Alimentos biofortificados buscam reduzir a desnutrição da população brasileira
 Trio de cultivares de batatas-doce da Unidade Pelotas pode ser uma opção de alimento naturalmente biofortificado 
 Unidades
 da Embrapa trabalham com melhoramento genético em todo o país e com a 
aceitação por produtores e consumidores de alimentos mais nutritivos. 
Pelotas recebe comitiva para apresentação do projeto BioFORT, nesta 
sexta-feira, 29 de maio.
 A 
deficiência de micronutrientes como ferro e zinco e de vitamina A 
constituem sérios problemas de saúde pública nos países em 
desenvolvimento. Estudos apontam a anemia como um dos mais importantes 
problemas nutricionais no Brasil. Como forma de melhorar a dieta dos 
brasileiros, especialmente os mais carentes, surgiu o projeto BioFORT, 
que está em desenvolvimento há mais de dez anos. Este programa é 
responsável pela biofortificação de alimentos no Brasil, coordenado pela
 Embrapa, a qual inclui 14 unidades de pesquisa em toda a nação, que 
trabalham com foco no melhoramento genético convencional de alimentos 
básicos na dieta da população como arroz, feijão, feijão caupi, 
mandioca, batata-doce, milho, abóbora e trigo. 
 O projeto tem como objetivo primeiro diminuir a desnutrição e garantir 
maior segurança alimentar através do aumento dos teores de ferro, zinco e
 vitamina A na dieta da população mais carente. O processo de 
biofortificação é feito com o cruzamento de plantas da mesma espécie, 
gerando cultivares mais nutritivas, ou conhecido, como melhoramento 
genético convencional. Inclusive, o projeto ao longo do tempo, formou 
uma rede de pesquisadores no Brasil e no exterior, que estão investindo 
em conhecimento técnico-científico da agronomia e da saúde e estão 
obtendo alimentos mais nutritivos.
 Como é desenvolvido o BioFort
 A essência do projeto é enriquecer alimentos que já fazem parte da 
dieta da população para que esta possa ter acesso a produtos mais 
nutritivos e que não exijam mudanças de seus hábitos de consumo.
 No campo, as cultivares são selecionadas e as mais promissoras seguem 
para a etapa de melhoramento. Nessa etapa, o objetivo é a obtenção de 
cultivares mais nutritivas, que também apresentem boas qualidades 
agronômicas (produtividade, resistência à seca, pragas e doenças), além 
de boa aceitação de mercado.Ao mesmo 
tempo, nos laboratórios da Embrapa e das universidades vinculadas ao 
projeto, estão sendo iniciados os estudos sobre biodisponibilidade para 
estimar se o organismo humano consegue absorver os micronutrientes 
presentes nas cultivares melhoradas.
 
Com o aval dos Comitês de Ética das universidades, os pesquisadores 
estão avaliando a aceitação aos alimentos mais nutritivos, como em 
Sergipe, onde mandioca, batata-doce e feijão-caupi já estão sendo 
testados na merenda escolar. Outras equipes do projeto buscam 
desenvolver produtos agroindustriais a partir de matérias-primas 
biofortificadas como a formulação de farinhas de batata-doce para 
elaboração de produtos com maior valor agregado (pães, snacks e farinhas
 pré-cozidas para sopas instantâneas e mingaus), que ampliam a oferta de
 alimentos mais nutritivos. 
 Outra etapa 
igualmente importante é o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a
 conservaçao dos micronutrientes. Por isso, através de parcerias, o 
BioFORT trabalha no desenvolvimento de embalagens para, principalmente, 
garantir a conservação dos micronutrientes nos produtos processados.
 Todo esse esforço ganha visibilidade com as ações de comunicação e 
sensibilização dos públicos de interesse do projeto. A equipe do projeto
 promove com frequência eventos como palestras, seminários e dias de 
campo para produtores rurais, empresários e pesquisadores.
 O projeto se preocupa, ainda, com todo processo de alimentação do 
cidadão, desde o momento em que o alimento é produzido até a mesa do 
consumidor. Por isso, os pesquisadores se preocupam durante o 
desenvolvimento do projeto em considerar e analisar a receptividade dos 
produtores nas comunidades rurais em relação as novas cultivares. É 
importante que as novas cultivares, além dos ganhos nutricionais também 
apresentem vantagens agronômicas e comerciais. Já o consumidor é outro 
elemento importante no processo e é indispensável a sua aceitação aos 
alimentos biofortificados.
 O que é desenvolvido com biofortificação
 Vários estados brasileiros já estão desenvolvendo biofortificação em 
vários alimentos básicos. Veja como o projeto BioFORT está presente 
nestes locais:
 Maranhão: Multiplicação de cultivares de feijão, arroz, feijão-caupi e batata-doce em assentamentos rurais.
 Piauí: Seleção, melhoramento genético e multiplicação de cultivares de feijão-caupi.
 Pernambuco: Multiplicação de cultivares de feijão, feijão-caupi e abóbora.
 Sergipe: Multiplicação
 de cultivares de feijão, feijão-caupi, mandioca, batata-doce e milho, 
seleção e melhoramento genético de cultivares locais de abóbora, 
avaliação de resultados na merenda escolar.
 Bahia: Seleção, melhoramento e multiplicação de cultivares de mandioca.
 Distrito Federal: Seleção, melhoramento e multiplicação de batata-doce e trigo.
 Goiás: Seleção, melhoramento genético e multiplicação de cultivares de arroz e feijão.
 Minas Gerais:
 Multiplicação de cultivares de mandioca, milho, batata-doce, arroz e 
feijão em escolas técnicas de agricultura e capacitação de produtores e 
técnicos por meio de cursos, seminários e dias de campo.
 Rio de Janeiro: Multiplicação de cultivares de arroz, milho, feijão, mandioca, batata-doce, abóbora e feijão-caupi.
  Paraná: Multiplicação de cultivares de milho, trigo e mandioca.
  Rio Grande do Sul: Seleção e melhoramento genético de cultivares de trigo.
 Parceiros
 O BioFORT tem um desafio de combater a fome oculta que debilita mais de
 dois bilhões de pessoas em todo o mundo. Mas, as parcerias com 
instituições públicas e privadas tem permitido que as novas cultivares 
cheguem às comunidades rurais e urbanas mais carentes.
 E o Brasil tem se destacado num aspecto diferenciado dos demais países 
no desenvolvimento de biofortificação. O país é o único onde são 
conduzidos, ao mesmo tempo, trabalhos com oito culturas diferentes: 
abóbora, arroz, batata-doce, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho e 
trigo.
 A Embrapa Agroindústria de Alimentos, 
localizada no Rio de Janeiro, é uma das unidades da Embrapa e lidera o 
projeto BioFORT, que faz parte da Rede de Biofortificação no Brasil. 
Esta rede foi iniciada pelo projeto HarvestPlus, financiado pela 
fundação Bill & Melinda Gates e pelo Banco Mundial, entre outros, e 
também inclui o projeto AgroSalud, financiado pela Agência Canadense 
para o Desenvolvimento Internacional (CIDA), ambos coordenados pela 
Embrapa Agroindústria de Alimentos.
 Quatorze 
unidades da Embrapa fazem parte do BioFORT, que conta, ainda, com uma 
extensa rede de parcerias (universidades, prefeituras, governos 
estaduais e associações de produtores). Ao todo, cerca de 200 
pesquisadores, técnicos e parceiros estão envolvidos no projeto.
 O BioFORT em Pelotas
 A Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS, está iniciando ações de 
inserção neste projeto de biofortificação e vai receber nesta 
sexta-feira, 29 de maio, a coordenadora do BioFORT, a pesquisadora 
Marília Nutti, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, do Rio de 
Janeiro/RJ, que vai apresentar o Seminário sobre Biofortificação de 
Alimentos no Brasil. Durante o encontro haverá a participação do 
co-líder do projeto, pesquisador José Luiz Viana, que vai falar sobre os
 Avanços na biofortificação de alimentos e oportunidades na geração de 
novos produtos. Pela Unidade de pesquisas de Pelotas, o analista de 
transferência de tecnologias Apes Falcão Perera mostrará as ações do 
Projeto Biofort no RS. A atividade inicia às 8h30, na Sede da Embrapa 
Clima Temperado. O seminário vai envolver pesquisadores, analistas, 
bolsistas e estagiários.
 Cristiane Betemps  (MTb 7418-RS) 
Embrapa Clima Temperado
Embrapa Clima Temperado
 
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