Projeto busca fortalecer protagonismo da juventude rural
A oficina utilizou diversos elementos que retratam a memória do povo
nordestino, como cirandas, ritual de pedir a bênção aos ancestrais e
contação de histórias
“Estude
que a caneta é mais leve que a enxada.” Quem cresceu na zona rural,
provavelmente já ouviu expressões como essa. Por muito tempo a imagem do
campo, especialmente da região Semiárida, esteve associada à seca, à
pobreza e à falta de perspectivas. Ainda hoje, para muitos pais, o
melhor destino para seus filhos é migrar para os centros urbanos.
Os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 confirmam a tendência de envelhecimento da população rural e o aumento da migração dos jovens para os grandes centros. Segundo o IBGE, 21,4% dos moradores da zonal rural têm mais de 65 anos, um aumento de cerca de 4% em relação ao Censo anterior. Já o número de jovens entre 25 anos e 35 anos nas zonas rurais caiu cerca de 4% na última década.
Na contramão dessas estatísticas, o Projeto Pedagroeco - Metodologia de Produção Pedagógica de Materiais Multimídias com Enfoque Agroecológico para a Agricultura Familiar -vem realizando desde o ano passado, uma série de oficinas com o objetivo de estimular o protagonismo juvenil no campo e a divulgação das experiências agroecológicas em rede nos estados de Sergipe, Alagoas, Piauí, Paraíba e Bahia. Como resultados do projeto serão gravados materiais audiovisuais feitos pelos próprios jovens apresentando as diversas possibilidades para a agricultura familiar no Semiárido.
O Pedagroeco é coordenado pela Embrapa, através da atuação em rede das Unidades de pesquisa do Nordeste que atuam no campo da agroecologia, em parceria com organizações não governamentais, especialmente com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), com os institutos federais de educação e escolas famílias agrícolas do Nordeste para a produção de materiais multimídia (vídeos, áudios, cartilhas e livros). O projeto é baseado na pedagogia griô, que une a tradição oral das comunidades e a educação formal, valorizando a identidade e ancestralidade, suas histórias de vida e saberes tradicionais.
Identidade e ancestralidade
Nos dias 24 e 25 de agosto, cerca de 20 jovens territórios dos Cariris, Borborema e Agreste da Paraíba, mobilizados pela Articulação Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), participaram da oficina Retratos da Juventude Camponesa no Semiárido Paraibano, na comunidade de Sussuarana, município de Juazeirinho. A oficina teve como objetivo facilitar o processo de reconhecimento da identidade e ancestralidade camponesa, do direito à permanência no campo por meio de práticas convivência com o meio onde vivem, buscando a valorização e visibilidade das ações que vêm sendo desenvolvidas pelas juventudes no campo da agroecologia.
“Nesses dois dias, vamos resgatar as memórias dos que vieram antes de nós. Nós precisamos trazer essas pessoas para as nossas vidas porque elas são parte de nós. Nesta oficina nós vamos resgatar a memória dos nossos ancestrais e também resgatar as histórias dos jovens que trabalham a agroecologia na Paraíba e, por meio desse resgate, fortalecer a nossa identidade, valorizar os saberes da juventude e a produção partilhada do conhecimento”, declarou a assessora pedagógica da ASA Paraíba, Rejane Alves.
A oficina utilizou diversos elementos que retratam a memória do povo nordestino, como cirandas, ritual de pedir a bênção aos ancestrais, contação de histórias pelos pioneiros da comunidade, entrega simbólica de sementes crioulas a todos os jovens, refeições elaboradas com alimentos produzidos na própria comunidade, incluindo cuscuz da paixão (feito a partir de sementes crioulas), feijão de corda, legumes agroecológicos, galinha de capoeira, entre outros.
A agricultora Maria Clarindo (77) foi uma das pioneiras na comunidade Sussuarana e compartilhou um pouco da história do lugar com os jovens presentes. “Quando cheguei aqui, esse lugar não tinha nenhuma vantagem, era tão seco que era chamado de língua de papagaio. A gente carregava água mais de uma légua”, relatou. Ela relembrou as lutas das primeiras lideranças na década de 1980 para organizar a comunidade em busca de benefícios como cisternas, banco de sementes, as primeiras mudas de plantas nativas e adaptadas para a região, criação de animais e a luta da mulher pelo espaço no campo.
Para a representante da Comissão Executiva da Juventude Camponesa do Polo da Borborema, Márcia Araújo, o projeto Pedagroeco é uma forma de divulgar os anseios e desejos da juventude. “Esse projeto é muito importante para dar visibilidade ao trabalho que a juventude vem desenvolvendo no seu meio, na sua comunidade, valorizando o seu espaço e a sua história e também para inspirar outros jovens de outros territórios”, afirmou.
Ao longo da oficina os jovens foram chamados a refletir sobre o seu papel enquanto juventude na vida da comunidade, seus desafios, sobre o papel da agroecologia na preservação e valorização dos saberes tradicionais e sobre as estratégias para compartilhar o conhecimento. Na sexta à noite, houve um cine debate motivado pelo vídeo “O Semiárido contado por sua gente”, que reuniu, além dos jovens, outras pessoas da comunidade que participaram e debateram sobre a comunicação como um direito humano.
Os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 confirmam a tendência de envelhecimento da população rural e o aumento da migração dos jovens para os grandes centros. Segundo o IBGE, 21,4% dos moradores da zonal rural têm mais de 65 anos, um aumento de cerca de 4% em relação ao Censo anterior. Já o número de jovens entre 25 anos e 35 anos nas zonas rurais caiu cerca de 4% na última década.
Na contramão dessas estatísticas, o Projeto Pedagroeco - Metodologia de Produção Pedagógica de Materiais Multimídias com Enfoque Agroecológico para a Agricultura Familiar -vem realizando desde o ano passado, uma série de oficinas com o objetivo de estimular o protagonismo juvenil no campo e a divulgação das experiências agroecológicas em rede nos estados de Sergipe, Alagoas, Piauí, Paraíba e Bahia. Como resultados do projeto serão gravados materiais audiovisuais feitos pelos próprios jovens apresentando as diversas possibilidades para a agricultura familiar no Semiárido.
O Pedagroeco é coordenado pela Embrapa, através da atuação em rede das Unidades de pesquisa do Nordeste que atuam no campo da agroecologia, em parceria com organizações não governamentais, especialmente com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), com os institutos federais de educação e escolas famílias agrícolas do Nordeste para a produção de materiais multimídia (vídeos, áudios, cartilhas e livros). O projeto é baseado na pedagogia griô, que une a tradição oral das comunidades e a educação formal, valorizando a identidade e ancestralidade, suas histórias de vida e saberes tradicionais.
Identidade e ancestralidade
Nos dias 24 e 25 de agosto, cerca de 20 jovens territórios dos Cariris, Borborema e Agreste da Paraíba, mobilizados pela Articulação Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), participaram da oficina Retratos da Juventude Camponesa no Semiárido Paraibano, na comunidade de Sussuarana, município de Juazeirinho. A oficina teve como objetivo facilitar o processo de reconhecimento da identidade e ancestralidade camponesa, do direito à permanência no campo por meio de práticas convivência com o meio onde vivem, buscando a valorização e visibilidade das ações que vêm sendo desenvolvidas pelas juventudes no campo da agroecologia.
“Nesses dois dias, vamos resgatar as memórias dos que vieram antes de nós. Nós precisamos trazer essas pessoas para as nossas vidas porque elas são parte de nós. Nesta oficina nós vamos resgatar a memória dos nossos ancestrais e também resgatar as histórias dos jovens que trabalham a agroecologia na Paraíba e, por meio desse resgate, fortalecer a nossa identidade, valorizar os saberes da juventude e a produção partilhada do conhecimento”, declarou a assessora pedagógica da ASA Paraíba, Rejane Alves.
A oficina utilizou diversos elementos que retratam a memória do povo nordestino, como cirandas, ritual de pedir a bênção aos ancestrais, contação de histórias pelos pioneiros da comunidade, entrega simbólica de sementes crioulas a todos os jovens, refeições elaboradas com alimentos produzidos na própria comunidade, incluindo cuscuz da paixão (feito a partir de sementes crioulas), feijão de corda, legumes agroecológicos, galinha de capoeira, entre outros.
A agricultora Maria Clarindo (77) foi uma das pioneiras na comunidade Sussuarana e compartilhou um pouco da história do lugar com os jovens presentes. “Quando cheguei aqui, esse lugar não tinha nenhuma vantagem, era tão seco que era chamado de língua de papagaio. A gente carregava água mais de uma légua”, relatou. Ela relembrou as lutas das primeiras lideranças na década de 1980 para organizar a comunidade em busca de benefícios como cisternas, banco de sementes, as primeiras mudas de plantas nativas e adaptadas para a região, criação de animais e a luta da mulher pelo espaço no campo.
Para a representante da Comissão Executiva da Juventude Camponesa do Polo da Borborema, Márcia Araújo, o projeto Pedagroeco é uma forma de divulgar os anseios e desejos da juventude. “Esse projeto é muito importante para dar visibilidade ao trabalho que a juventude vem desenvolvendo no seu meio, na sua comunidade, valorizando o seu espaço e a sua história e também para inspirar outros jovens de outros territórios”, afirmou.
Ao longo da oficina os jovens foram chamados a refletir sobre o seu papel enquanto juventude na vida da comunidade, seus desafios, sobre o papel da agroecologia na preservação e valorização dos saberes tradicionais e sobre as estratégias para compartilhar o conhecimento. Na sexta à noite, houve um cine debate motivado pelo vídeo “O Semiárido contado por sua gente”, que reuniu, além dos jovens, outras pessoas da comunidade que participaram e debateram sobre a comunicação como um direito humano.
Embrapa Algodão
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