Nutrição
                
Consumo de peixe reduz o risco de morte por doenças do coração
Preços altos reduzem consumo de peixe na dieta alimentar do brasileiro
Apesar de o 
país ter uma enorme costa marítima e inúmeros rios e lagos de grande 
porte, na maior parte das regiões a oferta de peixes é pequena e os 
preços são relativamente altos em relação às carnes vermelhas e de aves.
Dados da Organização das Nações Unidas 
para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês) ressaltam 
que essa produção vai aumentar. Até 2030, a produção da pesca e 
aquicultura no Brasil deve crescer 46,6%.
Segundo o estudo da FAO, esse será o maior
 aumento já registrado na produção brasileira, seguido do Chile (44,6%),
 México (15,1%) e Peru (14,2%) durante a próxima década.
Campanhas do Ministério da Saúde e da 
Organização Mundial de Saúde (OMS) também incentivam o consumo do 
alimento pelo menos três vezes por semana para uma vida mais saudável.
Benefícios
De acordo com a presidente do Conselho 
Federal de Nutricionistas (CFN), Albaneide Peixinho, o consumo habitual 
de peixes fornece energia, proteína e uma variedade de outros nutrientes
 importantes, incluindo ácidos graxos essenciais, como ômega-3, ferro, 
zinco, cálcio e vitaminas do complexo B.
 “Além de reduzir o risco de morte por 
doenças do coração, seu consumo frequente pode diminuir o risco de 
vários outros efeitos adversos à saúde, como transtornos do 
desenvolvimento, depressão, ansiedade, demência e doenças 
inflamatórias”, alerta a nutricionista.
De acordo com o secretário de Aquicultura e
 Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge 
Seif, o brasileiro precisa saber que o peixe é um alimento saudável, que
 faz bem à saúde e dá longevidade.
“O peixe é rico em proteína, uma proteína 
magra diferente de muitas outras proteínas que têm muita gordura que faz
 mal à saúde, dando pressão alta. É uma gordura benéfica à saúde. Além 
disso, por conter menor teor de gorduras e, em particular, alta 
proporção de gorduras saudáveis (gorduras insaturadas), os peixes, tanto
 quanto os legumes e verduras, são excelentes substitutos para as carnes
 vermelhas”, diz Seif.
Mesmo fazendo bem para a saúde, o 
brasileiro come, em média, 10 quilos de peixe por ano, enquanto o 
japonês, consome, em média, 60 quilos por ano. A recomendação da OMS é 
de 12 quilos por habitante ao ano.
Aumento da produtividade
Jorge Seif afirma que as medidas que 
poderão ser implementadas para elevar o consumo de peixe no Brasil 
passam, basicamente, pela maior produtividade do pescado nacional.
“O Brasil é um importador de pescado. Não 
temos produção suficiente para disponibilizar para a população. Se você 
comparar com outras proteínas, como as de carne bovina e de aves, o 
pescado dificulta o acesso ao consumidor brasileiro por causa dos altos 
preços”, explica o secretário.
O consumo maior fica por conta da classe 
média e alta. Entre os tipos de peixes mais consumidos estão o atum, a 
tilápia, sardinha, a corvina, o tambaqui e o cação.
Incentivar novas fazendas, especialmente, 
na aquicultura, fará com que a oferta aumente, e como consequência 
haverá o incremento da produtividade. “Dessa forma, o preço do pescado 
cairá e isso dará condições para todas as camadas da população 
introduzirem peixe em sua alimentação”, afirma Seif.
Merenda escolar
De acordo com o secretário, outra medida 
que pode incentivar o consumo de pescado seria a introdução na merenda 
escolar nas escolas da rede pública, creches, universidades, nos centros
 comunitários, hospitais e instituições de saúde, entre outros.
“Nós precisamos introduzir nos cardápios 
das escolas, ensinando as crianças o gosto pelo peixe”, afirma o 
secretário. “Muitas delas nunca comeram peixe. As prefeituras optam por 
uma proteína mais barata, como frango, carne moída ou carne de segunda. O
 peixe acaba tendo uma barreira econômica”, diz Seif.
Em Itanhaém, município paulista localizado
 na Baixada Santista, o uso de peixes na alimentação escolar já é 
realidade na merenda das crianças de duas escolas. O nível de aceitação 
dos alunos é excelente, segundo a gestora municipal do Banco de 
Alimentos da prefeitura de Itanhaém, Luciana Melo.
A iniciativa começou em 2010, quando a 
prefeitura de Itanhaém e o Instituto de Pesca desenvolveram ações para 
incluir o pescado na alimentação escolar da rede pública. As escolas 
selecionadas foram a Professora Diva do Carmo Alves de Lima e a Eugênia 
Pitta Rangel Veloso, que ficam em bairros de bolsões de pobreza e 
insegurança alimentar.
De acordo com Luciana Melo, para melhor 
aceitação nas escolas, é usada a polpa do pescado por se integrar 
facilmente ao cardápio escolar. Ele está nas preparações do macarrão com
 molho tipo bolonhesa, com polpa de pescado e no escondidinho de polpa 
de peixe. Os pratos foram desenvolvidos por alunos do curso de 
Gastronomia da Unisantos.
No projeto da prefeitura, há a preocupação
 de capacitar os pescadores artesanais nas exigências sanitárias para o 
fornecimento de pescado como matéria prima, com a oferta de peixes como 
pescada inglesa, pescada goete, sororoca, salteira e tainha. E também 
deve haver atenção maior na capacitação das merendeiras nos quesitos 
conservação, manipulação e preparo dos pratos.
O Programa de Aquisição de Alimentos 
(PAA), na modalidade de Compra com Doação Simultânea, prevê a compra de 
alimentos da agricultura familiar e a sua doação às entidades 
socioassistenciais que atendam pessoas em situação de insegurança 
alimentar e nutricional.
Em 2018, o PAA adquiriu principalmente, 
tilápia, pirarucu, curimatã, tambaqui e traíra de pescadores artesanais 
do Amazonas, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, entre outros 
estados.
Cuidados na compra do peixe
Mesmo sendo um alimento saudável, é 
preciso observar alguns cuidados, principalmente no momento da compra, 
recomenda a presidente do CFN, Albaneide Peixinho. “É preciso ficar 
atento à cor do peixe, ao cheiro e observar se ele está conservado 
adequadamente”, salienta a nutricionista.
No Guia Alimentar para a População 
Brasileira (2014), elaborado pelo Ministério da Saúde, há dicas de 
cuidados na escolha, conservação e manipulação do peixe.
Os peixes devem ser adquiridos em 
mercados, feiras, sacolões, e peixarias que se apresentem limpos e 
organizados e que ofereçam opções de boa qualidade e em bom estado de 
conservação. Peixes frescos devem estar sob refrigeração e apresentar 
escamas bem aderidas ou couro íntegro, guelras róseas e olhos brilhantes
 e transparentes. Peixes congelados devem estar devidamente embalados e 
conservados em temperaturas adequadas.
Outra dica é evitar adquirir aqueles que 
apresentam acúmulo de água ou gelo na embalagem, pois podem ter sido 
descongelados e congelados novamente.
Preparo dos peixes
Já o preparo do alimento pode variar muito
 de acordo com os hábitos regionais. Os peixes podem ser preparados 
assados, grelhados, ensopados (moqueca) ou cozidos. Podem ainda ser 
usados como ingredientes de pirão e saladas ou servir como recheio de 
tortas. Preparações culinárias de peixe com legumes como pimentão, 
tomate e cebola ou com frutas como banana e açaí são muito apreciadas.
 
                
                
                 
Nenhum comentário:
Postar um comentário