Moção de Repúdio Contra o Governo Federal
Nós,  membros  do  Comitê  da  Bacia  Hidrográfica  do  Rio  São  Francisco,  reunidos  na  XXXIII 
Plenária Ordinária,  realizada  nos  dias  07 e  08  de  dezembro  de  2017, em Paulo Afonso  (BA), 
viemos  a  público manifestar  nosso
repúdio  à  falta  de  prioridade  do  Governo  Federal  com o 
Programa  Cisternas,  ao  propor,  no  Projeto  de  Lei  Orçamentaria  Anual 
–
PLOA  2018,  a 
redução de recursos do programa, de R$ 248,8 milhões, previstos na Lei Orçamentária Anual 
(LOA) 2017, para apenas R$ 
20 milhões no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2018, o 
que significa apenas 8% do recurso disponível em 2017 e 6% do recurso de 2010, ou seja, um 
corte de 92%, praticamente acabando com o Programa Cisternas.
A demanda de  Cisternas de  água para con
sumo humano é  da ordem de 350 mil famílias no 
Semiárido  Brasileiro  e  há  uma  demanda  ainda  maior  pela  democratização  das  tecnologias 
sociais de armazenamento de água para produção de alimentos. Somado a esse corte, ainda 
estão  previstas  reduções  de  recursos
em  várias  outras  políticas  que  atingem  diretamente  a 
população  rural  do  Semiárido,  e  acontece  no  momento  em  que  a  região  vivencia  6  anos 
(2012  a  2017)  da  maior  seca  dos  últimos  100  anos 
-
em  que  não  há  registros  de  migração, 
frentes  de  emergência,  saques 
nas  cidades  e  nem  mesmo  mortes  humanas.  Pelo  contrário, 
comemoramos  mais  de  1  milhão  de  famílias  com  acesso  à  água  de  qualidade  para  beber  e 
cozinhar, beneficiando mais de 5 milhões de pessoas.
Repudiamos a falta de prioridade por parte do governo federal
para o Semiárido, sobretudo 
no  momento  em  que  o  Programa  Cisternas  recebe  reconhecimento  internacional  com  o 
Prêmio Política para o Futuro da ONU. O que temos observado é a crescente disponibilidade 
de  recursos  para  ações  que  já  demonstraram  sua  ineficáci
a  no  passado  e  reforçam  o 
combate à seca e o aumento da fome. É a volta do velho “Coronelismo” e, com ele, a 
“Indústria da Seca” e da Fome.
Não podemos admitir os cortes no Programa Cisternas, fruto de  uma construção política da 
Articulação   no   Semiárido   (
ASA)   em   diálogo   com   o   governo   federal   desde   2003,   e 
reivindicamos  que  os  parlamentares  e  o  governo  federal  revejam  o  montante  de  recursos 
destinados  ao  Programa,  ampliando  o  seu  orçamento  para  2018  para,  no  mínimo,  R$  250 
milhões.
O Comitê da Bacia Hidrog
ráfica do Rio São Francisco assumiu no seu Plano Decenal de 2016 a 
2025 a  revitalização  do  Rio  São  Francisco e  a  Convivência  com  o  Semiárido  com  uma  de  suas 
metas e considera o Programa Cisternas um parceiro na implementação destes objetivos. Com 
este  posi
cionamento,  o  Comitê  se  soma  às  milhares  de  vozes  dos  povos  do  Semiárido  pelos 
direitos  à  terra  e  à  água,  aos  alimentos  de  qualidade  e  sem  veneno,  preservando  o  meio 
ambiente e a biodiversidade
. 
Paulo Afonso/BA, 08 de dezembro de
2017
.
Anivaldo de Mi
randa Pinto
Presidente do CBHSF
Lessandro Gabriel da Costa
Secretário do CBH
 
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