Caprinocultura e ovinocultura cearense têm agenda de desenvolvimento
Foto: Adilson Nóbrega
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa apresentou
nesta sexta-feira (18/10) a proposta de uma agenda de desenvolvimento
para as cadeias de caprinocultura e ovinocultura no Ceará à Câmara
Setorial de Ovinocaprinocultura do estado. A proposta foi apresentada
pelo chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE), Evandro
Holanda Júnior, na reunião da Câmara que aconteceu na sede do Instituto
Agropolos, em Fortaleza (CE), e tem como destaques a melhoria contínua
das características produtivas dos rebanhos; a implementação de planos
para aperfeiçoar os serviços de assistência técnica, a comercialização, a
promoção da qualidade dos produtos; a criação de programas estaduais de
sanidade animal e de capacitação continuada.
Segundo Evandro, a
ideia é consolidar núcleos de excelência em produção no estado,
favorecendo práticas como a certificação de produtos, a organização e
diversificação dos mercados e o melhoramento genético. No caso deste
último, com propostas como feiras agropecuárias e linhas de crédito
específicas para animais testados em programas de melhoramento animal.
Ele tomou como exemplo a Nova Zelândia como país que, apesar da
quantidade do rebanho ter diminuído nas últimas décadas, tem mantido a
boa produtividade e os altos níveis de exportação, tendo o melhoramento
genético como um dos fatores para este sucesso.
“O Ceará tem
rebanhos, tem diversidade genética, tem conhecimento para fazer isso e
se fizer, vai exportar produtos para o mundo” afirmou ele, sobre o
potencial para que o estado desenvolva os programas de melhoramento, que
podem resultar em vantagens como a oferta de reprodutores e matrizes
testados, de maior produtividade e resistência a doenças. Para Evandro, a
agenda estadual deve ter preocupação com muitos desafios, como a
necessidade de fortalecimento da inspeção sanitária, a diminuição de
consumo entre o jovem urbano, o preconceito contra produtos de caprinos e
ovinos. Ele ressaltou, porém, que há oportunidades se criando com a
tentativa de melhor organização do setor produtivo (da qual a criação da
Câmara Setorial seria um exemplo) e as potencialidades de produtos como
os lácteos funcionais e as carnes, que podem ser inseridos em mercados
socialmente construídos e em circuitos gastronômicos ligados ao turismo e
a festividades em diversas regiões do estado.
Evandro tomou
como referência, também, o crescimento do Centro-Oeste como produtora de
ovinos no Brasil: há a perspectiva de que em 2020 a região passe do
terceiro para o segundo maior rebanho de ovinos no país, passando de 7%
para 22% do total nacional. Mais que o crescimento, para ele, é
importante observar que alternativas a região adotou para crescimento da
produtividade. “A tendência é que o Centro-Oeste e também o Sul reduzam
custos de produção, regularizem oferta e melhorem a qualidade dos
produtos”, afirmou ele.
Evandro apresentou, ainda, indicadores
para evidenciar a importância das cadeias da caprinocultura e da
ovinocultura no Ceará. “O estado é hoje o terceiro maior produtor de
ovinos no Brasil, atrás somente do Rio Grande do Sul e Bahia, e tem três
regiões entre as dez de maior densidade de rebanho por território”,
exemplificou, acrescentando que as duas atividades movimentam hoje 77
mil estabelecimentos rurais no estado, ocupando 322 mil pessoas.
A
proposta da Embrapa será avaliada pela Câmara Setorial, como subsídio
para criação de um projeto de desenvolvimento das atividades que deverá
ser encaminhado ao Governo do Estado e ao Banco do Nordeste. Segundo o
presidente da Câmara, Amílcar Silveira, a contribuição da Embrapa é
fundamental para que as tecnologias possam chegar ao setor produtivo, em
um trabalho conjunto com as entidades de assistência técnica e extensão
rural. Esta foi a primeira reunião de trabalho da Câmara após sua
criação, que aconteceu no dia 1º de outubro deste ano. A Embrapa é uma
das entidades participantes.