Águas do São Francisco devem chegar ao RN ainda em 2019, diz Ministério do Desenvolvimento Regional
Segundo o MDR, as grandes estruturas que conduzem as águas do Velho Chico pelo Eixo Norte estão com 96% prontas.
/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/12/08/transposicao-divulgacao_ministerio.jpg) Transposição do Rio São Francisco deve chegar ao RN ainda este ano, 
segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional — Foto: 
Divulgação/Ministério da Integração Nacional
Transposição do Rio São Francisco deve chegar ao RN ainda este ano, 
segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional — Foto: 
Divulgação/Ministério da Integração Nacional
Se é de água que o nordestino gosta, imagina então no Rio Grande do Norte, onde 148 dos 167 municípios do estado (88%) estão em situação de emergência por causa dos efeitos da seca.
 O estado vem de 7 anos seguidos de escassez de chuvas – considerada a 
mais severa estiagem da história. Até quando vai o sofrimento do 
sertanejo potiguar? Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional 
(MDR), a solução está perto. E vem com a transposição do Rio São 
Francisco. 
"As grandes estruturas que conduzem as águas do Velho Chico no Eixo 
Norte estão com 96% de execução física e deverão entrar em operação no 
segundo semestre de 2019. Este é o eixo que abastecerá municípios do 
Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte", afirmou o MDR. 
Em meio às celebrações do Dia Mundial da Água, comemorado nesta sexta-feira (22), o G1 procurou
 gestores envolvidos com a situação para tratar sobre a solução para a 
falta do precioso líquido. O Rio Grande do Norte está preparado para a 
transposição? Quanto vai custar esta água? Quem vai pagar a conta? 
Custos
De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte 
(Igarn), o governo estadual tem mantido constante contato com o MDR. “O 
ministro Gustavo Canuto veio ao nosso estado e aqui tivemos uma 
audiência com a governadora Fátima Bezerra e com o secretário estadual 
do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) João Maria Cavalcanti.
 Na ocasião, falamos da transposição e a governadora afirmou que levaria
 essa agenda à Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) 
em abril para o tema ser tratado, em especial, o caso dos quatro estados
 que irão receber as águas”, destacou Caramuru Paiva, diretor do Igar. 
Até lá, de acordo com o secretário João Maria Cavalcanti, ainda não há 
uma estimativa de valores. “É preciso, primeiro, que a água chegue. 
Depois, pensamos em valores”, ressaltou. “Pelo que entendemos, os 
valores da manutenção do Projeto de Integração do Rio São Francisco 
(PISF) devem ser pagos pelos quatro estados que serão beneficiados com a
 transposição, mas só quando todos estiverem de fato sendo beneficiados.
 Defendemos um consórcio, incluindo uma participação do próprio governo 
federal. Mas, tudo isso ainda está em debate”, emendou Caramuru. 
Já o Ministério do Desenvolvimento Regional, que também aguarda que 
estas questões sejam esclarecidas, explica que a quantidade de água a 
ser utiliza e o valor dela deverão ser estabelecidos por meio do Plano 
de Gestão Anual e validados pelo Conselho Gestor do Sistema, mas já 
antecipou que as medidas necessárias à operação comercial do PISF estão 
sendo discutidas com os governadores dos estados contemplados. 
Por fim, o MDR lembra que o Eixo Leste, que já está em funcionamento há
 dois anos – abastecendo 38 municípios pernambucanos e paraibanos – 
ainda não gerou custos aos governos estaduais. 
/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/12/21/oiticica_5.jpg) Barragem de Oiticica, em Jucurutu, vai represar as águas do São 
Francisco que chegaram ao RN pelo Rio Piranhas/Açu — Foto: Anderson 
Barbosa e Fred Carvalho/G1
Barragem de Oiticica, em Jucurutu, vai represar as águas do São 
Francisco que chegaram ao RN pelo Rio Piranhas/Açu — Foto: Anderson 
Barbosa e Fred Carvalho/G1Preparação
Enquanto a transposição não chega ao RN, Semarh e Igarn dizem que o 
governo estadual segue executando obras estruturantes que permitirão ao 
estado uma melhor convivência com os longos períodos de seca. O exemplo é
 a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, que será a primeira represa a 
receber as águas do São Francisco em solo potiguar. As obras de 
construção do reservatório, que terá capacidade para até 600 milhões de 
metros cúbicos de água, estão 72% prontas. “A previsão é de entregarmos a
 barragem pronta até o final do ano”, afirmou Cavalcanti. 
“Oiticica é a redenção do Rio Grande do Norte”, disse o titular da Semarh.
“Também temos a adutora Umari-Campo Grande, que atenderá as cidades do 
médio Oeste, e o projeto da adutora Apodi-Mossoró e Apodi-Pau dos 
Ferros, objetos de conversa que tivemos com a Agência Nacional de Águas 
(ANA). Além disso, para as cidades em colapso, está mantida a operação 
com carros-pipa”, destacou Caramuru Paiva. 
Projeto Seridó
O Projeto Seridó é fruto de um convênio entre o governo estadual e a 
Agência Nacional de Águas (ANA) e está em fase conclusão. Integrante do 
Plano Nacional de Segurança Hídrica, ele visa garantir o abastecimento 
da região pelos próximos 50 anos com as águas do Projeto de Integração 
do Rio São Francisco. O custo estimado para a execução da obra é de R$ 
150 milhões. 
A ideia é interligar as adutoras já existentes com as que estão sendo 
projetadas, criando um grande cinturão de águas e estruturando as 
cidades para que elas passem pelos períodos de seca sem grandes 
transtornos. 
Infraestrutura
Hoje, cerca de 2,5 milhões de pessoas em 153 municípios do estado são 
abastecidas pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte 
(Caern). Porém, apesar da expectativa da chegada da transposição do São 
Francisco, a estatal ainda não definiu uma meta de expansão. 
“Não existe uma meta definida, porque essa expansão é feita de acordo 
com o crescimento populacional. Para o Rio Grande do Norte, a 
transposição do São Francisco tem a finalidade de trazer maior segurança
 hídrica, nos períodos de seca”, respondeu a assessoria de comunicação 
da empresa. 
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Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior reservatório do RN A transposição
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o Projeto de 
Integração do Rio São Francisco (PIRS) deve beneficiar 12 milhões de 
pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e 
Rio Grande do Norte. Em território potiguar, 106 municípios devem ser 
agraciados quando o projeto estiver em plena operação. 
Os dois eixos, Norte e Leste, somam 477 quilômetros de canais e 
estruturas. O Eixo Leste foi entregue em março de 2017, e desde então 
vem abastecendo cerca de 1 milhão de pessoas em 38 municípios da Paraíba
 e de Pernambuco. Já o Eixo Norte, no qual o RN está inserido, está 
atualmente com 96% das obras concluídas e deverá começar a receber as 
águas da transposição no segundo semestre de 2019. A previsão é do 
próprio MDR. 
Para o atendimento da população potiguar, o projeto prevê duas entradas de água no estado: 
- Na primeira, a água do São Francisco que passa por Cabrobó (PE) deve seguir até o reservatório Engenheiro Ávidos, em Cajazeira (PB), e depois será levada naturalmente pelo Rio Piranhas-Açu até entrar no Rio Grande do Norte pelo município de Jardim de Piranhas, no Seridó. Na sequência, a água deverá ser armazenada na Barragem de Oiticica, em Jucurutu, para depois seguir o curso do rio até ser novamente represada na Barragem Armando Ribeiro Gonçalves (maior reservatório do RN), beneficiando dezenas de municípios e milhares de pessoas nas regiões Seridó, Oeste e Central potiguar.
- Já a segunda entrada, deve acontecer por meio da construção do chamado Ramal do Apodi, por meio de canais que irão levar a água do reservatório Caiçara, na Paraíba, até a barragem de Pau dos Ferros, no alto Oeste potiguar. Depois, essa água deve seguir até a Barragem de Santa Cruz, no município de Apodi, também beneficiando milhares de pessoas nas regiões do alto e médio Oeste. É nesta região, inclusive, onde ficam as maiores fazendas de produção de melão do estado. O RN é o maior exportador deste tipo de fruta do país.
/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/09/18/apodi-2.jpg) Barragem de Santa Cruz, em Apodi
Barragem de Santa Cruz, em Apodi 
Ao G1,
 o MDR confirmou que o projeto executivo do Ramal do Apodi foi 
concluído, mas a elaboração do edital de licitação do empreendimento 
ainda está em andamento. Para executar a obra, no entanto, será 
necessária uma suplementação orçamentária. O valor ainda não foi 
estimado.
 
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