A
 falta de produto faz os preços dispararem na cadeia entre dezembro e 
março, isso sem contar que as usinas são obrigadas a interromper suas 
atividades, deixando máquinas e mão de obra ociosas. A estimativa é que 
400 destilarias do País fiquem paradas por ano durante quatro meses. Uma
 alternativa para viabilizar uma maior produção e que pode prorrogar a 
temporada em 60 dias ou mais é a plantação do sorgo sacarino, uma 
variedade da planta utilizada na alimentação animal e que tem capacidade
 de gerar açúcar fermentável para a produção de etanol e biomassa para 
energia elétrica.
No
 Paraná, de acordo com dados da Associação de Produtores de Bioenergia 
do Estado do Paraná (Alcopar), ainda não há áreas com a produção 
comercial desta variedade de sorgo. No entanto, algumas empresas já 
possuem campos experimentais no Estado. A Ceres, por exemplo, aposta 
todas as suas armas no País na criação de híbridos de sorgo sacarino, 
sendo que em solo paranaense há cultivos experimentais em Alto Alegre e 
Vale do Ivaí. Os principais estados onde a marca atua até agora com a 
variedade são Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo. "Estamos no 
terceiro ano de comercialização. Em 2012, fechamos com 4 mil hectares, 
mas acreditamos que em 2013 este número possa saltar tranquilamente para
 100 mil hectares", explica Marcelo Gullo, gerente de negócios da Ceres.
O
 otimismo é justificado pelas características da planta. Ela possui 
ampla adaptabilidade, ciclo curto, com poder produtivo interessante, e 
também um rápido melhoramento genético. A colheita acontece entre 
fevereiro e maio e possui recepção do produto na usina similar ao da 
cana, necessitando apenas de alguns ajustes. Entre os desafios, estão a 
eficiência na colheita – com a adaptação de maquinário -, estratégia 
para o plantio da cultura e uma curva de aprendizado que só é adquirida 
com o plantio ano a ano. "Em um ano, o ganho de biomassa entre uma 
variedade e outra foi de 20%. Como a planta é sensível e o ciclo é 
curto, alguns pontos são cruciais para o estabelecimento da cultura, 
como o preparo de solo com antecedência de dois meses. Não é possível 
erros com o sorgo sacarino. Caso isso aconteça, o processo de plantio 
deve iniciar novamente", comenta o engenheiro agrônomo da Ceres, Valdeno
 Araújo.
Na
 comparação entre as duas culturas, o custo para o plantio de cana gira 
em torno de R$ 5 mil o hectare, enquanto para o sorgo o valor gira em 
média de R$ 2,7 mil/hectare. A produção de biomassa é de 80 a 85 
toneladas para cada hectare de cana plantada, já com o sorgo, este 
número chega a 60 toneladas por hectare. A produção de etanol da cana 
gira em média de 7 mil litros por hectare, enquanto o sorgo fica entre 3
 mil e 3,5 mil litros para a mesma área.
O
 produtor de cana de Lençóis Paulista, Jorge Luis Morelli, atua numa 
área de 5,4 mil hectares e produz por volta de 400 mil toneladas de cana
 por ano. Ele plantou numa pequena área com sorgo sacarino para testes 
da produção de biomassa e ficou satisfeito com os resultados. "A 
produção de biomassa deve ficar em torno de 40 toneladas por hectare, o 
que considero bem positivo. Como fornecedor, acho que pode ser um ganho 
adicional para a lavoura que está parada. Em relação ao valor que será 
pago pela usina, acredito que vai acontecer uma equiparação com os 
preços da biomassa da cana", complementa o produtor.

 
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