Mulheres rurais se destacam em diferentes atividades e buscam acesso a direitos
#Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos
Mapa
 e Fao lançam nesta terça-feira (16) a 4ª edição da campanha #Mulheres 
Rurais, Mulheres com Direitos. O objetivo é dar visibilidade às 
trabalhadoras do campo.
Pescadoras,
 agricultoras, poetisas, artesãs, embaixadoras, extrativistas, indígenas
 e quilombolas. O protagonismo das mulheres rurais reflete a diversidade
 da atuação feminina em campo. Antes vistas meramente como ajudantes, as
 trabalhadoras rurais têm se destacado em diferentes etapas do processo 
produtivo de alimentos e outras atividades relacionadas à geração de 
renda e desenvolvimento econômico social no campo.
Dar visibilidade ao trabalho promovido por estas mulheres é o principal objetivo da 4 ª edição da campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos,
 lançada nesta terça-feira (16) pela Secretaria de Agricultura Familiar e
 Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(Mapa), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A campanha deste ano tem como 
tema “Pensar em igualdade, construir com inteligência, inovar para 
mudar”. O eixo condutor da iniciativa é a importância de valorizar os 
direitos das mulheres rurais em todos os níveis, desde as garantias 
individuais até coletivas, e promover condições para o cumprimento das 
metas de igualdade de gênero e fim da pobreza rural estabelecidas no 
âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A mobilização ocorrerá até o mês de 
dezembro com atividades que priorizam o papel das mulheres rurais, 
indígenas e afrodescendentes na produção sustentável de alimentos 
saudáveis e nutritivos, principalmente no contexto de crescimento dos 
níveis de insegurança alimentar na região da América Latina e Caribe.
A campanha também visa estimular a 
adoção de medidas que facilitem o acesso delas a recursos e sistemas 
produtivos de inovação, de forma a aumentar a representação das mulheres
 no campo da ciência e do uso de novas tecnologias.
Perfil
Segundo dados do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 15 milhões de mulheres vivem
 na área rural, o que representa 47,5% da população residente no campo 
no Brasil.

Considerando a cor e raça das 
mulheres habitantes da área rural, mais de 56% delas se declaram como 
pardas, 35% brancas e 7% pretas. As indígenas compõem 1,1% da população 
rural feminina, de acordo com o IBGE.
Entre as mais de 11 milhões de mulheres
 com mais de 15 anos de idade que viviam na área rural em 2015, pouco 
mais da metade (50,3%) eram economicamente ativas. Considerando o 
rendimento médio, cerca de 30% ganhavam entre meio e um salário mínimo e
 quase 30% não tinham rendimento.
Segundo o último Censo Agropecuário do 
IBGE, quase 20% dos empreendimentos rurais do país são dirigidos por 
mulheres. Em 2006, o percentual de mulheres rurais empreendedoras era de
 12%. “É um salto significativo, mas ainda é muito pouco, quando sabemos
 que de 70% a 80% dos alimentos são produzidos pelas mulheres rurais, 
principalmente os alimentos para autoconsumo”, comenta Geise 
Mascarenhas, consultora da Secretaria de Agricultura Familiar e 
Cooperativismo do Mapa e uma das coordenadoras da campanha.

 A consultora destaca que, apesar
 da participação significativa no desenvolvimento das comunidades 
locais, a identidade e o trabalho exercido pelas mulheres rurais ainda 
não são reconhecidos pela sociedade. A falta de dados atualizados ou 
mais detalhados sobre o perfil e as demandas das mulheres desafia 
agentes responsáveis pela formulação de políticas públicas voltadas para
 esse público.
“A primeira campanha foi lançada com o 
objetivo de envolver as mulheres, exatamente para conhecê-las. Quem são 
as mulheres rurais, onde elas estão, o que elas fazem? As histórias são 
belíssimas e nos ajudaram a delinear as outras campanhas”.
A especialista ressalta que o Brasil 
está avançando na coleta dessas informações. O Mapa firmou um acordo com
 o IBGE, que está criando um banco de dados e aprimorando o levantamento
 de informações agropecuárias com a perspectiva de gênero.
Em âmbito regional, estudos da FAO 
mostram que a pobreza atinge o que representa quase metade ou 59 milhões
 das pessoas que vivem nas áreas rurais dos países da América Latina. A 
extrema pobreza chega a 22,5% da população rural da região. E a maioria 
dos pobres na área rural do continente é formada por mulheres.

Histórico
A campanha #Mulheres Rurais começou em 
2015 no Brasil como uma iniciativa para dar visibilidade ao trabalho da 
mulher rural. O lema da primeira campanha foi “Sou trabalhadora rural, 
não sou ajudante”. A partir de 2016, a campanha se estendeu para a 
América Latina e o Caribe e incluiu o tema dos direitos relacionados à 
igualdade de gênero, principalmente o combate à violência.
“Percebemos que a campanha teve uma 
aceitação tão grande e começamos a trabalhar com os direitos das 
mulheres: direito à educação, direito à saúde, direito a uma vida digna,
 à alimentação e direito ao lazer, ao descanso. Isso nos deixava muito 
impactada, porque muitas mulheres nos perguntavam: “mas, isso é um 
direito? ”, relata Geise.
O desconhecimento das mulheres rurais 
acerca dos próprios direitos incentivou a campanha a ampliar o tempo de 
mobilização de 16 dias para 9 meses e de adaptação dos temas à realidade
 das mulheres dos países alcançados. Segundo Geise, a campanha tem 
ampliado sua capilaridade por diferentes territórios e gerado resultados
 expressivos, principalmente para empoderamento e autonomia das 
mulheres.
“Estamos ampliando os trabalhos, 
incorporando mais o público alvo, de mulheres rurais, com públicos mais 
diferenciados, como mulheres indígenas, mulheres quilombolas, que tem 
especificidades. Sabemos que a agricultura familiar é muito 
diversificada e as mulheres tem suas diferenças que precisam ser 
reconhecidas”, comenta Geise.
A campanha deste ano foi organizada 
pela FAO em parceria com a ONU Mulheres, a Secretaria de Agricultura 
Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (Mapa), a Comissão sobre Agricultura Familiar do Mercosul 
(Reaf) e a Direção Geral do Desenvolvimento Rural do Ministério da 
Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.
Para esclarecimentos de dúvidas, é 
possível entrar em contato com a coordenação da campanha pelo e-mail: 
mulheresrurais.saf@agricultura.gov.br ou pelo telefone: (61) 3218.2886
 
                         
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