quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Economia mundial: as incertezas continuam (Final)-Artigo




Dando sequência aos principais pontos ou incertezas que o FMI aponta para a economia mundial em 2017 (ver comentário da semana passada), a partir de seu relatório anual “Perspectivas Econômicas Mundiais”, temos o Ponto 8. O mesmo indica um único aspecto positivo que seria, talvez, a possibilidade de uma pequena melhora nos países emergentes e em desenvolvimento, a começar pelo Brasil e a Rússia, os quais poderão iniciar uma saída da recessão. Ponto 9:  o crescimento da China deverá continuar a recuar, passando de 6,6% em 2016 para 6,2% em 2017, mas o conjunto dos emergentes poderá assistir a uma melhoria com a média passando a 4,2% em 2016. Ponto 10: todavia, ¾ da progressão do PIB mundial dependerá dos países emergentes (especialmente China e Índia), o que sempre é uma incógnita, pois o problema é que as perspectivas destes países são desiguais e geralmente mais difíceis do que em anos passados. Ponto 11: o motor emergente pode a qualquer momento diminuir, sob efeito de um reposicionamento chinês, de tensões geopolíticas, e da fraqueza da demanda junto aos países ricos. Ponto 12: por enquanto, necessário se faz reconhecer que os remédios empregados para combater a crise mundial, iniciada em 2007/08, são, na melhor das hipóteses, insuficientes (na pior, ineficazes). Ponto 13: o FMI, diante de tais constatações, já admite que o apoio da atividade econômica pela via orçamentária – os Estados gastarem mais – é indispensável desde que as margens de manobra existam. Ponto 14: os governos estão igualmente sendo chamados a consertar os balanços dos bancos e realizar as reformas estruturais até hoje não realizadas. Todavia, esse esforço, para ser mais eficaz, deve ser coordenado entre os grandes países, algo que não se está conseguindo concretizar. Ponto 15: enfim, se os Estados agirem pouco e muito tarde, o perigo é de o mundo deslizar para uma “estagnação secular”. Esta perspectiva se torna cada dia mais tangível, particularmente junto a certos países desenvolvidos. Afora esses 15 pontos, o mundo aumentou sua preocupação com a solvência do sistema bancário em geral e europeu em particular. A crise do Deustche Bank (principal banco privado da Alemanha), cujo balanço representa quase o PIB da Itália e mais de 10% do PIB da Zona Euro, pode carregar junto todo o sistema financeiro em um efeito dominó. Há riscos igualmente em bancos do Portugal e da Itália, além da maioria de pequenos e médios bancos que, obrigados a fazerem grandes provisões em razão da enorme inadimplência (inclusive no Brasil), se encontram em dificuldades. E pensar que muita gente subestimou a crise mundial, assim como subestima a brasileira.

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