Agroecologia vai além da produção de alimentos orgânicos
Francisco Dal Chiavon, o Chicão, destaca que agroecologia muda a relação do ser humano com a naturezaOs produtos orgânicos vêm ganhando espaços nas prateleiras dos supermercados, lojas on-line e mercearias especializadas. E os debates em torno da qualidade do que comemos é importante. Mas há uma grande diferença entre produtos orgânicos e produtos agroecológicos. O que define o alimento orgânico é o modo de produção, a técnica que envolve todo o processo, que se torna livre de agrotóxicos e fertilizantes químicos.
A agroecologia vai além. Segundo Francisco Dal Chiavon, o Chicão, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a agroecologia muda completamente a relação do ser humano com a natureza. “A produção agroecológica não é somente a técnica de produção. Essa é uma fase. A outra fase, mais importante, é a nossa relação com a natureza e com os outros seres humanos, com tudo o que nos permeia. Há uma ideia equivocada que nós, os humanos, estamos fora da natureza, e nós entendemos que na agroecologia nós fazemos parte da natureza. Neste contexto, a agroecologia assume um papel fundamental de mudança na sociedade. Não basta mudar apenas a técnica de produção. Nós temos que começar a mudar a nossa forma de viver”.
As experiências agroecológicas enfrentam grandes desafios, mais do que técnicos, políticos. Chicão aponta que, para mudar o sistema de produção de alimentos, é preciso uma grande reforma fundiária, com distribuição de terras e uma ruptura com o modelo do agronegócio. Ou seja, dar terra para quem quer produzir comida saudável e a preços justos, e não para latifundiários que modificam sementes para ter mais lucro, como é o caso dos transgênicos.
Apesar dos desafios, trabalhadores rurais já demonstram que agroecologia é possível na prática. É o caso da produção de arroz e leite em assentamentos do MST, na região sul brasileira, e das mais de cinco mil feiras agroecológicas espalhadas pelo país.
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