Governo e sociedade civil discutem propostas para a agricultura familiar
Reunião especializada
Da
53ª Seção Nacional Brasileira da Reaf sairãos contribuições do Brasil
para a plenária regional do Mercosul na Argentina, em junho
Teve
início nesta quinta-feira (16), em Brasília, a 53ª Seção Nacional
Brasileira da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do
Mercosul. Durante dois dias, a equipe da Secretaria de Agricultura
Familiar e Cooperativismo (SAF) do Ministério da Agricultura se reúne
com representantes do governo e da sociedade civil para debater
propostas e contribuições que o Brasil levará à 30ª Plenária Regional da
Reaf, no próximo mês, na Argentina.
Na abertura da seção, o secretário
adjunto da SAF, Ewerton Giovanni dos Santos, destacou a importância da
iniciativa em consonância com a fase de reestruturação das ações da
pasta. “Neste momento, que estamos reconstruindo toda a política de
apoio à agricultura familiar, é importante ter espaços de debate como
esse, para alinharmos as discussões. Temos diretrizes muito claras de
aproximação do Governo Federal, de garantir o acesso do pequeno e médio
agricultor a uma política que os apoie verdadeiramente, simplificar os
processos e desburocratizar as iniciativas produtivas, para que o setor
avance. A secretaria foca a atuação, principalmente, no acesso a
mercados, que é, no nosso ponto de vista, um dos temas principais que a
Reaf pode apoiar e avançar, sobretudo, no Mercosul”, afirmou.
Para organizar e aprofundar discussões
prioritárias, a programação do encontro conta com seis comissões
técnicas, nas quais são abordados equidade de gênero, juventude rural,
mudanças climáticas e gestão de riscos, acesso à terra, facilitação do
comércio e registros da agricultura familiar.
O secretário Técnico da Reaf, Lautaro
Viscay, chamou atenção para o papel da reunião especializada, ao longo
de 15 anos de atividade, e falou sobre a necessidade de renovação. “A
Reaf deve ser uma enorme startup de iniciativas com capacidade de
conectar setores, articular novos atores e se relacionar melhor com o
setor privado, para dar um salto transformador de inclusão social no
campo. Mas, a Reaf necessita de mudança, inovação, ser mais eficiente e
continuar cumprindo inteligência institucional para ser uma luz para as
outas sub-regiões”.
Caio Rocha, coordenador regional do
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA),
defendeu que, para gerar bons resultados, as organizações precisam ter
participação ativa no debate. “A Reaf é produto do que a sociedade civil
e os governos quiserem que seja. Se temas como cooperativismo,
comercialização, bioeconomia e economia digital, vão ou não entrar na
pauta, isso depende de cada um de nós”.
Representando movimentos sociais
presentes, o secretário nacional de Política Agrícola da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris,
ressaltou a importância da seção. “Quero parabenizar o governo,
especificamente a ministra Tereza Cristina, pela iniciativa de manter
esse espaço onde a gente pode dialogar efetivamente sobre um segmento da
sociedade que muitas vezes não tem o devido reconhecimento. Existe no
mundo um público que não é igual aos outros, que trabalha com a sua
família, que usa sua força de trabalho para produzir e dela consegue a
sua dignidade e sobrevivência”.
Decênio da Agricultura Familiar
A participação do Brasil na Década da
Agricultura Familiar das Nações Unidas 2019-2028, que será lançada em
Roma, na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura), no próximo dia 29, foi destaque na fala do chefe da
Divisão de Cidadania do Ministério de Relações Exteriores, Durval Luiz
de Oliveira Pereira. “O Brasil foi um dos promotores da Década da
Agricultura Familiar, em razão da importância do setor para a economia
do país, para a segurança alimentar e nutricional da população e para o
alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. É momento para a
promoção de políticas públicas e para fortalecer ações que visem a
erradicação da fome e da pobreza do mundo”.
Com o intuito de estimular reflexão
sobre o tema, a 30ª Plenária Regional da Reaf terá características
diferentes das edições anteriores, explicou Lautaro Viscay. “Vamos parar
para pensar que tipo de decênio nossas agriculturas familiares merecem e
necessitam pelos próximos dez anos. Onde a gente tem que fazer um
esforço concreto? Onde devemos ser mais competitivos? Qual a inovação
possível para termos mais agricultores no campo e mais riqueza em nossa
Região?”.
De acordo com Gustavo Chianca,
representante da FAO-Brasil, um plano de ação global para a década foi
criado com base em sete pilares: melhorar a inclusão socioeconômica;
fomentar a sustentabilidade da agricultura, da silvicultura e da pesca;
fortalecer a multifuncionalidade das agriculturas familiares e suas
capacidades de promover mitigação; fortalecer as organizações dos
agricultores familiares; estimular políticas propícias para fortalecer a
agricultura familiar; apoiar a juventude rural; e promover a igualdade
de gênero.
Dados da FAO, apresentados por Chianca,
apontam que 3,3 bilhões de pessoas em todo o mundo vivem no meio rural,
o que significa 46% da população global. Dessas, 70% estão em situação
de pobreza. O levantamento aponta, ainda, para a existência de
aproximadamente 570 milhões de estabelecimentos rurais agropecuários,
dos quais 500 milhões são considerados como da agricultura familiar.
A Reaf é uma das reuniões
especializadas do Mercosul vinculadas ao Grupo Mercado Comum (GMC).
Trata-se de espaço regional de diálogo político e de fortalecimento de
políticas públicas para a agricultura familiar e para o comércio dos
produtos do setor no Mercosul. A cada seis meses, um país responde pela
presidência pro tempore da Reunião, uma forma de garantir a democracia e
o equilíbrio entre os Estados que formam o bloco. Atualmente, a
Argentina está na presidência e segue no posto até o próximo mês, quando
o Brasil assume a posição.
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