Turismo rural
Turismo rural é segmento promissor no agronegócio
Ramo está em expansão e deve seguir crescendo; multifuncionalidade é uma das principais vantagens
O apelo ao maior
contato com a natureza e a terra — movimento que é uma tendência mundial
crescente — vem abrindo cada vez mais espaço para um mercado que pode
ser bastante explorado pelo agronegócio, sobretudo pelos agricultores
familiares: o turismo rural — 90% desse setor, segundo a professora do
ISAE/FGV — Escola de Negócios, Vera Claudia Waissman, é formado por
pequenas e microempresas.
“O indivíduo vem questionando essa tal
globalização e o crescimento a qualquer preço, a mecanização, máquinas
no lugar no homem. Esse questionamento estimula a busca de alguma
maneira para a volta do homem no campo, de botar a mão e o pé na terra”
lembra Vera.
Regulamentado no Brasil como atividade
econômica com a Constituição Federal de 1988, o Turismo vem ganhando
cada vez mais força no país: em 2014, agências de viagens movimentaram
R$ 60 bilhões — e antes mesmo da regulamentação, estados como a Bahia já
começaram a enxergar o turismo como business no fim da década de 1960,
de acordo com a professora.
O início do Turismo Rural, diz Vera,
também antecede a Constituição: nasceu em Lajes (SC), em 1983, com uma
comissão municipal que se formou para fomentar as atividades de
complementação de renda no setor agrícola, que passava por uma crise
grande. “A partir daí se percebeu uma preocupação em normatizar as
atividades envolvidas”, explica. Uma dessas ramificações, por exemplo, é
o turismo rural de aventura, que envolve atividades como o rafting,,
que precisam cumprir normas e exigências da ABNT. “Por isso, no turismo
rural estamos falando de capacitação, de associações, parcerias. É uma
cadeia de produção enorme”, salienta a especialista.
Vera exemplifica: Bento Gonçalves, no
Rio Grande do Sul, uniu o Turismo Rural e a rota do vinho com a
gastronomia e fez da atividade uma de suas maiores forças econômicas.
Minas Gerais tem turismo vinculado à cadeia de produção leiteira. “De
2010 para cá, enxergamos uma melhora com a vinculação do ministério do
turismo e do desenvolvimento agrário, ambos passaram a entender o
turismo rural como negócio”.
No entanto, ressalta a professora, o
Turismo Rural como segmento ainda não é formalizado, o que gera
dificuldades como a mensuração de problemas e resultados, falta de
conhecimento da estrutura e desconhecimento do empreendedor ou produtor
que realiza a atividade, mas que desconhece acesso a serviços
financeiros para apoio e crescimento. E isso não deve envolver, segundo
ela, apenas o agricultor, mas principalmente o estado e o município.
“Os secretários e entidades vinculados ao desenvolvimento turístico e agropecuário precisam andar juntos para valorizar a identidade local. Não basta só oferecer coisas”, frisa Vera. Ou seja: há espaço para crescer, mas não pode ser “de qualquer jeito”, diz. “Sob pena de atrair um monte de gente e essa expansão não ser profissional”.
“Os secretários e entidades vinculados ao desenvolvimento turístico e agropecuário precisam andar juntos para valorizar a identidade local. Não basta só oferecer coisas”, frisa Vera. Ou seja: há espaço para crescer, mas não pode ser “de qualquer jeito”, diz. “Sob pena de atrair um monte de gente e essa expansão não ser profissional”.
Por isso, buscar qualificação é
essencial. “Saber sobre a cidade, de incentivos fiscais. Buscar cursos,
mentoria ou consultoria também ajudam a alavancar os negócios. Além
disso, quem quer atuar no ramo deve ficar atento ao o que entidades
ligadas ao setor oferecem e capacitar o funcionário, que pode ser ótimo
para fazer queijo, por exemplo, mas não necessariamente para atender ao
turista”, orienta.
Multifuncional
Uma das principais vantagens do Turismo
Rural, fala Vera, é a enorme gama de possibilidades que ele permite.
“Não é só hotel fazenda. Vai de pesque e pague até turismo equestre e
pedagógico. Esse último também vem crescendo com as escolas preocupadas
em falar sobre a origem dos alimentos. Tem muita criança que nunca viu
uma vaca e acha que o leite vem da caixa”, ilustra.
A união dos produtores e agricultores é
outro ponto estratégico para o desenvolvimento e sucesso dos negócios.
“Se eu fabrico mel e você orgânicos e estamos na mesma região, podemos
nos unir para uma programação conjunta” exemplifica Vera. O próprio
conceito de sustentabilidade, segundo ela, pode também ser uma vitrine,
promovendo o homem e o meio, ao explicar determinados conceitos do campo
e funcionamento atrelado a uma oferta gastronômica, além de aproveitar a
sazonalidade dos alimentos e estações para promover diferentes
atrações. “ É um universo ilimitado, depende do espaço que você tem e
pretende”, pontua.
O ISAE Coop: Iniciativa do ISAE – Escola
de Negócios, o ISAE Coop cria soluções para cooperativas e projetos
personalizados conforme as necessidades da empresa. Além disso, o
programa também realiza a certificação de conselheiros de cooperativas
(mais de 700 pessoas atendidas) e capacita profissionais do campo em
cursos de curta, média e longa duração.
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