Preço do leite ao produtor sobe 50% em 2018
A alta se deve à disputa pelas indústrias após a greve dos caminhoneiros e a oferta limitada da matéria-prima
Os cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) mostram que o preço do leite ao produtor subiu 4,6% em relação ao mês anterior e de 28,4% em relação a agosto do ano passado17. “Esta é a sétima alta consecutiva no valor do leite que, desde o início do ano, acumula elevação de expressivos 50,2%. Vale lembrar que, no mesmo período de 2017, o preço médio registrava queda de 4,5%.”
Segundo eles, outro fator para as altas é a oferta limitada da matéria-prima no campo. “A produção neste ano foi prejudicada pela saída de produtores da atividade e pelos menores investimentos, reflexo das dificuldades enfrentadas em 2017.”
Eles observam que o período de entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil deve permanecer até outubro. “A safra de inverno no Sul se iniciou depois do previsto, em função do atraso das chuvas e, mesmo com o aumento da captação das empresas em julho, a expectativa é de que os volumes sejam menores em relação a anos anteriores.”
Na opinião dos pesquisadores, em setembro o movimento altista não deve se sustentar, “visto que a demanda por lácteos segue fragilizada e não demostra capacidade de absorver novas valorizações dos derivados”. Eles lembram que de julho para agosto, as cotações do leite spot e do longa-vida (importantes para a formação do preço pago ao produtor) registraram quedas.
De acordo com pesquisas do Cepea, o preço do leite spot negociado entre empresas em Minas Gerais caiu 11,4% no acumulado de agosto, fechando a segunda quinzena do mês na média de R$ 1,62/l. No mesmo período, o indicador diário do leite longa-vida negociado entre empresas e mercado atacadista do estado de São Paulo caiu 7,25%, chegando a R$ 2,71/l em 28 de agosto (último dado disponível).
“Assim, a maioria dos colaboradores entrevistados pelo Cepea acredita em queda nos preços recebidos pelos produtores em setembro. Para agentes do setor, o recuo dos valores reflete um novo equilíbrio do mercado, com a normalização dos estoques e com as cotações retornando a patamares condizentes com a demanda. A intensidade da queda, porém, irá depender do volume ofertado em agosto e da capacidade das empresas em competir neste cenário desafiador”, dizem os pesquisadores do Cepea.
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