segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Bicudo da cana-de-açúcar: saiba como fazer o manejo

As larvas do bicudo da cana-de-açúcar podem causar perdas de 20 a 30 toneladas por hectare ao ano. Entenda!

O bicudo da Cana-De-Açúcar (Sphenophorus levis), é uma praga que se desenvolve no solo. Durante sua fase larval, ataca os rizomas e os colmos das plantas de cana e pode reduzir a produtividade e a longevidade dos canaviais.

De acordo com o Instituto Biológico de São Paulo, os danos causados pelas larvas de bicudo da cana-de-açúcar podem causar perdas de 20 a 30 toneladas por hectare ao ano

Ao menos desde o final da década de 1980, sua ocorrência vem sendo registrada com maior frequência principalmente em canaviais do estado de São Paulo.

Para reduzir os impactos desta praga na lavoura, são necessárias ações como manejo integrado de pragas e monitoramento adequado.

Comportamento do bicudo da cana-de-açúcar

Segundo material didático do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), o bicudo da cana-de-açúcar é muito parecido com o Bicudo-Do-Algodoeiro .

O inseto mede cerca de 15mm, é pouco ágil e tende a ficar imóvel quando é manipulado.

O desenvolvimento do inseto durante seu ciclo está diretamente ligado ao seu hábito alimentar e, consequentemente, aos danos causados nas plantas de cana-de-açúcar.

O bicudo da cana-de-açúcar se desenvolve da seguinte forma:

  • Oviposição
    As fêmeas perfuram os tecidos do rizoma da planta com o bico. Na sequência, inserem os ovos na base das brotações, abaixo do nível do solo.
  • Eclosão das larvas
    Após cerca de 12 dias de incubação dos ovos, as larvas eclodem e começam a escavar galerias no interior e na base da planta para se alimentarem.
  • Desenvolvimento das larvas
    As larvas se desenvolvem por um período que dura, em média, 50 dias. No final dessa etapa, a praga prepara uma câmara com a serragem deixada como resto de sua alimentação nas galerias e se transforma em pupa dentro dela.
  • Adulto
    De 7 a 15 dias após “empupar”, os adultos emergem. Já com a forma de bicudo que conhecemos, eles permanecem no solo, sob torrões e restos vegetais ou entre os perfilhos das plantas.

O ciclo do bicudo da cana-de-açúcar é longo. Os machos vivem cerca de 203 dias, enquanto as fêmeas vivem 224.

Ao longo do ciclo, cada fêmea pode ovipositar de 40 a 70 ovos.

Danos do bicudo da cana-de-açúcar

Os danos causados pelo bicudo na cana-de-açúcar acontecem enquanto o inseto ainda é uma larva.

De modo geral, a larva destrói o rizoma e os colmos das plantas de cana-de-açúcar para se desenvolver. Como consequência, pode ocorrer a morte da planta atacada.

Em áreas com a presença de bicudo da cana-de-açúcar, é comum encontrarmos falhas nas brotações das soqueiras e redução do stand da cultura.

Ataques recorrentes podem causar perdas cumulativas nos cortes e redução da longevidade do canavial.

Ainda segundo o Instituto Biológico, o bicudo pode causar a morte de 50% a 60% dos perfilhos da planta de cana com cinco a sete meses de crescimento. Estas perdas podem se acumular em até 30 toneladas de cana perdidas para a praga por hectare ao ano.

Impactos do bicudo em cada corte do canavial

Estudo realizado pelo Consultor Sênior em Manejo Integrado de Pragas, Enrico De Beni Arrigoni, avaliou o dano causado por diferentes níveis populacionais de bicudo da cana-de-açúcar durante quatro cortes da planta.

Sobre os resultados da pesquisa, Arrigoni explica que “a determinação dos índices de perdas tem como base a diferença do parâmetro avaliado em relação à testemunha”.

De acordo com a avaliação do especialista, a cada 1% de colmos infestados por bicudo da cana-de-açúcar, os impactos são esses:

  • Produção agrícola – perdas de 0,55% a 2,08%.
  • TPH (Tonelada de Pol por Hectare) – perdas de 0,08% a 0,33%.
  • Margem de contribuição do sistema agroindustrial - 1,63% a 13,34%.

Manejo do bicudo da cana-de-açúcar

O Manejo Assertivo do bicudo no canavial depende de um bom monitoramento e do uso de estratégias integradas.

O monitoramento deve ser realizado após a colheita, em soqueiras de cana de 2 a 3 meses de idade.

Os alvos da avaliação devem ser os sintomas característicos de plantas atacadas pelo bicudo: secamento das folhas mais velhas evoluindo para o secamento das folhas mais novas.

Plantas danificadas identificadas durante o monitoramento devem ser arrancadas e avaliadas com o objetivo de determinar se a causa é ou não o bicudo da cana-de-açúcar.

O conjunto de medidas para controle do bicudo da cana-de-açúcar integra:

  • destruição mecânica da soqueira;
  • uso de iscas tóxicas para monitoramento e manejo;
  • manejo da área destruída para que fique livre de vegetação hospedeira por um período maior que três meses;
  • plantio com aplicação de inseticidas registrados para a praga na cultura.

Controle biológico do bicudo da cana-de-açúcar

O controle biológico também pode ser utilizado no manejo do bicudo.

Em 2020, o Instituto Biológico compartilhou avanços nos estudos do Uso De Nematoide Como Inimigo Natural Do Bicudo Da Cana-De-Açúcar.

O pesquisador do instituto, Luís Garrigós Leite, explica que o produto a base do nematoide Steinernema rarum é uma tecnologia nacional inédita e pode reduzir a ocorrência do bicudo em até 80% nos canaviais.

Para controlar o bicudo, o nematoide causa uma infecção natural nos insetos encontrados dentro do rizoma ou colmos da planta de cana.

 

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