
Câmara aprova a PEC da Vaquejada.
.A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (10), em primeiro turno, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que viabiliza a prática da vaquejada. A PEC estabelece que “não são cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais".
 O texto foi aprovado por 366 votos favoráveis e 50 contrários. Houve 
ainda seis abstenções. Por se tratar de uma mudança na Constituição, 
eram exigidos ao menos 308 votos para a aprovação. 
 Como já foi aprovada no Senado, a proposta ainda precisará passar por 
mais uma votação na Câmara, em segundo turno, para ser promulgada. 
 Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou 
uma lei do Ceará que regulamentava esse tipo de prática por entender que
 a atividade impõe sofrimento aos animais e fere os princípios 
constitucionais de preservação do meio ambiente. 
 Na vaquejada, um boi é solto em uma pista e dois vaqueiros, montados em cavalos, tentam derrubar o animal pelo rabo. 
 Diante da decisão do Supremo, o Congresso aprovou, um mês depois, uma 
lei que tornou a vaquejada manifestação cultural nacional e patrimônio 
cultural imaterial. Ainda em novembro de 2016, o presidente Michel Temer
 sancionou a lei. 
 Portanto, se for concluída a aprovação da PEC, levando-a à promulgação, a vaquejada estará assegurada pela Constituição. 
 O texto aprovado em primeiro turno nesta quarta também diz que as 
manifestações culturais envolvendo animais "devem ser regulamentadas em 
lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos". 
Argumentos
 Entre os defensores da proposta, o deputado Victor Mendes (PSD-MA) 
destacou a relevância cultural da vaquejada. Para ele, atualmente, os 
animais são bem tratados. 
 “No passado, poderia ter um tratamento diferenciado, mas hoje a gente 
vê que a vaquejada é um esporte digno, um esporte descente e que também 
está com esse viés de proteção”, disse. 
 O deputado Efraim Filho (DEM-PB) diz que defende “uma vaquejada que evoluiu”, que tem proteção ao animal e regras de cuidados. 
 “O vaqueiro é quem melhor cuida, porque depende do animal o seu 
sustento. O povo brasileiro saberá reconhecer que o STF se equivocou”, 
disse. 
 Contrário à proposta, o deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP) questiona o 
fato de o Congresso resolver mudar a Constituição após o STF considerar a
 prática inconstitucional. Para ele, a prática gera maus-tratos aos 
animais. 
 “Não tem cabimento você ter dois vaqueiros que correm atrás de um boi 
assustado, puxam o rabo dele e o jogam para virar de cabeça para baixo. 
Isso não é cultura, isso não é esporte”, disse. 
 O deputado Ricardo Izar (PP-SP), também fez discurso contra a PEC. Para
 o deputado, com o fim da vaquejada, a sociedade poderia adaptar e não 
haveria prejuízo econômico. Ele ressaltou que outros países seguem 
tendência de condenar práticas como essa. 
 “Dizem que é questão cultural, mas a tourada na Espanha era questão 
cultural e está acabando. Porque a Espanha pode evoluir e o Brasil 
não?”, afirmou. 
 Na opinião do deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), o fato de a 
Constituição afirmar que uma prática não é considerada cruel não faz 
dela de fato uma atividade não cruel. “O Congresso está decidindo 
errado”, disse. 
 
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