Projeto piloto reaproveita água para a produção de hortaliças no Alto Sertão Sergipano
Assentados preparando o canteiro para irrigação
Crédito: Ascom/SE
Na residência da agricultora Maria José
de Oliveira, localizada no assentamento Maria Bonita, no município de
Poço Redondo, a 180 quilômetros de Aracaju (SE), a água que escorre
pelos ralos das pias, do tanque e do chuveiro, é reaproveitada na
produção dos alimentos. A residência da família Oliveira é a primeira,
localizada em áreas de reforma agrária sergipanas, a receber o sistema
de reaproveitamento da água para destinação à irrigação.
A novidade é resultado de um projeto
piloto, batizado de “Bioágua Familiar”, implantado por uma das equipes
do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra.
“Em uma região marcada pela escassez de água, nós implantamos esse
projeto para promover o melhor aproveitamento da água doméstica. Toda a
água consumida na residência, com exceção da que vai pelo vaso
sanitário, é tratada e reutilizada na irrigação de uma horta”, explicou
Lian Amorim, idealizador do projeto e coordenador da equipe do Programa
Ates em Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano.
Pelo projeto, implantado em setembro de
2015, a água que sai da residência é desviada para um filtro biológico,
instalado no quintal. Composto por camadas de pó de serra, húmus, areia,
brita e seixo, o filtro promove a limpeza da água, tornando-a adequada
para o uso agrícola. A água, então, é destinada a um tanque de
armazenamento e revertida para a irrigação. “Antes não tinha como a
gente puxar água pra irrigar nada. Agora a gente aproveita uma água que
já foi usada e vai tocando nossa hortinha. Eu já tenho alface, coentro,
couve, cebolinha e tudo por causa desse projeto. Está valendo muito a
pena”, contou Maria José.
A proposta da equipe do Programa Ates é
obter novos recursos para a expansão do projeto, com a sua implantação
em outras áreas de reforma agrária espalhadas pelo estado.
Projeto premiado
Os benefícios promovidos pelo “Bioágua
Familiar” levaram o projeto a receber um reconhecimento
internacional. Na última sexta-feira (17), o projeto foi um dos 20
ganhadores do Prêmio Dryland Champions, promovido pela Convenção das
Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), em parceria no Brasil
com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O prêmio é destinado a iniciativas que
contribuam para o manejo sustentável de terras, visando à melhoria da
qualidade de vida das populações e das condições dos ecossistemas
afetados pela desertificação e a seca.
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