Seca reduz rebanho bovino na Bahia; Itapetinga teve maior queda

A seca provocada pelo fenômeno El 
Niño, que tem impedido a ocorrência de chuvas em diversas regiões da 
Bahia e do Nordeste, está levando os produtores agrícolas e da pecuária a
 amargarem acentuada quebra na safra de grãos e redução nos rebanhos 
bovino, suíno e de aves. De acordo com a SEI-Superintendência de Estudos
 Sociais e Econômicos da Bahia, embora o efetivo do rebanho bovino do 
país tenha alcançado a marca recorde de 215,2 milhões de cabeças em 
2015, compreendendo um crescimento de 1,3% em relação a 2014, na Bahia 
quase metade dos municípios produtores de bovinos apresentaram queda no 
número de cabeças em comparação com o verificado no ano anterior. Nada 
menos que dez municípios do estado que se destacam na produção 
apresentaram queda no tamanho do rebanho.
O município com maior queda do rebanho é
 Itapetinga, com redução em torno de 24,5%, passando de uma população de
 132.338 cabeças para 100.263 bovinos. Nos municípios do entorno a perda
 envolveu uma média de 10%. Do mesmo modo, houve queda de 5,5% no número
 de vacas ordenhadas, quadro que se repetiu em todas as grandes regiões,
 especialmente na Região Nordeste (-9,5%). Com isso, de acordo com a 
SEI, a produção de leite também caiu (-0,4%) em 2015. Conforme Rui 
Ferreira Leal, diretor de Defesa Sanitária Animal, “os dados conferem, 
apesar do crescimento do rebanho nacional de bovinos, a Região Nordeste,
 teve sua população reduzida”.
Segundo Leal, “a Bahia, assim como o 
Nordeste, vem sofrendo com a longa estiagem provocada pela ação 
climática do El Nino, que teve seu auge em 2013, principalmente na 
região do semiárido baiano”. Disse que “nas regiões de maior densidade 
de bovinos do estado, como em Itapetinga, Teixeira de Freitas, 
Barreiras, onde se concentram os maiores rebanhos do estado, a seca 
iniciada no segundo semestre de 2015 e primeiro de 2016, provocou 
redução da oferta do boi para engorda e na produção de leite. Para ele, 
os prejuízos para economia da região é imenso, desde o abate de animais 
jovens, atraso na reposição destes animais, redução no comércio de gado 
na região, redução da produção de leite, seja por falta de alimentação 
natural (pastagem) ou pela redução do plantel de leite.
O diretor da Defesa Sanitária Animal, 
aponta redução de 60% na produção de leite, o que ocasionou fechamento 
de laticínios ou obrigou as indústrias a reduzirem o número de 
empregados, além do impacto provocado no comércio como um todo pela 
redução da circulação de dinheiro. Ele entende, contudo, que “o pior 
período já passou e a população bovina deverá ficar estável este ano com
 perspectivas de voltar a crescer no próximo ano, inclusive com 
recuperação das pastagens e capitalização dos produtores. Isso, todavia,
 ressalta, “dependerá da regularidade das chuvas na região e da 
liberação de financiamentos para recuperação de pastagens e aquisição de
 animais. Como a meteorologia esta prevendo o fim dos fenômenos El Nino e
 inicio da La Nina, acreditamos no aumento do rebanho bovino em todo 
estado para 2017.
De acordo com José Márcio, coordenador 
do Programa de Médicos Veterinários do Senar, “já são quatro anos de 
seca e os últimos dados aponta 32 mil reses mortas no Sudoeste. Em 
Itapetinga tem ocorrido chuvas setorizadas nos últimos dias, mas ainda 
insuficientes para debelar a seca. Para enfrentar a situação e evitar 
mais mortandade, os produtores têm optado pelo abate de animais com peso
 inferior, inclusive de vacas prenhas e novilhas em época de 
reprodução”. Ele sinalizou para a campanha de vacinação que ocorre em 
novembro e prevê a cobertura de todo o rebanho, quando muitos produtores
 que não declararam o quantitativo dos que morreram e que agora terão de
 fazê-lo. Com isso, o número de cabeças perdidas deverá ser ainda maior.
 
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