Ações do Governo Federal auxiliam a diversificar criação de animais no Semiárido
Com 53
anos de história, seu Luiz Lopes Bezerra assegura que a estiagem que
enfrenta há três anos é a mais severa que já presenciou. Ele, a esposa e
os dois filhos mais novos, com idade de 10 e 17 anos, moram no
Assentamento Tanque, no município de Bodocó (PE), a mais de 770
quilômetros da capital Recife. A seca que atingiu o Semiárido fez com
que o produtor rural readequasse sua criação de animais.
Antes, concentrado no rebanho de gado leiteiro, seu
Luiz passou a criar ovelhas. A diversificação da criação começou com a
disponibilização de recursos e de assistência técnica do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar (Pronaf) e do Projeto
Dom Helder Câmara, ambas as ações coordenadas pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA).
“A gente trabalhava com criação de bovinos, depois,
devido à seca terrível desses últimos anos, a gente opinou para um
complemento com a criação de ovinos”, conta seu Luiz, que hoje mantém
apenas uma das 25 cabeças de gado que chegou a ter. "A gente perdeu em
média de 60% do gado. Com o ovino a gente não tem essa perda. A ovelha
come menos, bebe menos, e ainda é mais fácil de vender. Comercializamos
na própria comunidade”, afirma.
Os animais são criados em sua propriedade, que tem
aproximadamente 15 hectares. A iniciativa de adequar o rebanho para
melhor conviver com os efeitos do Semiárido partiu do próprio
agricultor. Em 2008, ele procurou um agente bancário para financiar um
projeto de expansão do gado e inclusão dos ovinos. “Comecei com quatro
ovelhas. Depois com o Projeto Dom Helder Câmara, recebi mais três
cabeças, em 2010.”
O financiamento inicial foi realizado pelo Pronaf,
que possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais. Já o
Projeto Dom Helder Câmara, desenvolve ações estruturantes para
fortalecer a agricultura familiar, com foco no combate à pobreza e apoio
ao desenvolvimento rural sustentável.
O diretor do Departamento de Geração de Renda e
Agregação de Valor do MDA, Nilton Pinho de Bem, destaca que, no
Semiárido, as questões ambientais, econômicas e sociais devem ser
analisadas em conjunto. “A sustentabilidade da agricultura familiar no
Semiárido está diretamente vinculada a uma melhor compreensão das
possibilidades dos recursos naturais daquela região – recursos da mata
nativa, regime de chuvas, insolação, de tudo aquilo que a região oferece
para produção de biomassa, de vida.”
Hoje, seu Luiz pensa em
recorrer ao Pronaf novamente, para aumentar a criação dos ovinos. O
incentivo vem de dentro de casa. O produtor quer continuar vivendo no
assentamento e ao lado família. “Já saí da área rural, mas é uma coisa
que não me passa pela cabeça mais. Com o esforço da gente e ajuda do
governo, a gente chega lá”, pondera.
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