segunda-feira, 13 de maio de 2013



Cabras & Ovelhas e a conversa malamulenguenta



Até o Globo - Quem diria? Até o jornal “O Globo”, defensor ferrenho de qualquer governante com a chave do cofre, botou a boca no trombone, e afirma corretamente que o latifúndio é parte da história do país, seja como força política no Império e na República Velha ou peça de exploração ideológica principalmente na segunda metade do Século XX. O termo “Reforma Agrária” tornou-se cativo de programas de governo, sempre encontrado em discurso políticos, como forte bandeira a favor do povo. mesmo sem ser. Nos governos FHC, Lula e Dilma os “trabalhadores sem-terra” escancararam as porteiras do Governo, sempre querendo terras e mais terras, e benefícios que não são dados aos que suaram para ter sua propriedade.

Afirma “O Globo” que o Movimento dos Sem-Terra acabou, pois todas as conquistas da agricultura brasileira, desde a década de 1970 aconteceram por conta dos “com-terra”, ocupando o Centro-Oeste, os Cerrados, estimulando a criação da Embrapa, etc. Nesse período, apesar dos “padrinhos”, a imagem do MST foi manchada por invasões, depredações, usurpações, etc. sem qualquer produção. Segundo o jornal, o “surgimento da grande empresa agroindustrial não se deu em prejuízo do minifúndio e da Agricultura Familiar; muito pelo contrário”.

No final, o jornal chega à realidade inexorável: “a modernização do campo é tão evidente como a urbanização da população”. De fato, o ser humano evolui para a cidade, deixando para trás a exploração do campo, que foi a inspiração e aspiração por milhões de anos, mas acabou. O MST está atirando num fantasma, recrutando militantes entre desempregados de pequenas e médias cidades, todos sem qualquer vocação para lidar com a terra. Para estes bastam as “Bolsa Família”, “Bolsa Maternidade”, “Bolsa Gás”, “Bolsa Transporte”, etc. Por qual motivo uma pessoa pretende sofrer no campo, ao lado dos que já sofrem por décadas? Quem quiser mais informações sobre o raro e valente editorial pode procurar na Internet o tema “A cada vez mais desnecessária Reforma Agrária”.



Bom Brasil - Os governantes são pitorescos, escondendo o óbvio. Em 2050, o Brasil terá 254 milhões de habitantes - muito pouco! A população rural estará restringida a 16,3 milhões de pessoas (hoje é de 29,5 milhões). Só ficarão no campo as pessoas com amor à terra, de fato! Será uma das menores populações rurais do planeta (dados do IBGE, também da FAO e do USDA).

De 1976 a 2010 a área plantada cresceu 27% no Brasil, mas a produção de alimentos saltou para 273%. Neste período, o país deixou de ser importador, para se transformar em exportador. Parabéns para dentro das porteiras.

Incrivelmente, o país explora 29% das terras e mantém 71% delas como “áreas protegidas”, enquanto a média mundial é de apenas 12%. Protegidas contra quem? Os preços das commodities são ditados no Exterior, por países que também já estão comprando os créditos de carbono da floresta amazônica aos índios, enquanto o Governo faz de conta que não enxerga! O Governo protege o quê contra quem?

Agora, tramita no Congresso, uma nova Lei, para permitir que as terras indígenas sejam exploradas por “brancos” que sabem ganhar dinheiro e transferi-lo (dinheiro) para os índios, proibidos de fazer uma exploração lucrativa. De fato, a PEC 237/2013 altera o Artigo 176 da Constituição Federal, querendo explorar as terras indígenas, pois índio não gosta só de “Bolsas”. Conforme publicado pela Revista Veja, em junho de 2012, os índios Parecis viviam na penúria, contando com pouca assistência do Governo Federal. Uma parceria com produtores rurais da região transformou suas vidas. Os fazendeiros forneceram máquinas e insumos para o plantio de soja e girassol, ensinaram e plantaram. Hoje a renda da família indígena está em torno de R$ 12 mil por ano e alguns já compraram até “caminhonete de branco”, construíram “casa de branco” estão colocando os filhos em “escola de branco”, fugindo dos antros educacionais da Funai. Afinal, índio é um ser humano com direito à civilização “dos brancos”. Se não teve chance até hoje, está na hora de ter. Se o branco coloca a terra para produzir e fica “rico’, por que o índio não pode aprender o mesmo?



Mau Brasil - O Brasil não pode continuar na rabeira do mundo. Os maiores produtores de alimentos são: Estados Unidos (401.669.990 de toneladas de cereais); Índia (260.163.000); Indonésia (84.797.000); Brasil (75.191.866). Por que tão pouco? Por falta de investimentos, ora! A frota brasileira de tratores é de 806.000, quase igual à da Itália (1,75 milhão), Polônia (1,03 milhão), França (1,27 milhão), Alemanha (1,04 milhão), Espanha (885 mil), Turquia (905 mil), Reino Unido (500 mil). Estes países são menores que alguns Estados brasileiros!

Ao mesmo tempo, estes países cuidam do bem-estar de sua gente. Se o Brasil fosse a França estaria cobrando 0,8% de impostos dos alimentos. Se fosse a Inglaterra, não haveria impostos sobre alimentos. O Brasil, porém, na contramão do desenvolvimento, cobra 32,7% de tributos da produção rural. Para cada 100 sacas, ou bois, um terço vai para o Governo!

Enquanto isso, os “assentamentos rurais” são favelas rurais, berço de violência, de alienação social, cultural e religiosa. É um degrau para uma guerra civil futura, mas o Governo faz de conta que não enxerga.



Mamulengos - O lamentável é a hipocrisia dos governantes que defendem ferrenhamente seus “feudos” ao invés de defender o progresso das pessoas. O Nordeste Sertanejo é um grande exemplo: nas últimas décadas o Governo trata a região como celeiro de ignorantes que pode ser mantido a pão e circo. Qualquer estudioso sabe que uma Seca de 2 ou 3 anos liquida a infraestrutura produtiva. Então, o gargalo da economia sertaneja é a infraestrutura produtiva. O Governo, porém, tem horror de liberar recursos para dentro das porteiras. Até as malsinadas “Frentes de Emergência” foram proibidas de trabalhar dentro das porteiras. Assim, bilhões e bilhões são gastos para enganar a opinião pública.

Para eleger a presidente Dilma, o Governo não hesitou em dinamitar as caatingas, promovendo a maior destruição ecológica já vista na História, enquanto a imprensa divulgava os disparates ecológicos na Amazônia, para distrair a atenção dos urbanos. Hoje, a caatinga está esburacada e não irá levar uma gota de água para a torneira do sertanejo, até porque a água já está acumulada há décadas na própria região. O Governo, porém, jamais quis o bem-estar do sertanejo, quer apenas enganá-lo com loas e troas, com obras espetaculares para um Governo Espetacular. Os que dominam o Poder sabem que o “espetáculo” vence eleições e é apenas isso que importa aos parasitas que infestam os cargos públicos. Enquanto isso, fazendeiros, proprietários de terras, grandes e pequenos, são obrigados a enfrentar a Seca, vendo uma montanha de recursos ser dilapidada tão somente para atender interesses politiqueiros.

Um exemplo: em plena Seca, a mais vistosa iniciativa do governo federal tem sido um filme que a SECOM botou nas televisões do Sertão. Nele, “Chambinho do Acordeon”, feliz e sorridente, anda pela caatinga informando que “a seca sempre vai existir, mas o sertanejo vai poder se defender cada vez mais dela”. Cantando louvores aos investimentos feitos pelo governo, informa que “o sertanejo é um cabra forte, só precisa de apoio, e vai ter cada vez mais”. Pura mentira e hipocrisia! Os sertanejos estão sem carros-pipa e não precisam de propaganda, pois o que lhes falta é água. No meio de uma Seca criminosa essa atitude do Governo Dilma chega a ser deboche. Afinal, o preço dessa propaganda daria para comprar muitos carros-pipa.

Na verdade, os governos não querem fuzilar os sertanejos, de uma vez só, eles querem que o sertanejo fique vivo, pobre, lascado, algemado às “bolsas”, trocando votos por conversa fiada glamurosa, Um genocídio lento, inexorável, irresponsável, criminoso. Durante a seca de 1998, Lula foi enfático ao dizer que “o sofrimento do povo nordestino só vai acabar no dia que a gente tiver políticas de investimento para tornar esta terra produtiva. E essas políticas o PT tem”. Quais eram? Nunca disse e ninguém nunca viu.

Antes de Lula, o presidente Fernando Henrique foi ao Ceará na campanha de 1994 e prometeu transpor as águas do rio São Francisco. Então, Lula aproveitou e deu o bote: “Ele (FHC) foi mentiroso e vai mentir de novo prometendo a transposição para ganhar voto”. Então, em 2003, já eleito, Lula também mentiu: “Nesses quatro anos, 24 horas por dia serão dedicadas para fazer aquilo em que acredito: a transposição das águas do rio São Francisco para as pessoas”. Ficou oito anos no Governo; a doutora Dilma juntou mais dois e, depois de 10 anos, o “copo de água” ainda não apareceu. Nem uma gota! O rio São Francisco definha; a caatinga vai sendo dinamitada; ninguém explica como as vacas e cabras vão passar por sobre o canal; etc.

Enquanto isso, o governador do Ceará pagou um cachê de R$ 650 mil à cantora Ivete Sangalo para festejar a inauguração de um Hospital Regional em Sobral, pois ali está o berço político de sua família. Só houve um erro: não havia ainda um hospital para ser inaugurado! Assim desaparece o dinheiro dos impostos: alimentando os trustes que comandam o país e, ao mesmo tempo, enganam o povo trabalhador, principalmente o rural.



Cabras & Ovelhas - Em 2050, o mundo estará produzindo 106 milhões de toneladas de carne de gado, ao lado de 25 milhões de toneladas de carne de ovinos e caprinos. São dados da FAO. O crescimento dos ovinos e caprinos já está profetizado, analisado, calculado, projetado e deverá acontecer principalmente no Brasil e África, por terem muitas áreas disponíveis para a pecuária. Além da carne há ainda o leite, os queijos valiosos e a pele que pode atingir cifras estratosféricas para a região nordestina.

Certo estava Eloy de Souza quando dizia: “mais vale um bode vivo depois de uma Seca que todas as iniciativas dos políticos”. As cabras & ovelhas são uma legítima ferramenta para resolver o problema socioeconômico do Sertão Nordestino. Em vários países, caprinos e ovinos já não são mais apontados como “fazedores de desertos”, pois os verdadeiros desertificadores são os homens. Estes países já estão trocando vacas e bois por cabras e ovelhas, olhando o futuro.

O problema nordestino, então, reside na hipocrisia governamental. Certo estava Celso Furtado ao falar que “a solução para o Brasil tem que passar necessariamente pela arrumação do Nordeste”. Também certo estava Rui Barbosa que dizia, em célebre discurso: “a mentiraria é o desastre do povo brasileiro”. Segundo o ilustre poeta, a mentiraria está em tudo: nos políticos, governantes, pessoas simples, pessoas cultas, religiosos, etc. As pessoas aprenderam a tirar proveito da mentiraria generalizada, vinda de cima para baixo. A mentira estimulada pelos governantes leva o povo à violência, como já vai se vendo, cada vez mais, nos meios urbanos.

As coisas verdadeiras vão ficando para trás; para depois. A pecuária de pequenos ruminantes sertanejos (tanto no Nordeste como no extremo Sul, nos pampas) é vítima permanente desse comportamento de lesa-pátria.

O fato é que, enquanto a população não tiver as ferramentas para cobrar a montanha de dinheiro que os políticos gastam à toa, não se terá uma solução à vista. Será que Lula, um dia, irá pagar pelos R$ 15 bilhões que estão sendo torrados na Transposição? Essa dinheirama daria para resolver, de vez, o problema dentro das porteiras que precisam enfrentar a Seca, sempre. Alguém vai cobrar o cachê que foi pago a Ivete Sangalo, para comprar, com ele, melhor atendimento às pessoas que precisam de um hospital?



Conclusão - A verdade é que a Seca não é ruim, tanto quanto a neve também não é ruim. O ruim é não ter condições de estocar alimentos e água para os animais e pessoas. Os animais adoram o clima seco, por ser o mais saudável. A Seca, ironicamente, é milagreira: multiplica os votos dos que sabem prometer, prometer, prometer, como pessoas espetaculares, que sabem distribuir pão e circo. O povo vive do espetáculo, enquanto o produtor de alimentos está algemado à sina que não precisaria existir.

O fato é que, se os brasileiros não produzirem alimentos, os gringos virão e colocarão a terra em produção para abastecer os 9,2 bilhões de pessoas que estarão vivendo no ano 2050. Com apoio total dos políticos que, hoje, dizem que estão defendendo o bem-estar dos sertanejos. Continuarão hipócritas, malamulengando numa terra de mamulengos.

Vários países estão de olho arregalado, auscultando a potencialidade sertaneja. É o começo da grande transformação que precisa ser feita, para o bem-estar das pessoas e mais dignidade para com os que produzem alimentos no Brasil.


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