O gargalo do agronegócio no Brasil
Se a economia brasileira não teve uma 
recessão pior em 2016 e crescerá um pouco em 2017, isso se deve ao 
agronegócio. É um ramo promissor, que cresce ano após ano e contribui 
consideravelmente para o PIB. Tanto isso é verdade que o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua última estimativa, 
projetou aumento de 31,3% de produção de grãos em relação ano passado. 
Outras atividades – como suinocultura, bovinocultura e avicultura – 
também contam com um prognóstico de expansão. São décadas de estudo, 
investimento em tecnologia e gestão, que geraram a ampliação da 
produtividade e a redução dos custos de produção.
Esse case de sucesso do Brasil é 
reconhecido mundo afora. Foi construído mesmo com um sistema tributário 
voraz, agências fiscalizadoras e reguladoras que atuam com mão de ferro e
 elevado valor do combustível. E enfrentando o mais oneroso gargalo de 
todos para o setor: a logística. Cada região tem suas peculiaridades, 
porém, olhando o país como um todo, o escoamento impacta em torno de 26%
 no custo final do produto. É quase o triplo do que é gasto nas nações 
europeias. Para se ter em mente: o lucro líquido da venda de grãos é de 
aproximadamente 10%, considerando a produção em larga escala. 
O alto custo logístico se deve à 
infraestrutura precária e à ampla utilização do modal rodoviária, em vez
 do ferroviário ou hidroviário – que são mais baratos para o transporte.
 O investimento deficitário feito pelo governo em rodovias e portos 
também é ponto uníssono entre empresas, associações, corporações, 
cooperativas e produtores. 
Além de 
todos esses fatores, que já representam grandes desafios para a evolução
 do faturamento de quem está ligado ao agronegócio, outro tema 
importante são os riscos da terceirização do transporte de cargas. Por 
um lado, a empresa se beneficia com a diminuição das despesas. Por 
outro, fica à mercê de eventuais problemas no escoamento de sua 
produção, gerados por prestadores de serviços. 
Não é raro que a empresa de transporte 
contratada repasse o frete ao motorista autônomo, configurando clara 
quarteirização. E é nesse lastro que o problema se agrava devido às 
imposições e aos regramentos da Lei 11.442/2007, que dispõe sobre o 
transporte rodoviário de cargas. Um exemplo: demora acima de cinco horas
 no descarregamento do produto tem gerado milhares de demandas 
judiciais, propostas por motoristas, com pedidos de indenização. O fato é
 que os riscos de terceirização do transporte da carga podem ser 
consideravelmente minorados a partir da elaboração de contratos 
específicos, por profissional que entenda da legislação e das 
jurisprudências relacionadas à logística no agronegócio.  
Apesar de todo o desafio logístico, a 
grande verdade é que o agronegócio é o “Santo Graal” brasileiro. E 
poderia aumentar ainda mais sua condição de destaque no PIB do nosso 
país se o governo investisse de forma responsável na infraestrutura, 
para o escoamento adequado da produção. 
 
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