Poluição do ar afeta coração e reduz expectativa de vida
Médico cardiologista explica estudo alemão e aponta que partículas finas poluentes atingem cérebro e corrente sanguínea, agravando doenças cardiovasculares e atrapalhando o desempenho esportivo
A poluição do ar no ambiente é responsável por quase 9 milhões de mortes prematuras evitáveis por ano em todo o mundo, sendo quase 800.000 dessas mortes na Europa. A poluição do ar, portanto, reduz a expectativa de vida em todo o mundo em quase 3 anos, como nos informa estudo alemão publicado no ano passado. Como critério de comparação, fumar, um fator de risco cardiovascular comprovado, reduz a expectativa de vida média em 2,2 anos.
As partículas poluentes são absorvidas pelos vasos sanguíneo,s onde estimulam a formação de espécies reativas de oxigênio na parede vascular
O que entendemos por poluição do ar?
Uma mistura complexa de um grande número de componentes é incluída na "poluição do ar ambiente". Estes componentes incluem poluentes gasosos como ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2), compostos orgânicos voláteis (incluindo benzeno), monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre (SO2).
Poluentes primários, como partículas de fuligem e óxidos de nitrogênio e enxofre, são emitidos diretamente no ar pela queima de combustíveis fósseis. As principais fontes de dióxido de nitrogênio (NO2) são o tráfego rodoviário motorizado, geração de energia, fontes industriais e aquecimento doméstico. Os poluentes secundários são formados na atmosfera a partir de outros componentes, geralmente reação química a partir de gases que são emitidos diretamente.
Doenças cardiovasculares e poluição do ar
Estudos epidemiológicos mostraram que a poluição do ar por partículas finas e grossas está associada ao aumento da morbidade e mortalidade cardiovascular. As responsáveis por isso são principalmente as doenças cardiovasculares, como:
- Doença arterial coronariana
- Infarto agudo do miocárdio
- Insuficiência cardíaca
- Acidente vascular cerebral
- Hipertensão arterial
- Diabetes mellitus
Como acontece?
Essas doenças são causadas ou agravadas principalmente por partículas finas. Após a inalação, o material particulado fino pode atingir o cérebro diretamente e também atingir a corrente sanguínea por meio de um processo de transição. Lá, as partículas são absorvidas pelos vasos sanguíneos, onde estimulam a formação de espécies reativas de oxigênio na parede vascular. Então, promovem a formação de alterações ateroscleróticas e, dessa forma, aumentam os riscos cardiovasculares, especialmente o aumento da doença isquêmica crônica do coração e do acidente vascular cerebral.
Estudos recentes também relataram que, em pacientes com Covid-19, um alto grau de poluição do ar está correlacionado com cursos graves de doenças com complicações cardiovasculares e doenças pulmonares.
Poluição do ar e atletas
O agravamento de apenas um parâmetro de poluição do ar resulta em uma redução significativa no desempenho. Vários estudos apontam para uma alteração metabólica, prejudicando o metabolismo da glicose. Esta é uma informação importante e podemos lembrar dos jogos olímpicos de Pequim, pois a poluição do ar é atualmente um problema considerável para muitos países. Melhorar a qualidade do ar durante os treinos e competições esportivas resultará em melhor bem-estar e desempenho esportivo dos atletas e também ajudará a proteger os atletas dos efeitos negativos à saúde causados pela poluição do ar.
Logo, a poluição do ar é um risco cardiovascular para todos nós e para as pessoas que possuem alguma comorbidade pode ser ainda pior. Assim, esse alerta deve ser global e cada um de nós deve fazer sua parte, já que todos somos afetados.
* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Ge / Eu Atleta.
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