Como evitar a diarréia nos bezerros apenas com um bom manejo
Um manejo adequado apresenta a segurança, para o produtor rural, de que se pode reduzir a incidência da doença no rebanho. Uma alternativa simples e com custos baixos, segundo a pesquisadora Teresa Alves, da Embrapa, é seguir como primeiro passo garantindo ao animal a oferta do colostro nas primeiras seis horas de vida.A higiene também pode evitar a doença. Deve-se higienizar os equipamentos usados para fornecimento de leite. Em caso de mamadeira, utilizar um bico para cada bezerro ou lavar antes de dar a outro filhote. Assim evita-se a transmissão dos microrganismos.
O comedouro e o bebedouro precisam estar sempre limpos. “Aqui na Embrapa Pecuária Sudeste, elevamos os bebedouros e comedouros para evitar sujeira. No chão, o bezerro pisa e defeca no local, contaminando a comida e a água. Os microrganismos multiplicam-se e, consequentemente, aparece a diarreia”, explica Alves.
Outra ação de extrema importância é separar os animais para evitar contato entre eles para não ocorrer contaminação cruzada. Os animais que apresentam sintomas da doença devem ser isolados para não transmitir aos outros. É importante o acompanhamento de um médico veterinário em casos de contaminação do rebanho.
É possível reduzir a diarreia em bezerros com uso de homeopatia
As primeiras duas semanas de vida são as mais críticas para ocorrência de diarreia no animal, quando seu sistema imunológico ainda não está estabilizado. De acordo com a pesquisadora Teresa Cristina Alves, é nesse período que mais se perde animais por causa da doença. Além disso, a debilidade o deixa suscetível a adquirir outras infecções e retarda o desenvolvimento do filhote.A pesquisa com uso de homeopatia preventiva e adição do mineral zeólita em bezerros, foi um dos primeiros testes realizados pelos técnicos. A formulação da homeopatia foi composta de Arsenicum alb 12 CH, Nux vomica 12 CH, Podophyllum 12 CH, Carbo Vegetabilis 12 CH e Chino 12 CH. Cerca de 25% dos animais tratados com homeopatia não tiveram nenhuma ocorrência de diarreia no período do experimento.
Os primeiros testes foram realizados pela pesquisadora Teresa Cristina Alves em 37 animais da raça Holandesa e cruzamento de holandês com jersey, sendo 19 machos e 18 fêmeas do primeiro dia de vida até o 60º dia. Para o experimento, após o nascimento, os filhotes foram separados em três grupos: um para controle, com 13 bezerros; outro grupo tratado com homeopatia, também com 13; e um terceiro com 11 animais, que receberam aditivo mineral.
No primeiro dia, todos os animais receberam o colostro. A partir do segundo, passavam a receber o leite. No grupo de controle, apenas leite; no da homeopatia, o leite diluído com a fórmula homeopática; no outro grupo, leite misturado com o aditivo mineral.
O controle da pesquisa observou diariamente as fezes dos bezerros – consistência, cor, odor e presença de sangue. Também foram avaliadas as condições gerais, como hidratação e apatia, para verificar doenças. Semanalmente, os animais eram pesados para análise do ganho de peso e a cada 15 dias era feita a coleta de sangue para realização do exame hematócrito.
Em casos de diarreia no grupo tratado com homeopatia preventiva, o animal era medicado com uma fórmula homeopática e soro caseiro para mantê-los hidratados. Apenas usava-se a medicina alopática caso o bezerro não apresentasse melhora após 24 horas.
Nos outros grupos, o veterinário orientava o tratamento adequado. “É claro que, no grupo da homeopatia, se o caso fosse muito grave, usaríamos o produto alopático, porque precisamos manter o bem-estar dos animais. Mas não ocorreu nenhum caso aqui”, conta a pesquisadora.
Cerca de 25% dos animais tratados por meio da homeopatia preventiva não apresentaram nenhum caso de diarreia no período investigado. O resultado é bastante positivo. Nos outros dois grupos, todos os animais tiveram uma ocorrência, pelo menos, de diarreia no transcorrer da pesquisa.
Além da saúde e bem-estar, o resultado reflete diretamente no bolso. O custo com animais que não tiveram diarreia foi bem menor. “A economia foi em torno de R$ 10 por indivíduo só com uso de medicamentos. Para quem trabalha com grande número de bezerros, a redução é significativa”, explica Alves. Além disso, não se pode ignorar a otimização do tempo com mão de obra e contratação de profissionais. E o mais importante foi a prevenção. “Conseguimos prevenir e reduzir o uso de antibióticos”, afirma.
Nos outros grupos de bezerros, o que recebeu o mineral zeólita não apresentou redução nos casos de diarreia. No entanto, a análise de amostras do intestino delgado, por meio de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), demonstrou melhor preservação do epitélio intestinal, diminuindo a frequência de diarreia. O objetivo da análise foi constatar se os tratamentos com homeopatia e mineral teriam alguma influência na preservação do epitélio das três porções do intestino delgado, poupando o animal de mais ocorrências de diarreia.
Segundo a pesquisadora Léa Chapaval, quando ocorre diarreia, há destruição do epitélio intestinal, devido ao aumento do fluxo de água para dentro da célula e da frequência de ocorrência da doença: “Com isso, há alteração histológica e desequilíbrio da flora microbiológica nesse local”.
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