REPORTAGEM: Parceria beneficia mais de 600 agricultores na luta contra as pragas da palma forrageira
Uma parceria envolvendo o Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC), a Associação de Apoio às Comunidades do Campo (AACC), o Fórum Microrregional da Asa Potiguar, o Fórum de Associações, Sindicatos de Campo Redondo, Lajes Pintadas, Coronel Ezequiel e Jaçanã, da Região Trairi do Rio Grande do Norte, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) e Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (IDIARN) beneficiou 684 agricultores familiares desses 4 municípios com a distribuição de 42.500 mudas (raquetes) de palma forrageira das espécies Miúda e Orelha de Elefante.Em Campo Redondo, 253 agricultores receberam cerca de 15 mil mudas, sendo mais de 6 mil da espécie Orelha de Elefante e mais de 8 mil da Miúda, em dois momentos. O primeiro, no dia 3 de maio, para 101 agricultores, e o segundo no dia 11, para 152; Em Lajes Pintadas, 153 agricultores receberam cerca de 9.500 mudas, sendo metade da Orelha de Elefante e metade da Miúda; Em Coronel Ezequiel, 139 agricultores receberam cerca de 9.000 mudas, sendo metade de cada espécie; e em Jaçanã, 139 agricultores receberam cerca de 9.000 mudas, sendo metade de cada espécie.
Edmundo Sinedino, da AACC, disse que nesse grupo de 684 agricultores estão famílias que conquistaram as tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de beber (P1MC) e de água para produção de alimentos (P1+2). O cultivo da palma, uma vocação da região Trairi, é uma das formas de produção de ração para manter os rebanhos, principalmente no período de estiagem.
João Maria Brilhante, da comunidade Olho D’Água, de Campo Redondo-RN, é um dos agricultores que planta palma e produz alimentos em quintal produtivo. Ele teve a roça infestada pela Cochonilha. “Quando a praga chegou, nos arrancamos tudo e jogamos fora. Agora, estamos com novo plantio”, disse. Seu Paulino Isidro de Lima, da comunidade Malhada Vermelha, também em Campo Redondo, é outro agricultor prejudicado pela praga. “A praga apodrece a planta; cria uma cinza branca, a gente corta, mas quando nasce, já está bichada de novo. Tem que arrancar tudo”, relata.
Luta das organizações
O trabalho é resultado de uma luta das organizações que atuam na região do Trairi junto aos órgãos do Governo do Estado, visando combater a praga da Cochonilha do Carmim nas roças de palma forrageira dos agricultores. A praga foi identificada pelo IDIARN, e constatada, em 2015, pelas organizações que atuam com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Buscaram ajuda junto à Emparn, inicialmente, que encaminhou para o IDIARN. Segundo Edmundo Sinedino de Oliveira, da AACC, a demora fez a Asa Potiguar denunciar a inércia dos órgãos para enfrentar o problema. As ações só ocorreram no início deste ano.
Edmundo Sinedino conta que efetivamente os entendimentos começaram em fevereiro deste ano. “Tivemos uma reunião com o IDIARN e, nessa conversa, fizemos uma exposição sobre os municípios que tinham as roças de palma infestadas com a Cochonilha do Carmim – Campo Redondo, Coronel Ezequiel, Jaçanã e Lajes Pintadas”, conta Edmundo. Foi convocado um encontro para discutir o que fazer para combater a praga. Nesse encontro, ocorrido em março deste ano, as organizações e os órgãos do governo traçaram a estratégia para enfrentar o problema e orientar os agricultores sobre como enfrentar o problema.
Na ocasião, com a presença de representantes do IDIARN e da EMPARN, ficou decidido que haveria uma etapa de esclarecimento e orientações, visando a prevenção contra a praga. Numa segunda etapa, haveria a erradicação de palmas infestadas com a Cochonilha do Carmim e substituição do plantio por variedades resistentes a essa praga. “Foi quando a EMPARN disponibilizou cerca 40 mil folhas de palmas. Então, a Asa Potiguar, através da AACC, das associações e do SEAPAC, assumiu o levantamento da demanda e constatamos que 640 agricultores queriam receber as novas variedades da palma”, relata Edmundo.
No período de 27 de abril e 12 de maio, foi feita a distribuição das sementes de palma. Cada agricultor recebeu, em média, 60 folhas de palma, sendo 30 de cada variedade. A Emparn disponibilizou as folhas e a estrutura de transporte para a distribuição. O Seapac e a AACC entraram com a articulação e mobilização dos agricultores. Em cada encontro com os agricultores, antes da distribuição, representantes do SEAPAC, da AACC e do IDIARN orientaram sobre o cultivo das novas espécies e como proceder para combater a Cochonilha. As novas variedades podem ser afetadas pela Cochonilha de Escama, menos agressiva e que pode ser combatida usando defensivos naturais, como água de sabão e óleo.
Antes desse processo de distribuição das sementes das duas novas variedades de palma, houve um trabalho de visitas e reuniões nas comunidades, com presença de representantes do IDIARN, com o objetivo de orientar os agricultores sobre a praga da Cochonilha do Carmim, como identificá-la, como prevenir e como tratar. Os principais temas abordados pelo IDIARN, durante o processo, foram: “Como a praga chegou à Região do Trairi, no Rio Grande do Norte”, “Características da praga da Cochonilha do Carmim”, “Como identificá-la”, “evolução da praga”, “Formas de evitar a proliferação da praga”, “Formas de controle” e “Palmas resistentes à Cochonilha do Carmim”.
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