Novo terminal em Pernambuco exporta sua 1ª carga de açúcar refinado

O primeiro navio carregado com 
açúcar refinado deverá partir nesta sexta-feira de um novo terminal 
construído no porto de Suape, em Pernambuco, abrindo mais um canal de 
exportação para usinas do Nordeste em um momento de grande demanda 
internacional pelo produto.
O empreendimento, conhecido como 
Terminal de Açúcar de Suape (TAS), foi construído pela Agrovia do 
Nordeste, um consórcio controlado pelas empresas de logística Odebrecht 
Transport e Agrovia. A conclusão do primeiro embarque, ainda que numa 
operação parcial, marca a entrada no mercado do terminal de açúcar que 
está em fase final de conclusão, um projeto onde foram investidos até 
agora 58 milhões de reais, para a construção de armazém e outras 
estruturas e para a compra de um equipamento de carregamento das 
embarcações (shiploader).
"A gente já enxerga um interesse cada 
vez maior pela utilização do terminal... O timing do início da operação 
foi casado com início da safra (do Nordeste)", disse à Reuters o diretor
 da Agrovia do Nordeste, Rodrigo Veloso. Dados de agências marítimas 
mostram que o navio Jumper, contratado pela trading francesa Sucden, foi
 carregado com 20 mil toneladas de açúcar refinado e tem a Argentina 
como destino.
O objetivo do TAS é atuar como prestador
 de serviço independente, embarcando açúcar refinado por usinas na Zona 
da Mata de Pernambuco. "A gente vai buscar um mercado de 400 mil a 500 
mil toneladas por ano. São as usinas de Pernambuco e eventualmente no 
norte de Alagoas", revelou Veloso.
Segundo ele, nestas primeiras semanas, 
os embarques são feitos pelos guindastes dos próprios navios. No início 
de dezembro chegará a Suape o shiploader comprado no exterior, que terá 
capacidade para embarcar 2.500 sacos de açúcar por hora. O equipamento 
deverá entrar em funcionamento no final de janeiro, reduzindo o tempo de
 carregamento dos navios de 15 dias para 5 ou 6 dias.
A expectativa da empresa é oferecer 
tarifas competitivas para desbancar outros operadores que atualmente 
usam estruturas de Suape e do porto de Recife para realizar os 
embarques. "Quando nosso projeto estiver 100 por cento operacional, a 
gente tem competitividade para atender todas as usinas de Pernambuco... 
Temos 10 contratos em negociação para açúcar", disse o executivo.
O início das atividades ocorre em um 
momento de forte aquecimento do mercado global de açúcar. Os preços do 
açúcar refinado tocaram em setembro uma máxima de quatro anos na bolsa 
de Londres, acompanhando movimento semelhante do açúcar bruto, em 
cenário de déficit na oferta global da commodity.
O açúcar de Pernambuco, assim como de 
outros Estados do Nordeste, chega ao mercado entre o fim do ano e o 
início do próximo, justamente no período oposto à oferta do centro-sul 
do Brasil, região que responde por cerca de 90 por cento da produção 
nacional.
A
 produção de açúcar bruto de Pernambuco em 2016/17 deverá atingir 1,13 
milhão de toneladas, segundo a Conab, em uma alta de 38 por cento ante a
 temporada anterior, que foi bastante afetada por seca. A produção 
brasileira neste temporada está estimada em aproximadamente 40 milhões 
de toneladas.
Açúcar Bruto
Veloso disse que a empresa "gastou um 
pouco mais" para comprar um shiploader híbrido, que além de transportar 
açúcar em sacas, poderá movimentar também granéis. A opção é uma aposta 
numa segunda fase do projeto do terminal, que poderá operar também com 
embarques de açúcar bruto.
"Num futuro próximo, tendo demanda, a 
gente analisaria construir uma armazém para açúcar bruto", disse o 
executivo, sem revelar volumes potenciais. Outra opção que está na mira 
do consórcio é a operação de outros granéis agrícolas.
Há tratativas em andamento para alterar o
 contrato de arrendamento da área em Suape, para permitir movimentação 
de grãos.  Segundo o diretor, já foram feitos contatos com cervejarias 
da região, para a importação de grãos para malte, e com fábricas de 
farinha, para importação de trigo.
"Numa ótica um pouco mais distante, em termos de viabilidade, a gente avalia também exportação de soja", disse o executivo.
Em 2038, no fim do contrato de concessão
 da área, o terminal pretende atingir 738 mil toneladas de produtos por 
ano. O Terminal de Açúcar de Suape tem 75 por cento de participação da 
Odebrecht Transport e 25 por cento da Agrovia.
A Odebrecht Transport, por sua vez, é 
uma empresa de operação logística, com atuação no aeroporto do Galeão, 
no Rio de Janeiro, em ferrovias urbanas, concessão de rodovias, além de 
outros portos. É controlada pelo grupo Odebrecht , com fatias também 
minoritárias do FGTS e BNDESPar.
 
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