

Nesta
semana comemoramos dois dias especiais: o Dia do Colono (25/07) e o Dia
do Agricultor e da Agricultora (28/07). Para muitos, "colono" e
"agricultor" são sinônimos: significam aquele(a) que trabalha na terra e
dela tira seu sustento.
Mas há diferenças, claro. Em sua origem,
colonos são aqueles(as) que vieram de outros países, ou estados, e
povoaram outra região geográfica, se estabelecendo por meio do trabalho
rural e mantendo suas tradições, características culturais e religiosas.
Por isso, o termo é mais utilizado nas regiões sul e sudeste do Brasil,
onde, no final do século 19 e início do século 20, foram grandes as
migrações de trabalhadores rurais alemães, italianos, japoneses e de
outras nacionalidades. Os migrantes se estabeleciam nas fazendas em
regime de colonato – moravam em casas cedidas pelos(as)
proprietários(as) das terras, podiam ficar com parte da produção e
produzir para a própria subsistência.
O(a) agricultor(a), de
acordo com dicionários e enciclopédias, é aquele que cultiva a terra,
que transforma o solo e nele produz os vegetais de que precisamos para
nos alimentar, alimentar aos animais, produzir tecidos e diversos
materiais, como combustíveis, cosméticos, remédios, papel e uma
infinidades de coisas. Assim, podemos concluir que os colonos são
agricultores(as), ainda que nem todo(a) agricultor(a) seja colono.
A
discussão de conceitos sobre o que significa ser trabalhador e
trabalhadora rural hoje no Brasil tem feito parte da agenda do Movimento
Sindical de Trabalhadores e Trabalhadores Rurais (MSTTR), especialmente
após a dissociação sindical das categorias de agricultores e
agricultoras familiares e dos(as) assalariados e assalariadas rurais. A
CONTAG, como representante específica dos agricultores e agricultoras
familiares brasileiros(as), já tem debatido há aproximadamente três anos
os diferentes conceitos legais e acadêmicos da agricultura familiar.
Nessa
semana, inclusive, a CONTAG reúne dirigentes das Federações filiadas,
em Brasília, na Oficina Nacional de Aprofundamento Temático Metodológico
para Atualização do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural
Sustentável e Solidário (PADRSS). Essa discussão acontece com base nos
referenciais já existentes, como as deliberações congressuais e pesquisa
aplicada no 12º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (12º CNTTR), e no acúmulo dos debates sobre a representação
específica da agricultura familiar.
O PADRSS é o projeto político
do movimento sindical coordenado pela CONTAG que visa o desenvolvimento
do campo, das florestas e das águas. Os pilares estruturantes desse
projeto são a realização de uma reforma agrária ampla, massiva, de
qualidade e participativa, e o fortalecimento e valorização da
agricultura familiar, com o objetivo estratégico e central de promover
soberania alimentar e condições de vida e trabalho com justiça e
dignidade.
“Registrar e valorizar estas datas é muito importante,
ainda mais no momento que estamos fazendo mudanças na estrutura da
nossa organização sindical para fortalecer a agricultura familiar. As
discussões dessa semana estão nos levando a refletir sobre as principais
bandeiras de luta dos agricultores e agricultoras familiares,
estratégias para combater os retrocessos de direitos que impactam
diretamente na vida e no trabalho de quem produz alimentos no País e as
lutas que precisamos travar em defesa de um projeto político includente,
que valorize as pessoas no campo, que priorize os trabalhadores e
trabalhadoras de uma forma geral e que promova o desenvolvimento rural
sustentável e solidário. Viva os colonos! Viva os agricultores e
agricultoras familiares!”, destaca o presidente da CONTAG, Aristides
Santos.