Temos a maior safra, e daí?
Notícia
 maravilhosa: o Brasil está colhendo a maior safra da sua História. 
Serão 185 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas, 11% mais do que 
na safra anterior. O Brasil, agora, é o primeiro produtor (84 milhões de
 toneladas) e exportador (41 milhões) mundial de soja. Os Estados Unidos
 ficaram para trás em soja e milho. O Brasil responde com incrível 
facilidade: aumentou 3,0 milhões de hectares plantados em apenas um ano.
 Se há lucro, o brasileiro planta.
Plantar
 cabe ao produtor e ele faz sua tarefa. Exportar cabe ao Governo e ele 
anda de muletas, percorrendo até 2.300 km para chegar aos navios. Boa 
parte da safra será perdida. Hoje o Brasil está sufocado por transportes
 ineficientes, caminhões velhos, portos velhos, navios pequenos. Quando 
se soma aos grãos o açúcar e as importações os portos brasileiros entram
 em colapso. O Brasil está proibido de crescer. Caminhões esperam até 45
 dias para descarregar a soja nos navios.
Para
 complicar, o Governo baixou a Lei 12.619, restringindo a jornada dos 
caminhoneiros, retirando 500.000 carretas das estradas, aumentando o 
frete entre 25% e 50% em 2013. Uma insanidade!
A
 capacidade de estocagem é de 72% da safra, enquanto países sérios como 
os Estados Unidos têm 133%. 60% dos grãos concentram-se nos Cerrados, 
mas apenas 14% é escoada pelos portos do Norte e Nordeste. Faltam 
ferrovias e estradas.
Produzir
 é fácil. O Governo pode comemorar, mas apenas sobre o esforço do homem 
do campo. O Brasil, então, continua sendo o país produtor, de um lado, e
 o país esbanjador, ou perdulário, pelo outro. E pior: um país que tenta
 proibir a produção. Outro bom exemplo é o Nordeste.
A cabra e a Seca
 - Assim como o Centro-Oeste mostra a pujança da soja, milho, algodão e 
outros grãos, o Nordeste poderia mostrar a pujança do Semiárido, não 
apenas com a pecuária rústica (gado, ovinos e caprinos), mas com outras 
atividades específicas. 
Não
 tem mais sentido manter a população do Semiárido algemada a um destino 
horroroso. Acabou-se o tempo em que os coronéis (políticos) mandavam nos
 votos de cada povoado. É preciso acabar com os coronéis modernos que 
distribuem esmolas aos sertanejos para mandar nos votos. Os coronéis 
sempre viveram encastelados nos Governos, nos Palácios e chegou a hora 
de caçá-los, pois não é tolerável ver a sucessão de desmandos nas coisas
 públicas.
A
 Seca não é problema, é apenas uma característica, indicativo de um 
bioma. Como resolver o problema da Seca? Muito fácil: basta estocar 
alimentos e água para o gado, pois este - o gado - tira bom proveito do 
clima seco e quente. É uma insanidade “combater” a Seca, pois o clima é 
benéfico e, então, não precisa ser combatida.
Estocar
 alimentos e água não é possível no microfúndio asfixiante, que reduz o 
Homem a um pária, um ser primitivo de antes dos tempos bíblicos. O 
Nordeste precisa de uma Reforma Agrária com uso da razão, conforme foi 
pregado por Celso Furtado e tantos pensadores. Uma Reforma Fundiária 
feita por cientistas, sobre o mapa geológico da região, reordenando as 
propriedades dentro de módulos que realmente possam produzir. Ou seja, o
 inverso das diabólicas Reformas Agrárias sovietizantes. Afinal, o povo 
não come terra, o povo come alimentos. Por isso, o correto é distribuir 
alimentos, e não terra. É preciso acabar com a mistificação e demagogia 
que já causou tanto atraso para os nordestinos.
As
 propriedades teriam que ter a mínima condição ecológica suficiente para
 produção de alimentos e estocagem para os períodos secos de 2 ou 3 
anos. Ninguém pode barrar a chegada de futuras secas, mas elas podem ser
 aguardadas com o uso da razão.
Novo tempo
 - Ademais, o mundo caminha para ter 9,2 bilhões de pessoas e toda terra
 disponível precisa entrar em produção. O Nordeste é maravilhoso para 
produção pecuária, desde que haja alimentação e água estocadas. Pode 
gerar fabulosa riqueza.
A
 cabra, a ovelha, o gado rústico são de extrema importância para o 
Sertão nordestino, não só pelo leite e carne, mas também pelo couro que 
recebe 3.000 horas de sol, resultando no melhor produto do mundo. É uma 
formidável riqueza que jamais mereceu atenção das autoridades algemadas 
por Brasília.
Além
 disso, as 3.000 horas de sol poderiam transformar o Nordeste num 
formidável polo cinematográfico. Hoje, o maior está em Holywood 
(semiárido); o segundo está na Índia; o terceiro está na Nigéria 
(semiárido) - para aproveitar o máximo de horas de sol. Muitos países 
gostariam de realizar seus filmes no Nordeste, se a região tivesse a 
infra-estrutura e técnicos competentes. Também os polos de informática 
dirigem-se para o clima seco, por ser mais limpo e estável. Ou seja, os 
Semiáridos de outros países geram riqueza invejável; no Brasil o 
Semiárido gera imagens dramáticas de pessoas morrendo. Um enorme atraso 
promovido e perpetuado pelos governos que usufruem dessa dantesca 
situação.
Enfim,
 as chances do Sertão nordestino são enormes. É um crime manter o povo 
sertanejo algemado a uma triste sina de flagelado, para angariar votos. É
 um crime implantar obras inúteis como a transposição do rio São 
Francisco só para eleger um sucessor no trono. E tantos outros 
“desatinos” praticados pelos políticos.
Seria
 mais moderno, mais elogiável, propor medidas corretas, decentes, de 
interesse do bem-estar social de todos. O Nordeste já sofreu demais nas 
mãos dos maus políticos, politiqueiros e politizados.
Seria
 bom ver alguém colocar o valor correto na Cabra & Ovelha, na Vaca 
sertaneja, no leite e queijos especiais, no sol benfazejo, no povo 
trabalhador que está sendo convertido num bando de esmoleres. A imagem 
de Nordeste como “asilo de pobres” não tem mais sustentação e vai 
chegando o momento de algum herói nordestino exigir, num Tribunal 
Internacional, a atenção sobre a região, para acabar com a 
discriminação, o uso político e o genocídio contra seu povo. A bandeira 
“Brasil versus Nordeste” é uma causa que precisa ser enfrentada, de 
verdade, para garantir a integridade da nação. 

 
  
   
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