Embrapa terá financiamento de R$ 30 milhões do BNDES para apoiar agricultores
Recursos serão usados em projetos voltados às cadeias de caprinos e ovinos e sementes agroecológicas
Para promover a inclusão produtiva e levar diretamente ao agricultor
tecnologias nas cadeias de caprinos e ovinos e de sementes
agroecológicas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
implementará o Programa de Apoio à Inovação Social e ao Desenvolvimento
Territorial Sustentável (InovaSocial), com financiamento de R$ 30
milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O contrato, assinado na terça-feira (27), no Rio de Janeiro, foi
firmado entre o BNDES Fundo Social e a Fundação Eliseu Alves (FEA), que
terá a Embrapa como interveniente.Os recursos financiarão seis projetos territoriais já definidos e previamente articulados entre o BNDES e a Embrapa: três para geração de tecnologias e troca de conhecimentos nas etapas de produção, processamento e comercialização nas cadeias de caprinos e ovinos, e outros três para resgate, preservação, multiplicação, estoque, distribuição e comercialização de sementes agroecológicas.
Ao todo, 5.530 famílias de agricultores serão beneficiadas, em 203 municípios dos estados de Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul. "Só em Goiás, por exemplo, serão 2 mil famílias contempladas", adianta a pesquisadora Cristhiane Amâncio, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) e presidente do recém-criado portfólio de Inovação Social da Embrapa.
De acordo com ela, a intenção do programa é fortalecer as redes de pesquisa participativa com as quais a Embrapa já trabalha, na perspectiva do desenvolvimento territorial. Assim, foram priorizados territórios com densidade de produção e relevância social e econômica na produção de caprinos e ovinos e de sementes agroecológicas, em municípios cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é, geralmente, baixo ou médio e nos quais o destaque é a agricultura familiar, incluindo assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais.
Agregação de valor
O objetivo, segundo Evandro Vasconcelos Holanda Júnior, coordenador de Programas e Parcerias do Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT), é incentivar a exploração sustentável da multifuncionalidade dessas cadeias produtivas, promovendo a integração da agricultura com a gastronomia, o turismo e outros segmentos, agregando valor e melhorando o processo de comercialização.
Para o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, a parceria com o BNDES reforça a preocupação de investir em projetos de inovação. "A Embrapa trabalha com vertentes que estão muito alinhadas com o banco. Buscamos o uso sustentável dos recursos naturais, incentivamos sistemas integrados e queremos uma agricultura mais sustentável, de baixo impacto. Estamos com foco muito grande em inclusão produtiva e também no conceito de inteligência territorial estratégica para nos ajudar a entender o complexo território brasileiro", destaca. "É preciso entender melhor os biomas, os territórios, pensando em novas cadeias de valor, unindo agricultura, cultura, turismo, gastronomia. Isso pode gerar uma indústria fabulosa, a exemplo do que acontece em outros países", acrescenta Lopes.
A diretora de Infraestrutura e Sustentabilidade do BNDES, Marilene Ramos, ressaltou a importância do contrato com a Embrapa para que a inovação chegue aos agricultores familiares de baixa renda, destacando a capilaridade da Empresa. "Sozinhos não conseguimos chegar a todos os lugares em que precisamos atuar", pontua. "A agenda da sustentabilidade está dentro das nossas políticas operacionais e ter um projeto que junta isso com a inclusão produtiva atende tudo o que o banco quer apoiar", completa Ramos.
O prazo de implantação do InovaSocial será de 60 meses, e a previsão é que mais de 70 pesquisadores, analistas e técnicos da Embrapa estejam envolvidos. O primeiro ano será destinado ao planejamento, à construção coletiva dos projetos territoriais, à aprovação dos projetos e à formalização do apoio junto aos beneficiários finais. Os projetos aprovados deverão ser executados em até 36 meses. O último ano será dedicado à avaliação dos resultados, à gestão do conhecimento e à comunicação.
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