sexta-feira, 24 de junho de 2016

Projeto piloto reaproveita água para a produção de hortaliças no Alto Sertão Sergipano


Assentados preparando o canteiro para irrigação
Crédito: Ascom/SE

Na residência da agricultora Maria José de Oliveira, localizada no assentamento Maria Bonita, no município de Poço Redondo, a 180 quilômetros de Aracaju (SE),  a água que escorre pelos ralos das pias, do tanque e do chuveiro, é reaproveitada na produção dos alimentos. A residência da família Oliveira é a primeira, localizada em áreas de reforma agrária sergipanas, a receber o sistema de reaproveitamento da água para destinação à irrigação. 
A novidade é resultado de um projeto piloto, batizado de “Bioágua Familiar”, implantado por uma das equipes do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra. “Em uma região marcada pela escassez de água, nós implantamos esse projeto para promover o melhor aproveitamento da água doméstica. Toda a água consumida na residência, com exceção da que vai pelo vaso sanitário, é tratada e reutilizada na irrigação de uma horta”, explicou Lian Amorim, idealizador do projeto e coordenador da equipe do Programa Ates em Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano.
Pelo projeto, implantado em setembro de 2015, a água que sai da residência é desviada para um filtro biológico, instalado no quintal. Composto por camadas de pó de serra, húmus, areia, brita e seixo, o filtro promove a limpeza da água, tornando-a adequada para o uso agrícola. A água, então, é destinada a um tanque de armazenamento e revertida para a irrigação. “Antes não tinha como a gente puxar água pra irrigar nada. Agora a gente aproveita uma água que já foi usada e vai tocando nossa hortinha. Eu já tenho alface, coentro, couve, cebolinha e tudo por causa desse projeto. Está valendo muito a pena”, contou Maria José.
A proposta da equipe do Programa Ates é obter novos recursos para a expansão do projeto, com a sua implantação em outras áreas de reforma agrária espalhadas pelo estado.
Projeto premiado
Os benefícios promovidos pelo “Bioágua Familiar” levaram o projeto a receber um reconhecimento internacional. Na última sexta-feira (17), o projeto foi um dos 20 ganhadores do Prêmio Dryland Champions, promovido pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), em parceria no Brasil com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O prêmio é destinado a iniciativas que contribuam para o manejo sustentável de terras, visando à melhoria da qualidade de vida das populações e das condições dos ecossistemas afetados pela desertificação e a seca.

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