Pastoreios de fundos de pasto resistem no sertão
Cabras e ovelhas criadas em áreas coletivas asseguram o sustento de grupos  tradicionais da Caatinga, mas a dificuldade de reconhecimento fundiário  oficial e a falta de políticas públicas adequadas ameaçam o futuro dos  sertanejos.
Muita  coisa mudou e continua mudando na região árida. Determinados modos de  vida, entretanto, resistem bravamente. É cada vez maior a popularização  das cisternas no sertão nordestino, solução simples e barata para captar  a água da chuva. O sanfoneiro divide espaço com as guitarras de "forró  eletrônico", ou "forró de plástico", na definição dos mais puristas.  Usado há séculos como meio de transporte oficial do sertanejo, o jegue é  substituído pela infinidade de motos. Não é difícil encontrar animais  abandonados perambulando pelas estradas.
Em  meio à secura que dificulta a agricultura, o pastoreio segue como base  da subsistência de muita gente. Comunidades que, unidas por laços de  cumpadrio e parentesco, usufruem de áreas sem cercamento de forma  compartilhada. Esses pedaços de terra atrás das roças das famílias são  chamados de "fundos de pasto".
Nos  "fundos de pasto", os animais alimentam-se da própria vegetação nativa.  São alguns bovinos e ovelhas, mas principalmente cabras e bodes. A  resistência às estiagens e a adaptação alimentar aos produtos da  Caatinga fazem deles os preferidos. Cotidianamente, são soltos pela  manhã e recolhidos ao curral, no fim do dia, quando um chocalho amarrado  no pescoço de alguns deles - cuja tonalidade específica cada dono sabe  reconhecer - ajuda na tarefa de localizar o rebanho. Cortes ou marcações  a ferro quente nas orelhas também diferenciam os bichos de cada um. 
– Dizemos sempre que não somos nós que criamos o bode, mas que é o bode que cria a gente - brinca Maria Izete Lopes, moradora da comunidade de fundo de pasto de Boa Vista, em Campo Alegre de Lourdes (BA). "Fazemos tão pouco por ele, e ele nos dá tanto de volta..."

Não somos nós que criamos  o bode. É ele que cria a gente. (foto: André Campos)
Comunidades  que se organizam em fundos de pasto estão presentes num amplo espectro  da Região Nordeste, perpassando, por exemplo, Pernambuco e Piauí. É na  Bahia, porém, onde tais grupos têm maior visibilidade. Atualmente,  existem 487 fundos de pasto identificados pelo governo estadual, que  possibilitam o sustento de cerca de 16 mil famílias, espalhadas por  dezenas de municípios nordestinos.
Juntamente  com quilombolas, seringueiros, ciganos e quebradeiras de coco, entre  outros, as comunidades de fundo de pasto constituem um dos 14 grupos com  assento na Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e  Comunidades Tradicionais - criada pelo governo federal para articular  políticas de apoio e reconhecimento às diferenças no Brasil. 
Esse  reconhecimento guarda vínculo com a luta fundamental desses grupos para  que territórios tradicionais não sejam mais considerados terras de  ninguém, mas espaços essenciais à reprodução de diferentes modos de  vida. 
Arranjo frágil
Em  muitos casos, os atuais grupos de fundo de pasto são formados por  descendentes de vaqueiros da chamada Civilização do Couro, período que  remete aos primórdios da colonização do sertão, quando se criava gado  para fornecer animais de trabalho aos engenhos de açúcar. Eram homens  livres que, por seus serviços, recebiam filhotes como pagamento -  sistema que perdurou até tempos recentes entre trabalhadores de poucas  posses e proprietários de rebanhos maiores. 
– Aqui  sempre sobrevivemos assim, tomando conta da criação de um e de outro.  De cada quatro bezerros nascidos, a gente ficava com um – lembra Joaquim da Rocha, um dos mais velhos moradores da comunidade de fundo de pasto de Riacho Grande, em Casa Nova (BA).
Os  vaqueiros mantinham bois, cabras, carneiros, porcos e roças de  subsistência nas terras dos grandes sesmeiros que, via de regra, moravam  em centros urbanos distantes. Como viviam de certa forma isolados,  puderam se organizar com relativa autonomia. Seus descendentes formaram  comunidades nas quais o pastoreio solto em áreas comuns explica-se pela  necessidade de socializar a pouca água. Livres, os animais buscam  folhagens verdes e açudes naturais formados pela chuva. 
Impulsionadas  pelas mesmas condições ambientais, outras populações de origem branca,  indígena ou mesmo quilombola também geraram povoados do gênero. Essa  diversidade étnica, de acordo com Luiz Antônio Ferraro Júnior,  pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana, reflete a  realidade atual dos fundos de pasto. 
– Há tanto comunidades predominantemente negras quanto brancas - atesta. 
Em sua tese de doutorado, ele ressalta ainda a prevalência da mestiçagem na maioria delas.
No  século XIX, a decadência dos engenhos levou ao esvaziamento do ciclo do  gado no sertão. Foram desmembradas as enormes sesmarias, como as Casas  da Torre e da Ponte - que, juntas, ocuparam a maior parte do sertão  baiano. 
A  partir de então, paralelamente à apropriação de grandes áreas pelos  "coronéis" locais, parte das terras devolvidas ao Estado permaneceu  habitada informalmente por comunidades pastoris. Esse frágil arranjo  fundiário, porém, sofreria abalos no século seguinte, quando, com os  cercamentos de arame farpado - invento de 1873 que rapidamente se  popularizou pelo mundo - novos proprietários (grileiros) aceleraram o  cercamento de territórios até então utilizados no pastoreio em regime de  "bode solto".
A  década de 1980 marca um agravamento dessa disputa, impulsionada pelo  advento das chamadas "leis dos quatro fios" ou "leis do pé alto" -  regulamentos municipais que obrigavam à criação de caprinos e ovinos  apenas em áreas cercadas, a fim de evitar prejuízos em propriedades  alheias. Na prática, inviabilizavam o modo de vida de muitos grupos,  fato que deu origem à mobilização em torno da bandeira dos fundos de  pasto. 
–  Não havia denominação comum, identidade ou organização política dessas  comunidades pastoris previamente aos conflitos – explica Luiz Antônio  Ferraro Júnior. 
Marco regulatório
Como  resultado dessa pressão, a Constituição da Bahia de 1989 abriu uma  inédita possibilidade de titulação dessas terras públicas utilizadas no  pastoreio coletivo. Diz o Artigo 178 do documento: "o  Estado, se considerar conveniente, poderá conceder o direito real da  concessão de uso, gravado de cláusula de inalienabilidade, à associação  legitimamente constituída e integrada por todos os seus reais ocupantes,  especialmente nas áreas denominadas de Fundos de Pastos ou Fechos e nas  ilhas de propriedade do Estado".
Dos  quase 500 fundos de pasto reconhecidos hoje, apenas cerca de 110 estão  regularizados. Desde 2007, aliás, nenhum novo título de terra foi  entregue às comunidades. Um parecer da Procuradoria Geral do Estado  considerou que tal regularização deve ocorrer por meio da concessão do  uso das terras, que continuariam a pertencer à União. Antes, documentos  de posse eram emitidos em nome de associações constituídas pelas  famílias. A mudança, segundo Luís Anselmo Pereira de Souza, da  Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA) - órgão estadual à frente  das ações de ordenamento fundiário - gerou novas burocracias que  atrasam o processo. "É importante modificar a lei para possibilitar a transferência do domínio às comunidades", afirma. 
Há  ainda a questão do tamanho das demarcações. As áreas reconhecidas como  fundo de pasto não podem ultrapassar 2,5 mil hectares - acima disso,  qualquer venda ou concessão de terras públicas precisa, de acordo com a  Constituição, ser aprovada pelo Congresso Nacional.
José  Edmílson dos Santos, membro da Articulação Estadual dos Fundos de  Pasto, adverte, contudo, que o montante regularizado muitas vezes fica  bastante aquém desse limite. “Temos áreas coletivas com menos de 100 hectares titulados. Aí não é viável",  reclama. Em resposta, o responsável principal pela CDA garante que a  demarcação é feita com base na área efetivamente ocupada pelas  comunidades. Se realmente ocorreram situações contrárias a isso, diz  ele, não é algo que ocorreu durante a sua gestão.
Conflitos
Enquanto  se discutem as leis, permanecem os conflitos por terra. Atualmente, um  dos mais emblemáticos remete à região de Areia Grande, no município de  Casa Nova, habitada por quatro comunidades de fundo de pasto, que  totalizam cerca de 360 famílias. Em março de 2008, policiais entraram no  local para cumprir decisão da Justiça que determinava a retirada de  alguns de seus moradores. A ação resultou de um processo movido por dois  empresários que reivindicam a posse de cerca de 25 mil hectares na  região.
O  território em questão é palco de celeuma antiga, relacionada ao  episódio conhecido como "Escândalo da Mandioca". Há cerca de 30 anos,  instalou-se em Areia Grande, a Agroindustrial Camaragibe, empreendimento  que obteve incentivos públicos para produzir álcool a partir da  mandioca. Mais tarde, denúncias apontaram a iniciativa como parte de um  esquema para apropriação de empréstimos estatais e seguros agrícolas,  sob alegação de que a seca destruía as plantações. O escândalo ganhou  notoriedade quando Pedro Jorge de Melo e Silva, procurador que  investigava o caso, foi assassinado em Olinda (PE). 
Já  naquela época, a autenticidade dos títulos de propriedade da empresa  era alvo de questionamentos. Famílias denunciavam a sobreposição com  áreas de pastoreio. Com o abandono do negócio, em meados da década de  1980, as terras foram ocupadas no sistema de fundo de pasto. Os  conflitos ressurgiram quando, em 2006, os citados empresários  adquiriram, do Banco do Brasil, os direitos sobre a dívida deixada pela  Agroindustrial Camaragibe - posteriormente, em acordo estabelecido com  os representantes da companhia, obtiveram os títulos das terras como  pagamento.
Após  idas e vindas, o despejo dos moradores foi suspenso no final de 2008.  Na ocasião, laudo da CDA sobre os registros fundiários em Areia Grande  confirmou a grilagem. Pouco tempo depois, em fevereiro de 2009, o  assassinato de José Campos Braga, liderança local envolvida na disputa  pela terra, abalou a comunidade. Ele foi encontrado morto a tiros em sua  casa. O crime ainda está sob investigação. Para a Associação de  Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (AATR), há fortes  suspeitas de ação de pistolagem. "Existem muitas queixas de ameaças  anteriores ao assassinato, e elas continuam após o ocorrido", atesta  Emília Teixeira, advogada da entidade. 
Procurado  pela reportagem, o ex-diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de  Juazeiro (BA), Alberto Martins Pires Matos - um dos empresários  postulantes à área - qualificou como "infeliz" a tese de que aquelas  são, na verdade, terras públicas. "É um título com mais de 50 anos.  Inclusive, quando vistoriamos a fazenda, à época da aquisição, não  existia ninguém morando na região. Houve uma invasão", argumenta.
De  acordo com organizações da região, há suspeitas de que o interesse  pelas terras de Areia Grande esteja relacionado à especulação gerada  pelo mercado de agrocombustíveis - atiçado por projetos como o Canal do  Sertão, que pretende usar água do Rio São Francisco para viabilizar a  produção de etanol. Questionado, Alberto não revelou o que pretende  instalar no local.
Novas ameaças
Além  dos agrocombustíveis, Marina Braga, agente da Comissão Pastoral da  Terra na Bahia (CPT-BA), relata a existência de outras ameaças às  comunidades de fundo de pasto. Projetos de mineração, de barragens e até  de parques eólicos são iniciativas em andamento sobre as quais, segundo  ela, pairam variadas dúvidas. "Existem muitos empreendimentos pensados para áreas dessas comunidades, a respeito dos quais há poucas informações".
Atualmente,  um dos casos mais polêmicos é a criação do Parque Nacional do Boqueirão  da Onça, encampada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). A proposta  ainda em estudo atinge parte considerável de cinco municípios -  incluindo áreas de fundo de pasto - e prevê a desapropriação dos imóveis  dentro de 862 mil hectares. "Sempre  que possível, evitou-se a inclusão de áreas com potencial agrícola,  assim como aquelas ocupadas por comunidades rurais, entretanto, alguns  povoamentos situados no centro da área não puderam ser excluídos" -  justifica o órgão. No passado, as próprias pessoas de Areia Grande já  foram afetadas por um grande projeto - a Usina Hidrelétrica de  Sobradinho, cuja barragem inundou parte das áreas ocupadas e obrigou  diversos moradores a se mudar para agrovilas construídas em Serra do  Ramalho (BA). "Teve gente que até morreu. Tomou veneno por desgosto", afirma Valério da Rocha, ex-presidente da União das Associações de Fundo de Pasto de Casa Nova (BA).
A  obra gerou um dos maiores lagos artificiais do mundo, que levou  inclusive à realocação, na década de 1970, das cidades sertanejas de  Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso e Sento Sé, todas postas embaixo da  água. Ironicamente, passados mais de 30 anos, as comunidades locais  permanecem sem acesso à eletricidade, a poucos quilômetros do  reservatório da usina. Sobre suas casas passam os cabos que levam a  energia de Sobradinho ao Piauí.
No  relato de membros das comunidades de fundo de pasto, a falta de  eletricidade não é a única lacuna de infraestrutura e atuação do poder  público. Burocracia para acessar recursos e programas governamentais,  bem como a ausência de políticas de crédito condizentes com o modelo de  produção desses grupos, são outros entraves. E mesmo quando o Estado  chega, há reclamações - relacionadas, por exemplo, à introdução de raças  para o melhoramento genético do rebanho não adaptadas ao pastoreio  solto na Caatinga.
Além  da criação de animais e das roças de subsistência, há outras formas de  exploração econômica nos fundos de pasto: a produção de mel e o  extrativismo de frutas são dois exemplos de potencialidades  eventualmente exploradas. Para José Edmílson, da Articulação Estadual de  Fundos de Pasto, quando o assunto são as ações governamentais de  fortalecimento produtivo, falta capacitação às famílias para a  continuidade dos projetos. "Existem hoje muitas casas de farinha,  fábricas de costura e padarias quebradas ou fechadas nas comunidades",  ressalta. Em geral, diz ele, sempre é preciso recorrer ao poder público  para, por exemplo, obter consertos e reposição de peças. "As coisas são feitas de forma que a comunidade fique eternamente dependente". 
Cenário  semelhante remete à delicada questão do acesso à água. Apesar de  avanços nas últimas décadas, há ainda, segundo o representante das  comunidades, um déficit de políticas consistentes em benefício do  sertanejo. Como exemplo, ele cita casos que envolvem a construção de  cisternas de baixa durabilidade. "Muitas vezes não são programas que visam acabar com o problema, mas sim propagandear estatísticas".
No  sertão nordestino, onde grande parte dos açudes esvazia-se na seca,  armazenar água é crucial para a sobrevivência das famílias e de seus  rebanhos. Historicamente, poços perfurados em locais de água muito  salgada ou mesmo reservatórios públicos construídos com grande perímetro  e pouca profundidade - facilitando, assim, a evaporação - são exemplos  de obras inadequadas. 
Além  disso, há também uso político das condições climáticas, que inclui o  favorecimento de determinados grupos por meio da criação de  reservatórios em suas propriedades, ou mesmo o voto-de-cabresto  sustentado em ações emergenciais para atender flagelados - elementos  daquilo que ficou conhecido como "indústria da seca". "É comum as  pessoas se sentirem em dívida com aquele político que lhes mandou um  carro-pipa na hora do aperto", conta Moisés das Neves, técnico em  agropecuária do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais  (Sasop), ONG que atua junto a agricultores familiares.
Na  opinião de Egnaldo Xavier, gerente da Cooperativa de Agropecuária  Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), o histórico de  clientelismo e coronelismo é, ainda hoje, um entrave ao desenvolvimento  dos fundos de pasto "Tivemos aqui a Guerra de Canudos, uma experiência  de organização coletiva que foi destruída", lembra. Tudo isso, de acordo  com ele, dificulta a percepção do associativismo como uma ideia boa. 
Desde  tempos remotos, as comunidades de fundo de pasto cultivam relações  internas de colaboração mútua, como mutirões para construir casas e  organizar festejos religiosos. No entanto, para Egnaldo Xavier, faltam  articulações mais amplas de organização.
 "Nós,  nordestinos, somos muito solidários. Se você precisa de mim, eu o  ajudo; se adoece, eu levo um chá e tudo mais. Agora, na hora de  desenvolver ações produtivas, é assim: você cuida do seu e eu cuido do  meu", ilustra. 
Contando  atualmente com 141 cooperados, a Coopercuc reúne 16 grupos de fundo de  pasto na produção de geleias, doces, sucos e outros alimentos feitos  com frutos da Caatinga. Sua produção é vendida nos mercados interno e  externo. "Acreditamos que o trabalho representa hoje um acréscimo de 20% a 30% na renda das famílias participantes", estima.
Estigma do atraso
Apesar  da luta para valorizar os fundos de pasto, é certo que, em muitos  corações e mentes, adjetivos como "arcaico" e "obsoleto" permanecem  associados a essas populações, mas uma pesquisa apresentada em 2006 por  Fabiano Toni, da Universidade de Brasília, atesta que o uso coletivo das  terras pode ser considerado uma estratégia vantajosa ante as  peculiaridades do sertão. 
Ele  entrevistou 549 agricultores em 12 municípios do semiárido baiano,  divididos entre pequenos proprietários e criadores de animais em fundos  de pasto. Apesar de os primeiros tenderem a um uso ligeiramente maior  de tecnologias intensivas, isso não lhes proporcionou uma renda melhor.  Segundo o estudo, os membros das comunidades tradicionais desfrutavam de  maior segurança alimentar, consumindo mais carne que os pequenos  proprietários e seus dependentes.
De  acordo com Fabiano, a explicação é simples: como os agricultores que  utilizam terras coletivas investem mais em pequenos animais, eles  possuem rebanhos maiores, o que permite abater um ou outro bicho com  mais frequência. "Uma cabra ou um carneiro podem ser comidos em alguns dias por uma família, partilhados com os vizinhos ou salgados", explica. "As  vacas, por outro lado, precisam ser vendidas no mercado, pois uma  família não pode estocar ou consumir toda a carne, mesmo quando possui  geladeira."
Apesar  dessa vantagem comparativa, no entanto, há uma ameaça cada vez mais  urgente na rota da sustentabilidade dos fundos de pasto: a degradação  ambiental. "Os rebanhos aumentaram e muitas terras já foram cercadas.  Isso provoca pastoreio excessivo", diz José Edmílson. A despeito das  preocupações - visto que a mata nativa é a base da alimentação dos  rebanhos, são ainda embrionárias ações de recomposição florestal que  envolvam essas comunidades. 

Não somos nós que criamos  o bode. É ele que cria a gente. (foto: André Campos)
Em 2007, a  divisão de caprinos e ovinos da Empresa Brasileira de Pesquisa  Agropecuária (Embrapa) implementou em fundos de pasto nos municípios de  Uauá (BA) e Andorinha (BA) dois projetos pioneiros de sistema  agrossilvipastoril. O método inclui árvores, plantio e pastagens numa  mesma área, manejados de forma integrada. Para Mônica Campanha, da  Embrapa, o modelo pode ser incorporado às políticas de apoio para as  comunidades. "Ele apresenta um elevado custo de implantação, mas é enorme o ganho ambiental".
Esta reportagem foi publicada na revista Problemas Brasileiros.
Título original: “Comunidades de fundos de pasto resistem às pressões”
 
 
       
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