas 0,2 hectare por pessoa.
São poucos os países territoriais que 
ainda têm estoque de terras cultiváveis, e o Brasil lidera essa lista 
com 115 milhões de hectares disponíveis, conforme estudo da Embrapa. 
Temos a terra, a água, o clima e a produtividade necessários para a 
produção agropecuária.
O que hoje restringe a expansão das 
exportações é a pauta concentrada de produtos, maioria commodities. As 
commodities dependem dos preços internacionais e do câmbio.
Os produtos agroindustriais, por sua vez, 
normalmente são taxados nos mercados importadores com tarifas mais 
altas. O Brasil negociou poucos acordos comerciais para baixar essas 
tarifas, o que nos coloca em desvantagem perante concorrentes. Além 
disso, os requisitos sanitários e fitossanitários nos países 
importadores, que impõem exigências adicionais àquelas aplicadas no 
mercado interno, podem representar mais um obstáculo.
Novos nichos
Mesmo com todas essas dificuldades, o 
mercado externo remunera bem e proporciona acesso a um número 
consideravelmente maior de consumidores. Buscando competitividade, os 
produtores agropecuários e a agroindústria têm o desafio de diversificar
 a produção e descobrir nichos mais competitivos, aproveitando o 
dinamismo e as constantes mudanças no mercado mundial.
Como ganhar mercados e consumidores numa 
realidade cada vez mais tecnológica e rápida? A Bain & Company 
destaca as principais transformações das cadeias de fornecimento. A 
primeira é a hipersegmentação dos consumidores. As empresas hoje dividem
 consumidores em microgrupos e procuram achar para eles soluções e 
serviços customizados. A realidade aumentada, a Internet das Coisas e o 
comércio eletrônico ajudam a ampliar e diversificar mercados.
A segunda tendência é o avanço das 
tecnologias industriais, tais como a impressão tridimensional (3D), a 
robotização e a automação. Essas inovações ajudam a personificar e 
customizar os produtos e serviços, além de otimizar os custos da 
produção.
A terceira e, provavelmente, a mais 
drástica mudança nas cadeias, é a localização da produção, quando as 
empresas deslocam ou terceirizam a produção para atender demandas 
locais. As indústrias buscam lançar no mercado produtos que incorporam 
nomes, sabores ou ingredientes locais, tendo mais apelo perante o 
consumidor. Por exemplo, na Índia, a Coca-Cola vende um leite com sabor 
de manga, que provavelmente não teria aceitação aqui no Brasil.
A quarta tendência é o aumento das 
expectativas dos consumidores nessa nova realidade que incorpora novas 
tecnologias e produtos personalizados. Os consumidores individuais e 
empresas esperam entregas mais rápidas, acompanhamento do pedido em 
tempo real e execução sem falhas.
A quinta tendência é a sustentabilidade ao
 longo da cadeia de fornecimento e produção, a partir dos insumos e até o
 consumidor. Além das questões ambientais, os consumidores contam com as
 preocupações sociais por parte das empresas, com o chamado ‘valor 
compartilhado’ – conceito introduzido por Michael Porter e Mark Kramer, 
professores da Universidade de Harvard, em 2011.
O valor compartilhado se traduz, por 
exemplo, nas preocupações das agroindústrias com a saúde, bem-estar, 
nutrição, religião e tradições dos consumidores. Na prática, as empresas
 buscam produzir alimentos de baixa caloria, naturais, orgânicos ou sem 
conservantes e sem sabores, cores ou gorduras artificias. Além disso, 
introduzem uma gama de ‘alimentos funcionais’: vegetarianos, veganos, 
produtos Halal, Kosher, light, diet, probióticos, isotônicos etc.
A diversificação e a customização da 
produção levam à sexta tendência, que é a necessidade de novos 
conhecimentos analíticos e mercadológicos nas empresas, o que provoca a 
busca por profissionais especializados.
A visibilidade do começo até o fim da 
cadeia é a sétima tendência. Processos e ferramentas informatizados 
permitem aos fornecedores, indústrias e consumidores fazer 
acompanhamento de todas as etapas em tempo real. As redes sociais 
participam cada vez mais na formação de opiniões dos consumidores em 
relação aos produtos, serviços, desempenho e imagem das empresas.
Essas novas tendências requerem adaptações
 na estratégia empresarial em busca de competitividade. É verdade que as
 mudanças são inevitáveis e o progresso é opcional. O sucesso vai 
depender da competência de cada empresa e, certamente, do agronegócio 
brasileiro. 
 
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