Pela Autodeterminação dos Povos, com Soberania Alimentar e Energética |
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Seguimos a caminhada pelos 10 eixos da Marcha das Margaridas falando sobre mais um dos pilares da nossa plataforma política: Pela Autodeterminação dos Povos, com Soberania Alimentar e Energética. O que significa cada um desses conceitos?
Autodeterminação dos povos significa que um povo
deve poder conduzir livremente sua vida política, econômica e cultural,
de acordo com princípios democráticos. No entanto, se o Estado, por meio
de seus governantes, não permite que populações indígenas e quilombolas
participem das decisões que as afetam, nem tenham controle adequado de
seus territórios (em muitos casos até de terras já demarcadas e
homologadas), ou quando o Estado permite que essas populações sofram
violências e constantes invasões e extrações de seus recursos naturais,
esse Estado está ferindo o princípio da autodeterminação dos povos.
A soberania, como já vimos na matéria sobre o lema da Marcha, significa poder de decisão.
Quando falamos de soberania alimentar, queremos
dizer que o povo de nosso País deve ter o poder e o direito de defender
sua cultura alimentar e decidir sobre as formas de cultivo,
distribuição, consumo e preparo dos alimentos. Isso tem a ver com o
respeito às culturas e diversidades dos modos camponeses, pesqueiros,
indígenas e quilombolas, assim coo da produção agropecuária,
comercialização e gestão dos espaços rurais – e nesses aspectos, as
mulheres desempenham um papel fundamental.
“A produção da ‘comida de verdade’ depende
fundamentalmente da agricultura familiar, camponesa e indígena, que são
constantemente ameaçadas pelas políticas impostas pelo agronegócio. Por
isso, a garantia da soberania alimentar torna-se uma estratégia para
romper com a lógica do modelo de desenvolvimento capitalista e
patriarcal, gerador de pobreza e desigualdades. Através da soberania
alimentar são questionados os pilares do atual sistema alimentar
dominante, que tem levado ao empobrecimento e padronização das práticas
alimentares e à disseminação de conflitos territoriais”, afirma a
secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora da Marcha das Margaridas
2019, Mazé Morais.
A soberania energética, por sua vez, diz respeito
ao direito da sociedade de tomar suas próprias decisões em relação à
geração, distribuição e ao consumo de energia de maneira apropriada do
ponto de vista ambiental, social econômico e cultural. Mas o atual
modelo energético brasileiro tem como principal objetivo dar lucro para
grandes corporações transnacionais, bancos e empreiteiras, sem
considerar questões ambientais nem os impactos às populações atingidas
por barragens, hidrelétricas, mineradoras, carvoarias ou campos de
extração de petróleo. A energia virou um negócio e não um meio de
atender às necessidades da população e promover o desenvolvimento
solidário e sustentável de nosso País.
“As empresas do setor energético – como Petrobrás e
Eletrobrás – não podem estar nas mãos do capital privado e de
corporações transnacionais. Os recursos gerados devem ficar no Brasil
para serem investidos em saúde e educação para nosso povo. Muitos
hospitais e postos de saúde foram construídos com recursos vindos dessas
estatais, a maior parte deles nos municípios rurais. Esses municípios
serão os mais prejudicados se deixarmos que o patrimônio energético para
empresas privadas”, explica Mazé Morais.
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CONTAG |
quarta-feira, 24 de julho de 2019
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