Tereza Cristina: “Maior missão é fazer com que pequenos produtores possam trabalhar com eficiência e mais renda”
Audiência pública
Na
 Câmara, ministra diz que Mapa terá política pública especial para a 
produção de alimentos orgânicos; ela contesta dados sobre uso de 
agrotóxicos e afirma que brasileiros consomem produtos de boa qualidade
A
 ministra Tereza Cristina disse na Câmara dos Deputados, nesta 
terça-feira (09), que a maior missão do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento na gestão dela será fazer com que os pequenos 
agricultores possam produzir de maneira eficiente e ter mais renda. Ela 
disse que é uma defensora incondicional da agricultura familiar e 
informou que o Mapa vai formular uma política pública especial para 
promover a produção de alimentos orgânicos e incentivar essas culturas 
no interior do Brasil.
“Os pequenos produtores precisam ganhar
 dinheiro, aumentar a renda, porque não é feio ganhar dinheiro com 
trabalho. Os pequenos produtores têm de ser apoiados para produzir cada 
vez mais”, disse a ministra. “Tenho atenção especial com os pequenos 
produtores, com os produtores de leite, de hortufruti, com os 
assentados, os que querem trabalhar e progredir. Acredito que o Brasil 
já investiu muito e, em vez de abrir novos assentamentos, precisamos 
fazer com que esses que estão aí produzam cada vez mais”.
Tereza Cristina falou durante mais de 
cinco horas em sessão conjunta das comissões de Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Sustentável, Seguridade Social e Família e Meio Ambiente
 e Desenvolvimento Sustentável. Ela disse que, desde os tempos de 
secretária em Mato Grosso do Sul, sempre trabalhou ao lado dos pequenos 
produtores, e que o ministério não terá nenhum problema em apoiar cada 
vez mais esta parcela do agronegócio. “Dedico boa parte do meu tempo a 
atender esse público. Quero que eles ponham na mesa 90% dos produtos que
 os brasileiros consomem, fazer com eles tenham renda, é isso que 
estamos perseguindo no ministério, políticas que possam levar renda aos 
pequenos do campo”.
No Plano Safra 2019/2020, afirmou a 
ministra, a intenção é atender a um número maior de pequenos e médios 
produtores, que são os mais desassistidos e com menos acesso aos 
subsídios públicos. Ela lembrou que os grandes produtores têm acesso ao 
mercado financeiro, o que não acontece com os representantes da 
agricultura familiar e com os pequenos e médios produtores.
A ministra disse também que a 
sustentabilidade, a segurança fundiária e acesso dos produtores 
familiares ao mercado consumidor estão entre suas prioridades de gestão.
 “Produzir e preservar deve ser a identidade da agricultura brasileira. O
 produtor rural não é transgressor do meio ambiente”, disse Tereza 
Cristina, que defendeu também a compensação financeira aos proprietários
 rurais pela preservação ambiental e pela manutenção de áreas de 
reserva, o que está previsto no Código Florestal.
“Precisamos utilizar esses instrumentos
 existentes na nossa legislação ambiental para incentivar e financiar a 
preservação, como a cota de reserva ambiental e a conversão de multas, 
entre outros”, defendeu ela, acrescentando que “o Brasil é o único no 
mundo onde a propriedade rural privada preserva parte da sua área. 
Dependendo do bioma, vai de 20% a 80%, e o produtor é obrigado a 
preservar e a zelar. Ele entende isso hoje e tem adotado cada vez mais 
essa prática. O Brasil que produz é o mesmo que preserva e restaura”, 
afirmou.
Em relação ao uso de agrotóxicos, um 
dos temas que provocaram mais debate entre os deputados, Tereza Cristina
 elogiou a qualidade dos alimentos consumidos pela produção brasileira e
 afirmou que o país precisa parar de hipocrisia no debate do assunto e 
discutir como dar melhores condições para que todos os agricultores 
possam usar os defensivos agrícolas de forma correta e sem prejuízo à 
saúde. Ela lembrou que a expectativa de vida dos brasileiros aumenta a 
cada ano, o que é um demonstrativo de que a saúde da população está 
melhorando e ela não está sendo prejudicada com o consumo de 
agrotóxicos.
”Será que se o Brasil produzisse 
alimentos de má qualidade nós estaríamos exportando para mais de 160 
países do mundo todo? Esta é uma pergunta que deixo para a reflexão de 
vocês”, disse a ministra aos deputados.
Sobre a segurança fundiária, destacou 
que reduzir os conflitos no campo e trazer segurança para quem vive e 
produz é fazer valer a Constituição. O acesso dos produtores ao mercado,
 de acordo com a ministra pode ser facilitado com a regularização da 
produção de forma declaratória e através do sistema de autocontrole nos 
processos industrial e artesanal. Ela salientou a importância da 
inovação tecnológica e de reestruturar a pesquisa no país, defendeu a 
adoção de medidas desburocratizantes e a intensificação do reuso de 
áreas degradadas.
As dificuldades com as condições de 
transporte e de escoamento também foram apontadas. “A infraestrutura tem
 tirado a competitividade do setor grandemente e o Brasil tem que 
reverter esse problema da renda do produtor, pois ele produz muito. A 
cada dia ele aumenta sua produtividade, mas vem tendo uma renda menor”.
E falou sobre o grande desafio do 
setor: “O Brasil se comprometeu a reduzir em 40% as emissões até 2030, 
enquanto a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a 
Agricultura) disse que nós precisamos ampliar em 50% a nossa produção 
até 2050 para suprir a alimentação do mundo, com o aumento populacional 
previsto”.
“Somos um dos poucos países com grande 
potencial competitivo para uma economia de base renovável, seja na 
produção de alimentos, nas fibras e energia, ao passo que preserva seus 
recursos naturais de forma sustentável. Essa poderá ser a nossa grande 
vantagem comparativa para o mundo no século XXI”, destacou.
 
                         
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