Cabras & Ovelhas e a conversa malamulenguenta
Até o Globo
 - Quem diria? Até o jornal “O Globo”, defensor ferrenho de qualquer 
governante com a chave do cofre, botou a boca no trombone, e afirma 
corretamente que o latifúndio é parte da história do país, seja como 
força política no Império e na República Velha ou peça de exploração 
ideológica principalmente na segunda metade do Século XX. O termo 
“Reforma Agrária” tornou-se cativo de programas de governo, sempre 
encontrado em discurso políticos, como forte bandeira a favor do povo. 
mesmo sem ser. Nos governos FHC, Lula e Dilma os “trabalhadores 
sem-terra” escancararam as porteiras do Governo, sempre querendo terras e
 mais terras, e benefícios que não são dados aos que suaram para ter sua
 propriedade.
  
Afirma
 “O Globo” que o Movimento dos Sem-Terra acabou, pois todas as 
conquistas da agricultura brasileira, desde a década de 1970 aconteceram
 por conta dos “com-terra”, ocupando o Centro-Oeste, os Cerrados, 
estimulando a criação da Embrapa, etc. Nesse período, apesar dos 
“padrinhos”, a imagem do MST foi manchada por invasões, depredações, 
usurpações, etc. sem qualquer produção. Segundo o jornal, o “surgimento 
da grande empresa agroindustrial não se deu em prejuízo do minifúndio e 
da Agricultura Familiar; muito pelo contrário”.
  
No
 final, o jornal chega à realidade inexorável: “a modernização do campo é
 tão evidente como a urbanização da população”. De fato, o ser humano 
evolui para a cidade, deixando para trás a exploração do campo, que foi a
 inspiração e aspiração por milhões de anos, mas acabou. O MST está 
atirando num fantasma, recrutando militantes entre desempregados de 
pequenas e médias cidades, todos sem qualquer vocação para lidar com a 
terra. Para estes bastam as “Bolsa Família”, “Bolsa Maternidade”, “Bolsa
 Gás”, “Bolsa Transporte”, etc. Por qual motivo uma pessoa pretende 
sofrer no campo, ao lado dos que já sofrem por décadas? Quem quiser mais
 informações sobre o raro e valente editorial pode procurar na Internet o
 tema “A cada vez mais desnecessária Reforma Agrária”.
  
Bom Brasil -
 Os governantes são pitorescos, escondendo o óbvio. Em 2050, o Brasil 
terá 254 milhões de habitantes - muito pouco! A população rural estará 
restringida a 16,3 milhões de pessoas (hoje é de 29,5 milhões). Só 
ficarão no campo as pessoas com amor à terra, de fato! Será uma das 
menores populações rurais do planeta (dados do IBGE, também da FAO e do 
USDA).
  
De
 1976 a 2010 a área plantada cresceu 27% no Brasil, mas a produção de 
alimentos saltou para 273%. Neste período, o país deixou de ser 
importador, para se transformar em exportador. Parabéns para dentro das 
porteiras.
  
Incrivelmente,
 o país explora 29% das terras e mantém 71% delas como “áreas 
protegidas”, enquanto a média mundial é de apenas 12%. Protegidas contra
 quem? Os preços das commodities são ditados no Exterior, por países que
 também já estão comprando os créditos de carbono da floresta amazônica 
aos índios, enquanto o Governo faz de conta que não enxerga! O Governo 
protege o quê contra quem?
  
Agora,
 tramita no Congresso, uma nova Lei, para permitir que as terras 
indígenas sejam exploradas por “brancos” que sabem ganhar dinheiro e 
transferi-lo (dinheiro) para os índios, proibidos de fazer uma 
exploração lucrativa. De fato, a PEC 237/2013 altera o Artigo 176 da 
Constituição Federal, querendo explorar as terras indígenas, pois índio 
não gosta só de “Bolsas”. Conforme publicado pela Revista Veja, em junho
 de 2012, os índios Parecis viviam na penúria, contando com pouca 
assistência do Governo Federal. Uma parceria com produtores rurais da 
região transformou suas vidas. Os fazendeiros forneceram máquinas e 
insumos para o plantio de soja e girassol, ensinaram e plantaram. Hoje a
 renda da família indígena está em torno de R$ 12 mil por ano e alguns 
já compraram até “caminhonete de branco”, construíram “casa de branco” 
estão colocando os filhos em “escola de branco”, fugindo dos antros 
educacionais da Funai. Afinal, índio é um ser humano com direito à 
civilização “dos brancos”. Se não teve chance até hoje, está na hora de 
ter. Se o branco coloca a terra para produzir e fica “rico’, por que o 
índio não pode aprender o mesmo?
  
Mau Brasil
 - O Brasil não pode continuar na rabeira do mundo. Os maiores 
produtores de alimentos são: Estados Unidos (401.669.990 de toneladas de
 cereais); Índia (260.163.000); Indonésia (84.797.000); Brasil 
(75.191.866). Por que tão pouco? Por falta de investimentos, ora! A 
frota brasileira de tratores é de 806.000, quase igual à da Itália (1,75
 milhão), Polônia (1,03 milhão), França (1,27 milhão), Alemanha (1,04 
milhão), Espanha (885 mil), Turquia (905 mil), Reino Unido (500 mil). 
Estes países são menores que alguns Estados brasileiros!
  
Ao
 mesmo tempo, estes países cuidam do bem-estar de sua gente. Se o Brasil
 fosse a França estaria cobrando 0,8% de impostos dos alimentos. Se 
fosse a Inglaterra, não haveria impostos sobre alimentos. O Brasil, 
porém, na contramão do desenvolvimento, cobra 32,7% de tributos da 
produção rural. Para cada 100 sacas, ou bois, um terço vai para o 
Governo!
  
Enquanto
 isso, os “assentamentos rurais” são favelas rurais, berço de violência,
 de alienação social, cultural e religiosa. É um degrau para uma guerra 
civil futura, mas o Governo faz de conta que não enxerga.
  
Mamulengos -
 O lamentável é a hipocrisia dos governantes que defendem ferrenhamente 
seus “feudos” ao invés de defender o progresso das pessoas. O Nordeste 
Sertanejo é um grande exemplo: nas últimas décadas o Governo trata a 
região como celeiro de ignorantes que pode ser mantido a pão e circo. 
Qualquer estudioso sabe que uma Seca de 2 ou 3 anos liquida a 
infraestrutura produtiva. Então, o gargalo da economia sertaneja é a 
infraestrutura produtiva. O Governo, porém, tem horror de liberar 
recursos para dentro das porteiras. Até as malsinadas “Frentes de 
Emergência” foram proibidas de trabalhar dentro das porteiras. Assim, 
bilhões e bilhões são gastos para enganar a opinião pública.
  
Para
 eleger a presidente Dilma, o Governo não hesitou em dinamitar as 
caatingas, promovendo a maior destruição ecológica já vista na História,
 enquanto a imprensa divulgava os disparates ecológicos na Amazônia, 
para distrair a atenção dos urbanos. Hoje, a caatinga está esburacada e 
não irá levar uma gota de água para a torneira do sertanejo, até porque a
 água já está acumulada há décadas na própria região. O Governo, porém, 
jamais quis o bem-estar do sertanejo, quer apenas enganá-lo com loas e 
troas, com obras espetaculares para um Governo Espetacular. Os que 
dominam o Poder sabem que o “espetáculo” vence eleições e é apenas isso 
que importa aos parasitas que infestam os cargos públicos. Enquanto 
isso, fazendeiros, proprietários de terras, grandes e pequenos, são 
obrigados a enfrentar a Seca, vendo uma montanha de recursos ser 
dilapidada tão somente para atender interesses politiqueiros.
  
Um
 exemplo: em plena Seca, a mais vistosa iniciativa do governo federal 
tem sido um filme que a SECOM botou nas televisões do Sertão. Nele, 
“Chambinho do Acordeon”, feliz e sorridente, anda pela caatinga 
informando que “a seca sempre vai existir, mas o sertanejo vai poder se 
defender cada vez mais dela”. Cantando louvores aos investimentos feitos
 pelo governo, informa que “o sertanejo é um cabra forte, só precisa de 
apoio, e vai ter cada vez mais”. Pura mentira e hipocrisia! Os 
sertanejos estão sem carros-pipa e não precisam de propaganda, pois o 
que lhes falta é água. No meio de uma Seca criminosa essa atitude do 
Governo Dilma chega a ser deboche. Afinal, o preço dessa propaganda 
daria para comprar muitos carros-pipa.
  
Na
 verdade, os governos não querem fuzilar os sertanejos, de uma vez só, 
eles querem que o sertanejo fique vivo, pobre, lascado, algemado às 
“bolsas”, trocando votos por conversa fiada glamurosa, Um genocídio 
lento, inexorável, irresponsável, criminoso. Durante a seca de 1998, 
Lula foi enfático ao dizer que “o sofrimento do povo nordestino só vai 
acabar no dia que a gente tiver políticas de investimento para tornar 
esta terra produtiva. E essas políticas o PT tem”. Quais eram? Nunca 
disse e ninguém nunca viu.
  
Antes
 de Lula, o presidente Fernando Henrique foi ao Ceará na campanha de 
1994 e prometeu transpor as águas do rio São Francisco. Então, Lula 
aproveitou e deu o bote: “Ele (FHC) foi mentiroso e vai mentir de novo 
prometendo a transposição para ganhar voto”. Então, em 2003, já eleito, 
Lula também mentiu: “Nesses quatro anos, 24 horas por dia serão 
dedicadas para fazer aquilo em que acredito: a transposição das águas do
 rio São Francisco para as pessoas”. Ficou oito anos no Governo; a 
doutora Dilma juntou mais dois e, depois de 10 anos, o “copo de água” 
ainda não apareceu. Nem uma gota! O rio São Francisco definha; a 
caatinga vai sendo dinamitada; ninguém explica como as vacas e cabras 
vão passar por sobre o canal; etc.
  
Enquanto
 isso, o governador do Ceará pagou um cachê de R$ 650 mil à cantora 
Ivete Sangalo para festejar a inauguração de um Hospital Regional em 
Sobral, pois ali está o berço político de sua família. Só houve um erro:
 não havia ainda um hospital para ser inaugurado! Assim desaparece o 
dinheiro dos impostos: alimentando os trustes que comandam o país e, ao 
mesmo tempo, enganam o povo trabalhador, principalmente o rural.
  
Cabras & Ovelhas
 - Em 2050, o mundo estará produzindo 106 milhões de toneladas de carne 
de gado, ao lado de 25 milhões de toneladas de carne de ovinos e 
caprinos. São dados da FAO. O crescimento dos ovinos e caprinos já está 
profetizado, analisado, calculado, projetado e deverá acontecer 
principalmente no Brasil e África, por terem muitas áreas disponíveis 
para a pecuária. Além da carne há ainda o leite, os queijos valiosos e a
 pele que pode atingir cifras estratosféricas para a região nordestina.
  
Certo
 estava Eloy de Souza quando dizia: “mais vale um bode vivo depois de 
uma Seca que todas as iniciativas dos políticos”. As cabras & 
ovelhas são uma legítima ferramenta para resolver o problema 
socioeconômico do Sertão Nordestino. Em vários países, caprinos e ovinos
 já não são mais apontados como “fazedores de desertos”, pois os 
verdadeiros desertificadores são os homens. Estes países já estão 
trocando vacas e bois por cabras e ovelhas, olhando o futuro.
  
O
 problema nordestino, então, reside na hipocrisia governamental. Certo 
estava Celso Furtado ao falar que “a solução para o Brasil tem que 
passar necessariamente pela arrumação do Nordeste”. Também certo estava 
Rui Barbosa que dizia, em célebre discurso: “a mentiraria é o desastre 
do povo brasileiro”. Segundo o ilustre poeta, a mentiraria está em tudo:
 nos políticos, governantes, pessoas simples, pessoas cultas, 
religiosos, etc. As pessoas aprenderam a tirar proveito da mentiraria 
generalizada, vinda de cima para baixo. A mentira estimulada pelos 
governantes leva o povo à violência, como já vai se vendo, cada vez 
mais, nos meios urbanos.
  
As
 coisas verdadeiras vão ficando para trás; para depois. A pecuária de 
pequenos ruminantes sertanejos (tanto no Nordeste como no extremo Sul, 
nos pampas) é vítima permanente desse comportamento de lesa-pátria.
  
O
 fato é que, enquanto a população não tiver as ferramentas para cobrar a
 montanha de dinheiro que os políticos gastam à toa, não se terá uma 
solução à vista. Será que Lula, um dia, irá pagar pelos R$ 15 bilhões 
que estão sendo torrados na Transposição? Essa dinheirama daria para 
resolver, de vez, o problema dentro das porteiras que precisam enfrentar
 a Seca, sempre. Alguém vai cobrar o cachê que foi pago a Ivete Sangalo,
 para comprar, com ele, melhor atendimento às pessoas que precisam de um
 hospital?
  
Conclusão
 - A verdade é que a Seca não é ruim, tanto quanto a neve também não é 
ruim. O ruim é não ter condições de estocar alimentos e água para os 
animais e pessoas. Os animais adoram o clima seco, por ser o mais 
saudável. A Seca, ironicamente, é milagreira: multiplica os votos dos 
que sabem prometer, prometer, prometer, como pessoas espetaculares, que 
sabem distribuir pão e circo. O povo vive do espetáculo, enquanto o 
produtor de alimentos está algemado à sina que não precisaria existir.
  
O
 fato é que, se os brasileiros não produzirem alimentos, os gringos 
virão e colocarão a terra em produção para abastecer os 9,2 bilhões de 
pessoas que estarão vivendo no ano 2050. Com apoio total dos políticos 
que, hoje, dizem que estão defendendo o bem-estar dos sertanejos. 
Continuarão hipócritas, malamulengando numa terra de mamulengos.
  
Vários
 países estão de olho arregalado, auscultando a potencialidade 
sertaneja. É o começo da grande transformação que precisa ser feita, 
para o bem-estar das pessoas e mais dignidade para com os que produzem 
alimentos no Brasil.
  
 
  
   
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